quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Estreias da semana

Os Inquilinos — Os incomodados que se mudem.


Khamsa — Países desenvolvidos também têm miséria.

Pachamama — Um cineasta visita a floresta brasileira e descobre povos excluídos.

Pandorum — Não tenha medo do fim do mundo, mas do que acontece depois.

O Segredo dos seus Olhos (El secreto de sus ojos) — Mesmo depois de tanto tempo, perguntas precisam ser respondidas.

Simplesmente Complicado (It’s Complicated) — Primeiro, o casamento. Depois, o divórcio. E então,... benefícios.

X Estreia em Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.
X Estreia apenas em São Paulo.
X A distribuidora não exibiu o filme para crítica. Nunca um bom sinal.

Direito de Amar



Sinopse: George é um professor inglês que vive em Los Angeles. Depois da morte de seu namorado em um acidente de carro, ele tenta viver mais um dia e levar sua rotina.


Ficha Técnica
Direito de Amar (A Single Man)
Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford, David Scearce
Elenco: Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Matthew Goode
Duração: 99 minutos
País: EUA


Um homem sozinho
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O título nacional é bem genrérico, mas a verdade é que em Direito de Amar (A Single Man) o estilista Tom Ford faz sua estreia na direção de cinema e mostra toda sua criatividade visual. Por ser uma história altamente psicológica, há imagens marcantes para ilustrar o que se passa na mente do protagonista.

Quando é necessário mostrar o que se passa fora do personagem, recorre-se a direção de fotografia. Nas passagens mais solitárias, a paleta é cinzenta. No entanto, quando há algum contato social, o filme ganha cores quentes e belas. O som não fica para trás, no entanto. A missão da massa sonora é mostrar o vilão de quem está passando pelo processo de perda da pessoa amada: o tempo que não passa no tique-taque do reloógio.

Mostrando toda a complexidade da solidão e da depressão, além de uma personalidade metódica, Colin Firth (Bons Costumes) entrega seu melhor trabalho de atuação. Ele apresenta um homem amargurado muito autêntico, no meio de todas as pirações visuais de Tom Ford, balanceando a seriedade do enredo.

Tem-se um ator mostrando um recluso em luto, um diretor de apelo visual em uma história sobre solidão. Somando tudo, o ritmo só pode ser arrastado. Para quem estiver disposto, há várias recompensas em assistir Direito de Amar.

Khamsa



Sinopse: História de um garoto de origem cigana que orbita entre mundos marginalizados na periferia da cidade francesa de Marselha, na Europa contemporânea.


 
Ficha Técnica
Khamsa
Roteiro e Direção: Karim Dridi
Elenco: Marc Cortes, Raymond Adam, Tony Fourmann, Simon Abkarian, Magalie Contreras, Maéva Fertier, Mehdi Laribi
Duração: 75 minutos
País: França


 por Marcelo Rafael

(Spoilerômetro: )

Nós, brasileiros, de certa forma, acostumamo-nos a ver a pobreza de nosso próprio país não só nos jornais, mas também através da lente da arte, desde O Cortiço, de Aluísio Azevedo, até Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Fica fácil esquecer, então, que outros países também têm suas quotas de violências e miséria.

Em Khamsa, de Karim Dridi, o cenário do flagelo social é a cidade de Marselha, na bela Riviera Francesa, onde se passa a história de Marco, garoto de 11 anos mestiço de cigano. Assim como nos filmes de favela do Rio de Janeiro, as belezas naturais, o glamour e a badalação das praias são solapados por cenários de decadência e abandono da periferia marselhesa. No lugar do tráfico de drogas e do crime organizado, estão grupos historicamente marginalizados na Europa: ciganos e árabes.

Acampamentos de trailers ciganos, prédios abandonados, rinhas de galo e beiras de estrada, compõem o mundo por onde o garoto transita. De um lado, a origem cigana, enfatizada por meio do cantarolar de canções em espanhol e pelo desejo nômade do menino de ir à Espanha. Do outro, o contato com os árabes, marcado pelo colar que Marco carrega no peito, o khamsa (ou hamsá), símbolo místico daquela cultura. Neste interstício, Marco vive em desamparo, num mundo dominado pela violência, que serve de resposta para tudo, de simples brigas familiares até vinganças pessoais e crueldade contra animais.

Sem mãe e com um pai relapso, o menino fica entregue à própria sorte e à companhia de amigos deliquentes. Enquanto os adultos, meros coadjuvantes, tentam dar conta de suas próprias vidas caóticas, as crianças ficam soltas para realizarem o que bem entenderem, da iniciação sexual precoce até assaltos à mão armada. A falta de estrutura familiar fica patente em uma cena onde uma criança de 3, 4 anos insiste por cerveja, até que lhe entregam uma garrafa para beber, para que pare de chatear e possam assistir à TV.

Neste ambiente, e rumando da infância para a adolescência, Marco se vê diante do dilema presente em qualquer situação em que haja miséria: ter uma vida regrada ou entregar-se ao lucro fácil e ao crime. Nos breves momentos de pedido de ajuda, Marco continua sozinho e, aos poucos, suas decisões vão pesando no caminho que vai traçando.

Filmes como o de Dridi mostram que não é necessário sangue jorrando ou tortura de personagens, como ocorre em filmes de terror ou de investigações criminais, para mostrar a barbárie do ser humano. Às vezes, basta uma história triste, contada de forma crua para mostrar pessoas com histórias trágicas se posicionando diante da violência.

Idas e Vindas do Amor

Sinopse: Histórias de vários casais e de pessoas solteiras em Los Angeles. A pressão do Dia dos Namorados é o elemento em comum.


Ficha Técnica
Idas e Vindas do Amor (Valentine's Day)
Direção: Gary Marshall
Roteiro: Katherine Fugate
Elenco: Jessica Alba, Kathy Bates, Jessica Biel, Bradley Cooper, Patrick Dempsey, Jamie Foxx, Jennifer Garner, Topher Grace, Anne Hathaway, Ashton Kutcher, Queen Latifah, Taylor Lautner, Shirley MacLaine, Julia Roberts, Taylor Swift
Duração: 125 minutos
País: EUA

 por Leonardo Francisco*

(Spoilerômetro: )
Para comemorar o dia dos namorados que acontece esse mês de fevereiro, nos Estados Unidos, nada melhor que uma comédia romântica açucarada recheada de astros e estrelas de Hollywood, para os fãs do gênero.


Idas e Vindas do Amor (Valentine's Day), dirigido por Garry Marshall (Uma Linda Mulher), apresenta um dos maiores elencos especializados em comédias românticas da história, além da fórmula perfeita para fazer sucesso. Na cidade de Los Angeles, no dia dos namorados, um grupo de habitantes acabam tendo suas vidas cruzadas, em meio a romances e corações partidos, durante essa data amada por alguns e odiadas por outros.

Mesmo com boas histórias e cenas divertidas, o longa tinha tudo para ser um filme que agradaria em cheio o público, mas o excesso de personagens acaba atrapalhando, que traz muitas histórias quase que jogadas. Não que os personagens sejam ruins, mas fica na cara, que algumas histórias sem grande importância, acabaram sendo apresentadas simplesmente para que o elenco chame a atenção do grande público. Para ter uma idéia, confira a quantidade de famosos na ficha técnica acima.

O filme até tenta se comparar com outros sucessos do gênero como Uma Linda Mulher, Simplesmente Amor, entre outros, mas as histórias pouco aprofundadas fazem com que o público não se identifique com quase nenhum personagem, com exceção a personagem de Jessica Biel, que surpreende com seu ódio pela data, causando boas risadas.

Idas e Vindas do Amor é uma comédia romântica que deverá agradar em cheio ao público jovem e fãs do gênero que não esperam uma grande história. Vale pelo elenco e pelas poucas cenas divertidas e românticas, que fará muitos saírem suspirando dos cinemas.

* Leonardo é editor do Planeta Disney.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Por uma Vida Melhor






Sinopse: Burt e Verona estão esperando pelo primeiro filho, mas os pais dele resolvem se mudar para Bélgica antes do parto. O casal então decide viajar em busca de uma cidade para morar quando a família crescer.


Ficha Técnica
Por uma Vida Melhor (Away We Go)
Direção: Sam Mendes
Roteiro: Dave Eggers, Vendela Vida
Elenco: John Krasinski, Maya Rudolph
Duração: 98 minutos


Rindo dos problemas
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )


Desde que apareceu para o mundo, com Beleza Americana (1999), o diretor Sam Mendes é conhecido pelas críticas à sociedade estadunidense em seus filmes. Se em Foi Apenas um Sonho ele mostra como as ambições são ilusórias em um mundo opressor, em Por uma Vida Melhor (Away We Go) o foco é mostrar a loucura que a sociedade se transformou. Para o bem da sanidade do espectador, ele resolve fazer sua crítica em forma de drama cômico.

Quem gosta de filmes independentes ficará muito satisfeito com esse longa. A todo momento temos aquela sensação de que estamos vendo uma história sincera. Pelo ar indie em um road movie, é impossível não lembrar de Pequena Miss Sunshine – Tony Collette até participaria do filme, mas sua agenda não permitiu.

A jornada do casal traz encontros com personagens muito esquisitos, mas o que é mais interessante é que percebemos as esquisitices dessas figuras apenas depois de um tempo de convivência. Em um primeiro momento, há a suspeita de que tem algo fora do lugar, mas sempre nos surpreendemos com os problemas em cada parada da viagem. Mesmo antes da partida, os próprios pais de Burt já são estranhos. Quando não há loucura, há problemas sérios que são mascarados por uma aparente felicidade.

A trilha musical colabora para a atmosfera independente, com algumas canções desconhecidas e outras que até são famosas, mas já são clássicas. O mais impressionante é que, mesmo não conhecendo a música, ela se encaixa perfeitamente com as cenas em que são inseridas.

Para fortalecer a parte engraçada do filme, atores que estão envolvidos com comédia televisiva foram escalados. John Krasinski é conhecido pelo seriado The Office, enquanto Maya Rudolph faz parte do elenco de Saturday Night Live desde 2000. Por se tratar de um drama cômico, os dois têm uma grande oportunidade de mostrar novas facetas de sua atuação. Os dois – além de outros comediantes do elenco, como Melanie Lynskey (Two and a Half Men) em uma cena altamente tocante sem falas – aproveitam essa chance, com momentos em que lágrimas verterão pelos rostos do público.

Fato Dude: Maya Rudolph já apareceu em cena grávida em A Última Noite.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Top bilheterias

Confira o ranking semanal das bilheterias:

1. Avatar
2. Percy Jackson e o Ladrão de Raios
3. Idas e Vindas do Amor
4. O Lobisomen
5. Um Olhar do Paraíso
6. Premonição 4
7. Alvin e os Esquilos 2
8. Sherlock Holmes
9. Amor sem Escalas
10. O Fada do Dente

# estreias

Nossas previsões foram totalmente furadas nessa semana. Não só os Navis voltaram ao topo, como a comédia romântica cheia de estrelas superou Peter Jackson como estreia mais forte. Vale lembrar que o Percy Jackson trouxe mais espectadores, mas o ranking é gerado pela renda e as salas IMAX garantem força para a ficção científica.

Na próxima semana, a comédia romântica madura Simplesmente Complicado será o novo filme com mais renda.

Simplesmente Complicado





Sinopse: Jane está divorciada de Jake há 10 anos. Ele já está casado com a mulher responsável pela separação do casal, muito mais nova do que ele. Certa noite, depois de algumas bebidas a mais Jane e Jake começam a ter um caso.


Ficha Técnica
Simplesmente Complicado (It’s Complicated)
Roteiro e Direção: Nancy Meyers
Elenco: Meryl Streep, Steve Martin, Alec Baldwin
Duração: 120 minutos
País: EUA


Sem surpresas


  por Edu Fernandes


(Spoilerômetro: trailer)


Recordista em indicações ao Oscar, Meryl Streep vêm adotando uma interessante rotina em sua carreira. Depois de fazer um filme que lhe renda muitos elogios, indicações e prêmios; ela descansa em uma produção mais leve. Foi assim com Mamma Mia! e é assim com Simplesmente Complicado (It’s Complicated).

Há muito tempo que Nancy Meyers vem escrevendo e dirigindo fitas cor-de-rosa, usando atores que não são exatamente galãs para interpretar os mocinhos das comédias românticas sob sua orquestração. Foi assim com Jack Black em O Amor não Tira Férias, com Jack Nicholson em Alguém Tem que Ceder (2003) e é assim com o triângulo amoroso de Simplesmente Complicado.

Depois de décadas sendo desprezado como um astro-menor de Hollywood, Alec Badwin descobriu um papel de canastrão que diverte o público e lhe rendeu premiações. É assim com 30 Rock e também com Simplesmente Complicado.

A única coisa mais diferente nesse novo filme-Marisa (de mulher pra mulher) é o personagem interpretado por Steve Martin (A Pantera Cor-de-Rosa 2), evitando o atrapalhado de sempre. Ele defende um homem sensível e traumatizado pelo divórcio, mas algumas piadas ainda estão presentes em suas falas.

Para quem acompanha com prazer a filmografia de Nancy Meyers, mais um título para a pilha.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

BAFTA 2010: ganhadores

Ontem foram entregues os prêmios BAFTA de 2010, a cerimônia britânica é mais um termômetro que ajuda a prever os ganhadores do Oscar. Veja a lista:


Filme: Guerra ao Terror

Filme Britânico: Fish Tank

Ator: Colin Firth (Direito de Amar)

Atriz: Carey Mulligan (Educação)

Ator Coadjuvante: Christoph Waltz (Bastardos Inglórios)

Atriz Coadjuvante: Mo’Nique (Preciosa)

Direção: Guerra ao Terror

Roteiro Original: Guerra ao Terror

Roteiro Adaptado: Amor sem Escalas

Direção de Fotografia: Guerra ao Terror

Montagem: Guerra ao Terror

Direção de Arte: Avatar

Figurino: The Young Victoria

Trilha Musical: Up

Maquiagem e Cabelo: The Young Victoria

Som: Guerra ao Terror

Efeitos Visuais: Avatar

Filme de Língua Estrangeira: O Profeta

Animação: Up

Revelação (intérprete): Kirsten Stewart

Revelação (técnico): Duncan Jones (diretor de Moon)

Curta (animação): Mother of Many

Curta: I Do Air

Os Inquilinos





Sinopse: Valter e sua família vivem tranqüilamente em um bairro sossegado. A vida piora quando os novos inquilinos de seu vizinho chegam para perturbar a ordem.


Ficha Técnica
Os Inquilinos

Direção: Sergio Bianchi
Roteiro: Sergio Bianchi, Beatriz Bracher
Elenco: Marat Descartes, Ana Carbatti, Cássia Kiss, Sérgio Guizé
Duração: 103 minutos
País: Brasil


Críticas em níveis de leitura

 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: dois últimos parágrafos)

O diretor Sérgio Bianchi é conhecido por sua ousadia e crítica social. Em Cronicamente Inviável (2000), era como se ele não quisesse deixar pedra sobre pedra e elegeu diversos alvos para serem questionados e criticados. Já em Quanto Vale ou é Por Quilo? (2005) sua ousadia ficou maior na linguagem e o filme é difícil de ser absorvido.

Quem conhece sua cinematografia pode achar que em Os Inquilinos ele está pegando leve, mas na verdade essa é a saída ideal para que consiga passar a mensagem em uma produção mais acessível. Com essa positiva simplificação o discurso tem um alcance muito aumentado.

No entanto, a coragem cinematográfica de Bianchi está lá, testando os limites em uma marcante cena em que crianças dançam axé. As críticas são colocadas precisamente em detalhes das cenas, como se avisasse que o cotidiano urbano está tão absurdo que nem nos damos conta das atrocidades nos rodeando.

Os misteriosos inquilinos que o título faz menção são três jovens que se mudam para uma casa e começam a perturbar a paz do bairro com muito barulho. Todos os moradores desconfiam da ocupação desses baderneiros e a comunidade fica com medo. Aos poucos as coisas mudam aparentemente para melhor, quando todos parecem aceitar a situação.

Atenção! A partir de agora farei reflexões sobre o todo de Os Inquilinos. Portanto, se o leitor não quiser saber de antemão informações que podem estragar surpresas, pode parar por aqui e ir ver o filme.

Do começo ao fim, o espectador fica apreensivo sobre o destino da família protagonista. Sempre se espera que eles sejam assaltados, vandalizados ou molestados de alguma maneira. No entanto, até o final ele passam ilesos. Juridicamente falando, eles são apenas testemunhas dos crimes que os cercam, mas se pensarmos no psicológico dos personagens, eles passam a ser vítimas. Sem cenas graficamente forte, o filme também é uma violência mental.

Se cada detalhe for analisado (até a escolha do que a família assiste na televisão), a discussão sobre essa produção será maior do que os 103 minutos de projeção. Prova de qualidade!



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Estreias da semana


Educação (An Education) — Um homem marcante, uma experiência única.

Um Homem Sério (A Serious Man) — Dois problemas para apenas um homem: adultério e família.

Idas e Vindas do Amor (Valentine’s Day) — Uma história de amor... mais ou menos.

O Mensageiro (The Messenger) — Ele é testemunha do pior dia da vida de muitas famílias.

Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones) — A história da vida e tudo o que acontece depois....

O Segredo de Seus Olhos




Sinopse: Esposito trabalhou toda sua carreira em um tribunal e finalmente aposentou-se. Com tempo livre, ele decide escrever um romance baseado em um caso de estupro com o qual trabalhou em décadas passadas.


Ficha Técnica
O Segredo dos Seus Olhos (El secreto de sus ojos)
Direção: Juan José Campanella
Roteiro: Juan José Campanella, Eduardo Sacheri
Elenco: Ricardo Darín, Soledad Villamil, Pablo Rago, Guillermo Francella, Javier Godino
Duração: 127 minutos
País: Argentina, Espanha


Lição de roteiro
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: trailer)

Pela sinopse, parece que a história de O Segredo dos Seus Olhos (El secreto de sus ojos) é bem comum. No entanto, suas qualidades dramáticas estão nos detalhes, assim como Deus. Vários pequenos elementos que são distribuídos no decorrer da trama voltam para se explicar de forma muito orgânica mais adiante. Uma daquelas obras que dão a impressão de serem completas em si mesmas.

Outro elogio pode ser direcionado à mistura de gêneros e de épocas. Essencialmente é um drama, mas contém momentos bem cômicos graças aos diálogos – afinal Campanella dirigiu O Filho da Noiva (2001). Por ter uma investigação criminal como motivador, há passagens que mais lembram um thriller, sem perder a profundidade.

Há dois tempos no filme e novamente é preciso ressaltar como o roteiro consegue equilibrar as duas fases e fazê-las evoluírem lado a lado. Nesse sentido a maquiagem também está de parabéns por conseguir fazer alguns personagens ficarem convincentes mesmo com 25 anos de diferença.

Outras áreas técnicas louváveis são a direção de fotografia e o projeto de som, que prima por adicionar detalhes para os ouvidos apurados.

Depois de sair da sessão de O Segredo de Seus Olhos, o espectador não deve se surpreender se ficar relembrando de cenas e falas do filme. É o que acontece quando estamos diante de uma obra memorável.

Top Bilheterias

Confira o ranking das bilheterias:

1. Percy Jackson e o Ladrão de Raios
2. Avatar
3. O Lobisomen
4. Premonição 4
5. Alvin e os Esquilos 2
6. Amor sem Escalas
7. Sherlock Holmes
8. Invictus
9. O Fada do Dente
10. O Fim da Escuridão

# estreias

Pela primeira vez em 2010, temos mudança no topo do ranking de bilheterias! Só mesmo um semideus para tal façanha. Considerando que Avatar, Percy Jackson e Alvin e os Esquilos são todos títulos da Fox Filmes, a empresa pode lançar quantos Eragons quiser nesse ano que ainda vai sair no lucro. Semana que vem o líder deve ser o mesmo e a estreia mais rentável será Um Olhar do Paraíso. A Fita Branca teve estreia restrita, mas é realmente uma pena que Preciosa não chegou na lista...

Um Olhar do Paraíso




Sinopse: Susie Salmon é assassinada aos 14 anos e vai para um outro mundo, paralelo ao mundo físico. De lá ela observa sua família tentando se recuperar do luto e as investigações que não conseguem achar o criminoso que a matou.



Ficha Técnica
Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson
Elenco: Rachel Weisz, Mark Wahlberg, Saoirse Ronanm, Stanley Tucci, Susan Sarandon
Duração: 135 minutos


Investigação com pirotecnia
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: trailer)

O grande atrativo de Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones) é o arrebatamento visual gerado pelos efeitos visuais no mundo além-túmulo onde a protagonista reside após seu assassinato. É inegável que imagens incríveis são geradas, mas muitas vezes elas são totalmente gratuitas, apesar de em outros momentos o cenário espelhar as emoções de Susie, meio como o que acontece em Amor Além da Vida (1998).

No entanto, o verdadeiro mérito visual do filme está no mundo físico, principalmente na reconstrução das cores da década de 1970. A maquiagem usada em Stanley Tucci (Julie & Julia) também merece elogios, dando ao ator inspiração para criar uma interpretação muito interessante como vilão. Ele usa a chance para criar um personagem marcante, quase exagerando nos maneirismos.

A longa duração é obtida com cenas inúteis e muita enrolação. A prova de que o filme poderia ser bem menor está no trailer, que conta toda a história em menos de 3 minutos. Além de estragar as surpresas da história, a peça publicitária dá uma falsa impressão de que Susie consegue interagir com seus entes queridos que ficaram no mundo físico. Entretanto, ela não passa de uma fantasma voyer que poderia ser eliminada e transformar Um Olhar do Paraíso em um filme bem aceitável de investigação criminal.

Dudeshop:

• Livro Uma Vida Interrompida, de Alice Sebold (Ed. Ediouro)


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um Homem Sério








Sinopse: Um judeu que se julga um homem que faz tudo certo, portanto sério, vê sua vida se transformar em um verdadeiro inferno quando a esposa revela ter um amante.


Ficha Técnica
Um Homem Sério (A Serious Man)
Roteiro e Direção: Ethan Coen, Joel Coen
Elenco: Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Fred Melamed, Sari Lennick, Aaron Wolff, Jessica McManus
Duração: 106 minutos


 por Lígia Maria

(Spoilerômetro: )

Para quem nunca viu e não tem o espírito do humor negro, das tiradas nonsense, do ritmo mais lento, dos finais intrigantes (para alguns infundados), presente nas obras dos irmãos Coen, esse não é exatamente o filme mais indicado.

Agora, se você está familiarizado com todas as dúvidas que dão margem a diversas interpretações, sátiras e peculiaridades que Ethan e Joel Coen sempre trazem como características marcantes, divirta-se com Um Homem Sério (A Serious Man), o mais novo trabalho dos irmãos novamente indicados ao Oscar, nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original.

Na trama Michael Stuhlbarg, mais conhecido por sua atuação em séries de TV, é Larry Gopnik um judeu politicamente correto, professor de física, vivendo sua pacata vida de um tradicional norte-americano da década de 60. Sua aparente tranqüilidade é abalada quando a esposa revela estar tendo um caso com um viúvo conhecido do casal. Os filhos em idade crítica, pré-adolescentes, parecem não se importar, já que passam por suas crises particulares.

De repente tudo começa a desabar ao redor de Larry, o irmão que vive em sua casa por ter problemas de saúde e dificuldade de adaptação é um grande peso, sendo um dos motivos da separação de Larry, mas que também se torna para o marido abandonado a única companhia quando os dois são expulsos de casa.

Problemas financeiros, no trabalho e uma série de acontecimentos atormentam o protagonista, que procura assim, ajuda na religião passando a consultar rabinos. Essa é uma das várias seqüências onde o humor ácido dos Coen é mostrado de maneira brilhante, satirizando a alienação religiosa e a estrutura da típica família americana.

Novamente é difícil definir o gênero do longa dos irmãos, já que dão ao ar dramático mais comédia que tragédia. Não se assuste se não entender o porquê de algumas seqüências, como a cena que abre o filme e o desfecho duvidoso, acredito que não foi por acaso que os Coen colocaram algo mais ou menos assim no inicio do filme: “Aceite as coisas como são, em toda sua simplicidade”.

O Mensageiro




Sinopse: O sargento Will Montgomery acabou de voltar do Oriente Médio, com um ferimento no olho. Antes de cumprir o tempo de serviço militar ele será encarregado de uma última missão, notificar o falecimento de soldados a suas famílias.


Ficha Técnica
O Mensageiro (The Messenger)
Direção: Oren Moverman
Roteiro: Oren Moverman, Alessandro Camon
Elenco: Ben Foster, Woody Harrelson, Samantha Morton, Jena Malone
Duração: 112 minutos



O outro lado do luto
por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

É muito comum uma cena em filmes que têm a guerra como elemento: vemos uma dupla de militares fardados se aproximando da varanda de uma casa e já sabemos que eles não trazem boas notícias. Normalmente eles chegam para anunciar a morte de algum ente querido do personagem principal, mas em O Mensageiro (The Messenger) o público é convidado a apreciar um outro ponto de vista.

Os personagens principais dessa produção são exatamente esses militares e percebemos que o momento da notificação de morte também não é nada fácil para eles. Em cada situação apresentada no filme, uma reação diferente por parte do notificado e a dupla tem deve estar preparada para o imprevisível.

Parte da rotina do trabalho deles é não deixar transparecer qualquer emoção e manter-se forte e determinado para não fugir do script. Nas cenas em que eles não estão em serviço, vemos que na verdade os dois têm problemas sérios em suas vidas pessoais. Ben não consegue acertar um relacionamento saudável e isola-se. Ele percebe que o futuro que lhe aguarda será muito parecido com a situação de Tony, alcóolatra e solitário.

Para conseguir mostrar esses dois lados tão díspares, o elenco conta com os talentos de Ben Foster e Woody Harrelson em interpretações mais do que inspiradas. A forma como esses dois homens igualmente perturbados se aproximam e se relacionam é muito bem dosada no roteiro.

O Mensageiro é um drama de guerra essencial para se pensar além do combate bélico, mostrando muita humanidade em suas cenas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um Sonho Possível






Sinopse: Michael Oher era um jovem desabrigado e traumatizado. Ele é aceito em uma escola cristã por causa de seu porte físico, ideal para jogar futebol americano. Michael consegue se tornar um atleta profissional graças a uma família rica que o adotou.

Ficha Técnica
Um Sonho Possível (The Blind Side)
Roteiro e Direção: John Lee Hancock
Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Quinton Aaron, Jae Head, Lily Collins
Duração: 128 minutos 


Pretexto esportivo 
por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O título original de Um Sonho Possível (The Blind Side) pode ser traduzido como “O Lado Cego”, em uma alusão ao posicionamento do personagem principal quando participa de um jogo de futebol americano (left tackle, protegendo o lado cego do lançador). O livro que inspirou o roteiro conta a mudança da importância dessa posição no esporte e a jornada de Michael Oher, de desabrigado até astro esportivo. O filme foca-se apenas na segunda parte, deixando o futebol americano funcionara apenas como cenário e não como tema. Graças a isso, a produção tem um apelo mais global.

Para gostar da fita não é necessário saber as regras do esporte, para facilitar a vida do leitor é necessário saber apenas que a função de Oher é não deixar que os adversários derrubem o lançador de seu time. No geral, trata-se de uma história de solidariedade e de união familiar, passando por cima dos laços de sangue.

Entre os Tuohy, o pequeno SJ rouba a cena e funciona como ponto cômico. O menino é muito engraçado e ao mesmo tempo a ligação entre ele e seu novo irmão mais velho convence e emociona. Apesar do trailer ser muito mais apelativo do que o filme em si, momentos tocantes se fazem presentes na tela.

Sandra Bullock (A Proposta) parece ter nascido para o papel de Leigh Anne, retratando muito bem a madame dondoca de temperamento difícil e personalidade forte. Uma característica importante dessa personagem é o fato de reservar-se nos momentos de forte emoção, para não demonstrar fragilidade em público. Por saber dosar muito bem a sutiliza que demanda tal traço, ela merece os elogios que recebe por seu trabalho.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Educação






Sinopse: Jenny é uma colegial de 16 anos que está se esforçando para entrar na Universidade de Oxford. Ela conhece o playboy David, que lhe mostra que nem toda educação está nos livros de escola.

Ficha Técnica
Educação (An Education)
Direção: Lone Scherfig
Roteiro: Nick Hornby
Elenco: Carey Mulligan, Alfred Molina, Peter Sarsgaard, Dominic Cooper, Rosamund Pike
Duração: 95 minutos


Deslumbramento feminino
por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Faz parte do senso comum que a vida é a melhor escola, mas não é por isso que devemos renegar totalmente o aprendizado acadêmico. Essa é a mensagem de Educação (An Education), que se passa na década de 1960, quando as mulheres eram educadas com o único propósito de arrumar um bom partido. Por essa razão, esse filme agradará o mesmo público de O Sorriso de Monalisa (2003).

Apesar da importância do tema, o problema é que na maior parte do enredo o que se vê é Jenny totalmente fascinada pelo novo mundo que ela consegue visitar graças aos contatos de David. Assim como em A Pele (2006), vê-se a protagonista maravilhada com novas amizades e não se consegue perceber um avanço na narrativa.

Outra coisa que pode irritar os homens é que fica muito claro que o que atrai Jenny em David são as coisas que ele pode oferecer por ter dinheiro. Em nenhum momento ela diz achar seus olhos bonitos ou qualquer coisa do gênero.

O que não pode passar em branco é a atuação de Carey Mulligan, totalmente convincente interpretando uma jovem de 16 anos, uma personagem quase dez anos mais nova do que ela.

Portanto, Educação é um filme de alma feminina, retratando os conflitos clássicos da adolescência, em que o jovem se vê na necessidade de firmar o pé e se afirmar como ser humano. Algumas vezes o ímpeto por tal afirmação pode ser prejudicial, mas o importante é aprender com essa fase da vida, em que ainda é possível cometer alguns erros e dar a volta por cima a tempo.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O Ladrão de Raios





Sinopse: Depois de ser expulso de várias escolas, Percy Jackson realmente está se esforçando para conseguir ficar na Academia Yancy. Uma grande confusão precede a descoberta mais importante da vida de Percy: ele é um semideus.


Ficha Técnica
O Ladrão de Raios (The Lightning Thief)
Autor: Rick Riordan
Coleção: Percy Jackson & Os Olimpianos
Páginas: 400
Editora: Intrínseca
Ano: 2008


por Carla Bitelli
(Spoilerômetro: )

Antes de falar deste livro em especial, acho importante falar da série. Percy Jackson & Os Olimpianos é uma série de cinco livros escrita por Rick Riordan, um ex-professor americano. Ele se tornou um consagrado autor de livros juvenis — dentre eles, o desenvolvimento da série The 39 Clues, da qual assina o primeiro livro, O Labirinto dos Ossos.

A ideia de Percy Jackson é genial. A mitologia grega possui personagens e possibilidades de história suficientes para fazer da série um sucesso. Bom, ela é de fato um sucesso, então temos aí a prova. No entanto, Riordan conduz a narrativa de maneira decepcionante para leitores um pouco mais criteriosos. Vamos aos fatos.

Percy é um jovem de 12 anos cujo maior problema é a dislexia. A doença escolhida foi para homenagear o filho de Riordan, mas ela faz sentido para além disso. A literatura juvenil deve criar personagens com que os leitores possam se identificar, e todos sabemos que o mundo de hoje está repleto de crianças e jovens disléxicos. Interessante, certo? Mas então Riordan joga uma explicação sofrível para a dislexia de Percy.

Outra característica de Percy é ser invocado. Ele tem sempre respostas atravessadas na ponta da língua e não deixa de dizer o que pensa. Mas o autor peca no timing das tiradas e até das reações. O problema é que, por causa disso, os personagens perdem muita força.

Ainda nos personagens, a relação básica do trio não é tão bem construída. Dos três personagens centrais — os semideuses Percy e Annabeth e o sátiro Grover —, é Grover quem se destaca: é inteligente, leal e busca um sonho com afinco. Annabeth se atém a uma rivalidade com Percy por causa da rivalidade entre seus pais; sempre que ela justifica sua antipatia com a mitologia, o leitor pode pensar “e daí?”.

Um dos maiores problemas do livro, na realidade, é optar pela ação em detrimento dos personagens. Com isso, conhecemos muito superficialmente Percy e seus amigos, mas temos de ler páginas e páginas seguidas de ataques de diferentes monstros. No último monstro da sequência, Percy age de maneira tão imbecil que ofende o leitor — outro ponto a menos para Riordan.

E não quero entrar em detalhes, mas a profecia de Percy e o Cassino Lótus são dois pontos que realmente desmerecem a inteligência do leitor. O primeiro pela facilidade com que entendemos a profecia (enquanto os personagens não); o segundo, com o recurso fácil e totalmente desnecessário para criar mais suspense.

Todos esses problemas e eu nem comecei a falar das características copiadas de séries juvenis bem-sucedidas, em especial Harry Potter. Neste sentido, prefiro comentar apenas que, ao fechar este primeiro livre da série, a sensação é exatamente a mesma quando terminamos Harry Potter e a Pedra Filosofal. Exatamente a mesma.

Saindo da narrativa e falando da edição brasileira, vale apontar a boa qualidade gráfica da obra. Manter a capa original foi uma boa escolha, e o papel e a fonte tipográfica escolhidos deixam a leitura mais fluente. Mas (e aparentemente neste livro sempre existe um “mas”) a tradução deixou muito a desejar. O texto por vezes emperra por motivos bobos, que uma edição mais cuidadosa poderia dar cabo. Há expressões mal escolhidas, frases invertidas (e por isso estranhas)... Mas é possível atribuir esse defeito à própria editora; quem já leu outros livros da Intrínseca sabe que esse é um problema recorrente em seus livros (cito aqui a série Twilight e A Menina que Roubava Livros).


Em suma, são 400 páginas de ação repetitiva e personagens superficiais. A extensão do livro pediria por mais profundidade e mesmo um enredo mais complexo. Mas (este é meu último “mas”), você se pergunta, por que então O Ladrão de Raios está fazendo tanto sucesso? Como eu disse, a mitologia grega dá pano pra manga suficiente para tornar uma história interessante. E, apesar de falhar nesta narrativa, Riordan sabe bem como delinear uma história seriada.


Dudeshop:
• Livro O Ladrão de Raios, de Rick Riordan (Ed. Intrínseca)

Dudenet: Leia a resenha do filme.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Estreias da semana

O Amor segundo B. Schianberg — Uma experiência de cinema e arte.

A Fita Branca (Das weisse Band - Eine deutsche Kindergeschichte) — Essa vila só parece pacata.

O Lobisomem (The Wolfman) — Quando a lua está cheia, a lenda ganha vida.

Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief) — Alguns nascem para ser heróis. Outros nascem para serem deuses.

Preciosa – Uma História de Esperança (Precious: Based on the Book “Push” by Sapphire) — A vida é dura. A vida é curta. A vida é dolorosa. A vida é rica. A vida é preciosa.

O Lobisomem




Sinopse: Lawrence é um ator de teatro que trabalha em Londres. Ele volta para mansão onde foi criado apenas para encontrar o corpo de seu irmão com violentas marcas de mordidas. Uma noite, enquanto investiga a morte do irmão, Lawrence é mordido por um lobisomem e amaldiçoado pela licantropia.


Ficha Técnica
O Lobisomem (The Wolfman)
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Andrew Kevin Walker, David Self
Elenco: Benicio Del Toro, Emily Blunt, Anthony Hopkins, Hugo Weaving
Duração: 102 minutos


Update com pés no passado
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O lançamento de O Lobisomem (The Wolfman), remake do clássico de terror de 1941, está se ensaiando desde 2007, com algumas datas adiadas desde então. Quando um filme tem tanta mudança na estreia, normalmente o resultado final tem problemas. Apesar do elenco com talentos inegáveis, a fita está muito aquém de seus atores.

Mesmo assim, os jovens irão se deliciar com a nova roupagem do clássico. Remetendo a suas origens, Benicio del Toro usa maquiagem ao invés do abuso da computação gráfica que se vê atualmente. A corridinha do monstrengo também é inspirada na atuação da década de 1940.

O filme tenta impor a atmosfera fantasiosa do final do século XIX, com alguns enquadramentos mais posados, mas o que se aproxima mais desse objetivo é a direção de fotografia sombria. Em alguns momentos parece até que se está assistindo a um antigo preto e branco. A trilha composta por Danny Elfman (Aconteceu em Woodstock) tem tons góticos e também contribui na atmosfera misteriosa.

O roteiro tem alguns percalsos, principalmente mais para o final. Há um excesso de ação que pode ser positiva para o público-alvo, mas parece uma tentativa de esconder as falhas dramáticas.

Dudeshop:
• DVD O Lobisomem (1941)

O Amor segundo B. Schianberg

Por Edu Fernandes

Sinopse: Uma videoartista quer fazer um trabalho diferenciado com um ator de teatro. Ele fica no apartamento dela tendo várias discussões e criando artes visuais diversas.

Spoilerômetro:

O Amor segundo B. Schianberg
Roteiro e Direção: Beto Brant
Elenco: Marina Previato, Gustavo Machado
Duração: 84 minutos


Características de Brant

A obra do cineasta Beto Brant pode ser caracterizada por alguma ousadia e por sua parceria duradoura com o autor e roteirista Marçal Aquino. Em O Amor segundo B. Shianberg essas duas marcas do diretor podem ser percebidas em doses diferentes. O roteiro não é inspirado em algum romance de Aquino, mas o tal B. Shianberg é um personagem de Eu Ouviria as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, que será levado a tela por Beto em breve.

Por outro lado, Brant nunca foi tão ousado. Se em O Invasor (2002) ele mostrou que o roqueiro Paulo Micklos pode atuar, a experimentação em seu novo filme chega a níveis impressionantes – o que certamente restringe o público. A maior parte da ação acontece no apartamento em que o casal de protagonista convive. Os dois estão isolados e toda a equipe de produção está alojada em outro apartamento, com as câmeras sendo manipuladas por joystick.

Em tempos de reality shows de todos os modos, a proposta do filme traz mais material para os voyers de plantão, mas de uma forma mais crítica. Como não se trata de um estúdio preparado e para que haja liberdade de movimentação dos atores, a qualidade da imagem e do som está longe de ser aceitável para os padrões dos shows televisivos. O foco está mais no experimento do que no resultado em si.


Para gostar de O Amor segundo B. Shianberg é preciso muita força de vontade, interesse em ver os limites da linguagem audiovisual e apreciar videoarte, principalmente nos minutos finais, em que o resultado da experiência de Marina é mostrado.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Fita Branca

por Marcelo Rafael

Sinopse: Lugarejo no interior da Alemanha às vésperas da I Guerra Mundial é abalado por acontecimentos trágicos que abalam seus habitantes.

Spoilerômetro:

Ficha Técnica:
A Fita Branca (Das Weisse Band)

Roteiro e Direção: Michael Haneke
Elenco: Christian Friedel, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Ursina Lardi, Burghart Klaussner
Duração: 145 minutos


Um pastor protestante amarra em seus filhos uma fita branca para lembrar-lhes da pureza e da inocência que devem ter em suas mentes. Poucos meses antes da Crisma dessas crianças e do início da Primeira Guerra Mundial, crimes obscuros começam a acontecer na cidadezinha perdida no interior da Alemanha, que segue ainda padrões de vida semelhantes ao feudalismo, como a dependência da agricultura e a vassalagem ao barão local.

A direção de Michael Haneke (Violência Gratuita) e a impecável fotografia em preto-e-branco fazem o espectador ter a sensação de estar lendo um livro, enquanto vai se afundando na agonia trágica que se desenrola na tela. As feições tipicamente alemãs dos atores conferem uma estranha proximidade a quem conhece os estados do Sul do Brasil, especialmente Santa Catarina.

A Fita Branca (Das Weisse Band), vencedor da Palma de Ouro em Cannes, em 2009, segue a história do professor da escola do vilarejo (Christian Friedel), que rememora de forma serena os sombrios acontecimentos que ocorrem em sua cidade antes da Guerra.

O filho do barão é torturado, uma armadilha é montada para o médico da cidade, o celeiro é incendiado. Logo a mentalidade de cidade pequena, onde todos se conhecem, aliada ao medo punitivo cristão e à falta de sentimento de alteridade de seus cidadãos, vão gerando um ar sufocante na vila, enfatizado pelos claustrofóbicos planos fechados sempre que a cena se passa em interiores – em oposição à claridade e ao espaço das tomadas externas. Metáfora para a obscuridade do que se passa a portas fechadas e da aparente tranqüilidade do que se vê nas ruas.

A opressão do pastor e o clientelismo do opulento barão opõem-se à pobreza dos aldeães e à submissão das crianças, sujeitas a outras atrocidades cometidas contra elas dentro de suas próprias casas e que semeiam em seu caráter a brutalidade perpetrada por seus pais. A apatia patente em seus rostos (evidenciado pelo brilhantismo da atuação dos atores e atrizes-mirins) torna o filme angustiante e pesado de se digerir. Seu estranho comportamento de grupo levanta suspeitas sobre sua ligação com os crimes.

Esse tema da maldade velada incutida nas crianças já foi abordado em obras como A Outra Volta do Parafuso (livro de Henry James), e uma sociedade repressora, que gera cidadãos histéricos, é bem retratada na a Inglaterra Vitoriana, de Robert Louis Stevenson, em seu O Médico e o Monstro. No caso de A Fita Branca, o isolamento do vilarejo, adiciona uma outra dinâmica de sociedade: a da criação de regras próprias de conduta, levando à cabo o conceito de justiça com as próprias mãos. Alie tudo isso a um povo sofrido e isolado do resto da Europa pela união tardia de suas partes e um líder eloqüente, perspicaz e extremamente autoritário, e se tem as bases do nazismo que se instalaria na Alemanha nas décadas seguintes. Judeus, homossexuais, ciganos e deficientes físicos e mentais devidamente rotulados, não com uma fita branca, mas com triângulos invertidos, expurgados da nova sociedade em formação.

A demora das autoridades competentes para investigar a sucessão de crimes no vilarejo pode ser lida como a vista grossa das potências européias frente ao que Hitler já ensaiava antes de 1939. E, tanto o filme quanto os horrores da Guerra, mostram que o silêncio e a submissão são o pior meio de lidar com atrocidades, sejam elas quais forem.

Preciosa – Uma História de Esperança



Sinopse: Preciosa é uma adolescente obesa e semi-analfabeta. Aos 16 anos, está grávida de seu segundo filho e é expulsa de seu colégio. Ela é convidada a entrar em uma escola alternativa para se formar e melhorar de vida.


Ficha Técnica
Preciosa – Uma História de Esperança (Precious: Based on the Book “Push” by Sapphire)
Direção: Lee Daniels
Roteiro: Geoffrey Fletcher
Elenco: Gabourey Sidibe, Mo'Nique, Paula Patton, Mariah Carey.
Duração: 110 minutos


Um filme de paixão
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: trailer)

Uma das melhores coisas que podem acontecer no mundo do cinema é quando um filme de qualidade é realizado por pessoas apaixonadas pelo projeto. Esse tipo de experiência é que levou Preciosa – Uma História de Esperança (Precious: Based on the Book “Push” by Sapphire) para as salas de cinema. Tal paixão é latente no trabalho do diretor Lee Daniels que não tem medo de viajar junto dos delírios de sua protagonista. Preciosa entra em um mundo onírico sempre que sua situação já complicada se mostra um obstáculo, nesses momentos há um abuso positivo de cores e da linguagem de videoclipe.

O amor pela música negra vai além da trilha musical, que é ótima e traz baluartes do porte de Bobby Brown e The Platter. Há também a participação de dois cantores dando uma de atores – e sem decepcionar. Os fãs de Mariah Carey e Lenny Kravitz terão mais um motivo para ir ao cinema.

O restante do elenco mantém a linha emotiva dos profissionais envolvidos no filme. O maior destaque nesse quesito fica para Mo'Nique que está odiosamente bem, representando uma vilã amargurada.

Para o público que assistirá a uma carga emotiva tão grande na tela, não há opção a não ser se deixar envolver por esse pesado dramão. É bom avisar que quando a situação da protagonista parece estar a pior possível, há ainda alguns degraus para despencar. Por tudo isso, é altamente aconselhável levar lenços quando for ver Preciosa.



Percy Jackson e o Ladrão de Raios






Sinopse: Adaptação do primeiro da série de cinco livros sobre garoto que se descobre filho do deus grego dos mares e das tempestades, Poseidon, e suas aventuras para salvar o mundo.


Ficha Técnica
Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief)
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Craig Titley
Elenco: Logan Lerman, Brandon T. Jackson, Alexandra Daddario, Jake Abel, Pierce Brosnan, Uma Thurman.
Duração: 119 minutos


 por Marcelo Rafael

(Spoilerômetro: )

Um garoto com problemas familiares é retirado de sua casa e levado a um lugar secreto, não conhecido ou sequer visto pela maioria das pessoas comuns. Neste lugar, descobre que é um menino especial, com poderes mágicos que serão úteis para salvar o mundo. Tá, este é o plot de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Mas aqui estamos falando de Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief ), adaptação de uma outra série de livros para o cinema.

Saem de cena as ruas calmas e os trens de Londres de Harry Potter para dar lugar aos cenários frenéticos de Las Vegas, Los Angeles e Nova York, com carros em alta velocidade pelas highways estadunidenses. Saem as culturas céltica, germânica e escandinava, e entra a cálida cultura mediterrânea. Ao invés de um castelo-escola, surge um acampamento-refúgio. No lugar da bruxaria, entram os poderes divinos dos deuses da Mitologia Clássica.

Escrita pelo ex-professor do Ensino Fundamental, Rick Riordan, a história conta as aventuras de um garoto que descobre ser um semideus, filho do deus grego Poseidon (Kevin McKidd) com uma mortal. Portador de dislexia e DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção), Percy Jackson é uma homenagem ao filho de Riordan, que possui essas condições. Enquanto no filme, porém, o garoto tem 17 anos, nos livros, originalmente, Percy tem apenas 12. Essa diferença permitiu ao diretor do longa abordar alguns temas (como dirigir carros), que seriam impossíveis com aquela idade.

A batalha (de ego) entre os deuses gregos sempre foi motivo para inúmeras histórias desde os tempos de Homero, na Antigüidade, até os dias de hoje, passando por Shakespeare e Camões, no Renascimento, e por Cavaleiros do Zodíaco, nos anos 90. Este último angariou inúmeros fãs adolescentes, assim como os livros Riordan lograram nos anos 2000.

O conflito divino, aqui, se dá quando o raio, a arma mais poderosa de Zeus (Sean Bean), desaparece e Percy Jackson (Logan Lerman) é acusado de tê-lo roubado em favor de seu pai. Para complicar ainda mais as coisas, Hades, o deus do mundo dos mortos, rapta a mãe do garoto e exige o tal raio como resgate. Com a ira divina em sua cola, o garoto conhece sua origem celestial e vai parar em um acampamento no meio da floresta, onde outros descendentes de seres míticos treinam tácticas de combate. Lá, recebe a ajuda de Quirão (Pierce Brosnan) – o mesmo centauro mentor de Héracles (ou Hércules, para os romanos) –, da filha de Atena (Alexandra Daddario) e de um sátiro (Brandon T. Jackson) para salvar sua mãe e recuperar o raio.

Monstros e outros entes mitológicos surgem na tela, colocando-se no caminho do herói e gerando boas seqüências de ação, como o ataque do Minotauro. Uma pitada de cultura pop, não presente em Harry Potter, aparece da trilha sonora à indumentária de Hades, do videogame ao All Star voador usado pelo deus Hermes. Há até referência aos males das drogas, quando o trio de heróis vai a um cassino em Las Vegas.

Os problemas de se adaptar um livro de 400 páginas para um longa de quase duas horas surgem, e os fãs da série podem torcer o nariz para a diferença de idade do protagonista, a ausência do deus Ares e o fato de Percy desenvolver seus poderes muito rapidamente, movendo facilmente colunas de águas que, duas semanas atrás, não sabia que conseguia mover. Mas a história prende a atenção, graças à mão do diretor Chris Columbus (o mesmo de Harry Potter e a Pedra Filosofal, e a Câmara Secreta).

Algumas incongruências mitológicas, no entanto, irritam um pouco mais. Perséfone (Rosario Dawson), por exemplo, não é negra e nem está morta. Os negros, na Grécia Antiga eram considerados estrangeiros (metecos) e Perséfone permanece viva no Hades, tendo direito a sair por seis meses do mundo dos mortos para visitar sua mãe, o que origina a primavera e o verão. Medusa, ao contrário, foi morta há séculos, decapitada por Perseu. Mas Uma Thurman está excelente no papel do monstro, numa versão modernosa e estilosa da górgona, cheia de empáfia.

A explicação para o nome da capital grega também está errada. O povo não aclamou Atena como sua patrona, como o filme afirma. Ela e Poseidon competiram pelo patronato da pólis até que os deuses decidiram pela vitória da deusa da sabedoria.

O maniqueísmo, conceito não presente na Mitologia Grega, acentua as divergências, separando os deuses entre o Bem e o Mal. Talvez este seja o maior problema de um filme que trata de deuses com índole humana (e, portanto, imperfeitos), como são os gregos. A mentalidade cristã também se faz presente, associando o deus Hades à figura do Demônio, e transformando sua morada num verdadeiro Inferno (algo, que na realidade mitológica, estaria mais para o Tártaro).

Pelo menos a mitologia de Riordan é toda grega, valendo-se dos nomes e dos conceitos gregos, não romanos, como, muitas vezes, acontece com obras modernas.

Estas questões, porém, não atrapalham a diversão da garotada e tornam-se irrelevantes frente ao estímulo dado à cultura Clássica. É o maior mérito de Percy Jackson: tirar a rica mitologia dos livros de História e trazê-los à vida, à ação, mantendo o interesse das novas gerações pelo tema.



Dudeshop:
• Livro O Ladrão de Raios, de Rick Riordan (Ed. Intrínseca)
O Livro de Ouro da Mitologia, de Thomas Bulfinch (Ed. Martin Claret)

Dudenet: Leia a resenha do livro.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Top Bilheterias

Confira o ranking das bilheterias:

1. Avatar
2. Premonição 4 – 3D
3. Alvin e os Esquilos
4. Sherlock Holmes
5. Amor sem Escalas
6. O Fada do Dente
7. O Fim da Escuridão
8. High School Musical – O Desafio
9. Invictus
10. Guerra ao Terror

Avatar continua sendo o único filme a habitar a primeira posição do ranking nesse ano. Na próxima semana, a estreia mais rentável será Percy Jackson, mas a liderança deve ser a mesma.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Indicados ao Oscar 2010

Melhor Filme:
Amor sem Escalas
Avatar
Bastardos Inglórios
Distrito 9
Educação
Guerra ao Terror
Um Homem Sério
Preciosa – Uma História de Esperança
Um Sonho Possível
Up – Altas Aventuras 

Melhor Ator:
Colin Firth (Direito de Amar)
George Clooney (Amor sem Escalas)
Jeff Bridges (Coração Louco)
Jeremy Renner (Guerra ao Terror)
Morgan Freeman (Invictus) 

Melhor Atriz:
Carey Mulligan (Educação)
Gabourey Sidibe (Preciosa)
Helen Mirren (The Last Station)
Meryl Streep (Julie & Julia)
Sandra Bullock (Um Sonho Possível) 

Melhor Ator Coadjuvante:
Christopher Plummer (The Last Station)
Christoph Waltz (Bastardos Inglórios)
Matt Damon (Invictus)
Stanley Tucci (Um Olhar do Paraíso)
Woody Harrelson (O Menssageiro) 

Melhor Atriz Coadjuvante:
Anna Kendrick (Amor sem Escalas)
Maggie Gyllenhaal (Coração Louco)
Mo'Nique (Preciosa)
Penélope Cruz (Nine)
Vera Farmiga (Amor sem Escalas) 

Melhor Direção:
James Cameron (Avatar)
Jason Reitman (Amor sem Escalas)
Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)
Lee Daniels (Preciosa)
Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios) 

Melhor Roteiro Original:
Bastardos Inglórios
Guerra ao Terror
Um Homem Sério
O Mensageiro
Up
 


Melhor Roteiro Adaptado:
Amor sem Escalas
Distrito 9
Educação

In the Loop
Preciosa
 

Melhor Direção de Fotografia:
Avatar 
Bastardos Inglórios
A Fita Branca
Guerra ao Terror
Harry Potter e o Enigma do Príncipe 

Melhor Montagem:
Avatar
Bastardos Inglórios
Distrito 9
Guerra ao Terror

Preciosa 

Melhor Direção de Arte:
Avatar
O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus
Nine
Sherlock Holmes
The Young Victoria
 

Melhor Figurino:
O Brilho de uma Paixão
Coco antes de Chanel
O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus
Nine
The Young Victoria
 

Melhor Maquiagem:
Il divo
Star Trek
The Young Victoria
 

Melhor Trilha Musical:
Avatar
O Fantástico Sr. Raposo
Guerra ao Terror
Sherlock Holmes
Up
 

Melhor Canção:
"The Weary Kind" (Coração Louco)
"Loin de Paname" (Faubourg 36)
Take It All (Nine)
"Almost There" (A Princesa e o Sapo)
"Down in New Orleans" (A Princesa e o Sapo) 

Melhor Mixagem de Som:
Avatar
Bastardos Inglórios
 
Guerra ao Terror
Star Trek
Transformers: A Vingança dos Derrotados
 

Melhor Edição de Som:
Avatar
Bastardos Inglórios

Guerra ao Terror
Star Trek
Up
 

Melhores Efeitos Visuais:
Avatar
Distrito 9
Star Trek 

Melhor Animação:
Coraline
O Fantástico Sr. Raposo
A Princesa e o Sapo
The Secret of Kells
Up
 

Melhor Filme Estrangeiro:
Ajami
A Fita Branca
 
Un prophète 

O Segredo dos seus Olhos
A Teta Asustada
 

Melhor Documentário:
Burma VJ: Reporter i et lukket land
The Cove

Food, Inc.
The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers

Which Way Home 

Melhor Documentário (Curta):
China's Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province
The Last Campaign of Governor Booth Gardner
The Last Truck: Closing of a GM Plant
Królik po berlinsku
Music by Prudence
 

Melhor Animação (Curta):
French Roast
Granny O'Grimm's Sleeping Beauty
La dama y la muerte
Logorama
Wallace and Gromit in 'A Matter of Loaf and Death'
 

Melhor Curta-Metragem:
The Door
Istället för abrakadabra
Kavi
Miracle Fish
The New Tenants