quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Lula – O Filho do Brasil



Sinopse: A vida de Lula, desde sua infância no sertão até sua consagração como líder sindical.


Ficha Técnica
Lula – O Filho do Brasil
Direção: Fábio Barreto
Roteiro: Fernando Bonassi
Elenco: Rui Ricardo Dias, Glória Pires, Juliana Baroni, Cléo Pires, Milhem Cortaz
Duração: 128 minutos


Marca dispensável
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Política não é o foco por aqui, por isso nos damos o direito de não discutir o quanto o lançamento de Lula – O Filho do Brasil pode influenciar o resultado das urnas. Neste texto iremos apenas discutir as qualidades cinematográficas do filme.

O livro no qual o roteiro foi baseado dá muito enfoque para Dona Lindu, mãe de Lula. Na fita percebe-se que ela é um personagem forte e muitas vezes até mais interessante do que seu filho. A competente interpretação de Glória Pires (É Proibido Fumar) colabora para que prestemos mais atenção para seu papel.

O roteiro não consegue escapar de um frequente obstáculo de cinebiografia, a falta de unidade narrativa. A impressão que se dá é que havia um checklist dos eventos importantes da vida de Lula que precisavam estar na tela e não houve preocupação de construir uma melhor amarração entre tais acontecimentos.

Em muitos detalhes, Lula – O Filho do Brasil se preocupa em ser fiel à realidade. Por isso, muitas imagens de arquivo são inseridas em meio à ação encenada. Pode-se ver reportagens televisivas e imagens de documentários, como Linha de Montagem, mostrando como a transposição por vezes é muito fiel.

O ponto alto do filme é a trilha musical composta por Antonio Pinto (À Deriva) que toca os corações dos espectadores. Por outro lado, a direção de Fábio Barreto (A Paixão de Jacobina) compromete todos os momentos-chave da trajetória de Lula. Pode-se contar que sempre que um evento de suma importância é apresentado, Fábio colocará a câmera em uma posição estranha que atrapalha o envolvimento emocional com a cena.

Pela temática bem brasileira, a identificação com os desafios do protagonista acontecerá com muitos dos que assistirem ao longa. Esse será o elemento principal para garantir o sucesso da produção.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Ervas Daninhas



Sinopse: Georges encontra ao lado de seu carro uma carteira perdida, que na verdade foi roubada de Marguerite. Depois que ele consegue devolver o objeto para a dentista, começa a se interessar por ela.


Ficha Técnica
Ervas Daninhas (Les herbes folles)
Direção: Alain Resnais
Roteiro: Alex Reval, Laurent Herbiet
Elenco: André Dussollier, Sabine Azéma, Emmanuelle Devos, Mathieu Amalric, Anne Consigny
Duração: 104 minutos


Menos história
  por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O diretor Alain Resnais tem uma longa e premiada carreira e com Ervas Daninhas (Les herbes folles) ele conquistou o prêmio especial do júri no Festival de Cannes. Tal honraria se deve ao belo trabalho visual que o cineasta apresentou em sua mais nova obra. Há enquadramentos muito plásticos, como o close na bolsa roubada ao vento.

De semelhante com Medos Privados em Locais Públicos, parte do elenco volta a trabalhar com Resnais. O casal de protagonistas, por exemplo, já tinha participado do projeto anterior do realizador. Além desses atores, quem está acostumado a conferir a cinematografia francesa poderá verificar vários rostos conhecidos, um atrativo a mais.

Por outro lado, diferentemente de Medos Privados... o roteiro se concentra em apenas um enredo, ao invés das tramas paralelas formando o retrato social interessante do trabalho anterior. E mesmo concentrando-se em menos personagens, a narrativa passa a ser um elemento menos importante, principalmente da metade para o fim de Ervas Daninhas – apesar de se tratar da adaptação cinematográfica de um romance.

Se o interesse do espectador é ver uma bela história bem contada, esse não é o filme procurado. Entretanto, se os arrebates visuais e alguma ousadia na linguagem forem os objetivos, a produção passa a ser a opção perfeita.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sempre ao Seu Lado





Sinopse: Parker é um professor universitário que decide adotar um cachorro abandonado. Depois de já ter criado sua filha, ele recebe de braços abertos esse novo amigo.


Ficha Técnica
Sempre ao Seu Lado (Hachiko: A Dog’s Story)
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: Stephen P. Lindsey
Elenco: Richard Gere, Sarah Roemer, Joan Allen
Duração: 93 minutos


“But I still come back to you”*
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A história real na qual foi baseado o roteiro de Sempre ao Seu Lado (Hachiko: A Dog’s Story) se passou no Japão – em 1987 já foi realizado um filme por lá sobre isso. Para homenagear a origem real dos personagens o roteiro do remake faz referências ao Japão, um hábito comum em outras produções que refilmaram roteiros orientais, como Imagens do Além e O Grito.

A parceria entre o ator Richard Gere e o diretor sueco Lasse Hallström é retomada depois do interessante O Vigarista do Ano. Dessa vez, o objetivo não é apresentar um carismático anti-herói. Nesse drama, o enredo é mais tradicional e a emoção é alcançada com personagens íntegros.

Na mesma linha de Marley & Eu, Sempre ao Seu Lado é mais um filme que reafirma a força do amor entre um homem e seu cachorro, uma relação única no reino animal. Para os amantes e simpatizantes dos caninos, lágrimas podem ser esperadas no desfecho, em que se permite um pouco de fantasia para alavancar as emoções.

O problema mais grave dessa fita é o trailer. Não houve capacidade de quem pensou nessa peça de fazê-la de forma que mostre a emotividade do produto sem adiantar muitos acontecimentos da história. Quem prima pela surpresa dentro da sala de cinema deve evitar o trailer a qualquer custo.

* Verso da música “You’re my best friend”, da banda Queen.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Poder do Soul






Sinopse: Documentário sobre um grandioso festival de música que aconteceu no Zaire em 1974.



Ficha Técnica
O Poder do Soul (Soul Power)
Direção: Jeffrey Levy-Hinte
Roteiro: -documentário-
Elenco: Muhammad Ali, James Brown, B.B. King, Don King
Duração: 93 minutos


Além da música
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Quando se trata de um documentário musical, o gosto do espectador para as canções apresentadas é um fator importante para que a aceitação do filme seja positiva. Em O Poder do Soul (Soul Power) essa situação é imperativa, ou as apresentações musicais que permeiam o filme serão um grande fardo. Para os amantes de funk (da época em que não se falava em batidão e tchutchuca), a experiência musical será muito satisfatória.

Além da música, o documentário mostra os bastidores por vezes caótico da organização do evento. Tem-se uma clara impressão da complexidade que é realizar um festival tão grande, com estrelas do calibre de B.B. King e James Brown entre os convidados.

A ideia original desse evento era realizar uma luta de boxe entre Muhammad Ali e George Foreman valendo cinturão, além dos show. Por problemas médicos, Foreman não pôde ir para a África e a parte esportiva do evento ficou comprometida. Mesmo assim Ali estava por lá e dá alguns depoimentos, sobre os mais variados temas.

O objetivo do festival era homenagear o Continente Negro, com expressões artísticas e esportivas de seus descendentes estadunidenses lado a lado com apresentações de artistas locais. Por essa razão, O Poder do Soul inclui passagens em que se vê a dureza da vida naquela terra castigada e também a alegria e expressividade de seu povo, sabendo equilibrar realidade dura com beleza artística.

Com todos os elementos somados, o documentário fará os fãs do gênero musical curtir boas apresentações que nos intervalos serão convidados para reflexões.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Avatar



Sinopse: Jake Scully, ex-fuzileiro paraplégico, embarca em uma missão ao planeta Pandora. Nesse planeta, uma companhia mineradora explora um raro mineral, que está concentrado em áreas habitadas pelo povo autocne. A missão de Jake e de outros recrutados para o mesmo fim é “pilotar”, avatares que são cópias dos habitantes do planeta, com o objetivo de “diplomacia” (ou melhor, espionagem).


Ficha Técnica
Avatar
Roteiro e Direção: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang
Duração: 162 minutos


 por Alvaro Domingues

(Spolerômetro: segundo e terceiro parágrafos)

A primeira coisa que se nota no filme é que não são só os avatares que são cópias, mas o enredo e algumas cenas parecem uma colcha de retalhos mal-costurados de cópias. Em primeiro lugar, um paraplégico que volta a andar habitando um avatar ou ambiente propício lembra Pequenos Espiões 3 e Lost. Os pilotos quando acordam tem seus olhos focalizados lembrando... Lost. A conexão lembra Matrix. Os avatares lembram os Evas de Evangelion (a única diferença é que a conexão é exterior, e não interior).

Tem os estereótipos também: o Coronel que acaba se tornando o vilão principal é o milico de sempre, truculento, que só sabe lutar; a cientista brilhante e dedicada, mas tão ingênua que não percebe que está sendo usada; o executivo que só pensa em lucro (que ultimamente tem substituído o antigo cientista louco como vilão de plantão) e o herói que resolve tudo.

E enredos “manjados”: o infiltrado que resolve mudar de lado ao simpatizar com os nativos, mas acaba sendo rejeitado como traidor por ambos os lados. O envolvimento com a mocinha, já prometida a outro da tribo, etc. Ou o povo tecnologicamente superior que despreza e destrói os supostos selvagens (será que é dor de consciência dos americanos?).

O filme poderia ter uma duração um pouco menor, visto que acaba cansando o espectador. No meu ponto de vista, a ação demora a acontecer, com cenas desnecessárias no começo do filme que poderiam ser abreviadas. Por exemplo, o “drama” da morte do irmão do protagonista pouco acrescenta à história e poderia ser suprimido.

Como ponto positivo, o filme tem algumas boas sacadas, como os cabelos em trança que terminam em pequenos tentáculos que se conectam a qualquer ser vivo, como um verdadeiro cabo USB biológico.

Avatar também apresenta uma boa caracterização de uma biologia extraterrestre, com soluções interessantes para o voo (há um lagarto que voa como um helicóptero, girando a cauda; repteis alados com dois pares de asas) e um bom conjunto de predadores e montarias. As cenas de ação também são bem construídas e emocionantes.

Os efeitos especiais em 3D são muito bons, bem ajustados às cenas. Os produtores introduziram legendas, novidade em exibições de filmes 3D. Uma boa inovação, se bem que em algumas cenas fica difícil a leitura.

Também foi bem caracterizada a visão xamânica do mundo, que seria um contraponto perfeito para a visão tecnicista tanto dos cientistas quanto dos executivos mineradores, não fosse o excessivo maniqueísmo do filme.

Em suma: vale (muito) pelos efeitos e pela ação. Esqueça a trama e personagens mal feitos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Princesa e o Sapo

por Carla Bitelli

Sinopse: Tiana trabalha duro para conseguir abrir seu sonhado restaurante, sem nunca sonhar com seu príncipe encantado (quanto mais com um sapo). Mas, no dia em que seu sonho será realizado, um sapo aparece em sua vida e muda tudo.


Spoilerômetro:

Ficha Técnica:
A Princesa e o Sapo (The Princess and the Frog)
Direção: Ron Clements e John Musker
Roteiro: Ron Clements
Duração: 97 minutos


Em 1995, a Disney, em parceria com a Pixar, lançou o longa-metragem de animação 3D Toy Story. O sucesso indiscutível (e merecido) fez o estúdio acreditar que as clássicas animações tradicionais não tinham mais vez, ainda mais se musicais. Os fãs viram então mais alguns sucessos 2D – Mulan e Hércules –, e depois a retirada sutil das partes musicais (tendo Tarzan como primeiro da série). Foi com muito pesar de uma parte do público que a mesma Disney anunciou que não faria mais animações tradicionais. Depois do péssimo Nem que a Vaca Tussa em 2004, parecia que ninguém ia lamentar...

Mas não é que mudaram de ideia? E foi com muita publicidade que a Disney retornou de vez aos clássicos musicais. A Princesa e o Sapo (The Princess and the Frog) foi o primeiro desta nova fase, que já tem a promessa de um Rapunzel.

A nova animação tem muitos pontos positivos. Tiana é a primeira princesa Disney negra – e conta com o príncipe mais bonito da Disney (o Aladdin ficou pra trás!) –, o que gerou muita polêmica. A escolha do local, Nova Orleans, e do ritmo, jazz, também marcaram muito a espera do longa.

Os desenhos, a coloração e a iluminação são maravilhosos e chegam a tirar o fôlego do espectador em algumas passagens. Os personagens são muito bem construídos, cada um interpretando o papel devido na narrativa. Os anseios e dúvidas de Tiana giram em torno da melhoria de vida por meio do trabalho e do sacrifício do amor para conquistar o sonho material. É quando ela tenta atingir seu objetivo por meios fantasiosos que tudo vai abaixo, então ela terá de escolher entre o trabalho sacrificante e o verdadeiro amor. Enquanto Tiana tenta fazer sua escolha, outro personagem se vê à frente do mesmo dilema.

Ainda sobre os personagens: de uma forma ou de outra, todos têm o seu momento de comicidade – todos, sem exceção, são bastante atraentes para o público. A dublagem em português está bastante profissional, como quase sempre podemos esperar da Disney.

Nem tudo é perfeito, no entanto. Tenho dois poréns em relação à obra, mesmo que não afetem minha opinião do filme como um todo. Em primeiro lugar, a movimentação dos personagens humanos lembra demais o péssimo “efeito geleia”, o que pode incomodar alguns olhos.

Em segundo lugar, a parte musical do filme deixa a desejar, apesar de assinada pelo experiente Randy Newman, compositor com sucessos como os Toy Story e Monstros S.A.. Os números musicais têm pouca força e não se destacam. Com a promessa de uma trilha de puro jazz, na verdade temos algumas pouquíssimas músicas com um ritmo como se o tal “puro jazz” tivesse sido digerido para ouvidos sensíveis.

Mas os problemas não reduzem nem um pouco a importância e a beleza de A Princesa e o Sapo. Se a música não é tão marcante quanto a de A Bela e a Fera, os desenhos compensam cada minuto.

Os fãs que haviam ficado órfãos dos musicais da Disney podem comemorar e não devem, de jeito nenhum, perder a oportunidade de assistir esta animação nas telonas do cinema.

Uma Vida sem Regras







Sinopse: Art está em uma crise existencial depois do fim de seu namoro. Ele decide convocar um escritor de autoajuda canadense a viajar para a Inglaterra e ajudá-lo.


Ficha Técnica
Uma Vida sem Regras (How to Be)
Roteiro e Direção: Oliver Irving
Elenco: Robert Pattinson, Powell Jones, Mike Pearce, Johnny White, Alisa Arnah
Duração: 85 minutos


“Não dá pra ser legal, só pode ficar mal!”*
 por Edu Fernandes
 
(Spoilerômetro: )
 
Atualmente Robert Pattinson é um grande astro e apenas seu nome no elenco já é suficiente para atrair público para um filme. No entanto, antes do lançamento de Crepúsculo, o rapaz que só era conhecido como o Cedrico de Harry Potter 4 filmou Uma Vida sem Regras (How to Be), uma produção inglesa de pequeno porte.

O tamanho colossal que o nome do jovem ator atingiu é a única razão plausível para a estreia desse filme nas salas de cinema. Se fosse considerada apenas a qualidade da fita, provavelmente a chance de lançamento no mercado desse título seria diretamente em DVD.

O protagonista é um jovem em crise por ter sido abandonado pela namorada. Ele então se junta a dois amigos tão inúteis quanto ele e monta uma banda. O tema do roteiro são os conflitos psicológicos desses personagens nada carismáticos.

Ronny mora sozinho em um apartamento porque a vida em família tornou-se impraticável depois que seu pai construiu uma nova família. Ele morre de medo de deixar sua fortaleza da solidão. Já o problema de Nikki é a autoafirmação. Traumatizado por uma adolescência difícil, ele escapa tentando conquistar todas as garotas ao seu alcance.

O problema do filme está na falta de diálogo com o público brasileiro. Vendo as mazelas desse trio e comparando com as dificuldades corriqueiras de um brasileiro típico, parece que os personagens estão reclamando de barriga cheia. Eles não precisam se preocupar com assalto, desemprego, ônibus lotado, enchente... Se há uma razão para indicar Uma Vida sem Regras para alguém, esse motivo pode ser a curiosidade de ver Robert Pattinson em um papel totalmente diferente de Cedrico ou Edward.

* Verso da canção “Rebelde sem Causa”, do Ultaje a Rigor. Uma saída para não intitular o texto como “Vá lavar uma louça!”.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Atividade Paranormal






Sinopse: Desde a infância, Katie sempre foi assombrada por algum tipo de ser sobrenatural. Quando ela começa a morar com seu namorado Micah, ele resolve comprar uma câmera para registrar os estranhos eventos.



Ficha Técnica
Atividade Paranormal (Paranormal Activity)
Roteiro e Direção: Oren Peli
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs
Duração: 86 minutos


Medo no detalhe
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O orçamento para a produção de Atividade Paranormal (Paranormal Activity) foi de US$ 11 mil, um valor irrisório perante as megaproduções milionárias hollywoodianas. Os custos foram tão baixos por causa de um elenco restrito e a locação gratuita, já que se trata da casa do diretor. Mesmo assim, o filme já bateu a marca dos US$ 100 milhões, tornando-se a fita proporcionalmente mais rentável da História.

Pelo fenômeno nas bilheterias e pela premissa de um pseudodocumentário de suspense, é impossível não compará-lo com A Bruxa de Blair (1999). Para quem achou que a produção mais antiga fica se arrastando por muito tempo com os protagonistas perdidos a maior parte do enredo, a boa notícia é que o novo filme não sofre desse mesmo mal, tendo uma gradação mais bem construída.

Atividade Paranormal aposta que é muito mais assustador o sugerido do que o explícito. Dessa forma, pequenos detalhes como um barulho distante ou uma sombra quase imperceptível fazem os músculos dos espectadores se tencionaram. Com essa abordagem mais minimalista, a história contada na tela fica muito mais próxima dos causos de mistério que ouvimos como sendo reais.

Com o desenrolar das coisas, torna-se necessária a participação de efeitos especiais e eles cumprem muito bem a missão. Nesse tipo de filme, o menor erro por parte dessa área poderia pôr tudo a perder.

Para checar se seus nervos estão em dia, essa é uma ótima opção.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Abraços Partidos






Sinopse: Harry Caine é um escritor cego cujo assistente está debilitado. Enquanto faz uma visita ao jovem, Harry reconta como era sua vida antes de perder a visão, quando era diretor de cinema.


Ficha Técnica
Abraços Partidos (Los abrazos rotos)
Roteiro e Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Penélope Cruz, Lluís Homar, Blanca Portillo, José Luis Gómez
Duração: 127 minutos


O universo de Almodóvar
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Em Abraços Partidos (Los abrazos rotos), o diretor espanhol Pedro Almodóvar (Volver) mostra-se cinematograficamente em forma. Diversas cenas plasticamente bem concebidas atestam porque ele ainda conta com uma legião de fãs e é elogiado por seu talento. Destaque para os tons de vermelho em vários elementos.

Para quem é familiarizado com sua filmografia, há diversas autorreferências nessa nova produção. Começando pelo elenco, com rostos familiares de seus outros filmes, há até a repetição de alguns objetos de cena de fitas anteriores. Vale conferir uma auto-homenagem: o filme dentro do filme, chamado Garotas e Malas, é uma clara alusão a Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988).

Por outro lado, quem é apenas mais um amante da sétima arte também tem motivos para assistir a Abraços Partidos. Além da ótima direção de arte antiquada do filme dentro do filme, Almodóvar usa e abusa de Penélope Cruz, sua musa. Em uma ótima cena, ela experimenta alguns figurinos e faz homenagem a Marilyn Monroe e Audrey Hepburn.

O roteiro é cheio de mistério e altamente psicológico, sem com isso ser tedioso. A razão da agilidade na dramaturgia está em algumas piadas bem colocadas e personagens muito interessantes.

Com Abraços Partidos percebe-se que esse grande nome do cinema ainda tem muito a nos oferecer.

É Proibido Fumar







Sinopse: Baby é uma professora de violão que vive sozinha em seu apartamento. De meia-idade, ela percebe a esperança de um novo amor quando Max muda-se para o apartamento ao lado.


Ficha Técnica
É Proibido Fumar
Roteiro e Direção:
Anna Muylaert
Elenco:
Glória Pires, Paulo Miklos
Duração:
89 minutos


Autêntico por ser estranho
  por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Depois de Durval Discos (2002), Anna Muylaert afastou-se da direção cinematográfica para focar-se em sua faceta roteirista. Durante esses anos, ela presenteou o cinema brasileiro colaborando em textos elogiáveis, como O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias e Quanto Dura o Amor?.

Em É Proibido Fumar, ela volta a comandar as câmeras e se sai muito melhor do que sua tentativa anterior, quando era necessário ler o cartaz do filme para entendê-lo. Dessa vez seu trabalho está mais maduro e foi muito premiado no Festival de Brasília.

A protagonista do enredo é uma solteirona típica, cujo único companheiro é o cigarro. Todos nós temos alguém na família, no prédio ou na vizinhança que se assemelhe a Baby. Seus defeitos, e até uma dose de paranoia, não são disfarçados ou amenizados pela trama.

Quando há personagens tão autênticos, o trabalho de ator é crucial. Felizmente, pode-se contar com o talento de Glória Pires (Se Eu Fosse Você 2) e com a espontaneidade de Paulo Miklos (vocalista dos Titãs). Os diálogos parecem soltos e as atuações se encaixam muito bem nas situações propostas.

O casal é formado por uma professora de violão e um músico de bar; portanto, a trilha musical é de suma importância. Com muito bom gosto na seleção das canções, o que acaba de destacando é a cena em que Paulo Miklos canta um samba – gênero bem diferente do qual o consagrou.

Para finalizar, o desfecho é de qualidade. Sem ser didático demais, Anna confia na inteligência de seu espectador para que ele perceba como tudo termina.

O Fantástico Sr. Raposo

 por Edu Fernandes

Sinopse: Raposo muda-se com a família para uma nova casa, perto de três fazendas humanas. Ávido por aventura, ele volta à vida de roubos de sua juventude. Os fazendeiros não ficam contentes com o sumiço de sua produção e resolvem sair à caça.


Spoilerômetro:

Ficha Técnica:
O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox)
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, Noah Baumbach
Elenco: George Clooney, Meryl Streep, Jason Schwartzman, Bill Murray, Willem Dafoe, Owen Wilson
Duração: 87 minutos


Personalidade em novo gênero

O que o diretor Wes Anderson (Viagem à Darjeeling) fazia no meio do mato, em um sótão ou no subsolo com alguns atores que já tinham trabalhado com ele anteriormente? O cineasta levou os profissionais para todas essas locações para a gravação das vozes dos personagens de O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox), a primeira animação comandada por ele.

No quesito elenco, o destaque fica para George Clooney (Queime Depois de Ler) como o protagonista. Não dá para imaginar outra pessoa para dar voz a um malandro carismático do que o astro mais malandro carismático da atualidade.

Para quem já acompanha a filmografia de Anderson pode parecer estranho que ele se envolva com uma animação. A boa notícia para os fãs é que o humor estiloso de seus trabalhos passados continua afinado como sempre. Nunca é demais avisar que esse não é um título para levar as crianças para assistir.

O Fantástico Sr. Raposo é mais uma adaptação cinematográfica da obra de Roald Dahl (A Fantástica Fábrica de Chocolate); portanto, o politicamente incorreto se faz presente no roteiro. Para quem conhece a literatura de Dahl vale lembrar que outras fontes influenciaram no enredo, entre elas um curta-metragem russo. Então, alterações podem ser esperadas em relação à obra original, garantindo surpresas a todos.

No quesito animação, esse stop-motion* apresenta muita agilidade nos movimentos dos personagens. Eles pulam, dançam, brigam e correm com muita fluidez.

Por suas qualidades, o filme atrai e agrada a uma plateia numerosa e variada. Fãs de Wes Anderson, fãs de Roald Dahl, fãs de animação e fãs de bons filmes e boa música terão suas expectativas satisfeitas.

* Stop-motion é a técnica de animação de objetos (bonecos de massinha, por exemplo)