segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Pantera Cor-de-Rosa 2



Sinopse: Um famoso ladrão voltou à ativa e seu alvo são artefatos raros ao redor do mundo. Um time de detetives é montado e Clouseau irá liderá-los. Depois de subtrair objetos de valores incalculáveis como o Santo Sudário, ele furta o diamante Pantera Cor-de-Rosa.


Ficha Técnica
A Pantera Cor-de-Rosa 2 (The Pink Panther 2)
Direção: Harald Zwart
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber, Steve Martin
Elenco: Steve Martin, Jean Reno, Emily Mortimer, Andy Garcia, Alfred Molina
Duração: 92 minutos


Exagerando na fórmula
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Quem assistiu a A Pantera Cor-de-Rosa irá perceber algumas pequenas mudanças em sua seqüência. Primeiramente, os personagens Ponton e Nicole agora falam com um leve sotaque francês – claro que não se comparam ao engraçado linguajar do protagonista. Outra mudança está no elenco, com a entrada de John Cleese (O Dia em que a Terra Parou) no lugar de Kevin Kline para o papel de Dreyfus – que agora tem sotaque britânico, mesmo sendo francês.

Cleese é apenas mais um exemplo de ator que não partilha da mesma nacionalidade de seu respectivo personagem. Em A Pantera Cor-de-Rosa 2 (The Pink Panther 2), pode se ver o cubano Andy Garcia (13 Homens e um Novo Segredo) na pele de um italiano e a indiana Aishwarya Rai interpretando uma sexy latina. Em Zohan, essa suposta falha foi usada como mais um argumento para provar a imbecilidade dos conflitos étnicos, mas aqui não fica clara qualquer intenção com tal escolha de elenco.

Como seqüência, o filme funciona na estrutura do roteiro, mas peca por não ser tão engraçado e por ser mais previsível do que seu antecessor. As piadas provocarão risadas bem mais tímidas do que as emitidas anos atrás e a resolução do mistério acontece na cabeça do espectador antes de ser exibida na tela.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Milk – A Voz da Igualdade





Sinopse: A história real de Harvey Milk, o primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público. Na década de 1970, ele lutou pelos direitos dos gays em São Francisco.


Ficha Técnica
Milk – A Voz da Igualdade (Milk)
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Dustin Lance Black
Elenco: Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna, James Franco
Duração: 128 minutos


“Meu nome é Harvey Milk e estou aqui para recrutá-los”
  por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Quando eu soube que o cineasta Gus Van Sant iria dirigir Milk – A Voz da Igualdade (Milk), confesso que fiquei com medo. Quem já assistiu a alguns de seus filmes mais experimentais, como Paranoid Park, sabe que sua assinatura é muito pesada. Meu receio era de que a personalidade cinematográfica de Van Sant acabasse por eclipsar a importante história de Harvey Milk e estragasse o que poderia ser um grande filme.

A boa notícia é que o diretor alcançou o impensável: ele conseguiu imprimir sua marca nos enquadramentos sem que o andar da narrativa fosse comprometido. No final, o casamento entre Gus e o filme trouxe um resultado memorável e emocionante. Ele usa alguns posicionamentos de câmera não tão convencionais de forma inteligente, para aumentar o envolvimento com a trama.

A vida de Harvey Milk é um marco importante na luta pelos direitos do homossexual e levá-la ao cinema era uma obrigação dupla. Primeiro por ser uma jornada altamente cinematográfica, depois por ser importante relembrar os grandes nomes em lutas dignas. Milk conseguiu cumprir a missão com louvor.

Outro ponto que merece ser ressaltado são as atuações, a começar por Sean Penn (21 Gramas) no papel-título. Ele demonstra um gestual preciso e consegue esquivar-se da caricatura em todas as cenas. Sean está visivelmente confortável interpretando Milk, mesmo com próteses nos dentes e no nariz, lentes de contato e um penteado esquisito. Também merece elogios o trabalho de Emile Hirsch (Speed Racer), irreconhecível como um dos apoiadores do protagonista. Mais um ponto na carreira ascendente desse jovem ator.

Quem tiver o mínimo de simpatia com a causa defendida pelo filme irá se emocionar ao final da sessão. A dica é levar pessoas neutras para a sala de cinema para que sejam – nas palavras do próprio Harvey – recrutadas.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Valsa com Bashir








Sinopse: Um cineasta israelense entrevista veteranos da invasão do Líbano para reconstruir suas próprias lembranças sobre o combate de 1982.


Ficha Técnica
Valsa com Bashir (Vals Im Bashir)
Roteiro e Direção: Ari Folman
Elenco: -documentário-
Duração: 90 minutos


Animação com seriedade
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Se o leitor precisa de um motivo para assistir a Valsa com Bashir (Vals Im Bashir), aqui está: curiosidade. Primeiramente, trata-se de uma produção globalizada, dividida entre Israel, Alemanha, França, Estados Unidos, Finlândia, Suíça, Bélgica e Austrália. Depois, trata-se de um documentário em animação, mas não com a forma cômica apresentada em Dossiê Rê Bordosa. Dessa vez o drama é bem forte e a questão é marcante nesse inusitado título.

Primeira animação a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, a qualidade do filme é indiscutível. Por usar essa forma de contar uma história autobiográfica que envolve guerra, um bom ponto de comparação é Persepolis, obra adaptada dos quadrinhos que merece ser assistida. Em Bashir, a animação serve como um meio um pouco mais digerível para suportar as atrocidades que seriam duras demais se mostradas em carne e osso. Em contrapartida, a opção não é uma muleta, todo o seu potencial é explorado para criar imagens impactantes.

A produção mais uma vez levanta a eterna e válida discussão da irracionalidade da guerra. Mesmo tendo um diretor israelense, o roteiro não perdoa nenhum dos lados – os dedos apontam para todos os lados, mostrando os absurdos que um contexto belicista pode fomentar. Os israelenses já se provaram capazes de mostrar essa competência social em outros títulos recentes, como Lemon Tree e A Banda.

Tecnicamente, outra área que se destaca em Valsa para Bashir é a trilha musical moderna, misturando música eletrônica com momentos mais clássicos, ela colabora para conduzir as questões apresentadas de forma mais emocionante.