terça-feira, 19 de dezembro de 2006

O Amor Não Tira Férias







Sinopse: Duas mulheres, uma dos EUA e outra da Inglaterra, resolvem trocar de casas durante a época do Natal, na esperança que o distanciamento as alivie das desilusões amorosas pelas quais estão passando.


Ficha Técnica
O Amor Não Tira Férias (The Holiday)
Roteiro e Direção: Nancy Meyers
Elenco: Cameron Diaz, Kate Winslet, Jude Law, Jack Black
Duração: 138 minutos


Entretenimento de titias
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Mais um filme de Nancy Meyers (Alguém Tem Que Ceder). Essa frase resume bem a que se propõe O Amor Não Tira Férias (The Holiday). A diretora-roteirista pode ser considerada a versão feminina e hollywoodiana do novelista Manuel Carlos (Páginas da Vida): ambos escrevem histórias sobre pessoas ricas que procuram a felicidade. Enquanto Maneco curte uma bossa nova no Neblon, Nancy prefere músicas antigas norte-americanas. O que difere nos dois estilos é que todas as novelas de Manuel Carlos poderiam se chamar Desgraça Pouca é Bobagem, já os filmes de Meyers poderiam todos ser intitulados Do Que As Mulheres Gostam (ops...*).

O elenco é formado por dois pares amorosos: as mulheres são representadas por Kate Winslet (Em Busca da Terra do Nunca) e Cameron Diaz (As Panteras) – a primeira está um quilômetro melhor do que a segunda –, já os rapazes são vividos por Jude Law (Closer) e Jack Black (Escola de Rock). Para formar os pares, basta reparar nos tipos físicos dos atores.

O texto traz piadadinhas de fácil assimilação e riso solto. Amanda (Cameron Diaz) trabalha fazendo trailers para Hollywood e, em diversas partes do filme, há inserções onde pequenos traillers sobre a vida dela são narrados por sua consciência – o que gera bons momentos.

O Amor Não Tira Férias é mesmo um filme que as titias vão adorar. Elas irão rir com as peripécias dos personagens, se encantar com o romantismo, achar bonita a amizade entre uma mulher jovem e um octogenário e, mais importante, não vão perceber quão absurdas são as situações criadas pelo roteiro.

* Fato Dude: Nancy Meyers dirigiu Do que as Mulheres Gostam (2000).

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor



Sinopse: Esta é uma história de dois casos de amor. Um amor de um pai pelos seus cinco filhos e o amor de um filho pelo pai. Um amor tão forte capaz de fazê-lo viver uma mentira. Uma mística fábula sobre os dias modernos, C.R.A.Z.Y. expõe a beleza, poesia e loucura do espírito humano e todas as suas contradições.


Ficha Técnica
C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor (C.R.A.Z.Y.)
Direção: Jean-Marc Vallée
Roteiro: Jean-Marc Vallée e François Boulay
Elenco: Michel Côté,  Marc-André Grondin ,Danielle Proulx, Pierre-Luc Brillant, Maxime Tremblay, Alex Gravel
Duração: 125 minutos


 por Guilherme Kroll

(Spoilerômetro: )

C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor (C.R.A.Z.Y.) é uma produção do lado francês do Canadá (onde teve grandes bilheterias), que já proporcionou diversos filmes bons como Invasões Bárbaras. E a produção em questão não fica atrás, C.R.A.Z.Y. é um ótimo filme. Sua temática gira em torno de uma típica família dos anos 70 tendo de lidar com as diferenças entre os irmãos, sobretudo aquelas que os pais não compreendem, como a propensão de Zachary para o homossexualismo.

O filme é muito tocante e não descamba para o dramalhão em nenhum momento. O drama e a dificuldade de aceitação que Zachary é tratado com bastante franqueza e sobriedade.

O mais interessante é a profundidade com que os personagens são criados. Todos eles são humanos, com defeitos e qualidades. Não há bons ou maus, apenas pessoas.

Um destaque para a ótima trilha sonora do filme com, David Bowie, Pink Floyd, Rolling Stones, Charles Aznavour, The Cure e Patsy Cline, uma das cantoras favoritas do pai da família, inclusive um de seus discos é um elemento importante da trama.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Os Infiltrados





Sinopse: Dois homens de lados opostos da lei estão sob disfarce na Polícia de Boston e na máfia irlandesa. O derramamento de sangue se inicia quando ambos são encarregados de descobrir a identidade do inimigo.


Ficha Técnica
Os Infiltrados (The Departed)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: William Monahan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Ray Winstone, Vera Farmiga
Duração: 151 minutos


Violência, galãs e palavrões
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Filmes que contam histórias de policiais se passando por ladrões em investigação não são novidade. Bandido no meio da força policial também é um tema recorrente. Os Infiltrados (The Departed) é original por tratar dos dois pontos de vista paralelamente.


Como policial corrupto conta-se com Matt Damon e na pelo do agente infiltrado no tráfico foi escalado Leonardo de Caprio. O diretor Martin Scorcese volta a trabalhar com Leo reafirmando uma parceria que já dura quatro anos gerando filmes com O Aviador e Gangues de Nova Iorque. Com um elenco grandioso, a produção ainda traz Martin Sheen (The West Wing), Mark Wahlberg (Golpe de Mestre) e Jack Nicholson (Alguém Tem Que Ceder). Também vindo de O Aviador, Alac Baldwin está de volta em uma participação pequena, mas muito engraçada.

Dois problemas – e somente dois – podem ser apontados com relação a Os Infiltrados. O primeiro e mais visível é a total falta de continuidade entre os cortes. Por inúmeras vezes essas diferenças, sobretudo quanto ao posicionamento dos atores, é evidente e incômoda. O segundo deslize está na seleção das canções que compõem a trilha musical: muitas delas são incrivelmente irritantes e não têm qualquer relação com o que está ocorrendo em cena.

Essas duas falhas estão lá, mas não afundam o filme. Como conjunto, Scorcese traz para tela uma ótima produção que cola o espectador na poltrona. O mais interessante no roteiro é o paralelismo – que é bem demonstrado pela direção – entre a vida mansa do personagem de Damon e as dificuldade enfrentadas por De Caprio.

Com a temática de investigação e tráfico de drogas, é esperado que o filme seja violento. Essa característica se faz presente e é gradualmente aumentada conforme se caminha para o final. Para acompanhar os tiros e a pancadaria, os personagens soltam o verbo. O desafio é lançado: quantas vezes se fala “fucking” em Os Infiltrados?

terça-feira, 24 de outubro de 2006

A Última Noite




Sinopse: O programa de auditório Companheiros do Rádio terá sua última noite de transmissão. A rádio onde ele é produzido foi vendida e o prédio será transformado em um estacionamento.


Ficha Técnica
Direção: Robert Altman
Roteiro: Garrison Keillor
Elenco: Woody Harrelson, Tommy Lee Jones, Meryl Streep, Lindsay Lohan, Maya Rudolph, Kevin Kline, Virginia Madsen
Duração: 105 minutos



Tributo ao rádio
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Antes de qualquer coisa, A Última Noite (A Prairie Home Companion) é uma homenagem à história do rádio. Prova disso é a presença do radialista Garrison Keillor como roteirista, além de atuar como ele mesmo (o nome do personagem é GK). Keillor é um veterano do rádio como locutor e autor, escrevendo diversos textos para esse meio.

A comicidade do filme reside na originalidade dos personagens, especialmente Guy Noir – vivido por Kevin Kline (Pantera Cor-de-Rosa). Esse segurança, cujo nome pode ser traduzido como “Cara do Noir”, age como se fosse um detetive dos filmes dos anos 50, com uma narração cômica.

Por outro lado, a “mulher de capa branca”, papel de Virginia Madsen (Sideways), é um personagem totalmente descartável. Ela não acrescenta ao enredo, exceto a descrição hilariante que Guy Noir lhe dedica, e parece descolada do ambiente. Sua função seria acrescentar um pouco de mistério ao conjunto, por isso a ausência de um nome; mas no clima do filme não há espaço para isso.

A ação se desenrola nos dias de hoje, apesar de demorar um certo tempo para ser possível posicionar o enredo cronologicamente, já que a maioria das figuras em cena vive no passado. Lola, interpretada por Lindsay Lohan (Garotas Malvadas), é o contraponto desse universo anacrônico.

Com uma constelação de atores sob a direção de Robert Altman (Assassinato em Gosford Park), A Última Noite é um filme belo e sensível sobre nostalgia.

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Pequena Miss Sunshine




Sinopse: Uma família desajustada atravessa os EUA para que a pequena Olive possa participar de um concurso de beleza para meninas.


Ficha Técnica
Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine)
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris
Roteiro: Michael Arndt
Elenco: Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano, Alan Arkin, Toni Collette, Steve Carell
Duração: 101 minutos




Autenticidade necessária

 por Edu Fernandes 

(Spoilerômetro: )

A comicidade de Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine) é criada graças a uma coletânea de personagens bizarros: desde o filho que fez voto de silêncio até o tio suicida. A mais sensata dos seis é Sheryl, papel de Tony Collete (Em Seu Lugar), que a todo momento tenta pôr ordem na casa.

Com personagens desse tipo em cena, qualquer situação torna-se aceitável, por mais absurda que pareça. Cada vez que as coisas ficam piores e mais estranhas para a família, mais unida ela se torna – a começar pela tática de embarque.

O humor oferecido pelo filme é muito semelhante àquele de ótimos seriados de TV. A família fora de prumo lembra Os Simpsons e comparar Edwin – interpretado por Alan Arkin (Firewall) – com o protagonista da série Becker não é difícil.

Assim como em Beleza Americana, Pequena Miss Sunshine é um tapa na hipocrisia da sociedade estadunidense. Dessa vez, o público é levado a pensar na precocidade forçada das crianças que, para perecerem “bonitinhas”, são pressionadas a se portar como mini-adultos.

No final do filme, chega-se a conclusão de que a maldade está muito mais nos olhos e ouvidos de quem recebe a mensagem e não tanto em quem a produz.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Eleição – O Submundo do Poder



Sinopse: Um clã da máfia de Hong Kong elege seu novo presidente. A disputa entre os dois candidatos é árdua, envolvendo propina e violência.


Ficha Técnica
Eleição – O Submundo do Poder (Hak se wui)
Direção: Johnnie To
Roteiro: Nai-Hoi Yau, Tin-Shing Yip
Elenco: Simon Yam, Tony Leung Ka Fai, Louis Koo, Nick Cheung, Ka Tung Lam
Duração: 101 minutos

Violência excessiva
  por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Só de ler o título e a sinopse é fácil perceber que Eleição – O Submundo do Poder (Hak se wui) pode enganar. Ainda mais sendo lançado na eminência das eleições presidenciais em nosso país.

A trama apresenta um número demasiado de personagens e a maioria é referida através de apelidos que foram legendados em inglês – o que soa estranho.

Com vários interesses conflitantes e gangsteres que apóiam uma facção ou outra, acompanhar a história torna-se uma tarefa que requer grande dose de concentração. Por isso também, às vezes, fica difícil entender qual a motivação por traz de certas atitudes dos personagens.

Pelo tratamento familiar com que se tratam os membros do clã, é possível identificar referências ao eterno clássico O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. Outro traço em comum entre as duas produções é a presença marcante da violência. Infelizmente o grau de qualidade das duas obras é diametralmente oposto. O filme oriental usa a violência em muitas ocasiões de forma gratuita, beirando a brutalidade.

Considerando que foram os chineses os primeiros a desenvolver a pólvora, é surpreendente que não se ouça um tiro durante a fita. Obviamente não falta criatividade para lançar mão de porretes, latas, facas, espadas e todo e qualquer tipo de objeto que se possa usar para causar ferimentos.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Voo United 93




Sinopse: Baseado nos fatos de 11/09/2001, o filme foca-se na jornada do vôo 93 que teria como destino atingir a Casa Branca. A missão não foi cumprida e, através da pesquisa das ligações telefônicas que partiram do avião, a história é remontada.


Ficha Técnica
Voo United 93 (United 93)
Roteiro e Direção: Paul Greengrass
Elenco: J.J. Johnson, Gary Commock, Polly Adams, Opal Alladin, Starla Benford
Duração: 111 minutos


Realismo e emoção
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A primeira boa notícia para quem estiver hesitante sobre ver Voo United 93 (United 93) é de que não se trata de mais uma produção patriota com o discurso de “pobre de nós, americanos bonzinhos e inocentes”. O enfoque principal está em retratar quão perdidos estavam os EUA para um ataque dessa magnitude. As cenas onde os controladores aéreos falam com jargões técnicos, mostram bem isso – além de deixar o espectador sem rumo.

Há uma convergência de fatores para maximizar o realismo do filme. Os atores, por serem todos desconhecidos do público, parecem com pessoas normais que podemos trombar na rua. A direção de Paul Greengrass (A Supremacia Bourne) também colabora com a câmera na mão e enquadramentos que parecem improvisados, como em um documetário que tem de acompanhar eventos inesperados.

No começo do filme, uma boa quantidade de minutos é gasto mostrando o que ocorre antes do voo decolar. Se não soubéssemos tudo que está por vir, talvez o público se desinteressasse pelo restante do enredo logo no começo. É possível que essa lentidão no começo também seja mais um fator que aumenta a verossimilhança.

Os árabes não são mostrados como monstros irracionais e exagerados. Eles, por muitas vezes, hesitam e se perdem, embora suas razões não sejam abordadas pelo roteiro. Os atores foram até hospedados em hotel diferente do restante do elenco para que seus personagens parecessem o mais distante possível dos demais.

Com poucas cenas musicadas, o suspense é criado de outras formas – até mostrando os aviões no radar de controle. Uma recomendação é de que o público prepare os músculos, pois a crescente emoção do filme pode deixar os membros doloridos.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Miami Vice




Sinopse: Sonny e Rico são agentes infiltrados no mundo do narcotráfego sulamericano. Sonny se envolve afetivamente com Isabela, uma das líderes do cartel e ele acaba dividido entre o romance e sua missão.


Ficha Técnica
Miami Vice
Roteiro e Direção: Michael Mann
Elenco: Colin Farrell, Jamie Foxx, Gong Li, Naomie Harris, Ciarán Hinds
Duração: 134 minutos


Miami Colateral
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Michael Mann refaz uma parceria que fez sucesso e dirige novamente Jamie Foxx em Miami Vice. Não só o ator e o diretor são importados de Colateral, como também a estética é “chupinhada”: câmera na mão com um quê de reportagem jornalística e imagens com granulação. Até os enquadramentos de dentro dos carros são reprisados. Fica a dúvida se as escolhas de Mann fazem parte de estilo, pose de “muderno” ou a mais pura falta de criatividade.

Há uma discrepância quanto ao público-alvo do filme. O roteiro é bem complicado, apresentando vários personagens com interesses conflitantes. Tudo isso ao som de músicas de Audioslave e Linking Park, atraindo o "público Mix FM", que está mais interessado na ação do que na razão.

Vale ressaltar que a nova versão para "In The Air Tonight" feita por Nonpoint, tocando nos créditos do filme, é tão agressiva e sombria quanto um single de boy band. Vale lembrar, a título de curiosidade, que Phil Collins (cantor da versão original da música) fez uma ponta no seriado que originou o filme.

Além de Jamie Foxx, a dupla de Miami Vice é completada por Colin Farrell (Pergunte ao Pó), ambos com uma pose forçada de bad boys. O que diferencia o filme dos demais do gênero "carrão-trabuco" é a ausência de loiras gostosonas formando par com os heróis. A ação se passa em vários lugares do mundo com poucas cenas em Miami, o que é, no mínimo, estranho.

segunda-feira, 31 de julho de 2006

Zuzu Angel





Sinopse: Baseado na vida da estilista mineira Zuzu Angel, que teve seu filho Stuart preso, torturado e morto durante a ditadura militar; o filme retrata a luta que ela travou para reaver o corpo dele.


Ficha Técnica
Zuzu Angel
Direção: Sergio Rezende
Roteiro: Marcos Bernstein, Sergio Rezende
Elenco: Patrícia Pillar, Daniel de Oliveira, Leandra Leal, Alexandre Borges, Luana Piovani
Duração: 108 minutos


Anjo enfraquecido
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A história de Zuzu Angel tem todos os ingredientes para compor um filme emocionante: uma mulher que perde o medo e se fortalece através de seu amor materno em um ambiente de injustiça social por causa de um regime totalitário. O problema é que toda a força não consegue ser passada pelo filme.

A batalha de Zuzu tem um enorme potencial de arrancar lágrimas de mães e filhos, mas o diretor Sérgio Rezende (Mauá) não consegue utilizar todos os recursos que tinha a mão para atingir o nível de Olga, por exemplo.

No elenco, Luana Piovanni (O Homem que Copiava) interpreta Elke Maravilha e não ofende o público. Patrícia Pillar (Se Eu Fosse Você) até tenta passar toda a bravura de Zuzu, mas é atrapalhada por uma câmera estática e fria. Daniel de Oliveira (Cazuza) está longe de seu melhor desempenho como ator.

Em diversos momentos o filme se assemelha a um capítulo mediano de novela das nove, principalmente nas cenas de ação que não convencem. Falta um pouco de ousadia para tentar capturar as emoções do espectador.

Assistir a esse filme é importante no momento em que vivemos em nosso País. Com tantas pessoas indignadas com a corrupção e a violência, algumas voltam seus olhos para o tempo dos Atos Institucionais, com nostalgia. Zuzu renasce nessa produção para nos alertar que a situação já foi bem pior – e com o dever de se permanecer calado.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

Carros



Sinopse: A caminho de uma importante corrida na Califórnia, o carro Relâmpago McQueen fica preso na cidadela de Radiator Springs. Enquanto tenta escapar para chegar a tempo da disputa de stock-car, ele descobre o verdadeiro significado de amizade e companheirismo.


Ficha Técnica
Carros (Cars)
Direção: John Lasseter
Roteiro: Dan Fogelman, John Lasseter, Joe Ranft, Kiel Murray, Phil Lorin, Jorgen Klubien
Elenco: Owen Wilson, Paul Newman, Bonnie Hunt, Cheech Marin, Tony Shalhoub, Guido Quaroni, Jenifer Lewis
Duração: 117 minutos


Pixar dá uma aula
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A diferença entre uma animação do estúdio Pixar (responsável por Procurando Nemo e Toy Story) e outra produção em computação gráfica é gritante. Essa diferença é sentida em toda parte durante uma sessão de Carros (Cars): desde fatores básicos, como fazer o personagem parecer estar situado em cena, até em pequenos detalhes, como os pedaços de borracha que se soltam de pneus durante as curvas.

O roteiro é bem escrito, o que também não ocorre em outros filmes do gênero. A relação entre Relâmpago e Sally é construída e desenvolvida na velocidade certa: não lentamente demais, que afastaria o público do conflito, e nem rápido demais, que frustra quem espera um certo suspense (como em Valiant).

Os atores que são chamados para dar voz aos personagens soam bem (diferente de Gaya). Na versão original, o protagonista tem a voz de Owen Wilson (Os Penetras Bons de Bico) e Doc Hudson tem a honra de pegar emprestada a voz de Paul “Olhos Azuis” Newman (Estrada para Perdição). Nas cópias dubladas, quem recebeu a árdua tarefa de dublar Newman foi Daniel Filho (diretor de Se Eu Fosse Você) e, como é de se esperar, esse grande ator e cineasta matou a bola no peito. Dublando Sally, conta-se com Priscilla Fantin (Alma Gêmea) que não decepciona.

Algo que poderia soar como um enorme desafio é alcançado pela equipe de animadores altamente competente: eles conseguem dar personalidade às feições dos carros. Um exemplo é a caricatura automobilística de Jay Leno (Era do Gelo 2) que tem a marca registrada do apresentador – seu queixo avantajado.

Apesar de não conseguir ser melhor do que outras produções, com Os Incríveis encabeçando a lista, o medo que os apreciadores de animação tinham pode ser amenizado depois de Carros: a Disney não conseguiu estragar a Pixar!

domingo, 5 de fevereiro de 2006

O Segredo de Brokeback Mountain



Sinopse: Em 1963, Ennis Del Mar e Jack Twist são contratados para cuidar de um rebanho de ovelhas que pastam na Montanha Brokeback. Durante essa temporada, os dois jovens se apaixonam e passam a se encontrar regularmente por vários anos para poder viver secretamente esse amor.



Ficha Técnica
O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain)
Diretor: Ang Lee
Roteiro: Larry McMurtry, Diana Ossana, baseado em conto de E. Annie Proulx
Elenco: Jake Gyllenhaal, Heath Ledger, Michelle Williams, Anne Hathaway
Duração: 134 minutos


 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O já premiado no Globo de Ouro e grande favorito ao Oscar completa quaisquer expectativas. O Segredo de Brokeback Mountain (Brockeback Mountain) é, acima de tudo, um filme com muito coração. O diretor Ang Lee (O Tigre e O Dragão) mais uma vez faz um trabalho belíssimo para envolver o público em uma questão muito delicada, onde sempre se anda na corda bamba entre a depravação e a cafonice. Pode-se sentir essa afinação nas cenas de carinho entre os protagonistas. Elas são explosivas, pois eles sabem que não têm muitas oportunidades de expressar o seu afeto, e Lee nos mostra essa dificuldade claramente.

O filme tem 134 minutos e no final ele meio que se arrasta, mais síntese na montagem poderia suavizar a falta de ritmo. Outro deslize está na lengendagem. Por mais de uma oportunidade o público é informado do ano em que os fatos acontecem através de sons que não estão em primeiro plano (TV, rádio,...) e as legendas simplesmente ignoram essas fontes, sendo que elas ajudam a situar as cenas.

As atuações são maravilhosas, tanto que dois atores do elenco foram indicados ao Oscar por esse trabalho. O primeiro já foi reconhecido com o Globo de Ouro de Melhor Ator, Heath Ledger (10 Coisas que Eu Odeio em Você) interpreta Ennis Del Mar, um típico homem durão que tenta, mas que não consegue esconder seu sentimento e sofrimento; no ponto certo. Já Jake Gyllenhaal (O Dia Depois de Amanhã) dá vida ao sensível Jack Twist, um homem que é levado pela emoção, característica que transparece em seu gosto por rodeios.

A segunda indicada é Michelle Williams (Dawson`s Creek) no papel de Alma, esposa de Ennis. Esse personagem nos mostra as pessoas que sofrem paralelamente por causa do preconceito sofrido pelos gays na sociedade. Alma casou-se com Ennis pelo simples motivo de que é socialmente inaceitável que ele viva o seu amor por Jack. Ela então é condenada a um casamento infeliz.

Ao terminar o filme muitas pessoas irão se surpreender por terem se emocionado com a história de um amor entre duas pessoas do mesmo sexo. Parece ser esse o objetivo dessa produção.