sexta-feira, 29 de abril de 2011

Velozes e Furiosos 5: Brasil, mostra a tua cara!

 por Edu Fernandes


 Spoilerômetro:

Antes mesmo de Velozes e Furiosos 5 (Fast Five) estrear no Brasil, muito já se fala dos erros que o roteiro comete ao retratar a cidade do Rio de Janeiro. Parte da imprensa e do público esperneia aos quatro ventos os absurdos da polícia corrupta mostrada no filme e a maneira "objeto-sexual-acéfalo" como as mulheres brasileiras são retratadas.

OK, isso não é bom para nossa imagem lá fora e há realmente erros no roteiro (os espanhóis nunca tentaram colonizar o Brasil, por exemplo). O que não podemos é ser inocentes em reconhecer que algumas coisas que Velozes e Furiosos 5 mostra são verdadeiras. Uma parcela muito grande dos policiais brasileiros são corruptos, isso é fato e não podemos esconder.

As mulheres brasileiras como objeto sexual é uma parte bem pequena, quase decorativa, do filme. O que merece ser colocado sob um holofote é outro erro factual do roteiro. Vamos a ele, então.

Na história do longa, Dom e seus amigos são foragidos da Justiça e resolvem se esconder no Rio de Janeiro. Quando chegam nas terras brasileiras, recebem a proposta de participar de um roubo de carros (claro que se trata de super-máquinas sobre rodas, como gostam os fãs da franquia). Como o dinheiro está curto e o mercado de trabalho para foragidos não oferece opções melhores, eles aceitam entrar no plano.

Os tais carrões estão alocados no vagão de um trem, o que rende uma emocionante sequência de ação. Até aí, pode parecer que está tudo bem, mas sabemos muito bem que o transporte ferroviário no Brasil não passa de uma piada de mau-gosto. A composição mostrada na tal sequência é de luxo, com assentos confortáveis, claramente destinada ao turismo.


Nosso país fez a escolha estúpida de fomentar o transporte rodoviário, para a alegria de empresas petrolíferas. Esses trens do estilo "mochilão europeu" só fazem parte dos nossos sonhos. Se queremos viajar dentro do nosso território, temos de pegar um ônibus (e pagar pedágios caros ou enfrentar rodovias em péssimo estado) ou um avião (com preços de passagens astronômicos).

O que não entendo é por que a corrupção policial (que é verdade) causa tanta comoção e o bonitão trem de turismo (que é mentira) não seja comentado.

Acho que, antes de começar uma campanha de boicote a Velozes e Furiosos 5, é mais produtivo pressionarmos nossas autoridades para que melhorem a situação do Brasil. Quando a miséria e corrupção dos filmes que usam nossas paisagens como cenário forem mentiras, teremos moral para chiar com os produtores hollywoodianos.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Shyamalan: Vai estudar, menino!

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:
O Sexto Sentido
A Dama na Água
O Último Mestre do Ar


Na semana passada, foi aberta uma estranha campanha na internet: a ideia é arrecadar US$ 150 milhões para oferecer ao diretor M. Night Shyamalan para que ele vá fazer um curso de cinema.

Os organizadores da empreitada justificam que a qualidade do trabalho do cineasta só piorou desde O Sexto Sentido (1999).

A pergunta é: quem devemos culpar pela situação vergonhosa? Na minha opinião, o ego do próprio Shyamalan, que não deixa outros opinarem sobre seus filmes enquanto os está realizando. Todos seus filmes são escritos, produzidos e dirigidos por ele mesmo. Assim, uma ideia infeliz que nasce nos primeiros esboços do roteiro não encontra freios e acaba impressa em celuloide.

De 1999 para cá, houve pelo menos dois momentos em que achei que Shyamalan poderia virar o jogo. Sendo em 2006, com A Dama na Água a primeira ameaça de mudança.


Expliquemos. Depois do grande sucesso de O Sexto Sentido, houve uma cobrança geral para que os filmes seguintes do diretor tivessem um final surpreendente. Com o roteiro em forma de fábula de A Dama na Água, Shyamalan deixou de lado qualquer compromisso em criar uma surpresa e entregou um filme um tanto diferente dos seus anteriores.

A recepção foi dividida, mas havia esperança de que o novo caminho trouxesse bons resultados. No entanto, o que se viu não foi animador e Shyamalan continua escorado no sucesso de mais de dez anos atrás.

O segundo possível ponto de virada aconteceu apenas em minha mente. Quando soube que Shyamalan iria dirigir a adaptação cinematográfica da série animada Avatar, achei que o cineasta tinha se rendido a produções mais “industriais” para tentar reconstruir seu prestígio.


A ilusão foi desfeita nos créditos iniciais de O Último Mestre do Ar, quando foi anunciado que Shyamalan era mais uma vez responsável pelo roteiro, produção e direção. Ele perpetua a mania e os resultados.

O Último Mestre do Ar arrebatou alguns troféus Framboesa de Ouro e agora Shyamalan se vê diante desta campanha polêmica.

O lado bom disso tudo é que, se Shyamalan não aceitar voltar para escola, o dinheiro arrecadado servirá para financiar um festival de cinema em Nova York, que irá premiar novos cineastas com bolsas de estudo.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cinema de Bordas 2011





Sinopse: Mostra de filmes independentes, normalmente feitos com recursos escassos.


Ficha Técnica
Cinema de Bordas 2011
Curadoria: Bernadette Lyra, Gelson Santana e Laura Cánepa
Data: de 19 a 24 de abril
Local: Itaú Cultural (São Paulo)
Quanto: Entrada franca


Amor pelo cinema em estado bruto
  por Edu Fernandes

Spoilerômetro:

Na noite de terça-feira (19) iniciou-se a terceira edição do Cinema de Bordas, mostra de filmes produzidos de maneira independentes pelos quatro cantos do Brasil. Na cerimônia de abertura, os curadores Bernadette Lyra, Gelson Santana e Laura Cánepa deram uma pequena palestra sobre o que é o Cinema de Bordas e o histórico do evento.

Depois foi a vez de conferir um pouco da produção desse tipo tão peculiar de cinema.


A primeira atração da noite foi um teaser de A Noite do Chupacabras, longa de Rodrigo Aragão (Mangue Negro) que ainda está em pós-produção. Foram mostradas algumas cenas do filme, um pouco dos bastidores e o trailer do longa.

Os efeitos especiais de maquiagem que tanto impressionavam em seu trabalho anterior continuam sendo a grande atração de A Noite dos Chupacabras – a fantasia do monstro também está muito boa. Muito sangue e cenas engraçadas são os principais ingredientes do filme.

O primeiro curta a ser exibido foi Estranha, de Joel Caetano. Na história que mistura um pouco de mistério com muito sadismo, novamente os efeitos de maquiagem são explorados. Joel ousa em paralelismos entre carícias e agressões, o que já vale o filme.

As risadas repetitivas de uma das personagens estabelece uma marcação cômica e de linguagem. As tais gargalhadas também são o elo entre o mundo lisérgico e as durezas do mundo real.

 
Em A Paixão dos Mortos, de Coffin Souza, a ousadia está na estrutura do filme, totalmente feito por fotos estáticas e em preto e branco (apesar da imagem acima ser colorida). Montagem paralela e trilha interessante são os pontos altos do curta catarinense.

 
Para terminar a noite de suspense e humor, o curta de um minuto Mindinho, de Bruno Pinaud, rendeu boas risadas da plateia presente. Ele usa grafismos para engrandecer uma piada que poderia ser bem sem graça se fosse mal contada. Felizmente o oposto acontece.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Na TV: Tela Digital

Sinopse: Programa semanal em que são exibidos curtas-metragens que concorrem a prêmios, como em um festival de cinema.


Ficha Técnica
Tela Digital
Apresentação: Samuel Assis e Naruna Costa
Duração: 30 minutos
Horário: segunda-feira, às 20h30
Canal: TV Brasil


Festival de cinema pela tela da TV
 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:

Estreou na segunda-feira (18) a segunda temporada do programa Tela Digital. A atração da TV Brasil tem a nobre missão de levar curtas-metragens nacionais para dentro dos lares brasileiros. Os vídeos são enviados pela internet e selecionados por uma equipe de curadores que decide quais irão ao ar.

Em outubro, no final da temporada, os melhores (na escolha dos curadores e do público) são premiados. O bom desse programa é exatamente o fomento de todas as áreas do audiovisual, dos realizadores ao público.

A proposta do Tela Digital é ser um festival de cinema realizado por um programa de televisão. Como em todo festival, os diretores dão um depoimento para apresentar sua obra antes da exibição. E como um bom programa televisivo, o público é informado pelos apresentadores – nesse caso, com fatos curiosos da história do cinema.

O primeiro curta exibido nesta temporada foi O Oráculo das Águas, um documentário experimental que fala da milenar mania dos políticos de fazer promessas grandiosas em época de eleição. Depois que os votos dos mais pobres é garantido e o candidato é eleito, esquece-se da periferia.

O assunto é altamente relevante, mas tratado com superficialidade. O foco do curta está na experimentação com as imagens e os sons. O problema é que, na empolgação estética, esquece-se de dar força a seu discurso.

Depois foi a vez da apresentação de Avós, curta selecionado para o Festival de Berlim. Gravado como se fosse um filme amador, o curta mostra hábitos que podem acontecer com muitas famílias.

Os avós mimam os netos com presentes, que nem sempre são bem recebidos, e insistem para que o garoto esteja sempre mastigando algum lanchinho, oferecido com muito carinho e sem nenhuma consideração com a nutrição do menino.

A câmera, por tentar parecer amadora, é trêmula e se aproxima demais dos personagens. A ação se desenvolve em um ritmo próprio, diferente do habitual.

Nessa primeira edição da segunda temporada, a escolha dos curtas exibidos poderia ser um pouco mais cuidadosa. Se a ideia é popularizar o formato, é melhor começar com obras mais facilmente assimiladas pelo público que não é iniciado. Depois, gradativamente pode ir testando peças mais elaboradas.

Para saber mais do Tela Digital, veja a entrevista do programa Take Único.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Take Único: Entrevista Tela Digital

O programa Take Único entrevista Zita Caravalhosa, do KinoForum, sobre o programa Tela Digital.





Para assistir ao programa Take Único ao vivo e participar com perguntas e comentários, acesse www.alltv.com.br todo sábado às 12h.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Referência: Cinema de Boca em Boca





Sinopse: Coletânea de textos do crítico de cinema Inácio Araújo originalmente publicados na Folha de São Paulo, de 1983 a 2007.


Ficha Técnica
Cinema de Boca em Boca: Escritos sobre Cinema
Autor: Inácio Araújo
Organização e Pesquisa: Juliano Tosi
Editora: Imprensa Oficial
Páginas: 712
Ano: 2010


Amostras de uma longa carreira
 por Edu Fernandes

Spolierômetro:

Quem acompanha meus escritos percebe que minha filosofia de trabalho é diferente da que segue Inácio Araújo, renomado crítico da Folha de São Paulo. Por essas duas razões (diferença de ponto de vista e o veículo pelo qual ele escreve), não acompanho muito de perto os artigos de Inácio no jornal. Leio esporadicamente seu blog, já que costumo acompanhar a crítica de cinema pela internet.

Por não ter tanta familiaridade em sua obra, não poderei fazer afirmações contundentes sobre os textos reunidos em Cinema de Boca em Boca: Escritos sobre Cinema, já que não é possível saber se a seleção faz jus a produção do crítico.

Mesmo assim, uma das coisas que percebe-se depois da leitura é que Inácio cita demais o cineasta Howard Hawks (Os Homens Preferem as Loiras). Por vezes ele parece procurar brechas apenas para conseguir citar o tal diretor. É claro que todo crítico tem uma lista de realizadores que funcionam como ídolos, referência e influência. No entanto, não é por isso que em todo artigo eu cito Jorge Furtado, por exemplo.

Faz falta textos sobre filmes mais novos. Perceber que, pelo menos desde 2000, Inácio se mostra descontente com o cinema atual, é triste. Trata-se de apenas mais um fator que facilmente cria ruído na comunicação dele com os novos espectadores.

Com certeza é impossível concordar com tudo o que está escrito nos artigos, já que crítica (de cinema) e subjetividade andam de mãos dadas. Acima de opiniões o que vale destacar é a forma como Inácio escreve, sua síntese e seu vasto conhecimento de cinema, quando não repete demais o tal Hawks.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os atalhos de Amanda Seyfried

 por Edu Fernandes



Spoilerômetro:

Com A Garota da Capa Vermelha, Amanda Seyfried aponta o caminho que quer tomar para sua carreira. Como acontece com editores que querem publicar livros que gostariam de ler, Amanda parece escolher participar de filmes que gostaria de assistir. O problema é que a moça tem um gosto duvidoso, o que pode ser perigoso para seu futuro nas telas.

Em A Garota da Capa Vermelha, a diretora Catherine Hardwicke faz um repeteco do que apresentou em Crepúsuclo. Tomadas aéreas de paisagens nevadas, sensualizações demais, uma heroína virginal cujo pai é interpretado por Billy Burke e tudo mais. A moça fica indecisa entre dois amores, como uma Olívia Palito neo-gótica (a expressão surgiu de Guilherme Kroll e os créditos devem ser dados).

Pois bem, da mesma maneira como Crepúsculo, porém em proporção menor, A Garota da Capa Vermelha deve agradar plateias femininas e firma-se como candidato ao Framboesa de Ouro. Até aí, nenhum ator tem a obrigação de fazer apenas filmes ótimos, mas a categoria de atriz na qual Amanda está se encaixando é altamente perecível.


Vejamos então sua trajetória nas telonas. A loira mostrou ser uma atriz de talento e versatilidade logo em seus dois primeiros papéis com algum destaque, como uma tonta em Meninas Malvadas (foto) e como uma jovem sensual em Alpha Dog.

Com certo renome, ela continuou a mostrar como consegue ser plural na tela, como as protagonistas do musical Mamma Mia e do terrir Garota Infernal. Aí ela virou definitivamente um grande nome em Hollywood e ganhou o direito de escolher os papéis no qual iria trabalhar. Neste ponto o gosto duvidoso dela começa a complicar seu futuro.

Ela fez, na sequência, dois filmes fracos: Querido John e Cartas para Julieta. Novamente mirando nas platéias femininas, mas sem qualquer valor dramático ou maiores exigências para o talento que ela já provou possuir. Agora é lançado A Garota da Capa Vermelha, que já falamos acima, para confirmar a tendência.

Com essas escolhas, ela pavimenta um caminho para ser a nova queridinha de Hollywood e garantir espaço em quantas comédias românticas ela conseguir fazer (nada contra o gênero, por favor).

Se olharmos para trás, veremos que estabelecer-se em filmes assim não é bom no longo prazo. Como exemplo, temos o caso de Meg Ryan: faz muito tempo que ela não participa de algum filme relevante. Outro exemplo, Freddie Prinze Jr. Alguém lembra por onde ele anda? E o que dizer de Julia Stiles, que também está sumida!


No caso de Amanda, o último trabalho que merece elogios foi em O Preço da Traição (foto). Mesmo assim, a participação da moça nesse filme é mais um sintoma de preocupação. Ela só aceitou estrelar o remake do thriller francês depois de muita conversa com o produtor para convencê-la de que seria uma boa para sua carreira.

Façamos votos de que escolhas mais felizes voltem a acontecer para ela...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Meta-crítica: A ditadura da ousadia

 por Edu Fernandes


Spoilerômetro
Bruna Surfistinha
O Discurso do Rei
Os Incríveis

Para inaugurar essa seção, destinada a pensar o ofício da crítica de cinema, resolvi discutir um hábito de alguns críticos, que taxam negativamente os filmes por serem caretas. Quando uma produção adota tal postura, escolhe-se seguir fórmulas consagradas pelo gênero ao qual o filme pertence.

Apesar do que parecem pensar alguns críticos, não há qualquer problema nisso. Se não há uma clara tentativa de testar os limites da linguagem, é mais do que esperado que o filme seja careta. A acusação só é válida quando o diretor (ou outra pessoa responsável pela obra) dá declarações que façam com que as expectativas em relação ao filme sejam outras.

Um exemplo dessa crítica que quer sempre achar ousadia está na recepção de Bruna Surfistinha. A história da prostituta que virou celebridade virtual é contada linearmente, com narração da protagonista em alguns pontos, com fortes cenas de sexo que exploram muitos fetiches. Exatamente o que se esperaria da produção. Não há necessidade de ousadia.

Outra vítima foi O Discurso do Rei, que recebeu algumas duras críticas (especialmente de amadores) por sua caretice. A pequena revolta contra a história do rei inglês gago foi causada pela vitória da produção no Oscar. Se a Academia prefere não premiar um filme mais ousado, como A Origem, é a própria Academia que deveria ser alvo de críticas e não o seu vencedor.



Para ilustrar a falta de senso nessa suposta obrigação com a ousadia que alguns críticos parecem procurar, usemos a fala mais genial do filme Os Incríveis (2004). Quando explica seu plano, o vilão Síndrome diz que venderá equipamentos que concederiam a qualquer comprador a possibilidade de ter habilidades sobre-humanas. Desta forma, segundo eles, todos seriam supers.

Depois da explicação é que vem a fala genial, dita quase como um cochicho. O vilão diz: “E aí, ninguém mais vai ser [super]”. É a mesma coisa com os filmes. Se todos os filmes fossem ousados, nenhum seria.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Take Único: Entrevista Festival Filmes

O programa Take Único entre vista Suzy Capó, da Festival Filmes.



Para assistir ao programa Take Único ao vivo e participar com perguntas e comentários, acesse www.alltv.com.br todo sábado às 12h.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Rio



Sinopse: Blu é uma arara azul que vive nos Estados Unidos. Ele é achado por um ornitólogo que convence a dona dele a ir ao Brasil. A ideia é que Blu acasale com uma fêmea e salve sua espécie da extinção.


Ficha Técnica
Rio
Direção: Carlos Salanha
Roteiro: Don Rhymer
Elenco: Jesse Eisenberg, Leslie Mann, Rodrigo Santoro, Anne Hathaway, Jamie Foxx, Will.i.Am
Duração: 96 minutos
País: EUA


Paixão nacional
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

À frente da franquia A Era do Gelo, o diretor Carlos Saldanha conseguiu renome em Hollywood. Os resultados positivos de suas animações nas bilheterias concederam a Saldanha a possibilidade de fazer projetos mais próximos de sua experiência pessoal. E foi assim que nasceu Rio, filme dirigido pelo animador brasileiro cuja história se passa na Cidade Maravilhosa.

Como outros filmes que usam nossas terras como cenário, Rio faz questão de mostrar a cultura brasileira e os pontos turísticos do Rio de Janeiro. O bom para as plateias daqui é que a presença de Saldanha no comando não deixou que absurdos vistos em outros filmes fossem cometidos.

Desta maneira, o roteiro conta sua história e ainda retrata muitas paixões nacionais, principalmente o Carnaval. Há espaço para outros amores brasileiros, como o futebol e o churrasco.

Quando o assunto é Carnaval, o sentimento romântico em relação ao feriado (o mesmo que se pode perceber nas letras de Chico Buarque e Los Hermano) pode ser percebido nas falas do tucano Rafael. Apesar de artistas estrangeiros participarem da trilha, ela foi supervisionada por Sérgio Mendes, para não deixar o samba desandar.

As cenas musicais são um dos pontos altos de Rio. A primeira cena, que lembra aberturas de animações alegres da Disney, já aponta o nível de qualidade e animação desses momentos.

Quem for conferir as cópias dubladas não precisa se preocupar em perder as vozes dos astros da versão original. Dubladores profissionais dão conta do recado e piadas bem adaptadas mantêm o bom humor.