quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Estreias da semana

 por Edu Fernandes

Dino Cazzola

Documentário sobre cinegrafista italiano que registrou o nascimento de Brasília e construiu sua carreira na capital federal. Por lá, ele acompanhou diversos presidentes, inclusive a ditadura militar. Muitas imagens do filme foram obtidas no arquivo pessoal do próprio Dino. Infelizmente parte do material se perdeu por não ter sido armazenado da forma ideal.

LEIA MAIS:
Crítica comparativa com o curta Ser Tão Cinzento, durante o É Tudo Verdade 2012

Dino Cazzola – Uma Filmografia de Brasília
Roteiro e Direção: Andrea Prates, Cleisson Vidal
Elenco: -documentário-
Duração: 71 minutos
País: Brasil

Nota: 7

O Homem da Máfia

Quando uma casa de apostas é assaltada, os mafiosos que a comandam contratam um matador de aluguel. O filme constrói sua tensão com decisões estéticas do diretor e com a concepção do desenho de som.

LEIA MAIS:
Crítica do filme

A Origem dos Guardiões

Criaturas mágicas são escolhidas para proteger as crianças do mundo. O grupo acaba de ser reforçado com a chegada de Jack Frost. A ajuda dele é necessária porque o vilão Breu voltou a ameaçar a criançada, depois de passar séculos inativo.

LEIA MAIS:
Crítica do filme

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Homem da Máfia: Os detalhes da tensão

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Quando os personagens de um filme são bandidos e/ou mafiosos, é de se esperar tensão nas cenas. A forma mais corriqueira de manter o suspense é pela trilha musical, mas O Homem da Máfia (Killing Them Softly) tem uma proposta diferente. A tensão está nas opções do diretor e do projeto de som.

Um trio de criminosos planeja roubar uma casa de apostas de carteado. O plano deles se baseia na certeza de que o próprio gerente do estabelecimento (Ray Liotta, de Rota de Fuga) será culpado pelo ocorrido, pois ele fez algo semelhante no passado.

Os mafiosos que controlam o negócio de jogatina contratam Jack (Brad Pitt, de O Homem que Mudou o Jogo) para descobrir os verdadeiros culpados e executá-los. O trabalho fica mais complexo porque os mafiosos são lentos e cautelosos em suas decisões, o que rende boas cenas entre Jack e seu contato com os contratantes (Richard Jenkins, de Diário de um Jornalista Bêbado). Outro fator complicador é o fato de um dos criminosos ser um conhecido do matador.


Apesar de ter muitos personagens armados, há poucos tiros durante O Homem da Máfia. Cada vez que há um disparo, a tensão fica à flor da pele. Nas cenas sem tiros, a emoção é igual porque fica a expectativa de ver sangue derramado a qualquer momento.

A direção de Andrew Dominik (O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford) mantém esse circo em movimento. Ele sabe a duração de cada fala e cada pausa, além de incluir pistas falas para que o espectador não fique muito seguro de si.

Outra arma da construção da atmosfera tensa é o som. Com ambientes sonoros ricos e ruídos bem posicionados, o público mergulha nas cenas. Quando se está tão presente, é impossível não se envolver emocionalmente no enredo.

O Homem da Máfia (Killing Them Softly)
Roteiro e Direção: Andrew Dominik
Elenco: Brad Pitt, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Richard Jenkins, Vincent Curatola, Ray Liotta
Duração: 97 minutos
País: EUA

Nota: 8

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Origem dos Guardiões: Familiaridade

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Quando se tenta criar uma nova franquia cinematográfica, o objetivo dos realizadores é fazer o espectador ter a sensação de que já conhece o universo em que o filme se passa. Já falei sobre isso quando analisei Os Três Mosqueteiros, mas o assunto volta à tona com o lançamento de A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians) por causa das semelhanças de seus personagens com super-heróis.

Os tais guardiões são criaturas mágicas com a responsabilidade de proteger todas as crianças do mundo. Eles se unem para derrotar Breu (Jude Law, de Sherlock Holmes 2), o Bicho-Papão. O vilão voltou à ativa e ameaça amedrontar a criançada.

Jack Frost (Chris Pine, de Guerra é Guerra) é o espírito que traz as neves do inverno. No filme, ele tem um cajado que cria gelo. Assim, congela qualquer coisa e cria pistas deslizantes. Não fosse sua habilidade de voar levado pelo vento, seria idêntico ao Homem de Gelo, dos X-Men. Vale lembrar que esse tipo de personagem foi usado anteriormente pela Pixar, com Gelado de Os Incríveis (2004).

Norte (Alec Baldwin, de Rock of Ages) é o popular Papai Noel, só que no lugar da gordura ele tem músculos e tatuagens. Sua força bruta e seu modo de combater lembra Kratos, do jogo God of War.

Fada do Dente (Isla Fisher, de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom) guarda as lembranças das crianças, contidas nos dentes-de-leite que recolhe. Com suas asas, ela voa como a Vespa, dos Vingadores. Não é mostrado muito bem no filme como a representante feminina do bando batalha.

Coelhão (Hugh Jackman, de Gigantes de Aço) usa suas tocas para viajar rapidamente ao redor do mundo. Com muita agilidade, ovos explosivos e bumerangues, sua movimentação lembra a de Gambit, dos X-Men.

Sandyman controla as areias dos sonhos e com elas molda qualquer tipo de objeto. Essa habilidade assemelha-se à do anel do Laterna Verde, da Liga da Justiça. Sandy, como é chamado carinhosamente pelos demais guardiões, é mudo e usa a areia também para comunicação.







Com uma história que prega a valorização das crenças infantis, A Origem dos Guardiões consegue um roteiro emocionante. Some isso ao grupo de heróis  quer dizer, criaturas mágicas  descrito acima e não estranhe se mais aventuras com os personagens chegarem às telas nos próximos anos.


A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians)
Direção: Peter Ramsey
Roteiro: David Lindsay-Abaire
Elenco: Chris Pine, Alec Baldwin, Jude Law, Isla Fisher, Hugh Jackman, Dakota Goyo
Duração: 97 minutos
País: EUA

Nota: 7

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Amazonas Film Festival 2012

Onde? Manaus (AM)
Quando? de 3 a 9 de novembro


Filmes avaliados

31 Minutos: O Filme* (31 minutos, la película), de Alvaro Díaz e Pedro Peirano (87 min., Chile/Brasil/Espanha, 2008)

Asfalto*, de Moacyr Massulo (3 min., Brasil, 2012)

Cadê Meu Rango?, de George Munari Damiani (4 min., Brasil, 2012)

Colegas, de Marcelo Galvão (103 min., Brasil, 2012)

A Dama do Estácio*, de Eduardo Ades (15 min., Brasil, 2012)

Uma Doce Dama*, de Leonardo José Mancini (3 min., Brasil, 2011)

Et Set Era*, de Emerson Medina e Rod Castro (10 min., Brasil, 2012)

A Floresta de Jonathas*, de Sérgio Andrade (98 min., Brasil, 2012)

A Galinha que Burlou o Sistema*, de Quico Meirelles (15 min., Brasil, 2012)

O Mágico (L'illusionniste), de Sylvain Chomet (80 min., Reino Unido/França, 2010)

O Palhaço, de Selton Mello (88 min., Brasil, 2011)

Quem se Importa?, de Mara Mourão (92 min., Brasil/EUA/Tanzânia/Suíça/Peru/Alemanha/Canadá, 2012)

Realejo*, de Marcus Vinicius Vasconcelos (13 min., Brasil, 2011)

Rio, de Carlos Saldanha (96 min., EUA, 2011)

A Segunda Balada*, de Rafael Ramos dos Santos (17 min., Brasil, 2012)

A Última no Tambor*, de Ricardo Araújo R. D'Albuquerque (19 min., Brasil, 2012)

Xingu, de Cao Hamburguer (102 min., Brasil, 2012)


Matérias

Perfil: Ana Lúcia Torre*

Ator Antônio Pitanga recebe homenagem por 50 anos da Palma de Ouro de O Pagador de Promessas*

Colegas na noite de abertura*

Diretor Craig Zobel comenta Central do Brasil*

* Texto publicado fora do CineDude (nos sites BRCine, SaraivaConteúdo e UOL).

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Imagens de Portugal 2

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


A Cabine

Para contornar os problemas causados por um astro folgado, a equipe de produção de uma novela resolve construir uma cabine acústica. O aparato serve para que um funcionário “sopre” as falas para o ator, que estará munido de um ponto eletrônico.

O curta demora demais para concretizar sua premissa e perde tempo com conflitos secundários. Quando finalmente a cabine está instalada, já é o final. O roteiro pede para que a dinâmica do set com o uso do ponto eletrônico fosse mais explorada, com evidente potencial cômico. Todavia, procura-se uma surpresa dramática que se torna frustrante.

Direção e Roteiro: Paulo Neves
Elenco: Cristovão Campos, Marta Melro
Duração: 18 minutos
País: Portugal

Nota: 5


Shoot Me

Como o longa atual Disparos, o título do curta usa o trocadilho em inglês de que o verbo para tirar uma foto é o mesmo para atirar um revólver. A história gira em torno de uma mulher que sai de seu aparente bucólico lar para um encontro misterioso com um fotógrafo. Nesse ponto é necessário elogiar a direção de arte, que cria uma residência visualmente interessante.

O destaque fica para a economia de falas. As atuações e ações dos personagens dão conta de transmitir o enredo com eficiência. Conforme caminhamos para o desfecho, os diálogos tornam-se minimalistas.

Direção: André Badalo
Roteiro: André Badalo, João Raposo
Elenco: Maria João Bastos, Ivo Canelas, Philippe Leroux
Duração: 15 minutos
País: Portugal

Nota: 7


Corrente

Todos os aspectos do filme levam o espectador a acreditar que se trata de uma obra do começo do século XX. A única coisa que soa moderna é a música. Como as peças sonoras estão muito bem casadas com as cenas, não há motivo para condenar essa disparidade inicial.

O protagonista é um homem que todo dia atravessa um rio a nado. Entre as cenas, há imagens de fábricas a todo vapor, em uma clara comparação entre homem e máquina. Como todo equipamento mecânico antigo, o roteiro do curta demora a engrenar, mas até isso combina com sua proposta.

Roteiro e Direção: Rodrigo Areias
Elenco: Vítor Correia, Inês Mariana Moitas
Duração: 10 minutos
País: Portugal

Nota: 8

Romeu e Julieta

A proposta do cinema português costuma abraçar ousadias. Nesse curta a coragem já está na ideia: trata-se de uma releitura musical moderna da peça de Shakespeare. O amor do casal de protagonistas se passa dentro de uma grupo de teatro.

Infelizmente ousadia não basta. Os arranjos das canções com ares de hip hop são amadores e as coreografias são estranhas na maior parte do tempo. Por se tratar de um curta, vale como experiência.

Romeu e Julieta – O Musical
Direção: Zara Pinto
Roteiro: Zara Pinto, Marta Hipólito
Elenco: Alexandre Ferreira, Vítor Fonseca, Vera Kolodzig, David Mesquita
Duração: 14 minutos
País: Portugal

Nota: 4

Estreias da Semana

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)

Curvas da Vida

Clint Eastwood decide dar uma força para Robert Lorenz, que foi seu assistente de direção no passado, e aceita estrelar esse filme. Ele interpreta um olheiro de beisebol ranzinza que parece demais com seu personagem em Gran Torino. Há muita coisa previsível no roteiro e os clichês são numerosos.

LEIA MAIS:
Crítica do filme


Disparos

Um acidente automobilístico desenrola uma série de tramas paralelas. Todas elas mostram as pequenas violências e corrupções do dia a dia das grandes cidades brasileiras.

LEIA MAIS:
Mini-crítica do filme durante o Festival do Rio (SaraivaConteúdo)
Entrevista com diretora e atores (SaraivaConteúdo)

Roteiro e Direção: Juliana Reis
Elenco: Gustavo Machado, Caco Ciocler, Julio Adrião, Dedina Bernardelli, João Pedro Zappa, Cristina Amadeo, Thelmo Fernandes, Silvio Guindane
Duração: 78 minutos
País: Brasil

Nota: 7

Disparos foi visto no Festival do Rio 2012.

As Palavras

Um escritor lê seu romance para uma plateia. O livro conta a história de um aspirante a autor que encontra por acaso um antigo original inédito. Ele transcreve o texto para o computador e oferece para uma editora como se fosse composição própria. Com o sucesso do livro, o verdadeiro autor entra em contato para contar como escreveu o tal romance. Isso mesmo, uma história dentro de uma história dentro de uma história.

LEIA MAIS:
Crítica do filme

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Imagens de Portugal 1

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Vicky and Sam

Um trio de realizadores discute uma história de amor enquanto esperam seus pratos em um restaurante. O tema será usado em um filme, mas a conversa fica interessante quando o tal casal adentra o recinto onde estão.

A metalinguagem com teor fantástico é o maior charme do curta. O enredo consegue misturar momentos de tensão com cenas singelas.

Direção: Nuno Rocha
Roteiro: Nuno Rocha, Adam Morgan
Elenco: Luke Francis, Andrew Hlinsky, Jolyn Janis, Daniel Moore, Tinghui Zhang
Duração: 14 minutos
País: EUA, Portugal

Nota: 8

I’ll See You in My Dreams

Lucio é um homem honesto com um grande problema: sua esposa virou um zumbi. Enquanto mata outras criaturas do tipo para sobreviver, mantém a amada trancada, na esperança de que um dia ela volte ao normal.

Há referências a outros filmes de terror no curta, mas o ponto alto é o exercício de cinema de gênero, com efeitos de maquiagem bem realizados

Direção: Miguel Ángel Vivas
Roteiro: Filipe Melo, Ivan Vivas
Elenco: Adelino Tavares, Sofia Aparício, Manuel João Vieira, João Didelet, Rui Unas
Duração: 20 minutos
País: Portugal

Nota: 6


Desavergonhadamente Real

Um casal grava uma cena de sexo para um filme. Há sempre a dúvida sobre o quanto os atores estão levando a sério o envolvimento dos personagens que interpretam.

O movimento do curta é interessante, pois, ao assumir sua farsa, ganha mais autenticidade. A sintonia entre os atores é crucial para o funcionamento do filme.

Roteiro e Direção: Artur Serra Araújo
Elenco: Ivo Canelas, Marisa Morais
Duração: 18 minutos
País: Portugal

Nota: 8


Senhor X

Um lixeiro encontra um idoso prestes a queimar uma câmera filmadora. O velho lhe dá o equipamento, que mais tarde revelará ter propriedades mágicas.

Eis mais um exemplo de proposta interessante e esteticamente bem aproveitada, mas que deixa a narrativa de lado. A história é previsível demais e coloca em risco a ideia original do curta.

Roteiro e Direção: Gonçalo Galvão Teles
Elenco: Filipe Duarte, Fernando Lopes, Beatriz Batarda
Duração: 22 minutos
País: Portugal

Nota: 5

As Palavras: As narrativas

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Muito já se falou dos desafios de balancear tramas paralelas: alguma delas pode ficar interessante demais e ofuscar as demais, outra pode ficar esquecida por tempo demais,... No caso de As Palavras (The Words), as tramas são interligadas, mas sua convivência não é pacífica.

Um autor (Dennis Quaid, de O que Esperar quando Você Está Esperando) está em um evento de promoção de seu novo livro. Ele lê trechos do romance para uma plateia ávida pela história. No meio do público destaca-se uma bela fã do escritor (Olivia Wilde, de O Preço do Amanhã).

O livro narra os conflitos de Rory (Bradley Cooper, de Sem Limites), um aspirante a autor que não consegue uma editora interessada em seus escritos. Um dia, compra uma antiga bolsa em Paris e encontra dentro dela um original inédito. Ele decide passar a limpo no computador aquele antigo texto cheio de talento.


Sua esposa (Zoe Saldana, de Colombiana: Em Busca de Vingança) lê a transcrição e acredita que aquela bela história de amor foi composta por seu marido. Ela o convence a apresentar o original para uma editora, onde o livro é publicado e trona-se um best-seller.

O verdadeiro autor (Jeremy Irons, de Margin Call) está vivo e entra em contato com Rory para contar sua história de vida em uma terceira narrativa de As Palavras. As três linhas dramáticas se entrelaçam no decorrer do filme, mas a confusão que criam desperdiça energia dos temas abordados.

O longa poderia tratar da ética dos protagonistas, da dificuldade de ser bem-sucedido no meio cultural, das histórias de amor de seus personagens; mas é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que a concentração fica comprometida.

O espectador perde tempo demais para manter o entendimento das três tramas e não consegue se identificar com os personagens ou seus conflitos. A trilha musical de Marcelo Zarvos (Solteiros com Filhos) exagera em uma tentativa de injetar emotividade no conjunto, mas o roteiro impede a empreitada de ser bem-feita.


As Palavras (The Words)
Roteiro e Direção: Brian Klugman, Lee Sternthal
Elenco: Dennis Quaid, Jeremy Irons, Bradley Cooper, Zoe Saldana, J.K. Simmons , Olivia Wilde
Duração: 97 minutos
País: EUA

Nota: 4

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Curvas da Vida: Repetição

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Em 2008, Clint Eastwood declarou que Gran Torino seria o último filme no qual trabalharia como ator. Com a gravidez de Beyoncé Knowles (Dreamgirls), a produção do remake de Nasce uma Estrela, dirigida por Clint, foi adiada. Assim, abriu-se um espaço na agenda dele. Aí seu assistente de direção Robert Lorenz (Menina de Ouro) o convenceu a voltar atrás na decisão de encerrar a carreira de ator e aceitar um novo papel. Mais ou menos.

Em Curvas da Vida (Trouble with the Curve), Eastwood interpreta um olheiro de times de beisebol cuja personalidade é muito parecida ao seu personagem em Gran Torino – com direito a grunhidos e tudo. Infelizmente não é só no protagonista que a sensação de repetição atinge o espectador atento.

O mundo do beisebol se modernizou e os olheiros mais novos usam computadores e estatísticas para procurar por aspirantes a novos astros. Gus ainda faz as coisas à moda antiga. Aí temos o mais que recorrente embate entre a tecnologia e o instinto natural do veterano, tema usado até na comédia Agente 86.


Em sua mais recente viagem para acompanhar jogos estudantis, Gus terá companhia. Sua filha Mickey (Amy Adams, de Na Estrada) está preocupada com a saúde do pai e deixa seu escritório para vigiá-lo de perto. Os dois têm uma relação conturbada: ele é o pai ausente e ela é a advogada que mergulha no trabalho para se esquecer do caos na vida pessoal.

Logo no primeiro jogo que a dupla assiste, Mickey conhece Johnny (Justin Timberlake, de O Preço do Amanhã), um ex-jogador que foi descoberto por Gus. Nesse cenário de previsibilidade, não demora muito para que o jovem olheiro se interesse pela ruiva de temperamento forte.

Nesse desfile de clichês, Curvas da Vida chega a seu desfecho com todas as questões respondidas. A impressão que fica é que se trata de um roteiro de um fraco telefilme que, por um acidente de percurso, foi realizado com um elenco de primeira.


Curvas da Vida (Trouble with the Curve)
Direção: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
Elenco: Clint Eastwood, Amy Adams, John Goodman, Justin Timberlake
Duração: 111 minutos
País: EUA

Nota: 4

Na Terra de Amor e Ódio: Barreira linguística

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Desde A Paixão de Cristo (2004), o cinema estadunidense vive um empasse. De um lado, a exigência por um grau maior de realismo impede que personagens estrangeiros falem inglês entre si. Do outro lado, a preguiça do público em ler legendas afeta negativamente as bilheterias de filmes falados em outros idiomas. Como já falei no texto sobre Cavalo de Guerra, algumas soluções foram encontradas nesse período.

Em sua estreia atrás das câmeras em um longa de ficção, a atriz Angelina Jolie (O Turista) trouxe uma nova saída para a questão em Na Terra de Amor e Ódio (In the Land of Blood and Honey). Para contar a história de amor entre uma artista bósnia (Zana Marjanovic) com um militar sérvio (Goran Kostic, de Busca Implacável), Jolie gravou duas versões de seu filme: uma nas línguas nativas dos personagens e outra em inglês para agradar os produtores e distribuidores.

O problema está na opção de exibir no Brasil a versão em que todo mundo, como que por magia, decide falar inglês. Para o público local não faz sentido ver esse filme: ou assistimos à cópia dublada em português ou queremos o idioma original. Com isso, as atuações e a autenticidade ficam comprometidas.


Como diretora novata, Angelina toma a decisão inteligente de não aparecer demais. Os enquadramentos e movimentações de câmera são conservadores, mas no geral não comprometem. No entanto, quando seu trabalho como cineasta fica evidente são em momentos infelizes, em que passa dos limites e deixa as cenas cafonas.

O maior problema de Na Terra de Amor e Ódio é o roteiro maniqueísta. Por alguma razão misteriosa, Jolie não chamou qualquer profissional experiente para ajuda-la na confecção do roteiro.

Quando se mostra uma história de amor entre dois representantes de lados distintos de uma guerra, espera-se um panorama mais profundo do combate. Contudo, o que se vê são sérvios maus, maus e maus (exceto e o protagonista, lógico) que maltratam os bósnios sofridos, sofridos e sofridos. É de uma mediocridade que não combina em uma filme para espectadores maduros.


Na Terra de Amor e Ódio (In the Land of Blood and Honey)
Roteiro e Direção: Angelina Jolie
Elenco: Zana Marjanovic, Goran Kostic, Rade Serbedzija, Vanessa Glodjo, Nikola Djuricko, Branko Djuric, Fedja Stukan, Alma Terzic
Duração: 127 minutos
País: EUA

Nota: 3

Na Terra de Amor e Ódio foi visto no Festival do Rio 2012.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Estreias da Semana


 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)



E Agora, Aonde Vamos? 

Como em Caramelo, Nadine Labaki volta a explorar várias personagens femininas para mostrar a força das mulheres. Dessa vez, suas personagens se unem para manter a paz no vilarejo onde moram. As mulheres querem evitar que seus maridos, namorados e familiares do sexo oposto saibam dos conflitos religiosos que eclodiram na cidade grande. Elas temem que a atmosfera tensa da metrópole arruíne a aldeia.

Leia mais:
Entrevista com a roteirista/diretora/atriz Nadine Labaki (SaraivaConteúdo)
Mini-crítica no Guia Festival Varilux

E Agora, Aonde Vamos? (Et maintenant on va où?)
Direção: Nadine Labaki
Roteiro: Rodney Al Haddid, Jihad Hojeily, Nadine Labaki, Sam Mounier
Elenco: Claude Baz Moussawbaa, Leyla Hakim, Nadine Labaki, Yvonne Maalouf, Ali Haidar, Kevin Abboud, Petra Saghbini , Mostafa Al Sakka, Mohammad Aqil, Khalil Bou Khalil
Duração: 110 minutos
País: França, Líbano, Egito, Itália

Nota: 7


Era uma Vez Eu, Verônica

Hermila Guedes e Marcelo Gomes unem-se novamente para entregar um filme marcante. A dupla já trabalhou junto em Cinema, Aspirinas e Urubus (2005). Agora Hermila é uma médica com vários problemas na cabeça: a saúde de pai (W.J. Solha, de O Som ao Redor), as incertezas amorosas, o futuro de sua carreira...

Leia mais:
Entrevista com a atriz Hermila Guedes e o produtor José Vieira Jr. (SaraivaConteúdo)

Era uma Vez Eu, Verônica
Roteiro e Direção: Marcelo Gomes
Elenco: Hermila Guedes, W.J. Solha, João Miguel
Duração: 91 minutos
País: Brasil, França

Nota: 8


A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2

A franquia romântica de vampiros e lobisomens chega ao fim. Os efeitos visuais que eram sofríveis no primeiro episódio agora têm orçamento para brilhar em uma empolgante batalha final contra os Volturi. Como na primeira parte da conclusão, há certa enrolação e muita música para fazer a história caber no longa. Para os fãs, isso pode ser encarado positivamente, como se tivessem mais tempo com seus ídolos antes da despedida.

Leia mais:
Adaptações parceladas - Quando um livro é fracionado em mais de um filme (SaraivaConteúdo)

A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2)
Direção: Bill Condon
Roteiro: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Peter Facinelli, Elizabeth Reaser, Ashley Greene, Jackson Rathbone, Kellan Lutz, Nikki Reed, Billy Burke, Chaske Spencer, Mackenzie Foy, Maggie Grace, Jamie Campbell Bower, Christopher Heyerdahl
Duração: 115 minutos
País: EUA

Nota: 5