segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Inverno da Alma



Sinopse: Ree é uma jovem que tem de enfrentar muitos desafios. Sua mãe tem problemas mentais e Ree cuida sozinha da casa e dos irmãos menores. O pai dela sai da prisão em condicional, mas deixou a casa como garantia. Como ele está foragido, Ree resolve ir atrás dele, apesar de todos alertarem para que ela não se intrometa nesse assunto.


Ficha Técnica
Inverno da Alma (Winter's Bone)
Direção: Debra Granik
Roteiro: Debra Granik, Anne Rosellini
Elenco: Jennifer Lawrence, Shelley Waggener, Garret Dillahunt, Lauren Sweetser, John Hawkes
Duração: 100 minutos
País: EUA


Realidades paralelas
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Uma reclamação frequente com o cinema nacional é a repetição de temas, com muitas tramas em favelas ou no sertão, muitas sobre violência urbana e pobreza. Inverno da Alma (Winter's Bone) fala das classes mais baixas da sociedade, sob um esquema de coronelismo, as pessoas têm suas vidas desperdiçadas pela criminalidade e falta de oportunidades. A diferença é que se trata de uma produção estadunidense, com sua história passada no interior do país, no estado de Missouri.

As semelhanças dos problemas brasileiros com os enfrentados por essa parcela esquecida (de várias formas) do povo dos Estados Unidos são impressionantes. Só por esse aspecto, vale a pena conferir o filme.

Outro ponto alto são as atuações. Jennifer Lawrence (Vidas que se Cruzam) conseguiu catapultar seu nome para o alto escalão de Hollywood com esse trabalho. Com uma performance forte (quase bruta), ela surpreende. Espera-se que ela use as novas opções de trabalho para fazer outros filmes de qualidade.

Outro traço que aproxima Inverno da Alma do cinema brasileiro é o uso de não-atores – algo que os franceses conseguem fazer muito bem. Os amadores passam autenticidade para a dura história a ser contada e alguns oferecem atuações consistentes.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um Lugar Qualquer



Sinopse: O astro de cinema Johnny Marco irá repensar sua vida depois de passar alguns dias ao lado de Cleo, sua filha de 11 anos.


Ficha Técnica
Um Lugar Qualquer (Somewhere)
Roteiro e Direção: Sofia Coppola
Elenco: Stephen Dorff, Elle Fanning
Duração: 97 minutos
País: EUA


If there's a life for us, I don't know*
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Apesar de ser possuidora de uma filmografia que pode ser listada usando os dedos de apenas uma mão, Sofia Coppola tem um séquito de fãs e é uma diretora de renome no cinema contemporâneo. A razão da comoção não está tão relacionada ao pai famoso, Francis Ford Coppola, mas a forma intimista com a qual Sofia conta suas histórias.

Como em seus outros filmes, Um Lugar Qualquer (Somewhere) contém todos os ingredientes que formaram o fã-clube da cineasta. A figura loira agora é mais jovem, na pele da competente Elle Fanning (irmã mais nova de Dakota). Mais uma vez a temática são vidas vazias e o andamento lento para desenvolver os conflitos é semelhante das obras anteriores. Até a música indie está presente, com a trilha assinada pela banda Phoenix

Sofia usa os mesmo recursos que caíram no gosto do seu público e o resultado é fácil de prever: as mesmas pessoas que aclamaram Encontros e Desencontros ou Maria Antonieta continuarão fãs fiéis da diretora.

Para quem não consegue sintonizar na frequência de Sofia, Um Lugar Qualquer poderá soar apenas como repetição do que já foi lentamente discursado nos filmes antecessores. Há um exemplo que poderá ser usado por quem não curte Coppola e fora acidentalmente arrastado para dentro da sala de cinema. A cena em que duas strippers fazem um show espelhado para o protagonista é apenas uma versão alcoolizada com visão dupla do clipe “I don't know what to do with myself”. Adivinha só quem dirigiu esse clipe?


* Verso da música “Repetition”, do Information Society. Tradução livre: “Se há uma vida para nós, eu não sei”.

Clipe
 

Trailer

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

As Aventuras de Sammy



Sinopse: Sammy é uma tartaruga marinha de 50 anos de idade. Ele narra sua jornada desde que saiu do ovo e a influência da presença humana na vida marinha.


Ficha Técnica
As Aventuras de Sammy (Sammy's avonturen: De geheime doorgang)
Direção: Ben Stassen
Roteiro: Domonic Paris
Elenco: Melanie Griffith, Isabelle Fuhrman, Yuri Lowenthal
Duração: 88 minutos
País: Bélgica



Surpresa em alto mar
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

As Aventuras de Sammy (Sammy's avonturen: De geheime doorgang) é um exemplo das raras animações europeias que chegam ao circuito de cinema nacional. O filme não foi produzido pelos grandes estúdios que anualmente enchem as salas de cinema com animações divertidas. Trata-se de uma produção belga praticamente independente.

O tema principal do filme é a preocupação com o meio-ambiente, principalmente nas questões do aquecimento global e da poluição marinha. Tais indícios costumam apontar para uma produção chata e mal feita, mas felizmente o que se tem é exatamente o contrário.

O fio condutor do enredo é a vida de uma tartaruga marinha e o roteiro consegue colocar todos seus temas na história sem forçar a barra. As lutas de ambientalistas contra caçadores de baleia, os vazamentos de petróleo, o deslocamento desordenado dos animais por causa das alterações de temperatura. Todos os assuntos conseguem se encaixar na jornada de Sammy de forma orgânica.

É possível assistir a As Aventuras de Sammy em projeções 3D e é altamente recomendável que se aproveite a oportunidade. Estamos em um momento em que toda e qualquer grande produção faz uma conversão meia-boca para esse tipo de tecnologia apenas para arrancar alguns trocados a mais. Quando se tem uma opção de bom uso desse recurso, é preciso indicá-lo. Os efeitos tridimensionais ajudam o espectador a se sentir no fundo do mar junto com os personagens.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Deixe-me Entrar



Sinopse: Owen é um garoto que sofre a perseguição de colegas de escola. Ele conhece a estranha Abby e torna-se amigo dela. Owen não desconfia que na verdade sua nova amiga é uma vampira.


Ficha Técnica
Deixe-me Entrar (Let Me In)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves, John Ajvide Lindqvist
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Chloe Moretz, Richard Jenkins, Cara Buono, Elias Koteas, Dylan Minnette
Duração: 116 minutos
País: Reino Unido, EUA


Exageros dos dois lados
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Quando Hollywood resolve produzir uma nova versão de um filme estrangeiro o maior medo é dos exageros que serão somados ao roteiro original. Com Deixe-me Entrar (Let Me In) não poderia ser diferente, ainda mais quando é considerado como o filme anterior é recente – Deixa Ela Entrar é de 2008.

Exageros existem, não há como negar. No entanto, as sobras podem ser apontadas tanto na versão hollywoodiana quanto na sueca. Enquanto algumas mudanças no roteiro para essa nova adaptação sejam bem-vindas, outras não são tão felizes.

No livro e no primeiro filme, a vampira era na verdade um menino que foi castrado em um ritual. Essa característica é totalmente descolada da história central e foi podada na nova produção. Por outro lado, a relação da vampira com seu “pai” não era clara e a questão ficava em aberto. Hollywood temeu dar esse poder de completar as lacunas para o público e estabeleceu que o “pai” é, na verdade, um amante antigo da vampira.

Outro exemplo de exagero hollywoodiano está no uso de computação gráfica. Se o sueco conseguiu se dar bem sem utilizar tais recursos, por que incluí-los agora?

No geral, vale a pena ver essa nova versão a título de comparação. Por ter mais poesia, Deixa Ela Entrar permanecerá melhor, mas Deixe-me Entrar não chega a ser um insulto à obra original.

O Amor e Outras Drogas



Sinopse: Jamie acabou de arrumar um emprego como representante farmacêutico. Durante seu trabalho, ele conhece Maggie, que sofre de Mal de Parkinson. Ela não quer um relacionamento sério e o mulherengo Jamie parece ser um par ideal, mas os dois acabam apaixonados.


Ficha Técnica
O Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs)
Direção: Edward Zwick
Roteiro: Edward Zwick, Charles Randolph, Marshall Herskovitz
Elenco: Jake Gyllenhaal, Anne Hathaway, Oliver Platt, Hank Azaria, Josh Gad
Duração: 112 minutos
País: EUA


Comédia romântica com assunto sério
por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )


Ao ver o trailer de O Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs), qualquer pessoa pode super que se trata de mais uma comédia romântica de “cara conquistador resolve mudar seu estilo de vida depois de conhecer uma mulher determinada”. A grosso modo, é exatamente isso que o filme oferece, mas o diferencial está em ir além de uma história tão fofa quanto esquecível.

O protagonista atua na parte mais podre da indústria farmacêutica: ele deve convencer os médicos a prescreverem os medicamentos de seu empregador a qualquer custo. Toda a questão que já foi bem explorada pelo documentarista Michael Moore em Sicko está evidente na comédia romântica. Os médicos com carga horária acima do aceitável, os lobbys das empresas farmacêuticas, os vícios em remédios de grande parte da população dos EUA... Tudo isso está lá e felizmente sem ser panfletário. As críticas estão nos detalhes.

A história se passa nos anos 90 e a trilha musical é bem agitada, com muitos hits que fazem os corações das meninas baterem ritimados. Novamente o trailer é uma boa referência, apesar de as canções executadas no filme serem outras.

A doença de Maggie colabora para a emoção de algumas cenas, o que pode levar às lágrimas. As atuações de Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal (que já formaram par em O Segredo de Brokeback Mountain) merecem elogios, com destaque da boa química entre seus personagens.


Contatos Imediatos de Terceiro Grau



Sinopse: Eventos no mínimo estranhos chamam a atenção de cientistas que decidem investigar os fatos. Os acontecimentos chamaram a atenção não só dos cientista, mas também de algum civis curiosos.


Ficha Técnica
Encontros Imediatos de Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Kind)
Roteiro e Direção: Steven Spielberg
Elenco: Richard Dreyfuss, François Truffaut, Teri Garr, Melinda Dillon, Bob Balaban, J. Patrick McNamara, Warren J. Kemmerling, Roberts Blossom, Philip Dodds, Cary Guffey
Duração: 135 min
País: EUA


 por Wellington Carneiro

(Spoilerômetro: )

Pra quem gosta do gênero ficção científica e adora imaginar se existe ou não vida em outros planetas ou até mesmo galáxias, Encontros Imediatos de Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Kind) é muito legal. O filme mostra o entusiasmo de uma pessoa normal que se depara com acontecimento paranormais e até mesmo com um OVNI.

Trata-se de um tipo de filme que te prende na cadeira todo o tempo, pois sempre fica no ar aquele clima de "Nossa o que será que vem agora!?". Essa atmosfera é muito legal porque você quer tanto quanto o personagem principal  Roy Neary (Richard Dreyfuss) descobrir o que significa aquilo tudo que esta acontecendo.

Foram muito bem trabalhados os efeitos visual e sonoros (particularmente gostei muito dos últimos). Outro ponto alto é o roteiro instigante e as atuações de primeira.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Turista



Sinopse: Elise está há dois anos em Paris, à espera de uma mensagem de Alexander – seu namorado procurado pela polícia. Quando ela recebe a carta dele, precisa tomar um trem e escolher alguém para se passar por Alexander. Aí é que entra o pobre Frank.


Ficha Técnica
O Turista (The Tourist)
Direção: Florian Henckel von Donnersmarck
Roteiro: Florian Henckel von Donnersmarck, Christopher McQuarrie, Julian Fellowes
Elenco: Johnny Depp, Angelina Jolie, Paul Bettany, Timothy Dalton, Steven Berkoff, Rufus Sewell
Duração: 103 minutos
País: EUA, França


Bons ingredientes com resultado fraco
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O Turista (The Tourist) é uma comédia de ação estrelada por Johnny “Capitão Jack Sparrow” Depp e Angelina “Salt” Jolie, com direção de Florian Henckel von Donnersmarck (o nome do diretor de A Vida dos Outros é grande demais para um apelido). A história do filme se passa em Veneza e, além da beleza do cenário, há até cenas de perseguição pelos canais. Com essa receita, é difícil conceber o quanto o filme é fraco.

Um exemplo disso está em uma das cenas de perseguição a barco. Em certo momento, Frank (Depp) cai na água com um inimigo e percebe-se claramente que a briga aquática foi filmada em estúdio, em um tanque d’água.

As falhas de O Turista estão nos detalhes e no âmbito geral também. O que se espera de qualquer comédia de ação são bons momentos cômicos e cenas empolgantes. Todas as passagens engraçadas do filme estão no trailer e a emoção das perseguições e fugas deixam a desejar.

O que resta é o elenco, e mesmo assim é preciso fazer ressalvas. Os dois competentes atores só falham em algo que está além do controle deles: não há química entre os personagens. Assim a torcida por um final feliz e o entusiasmo do público ficam comprometidos.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Zé Colmeia



Sinopse: O parque onde moram Zé Colmeia e Catatau corre o risco de ser fechado. Para evitar o pior, eles resolvem ajudar o guarda florestal a arrecadar fundos para recuperar as finanças do local.


Ficha Técnica
Zé Colmeia – O Filme (Yogi Bear)
Direção: Eric Brevig
Roteiro: Jeffrey Ventimilia, Joshua Sternin, Brad Copeland
Elenco: Dan Aykroyd, Justin Timberlake, Anna Faris, Tom Cavanagh, T.J. Miller, Nathan Corddry, Andrew Daly
Duração: 80 minutos
País: EUA, Nova Zelândia


Humor Hanna-Barbera
 por Edu Fernandes


(Spoilerômetro: )

A infância de gerações foram marcadas pelas aventuras de um urso guloso e muito inteligente. O desafio para Zé Colmeia – O Filme (Yogi Bear) fazer sucesso no cinema é grande: cativar as crianças de hoje em dia, ter uma linguagem de acordo com valores éticos atuais e ainda não desagradar os fãs mais antigos. A boa notícia é que todas essas tarefas foram cumpridas pela produção.

A opção de misturar personagens animados com atores de carne e osso leva a uma lembrança de Scooby Doo, que não emplacou nos cinemas. O melhor é deixar essas lembranças amargas para trás e embarcar nas peripécias de Zé Colmeia, sempre acompanhado pelo Catatau. Para os fãs brasileiros vale informar que a dublagem usou as mesmas vozes do desenho animado para os ursos.

As piadas de pastelão originadas pelos planos de Zé Colmeia para roubar cestas de comida dos visitantes do parque continuam presentes. Esses momentos foram muito bem inseridos em uma história que traz a preocupação ecológica como tema. Assim, constrói-se um roteiro verdadeiramente cinematográfico sem macular a aura do personagem.

Outro ponto engraçado é perceber que o vilão é o prefeito: um político que anseia cargos públicos mais altos, em campanha para ser governador. Uma das características mais malvadas dele está em não se preocupar com as contas da sua gestão e tentar cobrir os rombos com privatizações. Qualquer semelhança com a realidade pode deixar os espectadores mais conscientes um pouco tristes na sessão de um filme cômico.


Biutiful



Sinopse: Uxbal tem de cuidar sozinhos dos seus filhos com o dinheiro que ele ganha com seus serviços, nem todos legais. Sua ex-esposa tem problemas mentais e ele descobriu ter um câncer terminal.


Ficha Técnica
Biutiful
Direção: Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Armando Bo, Nicolás Giacobone
Elenco: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanaa Bouchaib, Guillermo Estrella, Eduard Fernández
Duração: 147 minutos
País: Espanha, México


 por Bruno Palma

(Spoilerômetro: )

Biutiful conta a história de Uxbal - interpretado por Javier Bardem -, um pai de dois filhos que lida com uma ex-mulher completamente desequilibrada e com os problemas envolvendo seu arriscado trabalho, ilegal, já que lida com trabalhadores sem autorização de entrada na Espanha, mas ao mesmo tempo com um senso humanitário. A vida de Uxbal começa a ruir por completo quando ele recebe a triste notícia de que está morrendo.

Apesar de trabalhar com aspectos já desenvolvidos em outros de seus filmes - como a dificuldade gerada pela diferença de línguas e culturas de Babel -, em Biutiful, Iñárritu foge do que parecia ser sua fórmula. Dessa vez o diretor mexicano não conta histórias distintas com pontos de conexão entre si.

Ao invés disso, a mesma história carrega uma porção de elementos dos mais diversos, de romance e relação familiar a preconceito, drogas, sexualidade mal resolvida e até um pouco do mundo sobrenatural. Iñárritu poderia muito bem explorar com maior profundidade qualquer um desses vieses, inclusive o estado terminal da doença do protagonista. Se seguisse esse caminho, poderia facimente cair em clichês e acabar transformando seu filme numa cafonice melodramática. A solução foi deixar os elementos ali, só aparentes, sem nenhuma resolução. O resultado é interessante e instigante, já que deixa em aberto uma série de questões.

Não tem como não dizer que o grande trunfo do filme é Javier Bardem. Sua atuação é brilhante e comove, não através de exageros, mas justamente por ser o tempo todo contida, dando uma carga emocional extremamente pesada e sombria a seu personagem. Maricel Álvarez, que faz o papel de Marambra, o complicado par romântico de Uxbal, não fica atrás e chega até a roubar a cena em dados momentos.



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Estreias da Semana



Dieta Mediterrânea (Dieta mediterránea) — Uma comédia de sabor especial.

Desenrola — Muitas "primeiras vezes"...

O Mágico (L'illusionniste) — Uma história tocante do mesmo diretor de As Bicicletas de Belleville.

As Viagens de Gulliver (Gulliver's Travels) — Uma grande aventura está para começar.

Dieta Mediterrânea



Sinoopse: Sofia é a melhor cozinheira do mundo. Sua vida amorosa tem tanto tempero quanto sua profissão, já que ela vive dividida entre Tony e Frank.


Ficha Técnica
Dieta Mediterrânea (Dieta mediterránea)
Direção: Joaquín Oristrell
Roteiro: Joaquín Oristrell, Yolanda García Serrano
Elenco: Olivia Molina, Paco León e Alfonso Bassave
Duração: 100 minutos
País: Espanha


Um tempero sensual
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Misturar o prazer gastronômico com o sexual não chega a ser novidade no cinema. O espanhol Dieta Mediterrânea (Dieta mediterránea) é mais um nessa linha, que no Brasil é muito bem representado por Estômago.
Essa comédia romântica espanhola caracteriza-se por uma certa ousadia. Do mesmo modo que a protagonista não teme misturas inusitadas na cozinha (como atum com cereja), o roteiro mostra comportamentos sexuais fora do habitual. Não chega a ser chocante para quem está acostumado com um cinema menos convencional, mas pode ser um passo bacana para um cinéfilo em formação.

Há, contudo, dois problemas técnicos que precisam ser relatados. A trilha musical que acompanha as descobertas culinárias e sensuais de Sofia é extremamente cafona. O filme tem um alto teor de líbido, mas não precisava de uma trilha pornográfica.

Outro deslize está na caracterização dos personagens com o avanço das décadas. O trio de atores principais é o mesmo desde que Sofia tem 16 anos até ela chegar perto dos 40. Poderiam ter escalado intérpretes diferentes para a fase juvenil, ou se esforçado mais na maquiagem quando eles já estão mais maduros.

Para o espectador, é aconselhável relevar as falhas e curtir o bom-humor da fita.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Mágico



Sinopse: Um mágico francês está em decadência, sua fase de glória está sendo roubada por estrelas emergentes do rock. Forçado a aceitar tarefas cada vez mais obscuras, como se apresentar em bares falidos e festas no jardim, ele conhece uma jovem fã que muda sua vida para sempre.


Ficha Técnica
O Mágico (L'illusionniste)
Direção: Sylvain Chomet
Roteiro: Sylvain Chomet, Jacques Tati
Elenco: -animação-
Duração: 90 minutos
País: Reino Unido, França


União de gênios
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A animação O Mágico (L'illusionniste) é o casamento de dois grandes nomes do cinema francês, ambos capazes de contar boas histórias sem usar diálogos. O cineasta Jaques Tati (Meu Tio) fez alguns filmes em que ele mesmo atua praticamente sem ter falas, mas deixou para trás um roteiro nunca filmado. Felizmente, o animador Sylvain Chomet o adaptou e criou uma obra maravilhosa.

Nunca é demais avisar que, assim como Bicicletas de Belleville, não se trata de uma peça para o público infantil. Os adultos é que devem prestigiar, rir e se emocionar com esse filme.

O visual consagrado por Belleville continua ali, mas muito mais comedido, provavelmente para não sufocar a forma suave de Tati conduzir uma história. O próprio protagonista é uma homenagem ao gênio francês: os dois partilham o mesmo nome e a mesma aparência.

A trilha musical é mais um ingrediente que está em total compasso com a receita de O Mágico. Com poucas notas, emociona. Com ternura, encanta.

Uma última dica: fique até o final dos créditos. Há uma micro-cena depois das “letrinhas”.


As Viagens de Gulliver



Sinopse: Gulliver entrega correspondência no prédio de um grande jornal de Nova York. Ele não tem ambições profissionais, mas sonha em namorar a editora de viagens e turismo. Ele tenta impressionar a amada com textos copiados e ela decide manda-lo a uma viagem ao Triângulo das Bermudas. Gulliver acaba náufrago em Lilliput, terra de um povo minúsculo.


Ficha Técnica
As Viagens de Gulliver (Gulliver's Travels)
Direção: Rob Letterman
Roteiro: Joe Stillman, Nicholas Stoller
Elenco: Jack Black, Jason Segel, Emily Blunt, Amanda Peet, Billy Connolly, Chris O'Dowd
Duração: 85 minutos
País: EUA


Jack Black extra-grande
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A primeira coisa que chama a atenção em As Viagens de Gulliver (Gulliver's Travels) é a total ausência do nome de Jonathan Swift nos créditos iniciais. Ele é o autor do clássico livro que inspirou o roteiro e, mesmo com a história original bem diferente do que foi para as telas, é necessário dar crédito a ele. Quando Jackie Chan estrelou uma versão de A Volta ao Mundo em 80 Dias, o nome de Julio Verne era bem visível no começo da projeção.

A diferença principal entre a literatura e a adaptação cinematográfica de As Viagens de Gulliver está na atualização do enredo. Gulliver não é mais um viajante qualquer, mas um sujeito que não leva jeito para navegação em busca de uma matéria jornalística para impressionar sua editora, por quem tem uma queda.

Ao trazer a trama para os dias de hoje, o roteiro pode usar e abusar de referências à cultura pop, especialmente a filmes e seriados distribuídos pela Fox, que também apadrinha a produção. As alusões são, com certeza, a grande graça da fita, já que as histórias de amor não chegam a tirar suspiros do público.

O protagonista é Jack Black e isso já prenuncia como será a tônica dessa comédia infantil. Quem não aguenta mais o gorducho fazendo o mesmo papel de sempre não terá salvação. Quem é fã do ator terá a diversão garantida.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Além da Vida



Sinopse: George tem o poder de se comunicar com os mortos, mas abdicou do seu dom por não suportar as desvantagens que vêm com ele. Seu irmão insiste que ele volta a praticar a mediunidade para ter lucro com sua habilidade.


Ficha Técnica
Além da Vida (Hereafter)
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Matt Damon, Cécile De France, Frankie McLaren, George McLaren, Jay Mohr, Bryce Dallas Howard
Duração: 129 minutos
País: EUA


O potencial em boas mãos
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Depois de ver tantas produções nacionais em que o além-túmulo é o tema, é muito bom ter um filme com o mesmo assunto, conduzido por um cineasta de sólida carreira. Clint Eastwood (Invictus) traz Além da Vida (Hereafter) e, no mínimo, oferece um vislumbre da beleza cinematográfica que o tema pode ganhar quando há talento.

Os longas nacionais espíritas são um incontestável sucesso de público e bilheteria. De maneira geral, eles cumprem sua proposta de agradar a todos os praticantes e outros tantos simpatizantes da doutrina de Kardec. No entanto, é preciso estabelecer que essas produções não são as melhores peças cinematográficas já produzidas em nosso solo.

Eastwood, com seu estilo classudo de fazer cinema, usa o potencial criativo e emotivo do tema para embalar uma história de pessoas que precisam encontrar a si mesmas. Há três histórias paralelas: o vidente estadunidense, a jornalista francesa que passou por uma experiência traumática e o garotinho inglês que perdeu seu irmão gêmeo. Demora um pouco para que as três tramas engrenem e fiquem igualmente empolgantes, mas é muito bonito de se ver como as três convertem-se para Londres para um final digno da filmografia de Clint.

A marca definitiva da qualidade de Além da Vida é como algumas cenas brilhantes desse filme permanecem na mente do espectador dias depois de assisti-lo. Normalmente um bom sinal quando o assunto é cinema.
 

A Árvore



Sinopse: Dawn perde seu marido repentinamente, por causa de um ataque cardíaco, e tem de cuidar sozinha dos filhos. Simone, a única menina na família, acredita que o espírito do pai agora habita a árvore que fica na frente da casa deles.


Ficha Técnica
A Árvore (The Tree)
Direção: Julie Bertucelli
Roteiro: Julie Bertucelli, Elizabeth J. Mars
Elenco: Charlotte Gainsbourg, Morgana Davies, Marton Csokas, Christian Byers, Tom Russel, Gabriel Gotting, Aden Young
Duração: 100 minutos
País: França, Austrália


Fantasia na tragédia
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A produção franco-australiana A Árvore (The Tree) tinha tudo para passar despercebida pelos olhos do público, mas dois fatores concederam ao filme certo destaque. A presença de Charlotte Gainsbourg (Anticristo) encabeçando o elenco por si só já é um atrativo, mas o longa também foi muito bem cotado durante sua passagem pela Mostra de Cinema de São Paulo.

Todo esse alarde em torno do título pareceu, pelo menos para esse crítico, descabido. O filme realmente tem suas qualidades, mas é mediano, em geral. É esperado que uma produção que ganha tanta falação positiva durante um dos festivais de cinema mais conceituados do Brasil seja realmente uma obra singular – o que não é o caso.

A Árvore merece elogios pela forma como sua história é conduzida, como somos convidados a ver a dinâmica de uma família que tem de mudar muito de sua rotina por causa de uma tragédia repentina. Entretanto, o enredo desenvolve-se e termina sem grandes sobressaltos, sem emoção à flor da pele.

Outro ponto positivo do filme está na ambiguidade que permeia a questão central de sua história. Se a árvore realmente abriga o espírito do finado esposo/pai não parece importar, mas não há como negar que indícios de que isso tenha acontecido não faltam. O que é mais interessante nesse sentido é a forma como esse aspecto mágico consegue encaixar-se com perfeição em um roteiro que, no demais, é bem realista.


Fora da Lei



Sinopse: Expulsos de suas terras na Argélia, três irmãos e sua mãe veem-se obrigados a se separar. Messaoud se alista na Indochina. Em Paris, Abdelkader se põe à frente do movimento pela independência da Argélia e Said faz fortuna nos cassinos e nos clubes de boxe de Pigalle. Seu destino, selado em torno do amor de uma mãe, se mesclará com o de uma nação que luta pela sua liberdade.


Ficha Técnica
Fora da Lei (Hors-la-loi)
Roteiro e Direção: Rachid Bouchareb
Elenco: Jamel Debbouze, Roschdy Zem, Sami Bouajila, Samir Guesmi, Bernard Blancan, Jean-Pierre Lorit, Corentin Lobet, Régis Romele, Chafia Boudraa, Stéphane Temkine, Ahmed Benaissa, Mourad Khen, Larbi Zekkal
Duração: 138 minutos
País: França, Argélia, Bélgica


 por Daniel Kroll

(Spoilerômetro: )

Essa película nos ajuda a compreender o problema dos imigrantes na França e a um pouco da independência da Argélia, sendo cada um dos irmão um tipo de imigrante em solo frnacês. Não só isso, o filme se aprofunda nos personagens e suas diferenças, fazendo deles representações de uma classe e ao mesmo tempo indivíduos únicos fugindo de um estereótipo.

A narrativa multifocal é bem explorada pelo diretor dando um espaço bem estruturado para cada um dos personagens centrando eles ao redor da mãe, sendo ela o ponto mais forte de ligação dos personagens assim como a Argélia era um ponto de ligação para os imigrantes argelinos na França durante aquela época.

A fotografia não surpreende muito, mas tem certos momentos quando temos uma iluminação quase noir que é realmente muito boa. O jogo de luz acentua o clima de suspense e de repressão aos argelinos. A direção de arte foi outra área que deixou a desejar, apesar de boa, não soube aproveitar muito bem as características de um filme de época.

No Brasil temos uma visão muito afastada dos problema dos imigrantes árabes das ex-colônias francesas, mas nada nos impede de refletir e se emocionar com o filme, pois não trata só da independência da Argélia mas sim dos diversos meios que as pessoas encontram para conseguir seus direitos.