sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Top 10 Internacional 2016

por Edu Fernandes



Spoilerômetro:  (?)



1. O Filho de Saul

Mais uma vez o Oscar de melhor filme estrangeiro vai para um roteiro sobre o Holocausto. Apesar da repetição de prêmio, a produção húngara oferece uma proposta de direção criativa, com a câmera sempre próxima ao protagonista. Com isso, a imersão é amplificada ao ponto de dar a impressão que a ação se desenrola em tempo real.

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2. A Bruxa

Em um tempo no qual o grosso da produção de terror busca apenas sustos gratuitos em detrimento da construção paciente do medo, o longa lança mão de crenças antigas para atormentar. Aos poucos entendemos a pressão psicológica dos personagens e entramos em um mundo sombrio.

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3. Anomalisa

Bonecos animados e três atores. É com isso e a potência visual da animação que o diretor Charlie Kaufumann (Sinédoque, Nova York) consegue discutir tantos pontos cruciais sobre a contemporaneidade: solidão, inseguranças e o preço da fama.

4. Deadpool

Além de paródias como Super-Herói: O Filme (2008), outro sintoma da consolidação de um gênero está na auto-referência. Quem melhor para isso do que o mercenário bocudo da Marvel? Ao ser fiel à essência do personagem (alô, DC!), o filme traz frescor para um meio que tende à mesmice.

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5. Janis – Little Girl Blue

Ter acesso a depoimentos e imagens de arquivo de qualidade não garantem a construção de um documentário bom e relevante. O objetivo é alcançado nesse caso porque se constrói um retrato intimista e humano de um ícone do rock.

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6. O Monstro de Mil Cabeças

A crítica social de um filme chega mais longa quando envolvida em um pacote atraente. Com os depoimentos de testemunhas como locução, a jornada da protagonista transforma-se em um thriller de peso que denuncia a ganância letal dos planos de saúde.

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7. Os Oito Odiados

Tarantino fez um faroeste de ação com Django Livre (2012). Depois se une ao lendário compósito Enio Morricone para trazer de volta uma trama de desconfianças e intrigas, como vista em Cães de Aluguel (1992), mas no Velho Oeste. A resultado é uma reunião de ótimos personagens em um clima de tensão calculada.

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8. A Chegada

Por lidar com situações extremas, a ficção científica é um campo frutíferos para reflexões filosóficas. Nesse filme, há um mergulho em linguística, quando acompanhamos uma protagonista com força dramática inegável.

9. Cinco Graças

Os dramas de cinco irmãs mostram diversas facetas do machismo que as oprime, um retrato social de suma importância. Há questões culturais do mundo mulçumano, mas também possível facilmente transferir outros assuntos para nosso cotidiano, como as cobranças sobre as mulheres e a comoção tirada da sororidade entre as persoangens.

10. Tudo sobre Vincent

Além do que foi citado acima em Deadpool, outra prova do amadurecimento do gênero super-herói é a apropriação de seus elementos pelo chamado cinema de arte. Aqui, se tem um criativo estudo de personagem em um filme que esbanja frescor.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Top 10 Brasil 2016

por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


1. Aquarius

Kleber Mendonça Filho volta a fazer um retrato da classe média brasileira atual, com forte crítica à especulação imobiliária. No entanto, agora ele conta com uma linha narrativa mais robusta do que em O Som ao Redor (2012). De brinde, ainda tem Sonia Braga a frente de uma protagonista forte e inspirada.

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2. O Silêncio do Céu

Quem viu Trabalhar Cansa (2011) e Quando Eu Era Vivo (2014) sabe que Marco Dutra curte um flerte com o cinema de suspense e terror. Ele utiliza sua verve obscura em uma história sobre estupro que não poupa os espectadores de fortes emoções. A “cena do aquário” já é um ícone do cinema brasileiro.

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3. Mãe só Há Uma

Umas das tramas de O que se Move (2013) foi inspirada no “caso Pedrinho”, um garoto abduzido pela mulher que julgava ser sua mãe. No filme de Anna Muylaert, esse conflito é novamente explorado, mas pela ótica dos personagens mais jovens. Apesar de uma inspiração de décadas passadas, o roteiro ferve de modernidade ao resvalar nas descobertas juvenis e borrar as fronteiras entre gêneros (no sentido sexual).

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4. Sinfonia da Necrópole

Enquanto Marco Dutra caminhou para o thriller, sua parceira em Trabalhar Cansa foi para o musical. Juliana Rojas não perdeu contato com suas origens cinematográficas e fez um dos mais inusitados filmes brasileiros dos últimos tempos, que mistura morbidez com humor, além de uma crítica social no subtexto.

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5. Yorimatã

Todo ano o cinema brasileiro oferece alguns documentários musicais e entre eles há sempre descobertas. Assim foi com Dzi Croquettes (2009) e é com esse relato honesto sobre a dupla de compositoras transgressoras. O filme consegue dar conta das polêmicas na vida pessoal das protagonistas e mostrar o impressionante entrosamento musical entre elas.


6. Mate-me Por Favor

O cinema brasileiro contemporâneo está segundo para diversas direções, tanto em estéticas quanto gêneros. No longa de estreia de Anita Rocha da Silveira pode-se ver um pouco disso, com boa apropriação de elementos de suspense e um apuro visual impressionante, em uma atmosfera jovem empolgante.

7. Big Jato

Conhecido por um cinema potente, Claudio Assis (Febre do Rato) se volta para a infância e prova ser capaz de transmitir ternura. O longa também dá uma oportunidade valiosa ao ator Matheus Nachtergaele, que interpreta irmãos gêmeos de personalidades opostas, que ajudam a compor um retrato antropológico das pequenas cidades do Brasil.

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8. Menino 23

A ficção tem o compromisso de parecer mais autêntica do que a realidade, pois há histórias reais que são difíceis de acreditar. Esse documentário acompanha um desses acontecimentos, quando garotos negros viviam como escravos no interior paulista nos anos 1930. A produção também mostra que a podridão da elite sempre acha uma maneira de se perpetuar e permanecer por cima da carniça.

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9. O Shaolin do Sertão

Depois de ser comparado a Charlie Chaplin por Cine Holliúdy (2012), Halder Gomes importa ingredientes dos filmes de kung fu, sem deixar para trás suas raízes cearenses. É desse casamento criativo que nasce uma comédia que remete a um passado mais inocente do nosso cinema, quando as chanchadas eram marcos no calendário.

10. Nise – O Coração da Loucura

Como em Flores Raras (2013), Gloria Pires encarna uma personagem real para mostrar uma história pouco conhecida do grande público. Além de valorizar a figura histórica, o filme traz reflexões sobre humanidade e respeito.

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