quinta-feira, 31 de maio de 2012

HU: Retrato moribundo

por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Uma das primeiras obrigações de um documentário é não se deixar confundir com uma reportagem jornalística. Para isso, HU abusa de recursos estéticos e garante sua personalidade.

O documentário se passa todo dentro do Hospital Universitário da UFRJ. Praticamente metade do gigantesco edifício não é utilizado e virou um grande amontoado de ruínas e salas abandonadas. Com esse tema, o filme consegue mostrar graves falhas governamentais em pelo menos três áreas: educação, saúde e gestão de recursos.


A câmera percorre a área inativa do edifício de maneira semelhante a exames médicos, como uma endoscopia por salas escuras ou uma tomografia pelos andares abandonados.

Há alguns depoimentos de funcionários, pacientes e estudantes. No entanto, a acusação mais contundente é feita pela câmera e não pela fala. Tanto que, em diversos depoimentos, a imagem na tela é divida em duas, metade com o depoente e a outra parte com as ruínas.

Em alguns momentos, o cenário escuro e um belo trabalho de som e trilha musical criam verdadeiras cenas de filme de terror. O problema é que nesse caso a vítima é incapaz de gritar.


HU
Roteiro e Direção: Pedro Urano, Joana Traub Csekö
Elenco: -documentário-
Duração: 78 minutos
País: Brasil

Nota: 7

HU foi assistido em Olhar de Cinema (Curitiba, PR)

Nossas Américas Nossos Cinemas


Quando: de 23 a 26 de maio
Onde: Sobral (CE)
Quanto: Atividades gratuitas

Diário de Sobral:
Dia 1: Abertura e cinema caribenho
Dia 2: Erik Rocha, documentários e cinema indígena
Dia 3: Michel Réinier, fronteiras e escolas
Dia 4: Militantes, difusão e atraso

Filmes:
O Caminho - de Ishtar Yassin (Costa Rica, 2007)
Mostra Grande Caribe - 4 filmes avaliados

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Diário de Sobral: Final


 por Edu Fernandes

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Acompanhe a cobertura completa do evento aqui.


Atores militantes

Estava prevista na programação do Nossas Américas Nossos Cinemas uma palestra de Helena Ignez (Luz nas Trevas) sobre sua carreira. Sergio Mamberti (O Olho Mágico do Amor) subiu ao palco com a atriz para ser mediador. As grandes semelhanças nas jornadas e princípios de ambos transformou a apresentação em uma palestra partilhada.

Helena falou sobre o início de seu trabalho, de sua parceria com Glauber Rocha. O discurso seguiu o inevitável caminho da militância política contra a ditadura militar, tema que dominou a apresentação.


Espalhar cinema

Com cerca de 90 minutos de atraso começou a mesa sobre distribuição e difusão. Frederico Machado (centro) serviu de mediador e iniciou a conversa com um breve histórico da Lume Filmes, empresa fundada por ele em São Luís (MA).

Depois Silvia Cruz (centro) falou de suas passagens por diversas empresas do meio cinematográfico até abrir a Vitrine Filmes, distribuidora que aposta em meios alternativos de exibição.

A pesquisadora Isabela Cribari (dir.) dividiu com a plateia alguns dados de seus estudos. Ela comparou a indústria (produção, distribuição e exibição) em quatro países: Argentina, Brasil, Espanha e Estados Unidos.

Para dar o ponto de vista dos cineclubistas sobre o tema, Claudino de Jesus (esq.) destacou a importância de encontrar uma forma de contabilizar o público que entra em contato com o cinema nacional fora da sala de cinema comercial. Quando são consideradas as exibições em festivais e cineclubes, o panorama fica mais verdadeiro.


Vítima do atraso

Por causa do atraso acumulado, ainda mais acentuado do que nos demais dias, a última mesa (Nossos desafios para a gestão governamental) não pôde ser plenamente acompanhada.

sábado, 26 de maio de 2012

Diário de Sobral: Dia 3

 por Edu Fernandes

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Cidadão do mundo

Michel Régnier é um cineasta franco-canadense o que a princípio o deixaria de fora de um encontro latino-americano. No entanto, esse documentarista garante seu espaço no Nossas Américas Nossos Cinemas por ter feito parte de sua obra em terras latinas.

Antes de começar sua palestra no terceiro dia de atividades em Sobral, Michel pediu para que a plateia ocupasse os assentos mais próximos ao palco do Theatro São João. A ideia do realizador era estimular a interatividade. Tanto que fez questão de fazer uma apresentação breve para que houvesse mais perguntas do público.

A conversa girou em torno do processo adotado por Régnier, que ajusta a proposta de seu filme conforme o está captando. Entre as táticas adotadas está a de deixar os personagens entrarem em contato com a câmera antes de começarem as gravações, assim o equipamento não é um objeto estranho na relação.

Entre as passagens de Michel pelo Brasil, estão a realização de um documentário com tribos indígenas no Acre e o filme Ouro de Poranga, captado no Ceará.


Grande nação latina

O Cinema entre Fronteiras é um fórum recente de realizadores do sul do Brasil, nordeste da Argentina e do Paraguai. Na mesa formada por seus membros foi feito um histórico do fórum e das semelhanças que unem os povos desses países.

Houve o relato de casos concretos de cooperação entre os participantes do coletivo, como quando representantes das mostras de Oberá (Argentina) e Santa Maria (RS) tiveram de cruzar um rio para trocar DVDs. Esse momento foi simbólico, por representar o rompimento de barreiras proposto pelo fórum.


Cinema-escola

Com o já tradicional atraso da programação do evento, mais uma vez a última mesa do dia foi prejudicada. Geraldo Sarno (com o microfone) falava da geração atual de cineastas e de como as escolas precisam dialogar com eles, mas precisou interromper seu discurso para que as outras pessoas no palco também tivessem a oportunidade de dar seus depoimentos.

A mesa Cinema: Ensino e Prática abordou o tema das aparentes limitações que precisam ser superadas e contou com a participação da uruguaia Alicia Cano. Ela falou da nova universidade de artes fundada em seu país, onde o objetivo é sensibilizar os estudantes para que tenham mentalidades abertas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Causos de Cinema: O Caminho: Muitas Vias

 por Edu Fernandes

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A seção Causos de Cinema relata acontecimentos que vão além do filme na experiência de ir ao cinema.


Depois de terminada a sessão de O Caminho (El Camino) no Nossas Américas Nossos Cinemas (acompanhe a cobertura completa do evento aqui), uma estudante de cinema comentou que tinha chegado atrasada à projeção e só tinha conseguido ver as duas últimas cenas. Pelo pouco que tinha assistido, suspeitava se tratar de um filme muito bom.

Eu, que assisti a produção do começo ao fim, concordei com as qualidades do desfecho. Há nele imagens impactantes, metáforas ricas em uma sequência bem pensada.


Por outro lado, precisei discordar da qualidade do filme como um todo. A história apresentada é sobre uma menina (Sherlin Paola Velásquez) que foge de casa com seu irmão mais novo (Marcos Ulises Jiménez). O objetivo da viagem é atravessar a fronteira internacional e ir buscar a mãe. Na verdade, a trama é apenas um pretexto para que a protagonista encontre personagens e situações.

A variedade desses encontros é tão grande quanto as propostas narrativas e estéticas aglutinadas em O Caminho. O filme parece indeciso em seguir uma linha constante. O ritmo lento e essa bagunça de linguagens tem um alto potencial sonífero e frustrante. A coerência e a síntese passam longe dessa produção.

A experiência vivida no encontro de realizadores em Sobral mostrou o quanto a parte pode mentir sobre o todo. Não são apenas um punhado de cenas bonitas desconexas que compõem um grande filme.


O Caminho (El Camino)
Roteiro e Direção: Ishtar Yasin Gutierrez
Elenco: Sherlin Paola Velásquez, Juan Borda, Morena Guadalupe Espinoza, Marcos Ulises Jiménez, Cornelio Flores Meza
Duração: 90 minutos
País: Costa Rica

Nota: 3

Diário de Sobral: Dia 2

 por Edu Fernandes

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Carreira

As atividades começaram hoje no Nossas Américas Nossos Cinemas com uma palestra de Erik Rocha (dir.). Guiado pelo também cineasta Geraldo Sarno, Erik falou de sua formação em Cuba e do processo de criação de cada um de seus quatro longas. Transeunte, seu mais recente trabalho, será exibido amanhã em Sobral.


Vamos falar de docs

A seguir foi a vez da mesa sobre os EnDocXXI, encontros latino-americanos de documentaristas. Como no dia anterior, o argentino Tito Amejeira (esq.) serviu de mediador.

No momento mais político do evento até agora, o cineasta argentino Humberto Ríos fez um histórico de documentários políticos e de seus militantes na América Latina. Ríos relembrou outros encontros semelhantes ao EnDocXXI.

As ideias foram completadas na fala da mexicana Saudhi Batalla. Ela falou das ações propostas nos encontros e dos princípios que norteiam as conversas travadas em tais oportunidades.


Povos originários

Finalmente chegou o momento de falar do cinema produzido pelos povos originários. A mesa composta por Euclio Gende (Equador), Iván Sanginés (Bolívia), Kuyllur Saywa (Equador), Marta Rodríguez (Colômbia), David Palmar (Venezuela) e Divino Xavante (Brasil) foi muito prejudicada. Houve atrasos que se acumulavam na programação desde o começo da manhã.

A isso se somou a decisão de aumentar o número de palestrantes antes programados para participar. No fim, cada um só pode fazer uma breve apresentação.

Só houve tempo para cada membro da mesa dar um panorama da situação em seu país, sem que o público pudesse debater. Se o recorte no tema foi mais definido, se menos pessoas fossem convocadas para subir no palco e se houvesse mais tempo de debate (com o cumprimento dos horários previstos na programação), o evento seria mais enriquecedor.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mostra Grande Caribe

 por Edu Fernandes

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O programa assistido no evento Nossas Américas Nossos Cinemas (acompanhe a cobertura completa do evento aqui) contém quatro curtas. Como eles não têm títulos oficiais em português são oferecidas suas traduções literais entre parênteses.

Blood (Sangue)

Enquanto se prepara para uma luta, um boxeador (Jason Steed) relembra sua trajetória fora dos ringues. O filme pesa a mão ao tentar abordar técnicas, estéticas e temas demais em um pequeno tempo. Parece mais um videoclipe alongado, o que é uma pena com uma história de grande potencial emotivo.

Direção: Kolton Lee
Roteiro: Ashmeed Sohoye
Elenco: Jason Steed, Alexis Rodney, Michael Smiley, Chris Tummings
Duração: 8 minutos
País: Jamaica, Reino Unido
Nota: 3

Swallow (Engula)

Aqui se vê um maior apuro cinematográfico. Há momentos criativos para contar a história de um jovem estadunidense (Joe Reegan, de A Epidemia) que aceita entrar para o tráfico internacional de drogas para conseguir o dinheiro para bancar a faculdade.

O roteiro traz boas reviravoltas dramáticas e ainda consegue incluir uma crítica latente ao sistema educacional e de saúde dos EUA.

Roteiro e Direção: Frank E. Flowers
Elenco: Joe Reegan, Chaka Forman, Nicholle Ginette, Persephone Apostolou
Duração: 23 minutos
País: EUA
Nota: 7

Una Misma Reza (Uma Mesma Raça)

Já nos créditos se vê que há uma televisão envolvida na produção desse documentário sobre a fé africana em Cuba e em outros países da América Central. Por isso mesmo, o curta parece mais uma matéria jornalística e se ausenta de exibir cenas mais elaboradas esteticamente.

Para o público brasileiro, o filme traz um atrativo a mais. É possível perceber que a fé africana se incorporou nesses países de maneira semelhante à ocorrida por aqui. Portanto, há toda a questão de um povo mestiço que procura sua identidade.

Direção: Jorge Luís Neyra
Duração: 20 minutos
País: Cuba
Nota: 4

Querido Camilo

O melhor curta da sessão foi também o último a ser exibido. O filme conta a trajetória do primeiro soldado a desertar do Exército dos EUA na Guerra do Iraque. Como o personagem é nicaraguense, é possível mostrar a situação dos latinos na terra do Tio Sam e ainda há espaço para denunciar a armadilha militar.

Para conseguir dinheiro para construir seu futuro, muitos imigrantes se alistam nas Forças Armadas. O problema é que os termos do acordo são mudados sempre com o objetivo de explorar o soldado ao máximo.

Além de trazer temas pertinentes, o filme preocupa-se em criar cenas atraentes, com uso de animação e de enquadramentos significativos. A inserção de imagens de arquivo valida o documentário e complementa a experiência.

Roteiro e Direção: Julio Molina, Daniel Ross
Elenco: Camilo Mejia
Duração: 52 minutos
País: Brasil, Costa Rica
Nota: 8

Diário de Sobral: Dia 1

 por Edu Fernandes

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Abertura

Na manhã de 23 de maio começou oficialmente o Nossas Américas Nossos Cinemas. Durante a cerimônia de abertura, a diretora do evento Bárbara Cariry deu as boas-vindas aos presentes no encontro de jovens realizadores da América Latine e do Caribe.

Depois foi a vez do prefeito de Sobral, cidade-sede da reunião, fazer o uso da palavra. Veveu Arruda fez um histórico do centenário Teatro São João, onde acontecem os debates, e falou de particularidades de Sobral.

Finalmente, Kuyllur Saywa, do Equador, leu uma carta escrita por vários representantes de povos indígenas, ressaltando a participação deles no meio audiovisual.


Cinema caribenho

Ainda pela manhã foi iniciado a primeira mesa de debates de Nossas Américas. O tema discutido foi o cinema caribenho, com representantes predominantemente cubanos.

Rigoberto Lopes (de rosa), que mantém uma mostra itinerante de cinema caribenho, disse que “nós não conhecemos a nós mesmos” e relatou as semelhanças partilhadas entre os países da América Latina e do Caribe. Depois, destacou a importância de se ver e conhecer o cinema caribenho, que apresenta uma grande riqueza cultural.

Inti Herrera (de preto) levantou a questão da dificuldade de se ver esse cinema fora de seus países de origem, um assunto que contaminou as conversas mais adiante.

Maurício Escobar (esq.), único gualtemalteco da mesa, fez um breve panorama da produção cinematográfica em seu país, que realiza até 15 filmes por ano. Esse cenário mais frutífero se consolidou na Guatemala apenas nos últimos cinco anos. No entanto, a produção local está atualmente ameaçada por desinteresse governamental – a Guatemala encontra-se suspensa do programa Ibermedia em 2012.

“Queremos integrar o Caribe em nossas vidas”, disse a realizadora de festivais Lázara Herrera. Em sua fala, a única mulher na mesa atestou que ninguém olha para o Caribe, apesar de ser uma região que gera muitos intelectuais.

Mais para o final da conversa, foi levantada a questão da legendagem, tanto em idiomas indígenas quanto na língua dos colonizadores. É um disparate que os produtores independentes sofram a opressão cultural da indústria cinematográfica dos Estados Unidos e que os filmes desses próprios realizadores sejam enviados para festivais de cinema da América Latina apenas com legendas em inglês.

O que chamou a atenção no debate foi não haver necessidade de tradução, o que aumentou a sensação de unidade entre os presentes vindos de diversos países.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Corvo: Alma de Poe

 por Edu Fernandes

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Edgar Allan Poe foi um dos mais importantes escritores de terror e mistério. Em sua vida pessoal também existe um enigma que até hoje está insolúvel. Em 3 de outubro de 1849 o autor foi encontrado nas ruas de Baltimore em péssimas condições. Poucos dias depois (em 7 de outubro), Poe morreu de causas desconhecidas.

Muito se especula acerca das circunstâncias que levaram Edgar ao estado deplorável em que foi encontrado: sujo, debilitado e delirante. O filme O Corvo (The Raven) usa esse mistério para contar uma história de suspense e ação que homenageia a obra do escritor.

John Cusack (A Ressaca) interpreta Poe em uma trama totalmente fantasiosa. Um assassino em série está solto pelas ruas de Baltimore e todos seus crimes usam como inspiração a obra de Edgar. Por essa raão, o Detetive Fields (Luke Evans, de Imortais) decide chamar o escritor para ajudá-lo nas investigações.


Logo é revelado que o verdadeiro alvo do plano do vilão é o próprio Poe. Aí começa uma perseguição que testará os limites da sanidade do autor, da mesma maneira como ele desafia a lucidez de seus personagens nos contos de terror.

Nesse clima sombrio, além das referências aos escritos de Poe nas mortes, há diversas oportunidades em que se veem corvos. A ave é o tema do mais famoso poema de Edgar e representa sua alma e sua consciência em diversas cenas do filme.

Se não há fidelidade histórica plena na premissa de O Corvo, a esperança é que o longa incite a curiosidade do público jovem em procurar pela obra de Poe depois de terminada a sessão.


O Corvo (The Raven)
Direção: James McTeigue
Roteiro: Ben Livingston, Hannah Shakespeare
Elenco: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson
Duração: 110 minutos
País: EUA, Hungria, Espanha
Nota: 6

domingo, 13 de maio de 2012

Plano de Fuga: Gibson em seu habitat

 por Edu Fernandes

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Depois de vários transtornos em sua vida pessoal, Mel Gibson (Um Novo Despertar) tenta refazer seu caminho para o alto escalão de Hollywood. O mais novo degrau em sua carreira é Plano de Fuga (Get the Gringo), no qual o ator volta à sua especialidade: um filme de ação com grande carga cômica.

No longa, Gibson interpreta um ladrão que é preso em território mexicano. Na penitenciária latina, o protagonista usa suas habilidades e sua inteligência para conseguir tirar vantagem do cenário.

O papel cai como uma luva em Mel Gibson, que também é um dos roteiristas. A narrativa é o destaque de Plano de Fuga. A princípio, a história se apresenta como um mero pretexto para aproveitar a personalidade marcante do anti-herói. Mais adiante, o roteiro engrandece e faz jus ao título que o filme ganhou em terras brasileiras.



Quando o protagonista começa a planejar uma maneira de desestabilizar o poder paralelo de dentro do presídio, o enredo se torna bem mais complexo. O personagem de Gibson se alia a um garoto (Kevin Hernandez) para enfrentar o poderoso Javi (Daniel Giménez Cacho, de Arranca-me a Vida), um bandido que comanda a penitenciária.

Como a simpatia pelo anti-herói já é garantida no começo protocolar do filme, o plano mirabolante da segunda metade do roteiro cai muito bem. Assim, o espectador que aceita todas as peripécias de braços abertos.

A expectativa depois de ver Plano de Fuga é que Mel Gibson mantenha-se na linha quando está fora dos sets de filmagens para que seus fãs possam ser presenteados com outros filmes tão divertidos.


Plano de Fuga (Get the Gringo)
Direção: Adrian Grunberg
Roteiro: Mel Gibson, Adrian Grunberg, Stacy Perskie
Elenco: Mel Gibson, Kevin Hernandez, Jesús Ochoa, Tenoch Huerta, Daniel Giménez Cacho, Dolores Heredia
Duração: 95 minutos
País: EUA

Nota: 7

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Marigold: Conflitos grisalhos

 por Edu Fernandes

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Personagens idosos saem na dianteira quando o assunto é simpatia junto ao público, pelo menos para mim. O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel) aposta em seu elenco veterano para contar suas histórias sentimentais.

Um grupo de aposentados britânicos, cada um por sua razão, decide passar o resto de seus dias no Marigold, um hotel-spa na Índia. Entre as dificuldades que o local apresenta, vemos uma série de conflitos pessoais dos hóspedes.

Evelyn (Judi Dench, de J. Edgar) ficou viúva e percebeu que sua vida estava estagnada. Ela resolve recuperar o tempo perdido e está disposta a experimentar tudo o que a vida lhe oferecer, sejam as facilidades tecnológicas, seja um novo amor.

Graham (Tom Wilkinson, de Missão: Impossível 4) construiu uma respeitável carreira como juiz. Um belo dia, resolve abruptamente aposentar-se e voltar para Índia, onde passou a infância e adolescência. Ele deixou assuntos inacabados por lá e quer reconciliar-se com o passado.

Douglas (Bill Nighy, de Fúria de Titãs 2) e Jean (Penelope Wilton, de Doctor Who) são casados há décadas. Por causa de dificuldades financeiras, veem-se obrigados a se mudarem para o Marigold. A viagem expõe ao casal as rachaduras que o matrimônio colecionou com o tempo.

Muriel (Maggie Smith, da franquia Harry Potter) é uma mulher solitária. Ela vai à Índia tratar de seu quadril, mas o maior desafio para ela está fora da sala de cirurgia. Com a viagem, Muriel precisará enfrentar seus preconceitos raciais.

Norman (Ronald Pickup, de Príncipe da Pérsia) e Madge (Celia Imrie, de Escola para Garotas Bonitas e Piradas) não se conheciam antes de irem ao Marigold, mas ambos estão ali pelo mesmo objetivo: aproveitar a vida sexual e amorosa na terceira idade.




Enquanto as tramas paralelas são reveladas, há momentos no filme em que um núcleo de personagens é esquecido em detrimento de outro. Contudo, o ponto alto de O Exótico Hotel Marigold é a forma leve da narrativa e a autenticidade dos conflitos.


O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel)
Direção: John Madden
Roteiro: Ol Parker
Elenco: Judi Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy, Penelope Wilton, Maggie Smith, Ronald Pickup, Celia Imrie, Dev Patel, Tena Desae
Duração: 124 minutos
País: Reino Unido

Nota: 7