segunda-feira, 29 de outubro de 2007

À Prova de Morte



Sinopse: Stantman Mike perambula pelo Texas caçando grupos de mulheres que viajam pelo estado. Ele usa seu carro para assassinar suas belas vítimas.


Ficha Técnica
À Prova de Morte (Death Proof)
Roteiro e Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Zoe Bell, Rosario Dawson, Vanessa Ferlito, Sydney Tamiia Poitier, Tracie Thoms, Mary Elizabeth Winstead, Quentin Tarantino
Duração:114 minutos


 por Guilherme Kroll

(Spoilerômetro: )

Tarantino começou sua carreira em grande estilo, com Cães de Aluguel, um filme sobre gangsteres. Voltaria ao tema em suas produções seguintes: o excepcional Pulp Fiction e o legalzinho Jackie Brown. Depois, Tarantino comporia o já clássico do cinema contemporâneo Kill Bill, filme em dois volumes que mescla ninjas, lutas de espadas, elementos de filmes de samurais, faroeste e, como não poderia deixar de ser, gangsteres.

Mas no universo criado pela mente desse louco ainda estão filmes que ele roteirizou como Amor a Queima-Roupa e Assassinos por Natureza ou mesmo filmes que ele apenas participou, como os do seu amigo Robert Rodriguez, em especial Um Drink no Inferno.

Em todos eles, Tarantino e seus amigos vão compondo uma mitologia complexa e interligada que presta homenagens a diversos tipos de filmes B dos anos 50, 60, 70 e 80. Em À Prova de Morte (Death Proof), Tarantino busca ampliar essa mitologia em um gênero que ainda não domina que é o terror.

Ele já produziu alguns, como O Albergue, já até estrelou um como coadjuvante em Um Drink no Inferno, mas só agora arriscou a direção de um filme “grindhouse” (filmes de terror trash com litros de sangue falso). Grindhouse é um nome emprestado inclusive para o título deste filme, que nos EUA originalmente foi lançado em conjunto com Planeta Terror, de Robert Rodriguez, numa versão mais enxuta.

E o resultado é satisfatório, principalmente porque À Prova de Morte é, sobretudo, um filme de Tarantino. Há bastante violência, cenas de insinuação sexual, palavrões e personagens de outros filmes (por exemplo, os xerifes de Kill Bill e Um Drink no Inferno). Há também uma seqüência com um diálogo na cafeteria com o grupo de garotas que protagonizam o filme que é idêntica ao diálogo inicial de Cães de Aluguel.

A história pode ser considerada até tola: um maníaco perseguindo mocinhas na auto-estrada. Mas o desenvolvimento, os diálogos, as interpretações, a fotografia imitando os filmes trash dos anos 70, tudo isso dá um charme a mais que vale o ingresso.

Interessante que o filme foi um sucesso de crítica nos EUA e um fracasso de bilheterias. Creio que isso se dá porque, apesar de ser um filme bom, ele não é um filme fácil. Pode soar pedante, mas para entendê-lo é preciso referências e um pouquinho de sagacidade, e não necessariamente é o que o público gringo tem de sobra.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sombras de Goya




Sinopse: O pintor espanhol Francisco Goya se envolve com a Inquisição quando sua musa é acusada de heresia. O pai da moça pede para o artista interceder junto a Lorenzo, um padre que ele está retratando, para que ela seja solta.


Ficha Técnica
Sombras de Goya (Goya’s Ghosts)
Direção: Milos Forman
Roteiro: Milos Forman, Jean-Claude Carrière
Elenco: Javier Bardem, Natalie Portman, Stellan Skarsgård, Randy Quaid
Duração: 113 minutos


Pintor político
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Francisco Goya (1746-1828) foi um artista com grande teor político em suas pinturas, como em Os Fuzilamentos de Três de Maio (veja abaixo). Por essa razão Sombras de Goya (Goya’s Ghosts) retrata o cenário político do fim da Idade Média e o começo da Era Moderna tendo o pintor espanhol como protagonista. A vertente artística é preterida em relação às questões políticas e religiosas da época – uma pena para os apreciadores das artes plásticas.


O roteiro traz uma história interessante e que envolve, causando revolta em relação aos injustos inquéritos do Santo Ofício. Com isso em mente, uma das melhores cenas é a do jantar do padre Lorenzo na casa da família de Inés, a jovem acusada de heresia. A falha mais saliente no roteiro está no meio do enredo, quando há vários conflitos pendentes, e o filme dá um salto de 15 anos no futuro deixando o público desnorteado.

Outro problema é os personagens falarem inglês, quando a história se passa na Espanha. Como se não bastasse os criados e os figurantes falarem espanhol, há personagens franceses e ingleses – e todos falam inglês, magicamente sem problemas de comunicação.

Merecem congratulações a equipe de maquiagem, que conseguiram deixar Natalie Portman (V de Vingança) menos bonita. Além da atriz israelense, o elenco conta com ótimos trabalhos do espanhol Javier Bardem (Mar Adentro) e do sueco Stellan Skarsgård (Piratas do Caribe) que, pelo que se pode ver em retratos, está muito parecido com o pintor.

Sombras de Goya poderia ser uma ótima aula de História da Arte, já que também mostra pinturas de Velázquez e Bosch; mas é mais válido para aprendizado de História Geral.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Across the Universe





Sinopse: Jude é um jovem estivador inglês que decide ir aos Estados Unidos em busca de seu desconhecido pai e da esperança de novas oportunidades em plena década de 1960. Chegando lá, encontra os movimentos pacifistas durante a Guerra do Vietnã.



Ficha Técnica
Across the Universe
Direção: Julie Taymor
Roteiro: Dick Clement, Ian La Frenais
Elenco: Evan Rachel Wood, Jim Sturgess e Joe Anderson
Duração: 131 minutos


 por Carla Bitelli

(Spoilerômetro: )

Não se engane pela sinopse clichê: este filme está longe de ser mais um sobre a Guerra do Vietnã.

Ao contrário disso, as peculiaridades em Across the Universe começam desde o primeiro instante. Jude (Jim Sturgess) aparece em uma praia, sozinho e triste, cantando "Girl", dos Beatles. Esse é apenas o início de um musical cuja trilha sonora é composta somente por músicas do mais famoso grupo inglês.

A partir de então nos é apresentado uma retrospectiva da vida de Jude, mostrando tudo o que aconteceu antes. Em especial como ele conhece Lucy (Evan Rachel Wood), irmã de seu melhor amigo americano Max (Joe Anderson), como eles se apaixonam e o que acontece com ela.

Depois há a continuação da história, praticamente toda passada em Nova York, centro das manifestações contra a guerra – indo de encontro à postura suburbana em que estavam inseridos Max e Lucy.

Com diversos momentos psicodélicos e esteticamente bem cuidado, o que torna o filme ainda mais interessante são os momentos em que as músicas são usadas. Normalmente fora do contexto a que estamos acostumados. Palmas para os diretores de fotografia, som e arte.

Across the Universe é um daqueles filmes espetaculares, não só pela excelente produção como também por tudo o que propõe (ideias, emoções, gêneros narrativos). Daqueles em que se sai do cinema com a sensação de ter visto, finalmente, algo de bom na telona.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Morte no Funeral







Sinopse: Daniel acaba de perder seu pai e está organizando o funeral. Ele tem de lidar com uma série de dificuldades: o famoso irmão egoísta, a cobrança de sua esposa e o amante secreto de seu finado pai.


Ficha Técnica
Morte no Funeral (Death at a Funeral)
Direção:
Frank Oz
Roteiro:
Dean Craig
Elenco:
Matthew Macfadyen, Keeley Hawes, Andy Nyman, Ewen Bremner, Daisy Donovan, Alan Tudyk
Duração:
90 minutos


Comédia teatral
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

É de se esperar que o humor de Morte no Funeral (Death at a Funeral) seja negro e as pessoas sintam-se mal ao mesmo tempo em que riem de situações mórbidas. A verdade é que a nova comédia orquestrada por Frank Oz tem um teor cômico parecido com seu trabalho anterior, Mulheres Perfetas (2004): um humor leve obtido através de um cenário absurdo.

O roteiro escrito originalmente para a telona mais parece ter sido pensado para os palcos de teatro, com várias situações de “entra e sai da sala”. As situações engraçadas são telegrafadas, mas mesmo assim conseguem arrancar boas risadas. O ponto forte é a viagem alucinógena de Simon – papel de Alan Tudyk (o pirata de Dodgeball).

Além dele, o elenco conta com outros nomes conhecidos para os apreciadores do cinema britânico. Entre eles, Justin Bremner (Match Point) e Rupert Graves (V de Vingança). O novo astro da comédia Peter Dinklage (Vira Lata) faz uma participação que lhe dá abertura para mostrar seu talento como ator.

A música parece ser o problema em Morte no Funeral, repetindo-se à exaustão e presente em momentos em que se faz totalmente dispensável. Trata-se de uma pequena falha, que não compromete o resultado final.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford




Sinopse: Robert Ford entra no bando de Jesse James, apenas para se tornar famoso e matar o matar o mais temido pistoleiro do Oeste.

Ficha Técnica
O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
Direção e Roteiro: Andrew Dominik
Elenco: Brad Pitt, Casey Afleck
Duração: 160 minutos


 por Guilherme Kroll

(Spoilerômetro: )

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford é o filme que revisita a história lendária do pistoleiro e temido bandido Jesse James. A obra valeu o prêmio de melhor ator para Brad Pitt no Festival de Cinema de Veneza em 2007.

O filme se foca no relacionamento entre Jesse James e Bob Ford e como Bob de fã se tornaria no assassino de seu ídolo. Quem for assisti-lo deve esquecer as histórias de faroeste clássicas da morte de Jesse James. O longa é essencialmente um drama feito para arrebatar prêmios e emocionar audiências.

Tanto Pitt quanto Casey Afleck estão excelentes em seus papéis e muito bem dirigidos por Andrew Dominik. O diretor fez um trabalho competente, com alguns efeitos diferentes, como quando há trechos com a narrativa em off, onde a imagem é diferenciada, tornando-se mais embaçada. É possível sentir o dedo do produtor Ridley Scott, como por exemplo na cena em que Jesse James passa a mão no campo de trigo, exatamente como o protagonista de Gladiador fazia.

A trilha sonora é eficaz para o clima do filme. Já a direção de arte é perfeita, mostrando o Velho Oeste inserido na Era Vitoriana, mas com roupas mais surradas.

O principal problema do filme é não saber quando acabar. A produção tem cerca de 2h30 e após o tal assassinato de Jesse James, o filme se arrasta por mais muito tempo cansando o espectador.