quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Bolt – Supercão



Sinopse: Bolt participa de um programa de televisão onde tem superpoderes concedidos por efeitos especiais, mas ele acha que tudo é verdade. Quando, sua dona é capturada no seriado, ele consegue escapar dos estúdios para efetuar o resgate imaginário.


Ficha Técnica
Bolt – Supercão (Bolt)
Direção: Byron Howard, Chris Williams
Roteiro: Dan Fogelman, Chris Williams
Elenco: John Travolta, Miley Cyrus, Susie Essman, Mark Walton, Malcolm McDowell
Duração: 96 minutos


Super-Disney
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Mesmo sendo sua primeira produção pensada para ser exibida em salas 3D*, Bolt – Supercão (Bolt) não deixa de lado algumas características bem marcantes dos filme da Disney. Um desses elementos que garantem o sucesso das animações são os personagens carismáticos em todos os níveis. Desde os protagonistas até os pombos que só estão em pouquíssimas cenas, os animais que aparecem na tela trazem alguma coisa que faz com que o público se interesse por eles. Seja uma voz engraçada, uma mania ou um visual interessante, nenhum personagem passa despercebido. Entre o grupo principal, quem rouba a cena é Rhino, um ramster nerd que é o fã número 1 de Bolt. Suas falas e seu entusiasmo são a fonte de muitas risadas.

Para quem for a uma sala 3D, será inevitável assistir à versão dublada. O trabalho de adaptação está bem feito, mas infelizmente celebridades foram convidadas para roubar o emprego de dubladores profissionais. O desempenho desses comediantes – nas vozes de Rhino e da gata Mittens – é até aceitável, mas seria melhor se fosse permitido que profissionais especialistas fizessem seu trabalho. Portanto, as vozes que foram usadas no trailer não são as mesmas que serão ouvidas no filme.

Outra característica Disney são as mensagens positivas inseridas no roteiro. Apesar de algumas cenas dramáticas, essas mensagens são passadas organicamente, sem forçar a barra. Quem for avesso a essa mania Disney, só sentirá um pouco de incômodo no tema musical que acompanha a montagem de passagem de tempo do meio do filme.

Depois de muitos anos ladeira abaixo, a Disney parecia que estava voltando ao grau de qualidade que seus fãs sempre esperaram ao criar A Família do Futuro. Bolt – Supercão serve para mostrar que a produtora achou o caminho para o coração de seus apreciadores.

* Chicken Little e A Família do Futuro foram exibidos em salas 3D, mas tiveram de ser modificadas na pós-produção para criar o efeito.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Os Homens que não Amavam as Mulheres



Sinopse: Mikael Blomkvist é um jornalista condenado por uma reportagem difamatória que publicou na Millenium, revista da qual é editor-chefe. Para mudar de ares, aceita uma oferta de Henrik Vanger, um empresário idoso obcecado com o desaparecimento da sobrinha Harriet quase 40 anos antes.


Ficha Técnica
Os Homens que não Amavam as Mulheres (Män som hatar kvinnor)
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 522


Mistério de quarto, ops, ilha fechada
 por Bia Nunes de Sousa

(Spoilerômetro: )

Os Homens que não Amavam as Mulheres (Män som hatar kvinnor) chegou ao Brasil precedido por diversos artigos de jornal que contavam a história do autor, o sueco Stieg Larsson. Jornalista e fundador de revista – dados biográficos que se refletem no personagem principal Mikael –, Larsson morreu em 2004, aos 50 anos, pouco depois de concluir a trilogia Millenium, da qual este livro é o primeiro volume. Sucesso de vendas e crítica na Europa, Larsson foi saudado como aquele que resgatou o “mistério de quarto fechado” da obscuridade em que o tema repousava desde o final dos anos 1970.

Para aqueles não tão familiarizados com a teoria da literatura policial, cabe esclarecer que o “mistério de quarto fechado” é aquele em que o crime ocorre dentro de um ambiente controlado, a que poucas pessoas têm acesso, e cujos suspeitos são personagens ativos durante todo o desenrolar da trama. O exemplo clássico desse tipo de enredo é Assassinato no Expresso Oriente, de Agatha Christie. A escritora inglesa criou a história de um homem assassinado dentro de uma cabine de trem e, por circunstâncias diversas e muito bem explicadas, somente 13 ou 15 pessoas poderiam ter cometido o crime. É em torno desse grupo de passageiros que a história gira e todos recebem sua cota de atenção e importância dentro do enredo.

Em Os Homens que Não Amavam as Mulheres não é diferente, embora as dimensões sejam maiores, pelo menos geograficamente. O mistério que Mikael é contratado para investigar ocorreu 37 anos antes em uma ilha minúscula, onde a maioria dos habitantes ou é parente da garota desaparecida ou trabalha para as empresas da família dela. O cenário é construído pelo autor de forma que o número de suspeitos é limitado e a identidade e personalidade de todos os envolvidos são conhecidas.

A história, narrada em terceira pessoa, se ocupa principalmente do ponto de vista de Mikael, o jornalista em crise profissional. Em alguns trechos, porém, mostra o que acontece com Lisbeth Salander, pesquisadora excepcional quando o assunto é investigar a vida alheia. Alternando o foco entre um e outro, o livro faz os caminhos dos dois personagens se tangenciarem durante boa parte da leitura. Quando finalmente se cruzam, o livro atinge o auge e mantém um bom ritmo, mantendo a atenção e o interesse do leitor até a página final.

Mikael, Lisbeth e todos os demais personagens são construídos, se não com riqueza de detalhes, com características marcantes o suficiente para o leitor traçar um retrato de cada membro da família Vanger como se o fizesse com os membros de sua própria família. Alguns recursos gráficos, como a árvore genealógica dos Vanger e um mapa da ilha de Hedebyön, onde se passa a maior parte do livro, evitam que o leitor se perca ou se confunda.

O enredo é bastante interessante e vai agradar a leitores assíduos de livros policiais. Há várias referencias à literatura policial. Mikael é leitor de romances de mistério e suspense e autores como Val McDermid são citados como opções de leitura do personagem.

Durante a narrativa, diversos fatos são apresentados durante a investigação de Mikael. O leitor não sabe ainda em quais deve deter a atenção, mas o desenvolvimento do livro tem o grande mérito de recuperá-los todos com coerência e uni-los no final de forma a surpreender o leitor.

O desfecho e o desvendar do mistério, parte importantíssima em um livro que se pretende policial, não são totalmente inesperados – é possível que alguns leitores desconfiem de parte da solução do caso –, mas a forma com que Larsson consegue atar todas as pontas e dar um destino para os personagens é honesta, digna e ainda deixa um gancho que conquista o leitor. Quando chegamos à última linha, fechamos o livro com a esperança de que o segundo volume não tarde a ser publicado.


Dudenet: Leia a resenha do filme inspirado nesse livro clicando aqui.


Dudeshop:
• Livro Os Homens que não Amavam as Mulheres: Coleção Millenium – Volume 1, de Stieg Larsson (Ed. Companhia das Letras)
• Livro A Menina que Brincava com Fogo: Coleção Millenium – Volume 2, de Stieg Larsson (Ed. Companhia das Letras)
• Livro A Rainha do Castelo de Ar: Coleção Millenium – Volume 3, de Stieg Larsson (Ed. Companhia das Letras)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Coração de Tinta



Sinopse: Meggie descobre que seu pai tem o poder de trazer personagens fictícios para o mundo real, ao ler qualquer livro em voz alta. Os dois contarão com a ajuda de um herói para evitar que um vilão que foi libertado domine o mundo.


Ficha Técnica
Coração de Tinta (Inkheart)
Direção: Iain Softley
Roteiro: David Lindsay-Abaire
Elenco: Brendan Fraser, Sienna Guillory, Eliza Bennett, Paul Bettany, Helen Mirren
Duração: 106 minutos


Cortes profundos... apenas na edição
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O roteiro de Coração de Tinta (Inkheart), adaptado de um romance juvenil, traz uma ideia muito interessante que abre espaço para que referências a muitos clássicos da literatura sejam introduzidas na história. Para os amantes de livros a boa notícia é que tais alusões estão em várias passagens do filme, especialmente a O Mágico de Oz.

Outro elogio a ser feito ao roteiro assinado por David Lindsay-Abaire (Robôs) é em não menosprezar a inteligência do espectador nesse aspecto: quando há uma referência a Camelot ou a Dom Quixote ela não é anunciada aos quatro ventos com uma fala mal encaixada ou didática. Quem conhece os originais vai entender e criar um diálogo com a fita e quem não conhece não se sentirá deslocado.

Seguindo a mesma linha de raciocínio do livro, a produção é voltada ao público juvenil. Portanto, como acontece com a franquia Crônicas de Nárnia, a violência das batalhas é bem diluída. Não há uma gota de sangue derramada.

Um problema sério na parte técnica está na área de edição de imagens. O experiente montador Martin Walsh (V de Vingança) corta algumas cenas a machadadas, mudando abruptamente de uma seqüência para a seguinte e não deixando que a ação acabe para efetuar o corte. O espectador pode ter alguns sobressaltos por causa dessa falha, que deve ter sido cometida para que a duração não fosse excessiva.

Tirando alguns aspectos negativos, Coração de Tinta poderá divertir o público para o qual é dirigido, mas pode ser uma experiência um tanto estafante para os demais. Mesmo assim, é altamente recomendável não assistir ao trailer se o leitor tiver aversão a spoilers.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Gomorra



Sinopse: A máfia napolitana é vista de vários pontos de vistas, contando a história de pessoas envolvidas com ela nos mais variados níveis.


Ficha Técnica
Gomorra
Direção: Matteo Garrone
Roteiro: Maurizio Braucci, Ugo Chiti, Gianni Di Gregorio, Matteo Garrone, Massimo Gaudioso, Roberto Saviano
Elenco: Salvatore Abruzzese, Simone Sacchettino, Salvatore Ruocco, Vincenzo Fabricino
Duração: 137 minutos


A máfia volta para casa
  por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O primeiro assunto em pauta quando se fala de Gomorra é a represália sofrida pelo autor do livro no qual se baseou o roteiro. Com sua morte prometida pelos mafiosos, o escritor Roberto Saviano vive sob constante proteção policial em localização confidencial. O tamanho da ofensa sentida pelos próprios criminosos pode ser encarado com um selo de autenticidade concedido à obra de Saviano.

O filme mostra os longos braços do crime organizado italiano. Além dos diversos crimes em que estão envolvidos os mafiosos, várias outras questões são mostradas: o recrutamento de novos membros, a atuação social da organização e os rebeldes que tentam remar contra a maré.

Para que todos esses assuntos caibam em um único filme, foram utilizadas tramas paralelas. Infelizmente Gomorra caiu na principal armadilha criada por produções que fazem tal opção. Com algumas histórias mais interessantes do que outras, o espectador pode se ver em diversos momentos desinteressado dos conflitos que estão na tela e frustrado por não saber o que acontece com os personagens que têm um maior apelo.

Quando se pensa em máfia no cinema, a franquia O Poderoso Chefão é sempre usada como referência. A boa notícia para fãs do clássico concebido por Mario Puzo é que a violência gritante e crua que se experimentou no filme da década de 70 pode ser novamente apreciada quando os próprios italianos resolvem contar seu lado criminoso.

Crepúsculo




Sinopse: Bella decide mudar-se para a pequena cidade de Forks, para morar com seu pai. Quando ela chega em sua nova escola, apaixona-se por Edward. Ela descobre que seu novo amor é, na verdade, um vampiro.


Ficha Técnica
Crepúsculo (Twilight)
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Ashley Greene
Duração: 122 minutos


O cordeiro se apaixona pelo leão
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O filme Crepúsculo (Twilight) é totalmente pensado para agradar a dois grupos de pessoas. Além daqueles que leram o livro que originou o roteiro, o filme poderá angariar novas leitoras para a série de livros, já que também cai no gosto das adolescentes que ainda não conhecem a obra literária.

Além do tema de amor impossível que já é conhecido por derreter os corações das moças, há mais elementos para esse público. As canções da trilha musical são executadas por grupos bem populares, como Paramore e Linking Park. O protagonista, escolhido entre milhares de candidatos, é bonitão e ainda por cima canta duas músicas da trilha.

Tecnicamente, o destaque positivo fica para a bela direção de fotografia que soube aproveitar todas as oportunidades que uma história de vampiros cria para essa área. Por outro lado, o maior problema de Crepúsculo são os efeitos visuais mal executados – que podem ser lidos como mais uma forma de não se preocupar em agradar os garotos.

Finalmente, o que agrega mais qualidades para o filme é o acerto na relação entre o casal de apaixonados, o núcleo e a parte mais importante do enredo. A tensão entre os personagens vai além da esfera do sexual; ele sente o desejo pelo sangue, enquanto ela se fascina pelo proibido e misterioso que há em volta de Edward. Tal tensão é muito bem apresentada e causa uma corredeira de emoções na platéia.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Appaloosa – Uma Cidade sem Lei




Sinopse: A cidade de Appaloosa não consegue ter paz enquanto Randall Bragg e seu bando cometem crimes e continuam impunes. Alguns habitantes decidem contratar Virgil Cole e Everett Hitch para garantir que a lei seja cumprida.


Ficha Técnica
Appaloosa – Uma Cidade sem Lei (Appaloosa)
Direção: Ed Harris
Roteiro: Robert Knott, Ed Harris
Elenco: Ed Harris, Viggo Mortensen, Jeremy Irons, Renée Zellweger
Duração: 114 minutos

Faroeste com coração
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O que mais chama a atenção em Appaloosa – Uma Cidade sem Lei (Appaloosa) é o alto grau de aprofundamento psicológico que o roteiro permite que se obtenha. Esse traço é muito incomum em outros faroestes, mas a força dramática dos personagens garante que haja mais do que pólvora na tela.

Os fãs de um bom bang bang não precisam se preocupar, já que elementos que caem no gosto desse grupo também estão presentes no filme. As cenas de tiroteio são boas e podem parecer rápidas demais, mas aparentemente essa opção torna tais seqüências mais realistas – afinal esses embates deveriam durar realmente pouco tempo.

Outro ingrediente para a deliciosa receita da produção é o bom humor, com piadas que agradarão quem é acostumado ao faroeste e também quem procura por um roteiro com um pouco mais de texto.

A relação entre os dois pistoleiros contratados para apaziguar a cidadela é o núcleo do enredo. Apesar de todos os holofotes estarem direcionados na figura de Virgil Cole, o gênio da dupla é Hitch – da mesma forma como alguns acreditam que Dr. Watson seja mais inteligente do que Sherlock Holmes.

Além de diálogos bem escritos, a interação desses dois homens marcantes só funciona por causa de ótimos intérpretes: Ed Harris (A Lenda do Tesouro Perdido 2) e Viggo Mortensen (Senhores do Crime).

Sabendo administrar fatores típicos ao gênero com uma profundidade mais acentuada para acalmar os nervos de quem não é muito íntimo ao universo do Velho Oeste, Appaloosa atinge um resultado mais universal e muito satisfatório.