sexta-feira, 29 de março de 2013

Estreias da semana


 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Adeus Berthe

O desastrado farmacêutico Armand precisa organizar o funeral de sua avó. Sua vida está bagunçada, pois ele está dividido entre o amor de duas mulheres: sua esposa e sua amante.

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Mini-crítica no Guia Varilux

Dentro da Casa

O jovem Claude se intromete na rotina da família de Rapha, seu colega de escola. Ele escreve redações sobre a experiência e as entrega ao professor Germain, que reencontra o entusiasmo por sua profissão por causa do talento do aluno.

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Crítica: O voyer do voyer

Uma Garrafa no Mar de Gaza*

Tai e Naim começam a se corresponder pela internet. A amizade entre os dois jovens é dificultada porque ela é israelense e ele é palestino.

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Mini-crítica no Guia Varilux

* O filme estreia apenas no Rio de Janeiro


G.I. Joe 2

A equipe de elite é acusada injustamente de crimes e a unidade é desativada pelo presidente (Jonathan Pryce, de Histeria). Agora Roadblock (Dwayne Johnson, de Viagem 2) e companhia precisam acabar com uma ameaça nuclear e derrotar o Comandante Cobra (Luke Bracey, de Monte Carlo).

Cenas de ação são abundantes na sequência, mas o roteiro é uma peneira. Por isso, a produção não é aconselhável para espectadores com uma idade mental acima de 14 anos. Por trazer algumas atrizes em trajes mínimos, também não é indicado para menores de 12 anos.

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G.I. Joe: Retaliação (G.I. Joe: Retaliation)
Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick
Elenco: Dwayne Johnson, Jonathan Pryce, Byung-hun Lee, Elodie Yung, Ray Stevenson, D.J. Cotrona, Adrianne Palicki, Channing Tatum, Ray Park, Luke Bracey, Arnold Vosloo, Bruce Willis
Duração: 110 minutos
País: EUA

Nota: 4


A Hospedeira

No futuro a maioria dos seres humanos terá seus corpos invadidos por alienígenas. Melanie (Saoirse Ronan, de Hanna) é uma das rebeldes humanas na distopia. Quando tem um extraterrestre implantado em seu corpo, sua mente luta com a invasora para manter o controle.

Há alguns elementos de Crepúsculo nessa nova adaptação da obra de Stephenie Meyer, mas o saldo é mais positivo. O roteiro tem suas incongruências, porém o perdão é possível se considerarmos que o objetivo é passar a mensagem de que o amor é a maior das forças conhecidas.

A Hospedeira (The Host)
Roteiro e Direção: Andrew Niccol
Elenco: Saoirse Ronan, Max Irons, Jake Abel, Diane Kruger, Chandler Canterbury, William Hurt
Duração: 125 minutos
País: EUA

Nota: 5


Titeuf

A vida do garoto Titeuf está mal. Ele é ignorado por sua amada e o casamento de seus pais passa por uma crise. Em sua inocência, ele tenta entender os problemas.

O filme é claramente inspirado por mais de um volume dos quadrinhos, mas a adaptação consegue amarrar a narrativa com coesão. A viagem dentro da mente de um pré-adolescente é a graça da animação.

Titeuf (Titeuf, le film)
Roteiro e Direção: Zep
Elenco: Donald Reignoux, Mélanie Bernier, Danielle Hazan, Sam Karmann, Maria Pacôme
Duração: 87 minutos
País: França

Nota: 7

O Último Elvis

Carlos é tão fã de Elvis que gosta de ser chamado com o nome do cantor. Sua vida pessoal está um caos e sua devoção atinge um nível preocupante.

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Fogo na Bomba: Dicas demais

Fogo na Bomba: O Último Elvis: Pistas demais

A seção Fogo na Bomba é destinada a discutir os finais de filmes. Portanto, só prossiga se não tiver problemas em sabê-lo...

Spoilerômetro: • (?)


Em muitos filmes os espectadores têm a clara noção do que ocorrerá no desfecho. Nesses casos, o interesse se dá em saber como tais acontecimentos se desenrolarão. É exatamente isso que se passa em O Último Elvis (El último Elvis).

Carlos (John McInerny) ganha a vida como operário, mas seu amor é a música de Elvis Presley. Apesar de não ser parecido fisicamente com o Rei do Rock, ele faz shows em que imita o ídolo, uma vez que sua voz é bem potente. As cenas de apresentações são um dos presentes que o filme dá aos fãs do cantor.

O roteiro tem pistas de que a dedicação de Carlos a Elvis é extrema, tanto que ele gosta que as pessoas o chamem pelo nome do cantor. Conforme a gradação do enredo se desenvolve, quem conhece um pouco da vida de Elvis logo perceberá o que Carlos planeja. Ele irá cometer suicídio para se igualar a seu ídolo.


Tudo começa quando Carlos afirma à sua ex-mulher (Griselda Siciliani) que está deliberadamente ganhando peso, apesar de já ser um homem gordo. Ele quer ter o mesmo tipo de físico do ídolo na ocasião de sua morte. A partir daí sua fantasia é cada vez mais intensa, ao ponto de começar a chamar a mãe de sua filha de Priscila.

A única ressalva que se faz nesse jogo é a redundância sobre a idade em que Elvis morreu. Quando chega aos Estados Unidos, Carlos celebra seus 42 anos sozinho em um restaurante. Poucas cenas depois, quando está a caminho de Graceland, um vídeo no ônibus anuncia que Elvis faleceu também aos 42 anos. Tal informação poderia ser omitida e deixada para que o público a conferisse após a sessão, se assim desejasse.

Apesar desse exagero pontual, O Último Elvis é uma bela e triste história de devoção, com um teor psicológico interessante.

O Último Elvis (El último Elvis)
Direção: Armando Bo
Roteiro: Armando Bo, Nicolás Giacobone
Elenco: John McInerny, Griselda Siciliani, Margarita Lopez
Duração: 91 minutos
País: Argentina

Nota: 8

quinta-feira, 28 de março de 2013

Dentro da Casa: O voyeur do voyeur

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Bem antes do sucesso dos reality shows, o cinema já explorava o voyeurismo inerente ao ser humano. Daí o fascínio por filmes como Janela Indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock.

A questão é lavada ao extremo no longa Dentro da Casa (Dans la maison). Nele, o diretor François Ozon (Potiche – Esposa Troféu) explora o tema com sua assinatura psicológica.

Um professor de literatura (Fabrice Luchini, de As Mulheres do Sexto Andar) está desgostoso com uma profissão até que começa a ver as redações de Claude (Ernst Umhauer, de O Monge). O aluno prova ter talento na escrita, ao descrever seu relacionamento com a família de um colega de escola (Bastien Ughetto).


Germain quer que o aluno continue escrevendo, mas isso significa estimular o rapaz a continuar se intrometendo na rotina. Eis o conflito ético do professor.

O voyeurismo é exposto no filme em camadas. Primeiramente há a curiosidade de Claude, que se infiltra na família e ouve conversas as quais não é convidado. Depois, há o interesse de Germain, que estimula a escrita do aluno para saciar seu desejo.

Finalmente, há o voyeur em cada espectador de Dentro da Casa. Como não fica claro o quanto Claude observa e o quanto inventa em suas redações, cria-se uma armadilha perfeita que captura nossa curiosidade.

Eis o golpe de mestre de Ozon.

Dentro da Casa (Dans la maison)
Roteiro e Direção: François Ozon
Elenco: Fabrice Luchini, Ernst Umhauer, Kristin Scott Thomas, Emmanuelle Seigner, Denis Ménochet, Bastien Ughetto
Duração: 105 minutos
País: França

Nota: 9

sexta-feira, 22 de março de 2013

Estreias da semana

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)

Os Croods

A primeira família pré-histórica precisa abandonar sua caverna, pois o lugar foi destruído por terremotos. Eles partem para um novo local onde encontram criaturas estranhas e experimentam mudanças em suas vidas.

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Guia: Fauna criativa


Parker

Um ladrão (Jason Statham, de Os Mercenários 2) é traído por seus comparsas e dado como morto. Ele se recupera e parte em busca de vingança. Seu plano é tomar os ganhos do próximo roubo do grupo e, para isso, se associa a uma corretora (Jennifer Lopez, de O que Esperar quando Você Está Esperando).

O filme tem todas as chances de ser um título de ação genérico, mas há algumas surpresas. As figuras femininas não funcionam apenas como enfeite e o protagonista é um ladrão com princípios. Suas falas nesse aspecto são escassas, mas podem ser melhor exploradas em uma sequência.

Parker
Direção: Taylor Hackford
Roteiro: John J. McLaughlin
Elenco: Jason Statham, Jennifer Lopez, Michael Chiklis, Wendell Pierce, Clifton Collins Jr., Carlos Carrasco, Emma Booth, Nick Nolte
Duração: 118 minutos
País: EUA

Nota: 6

Rânia

Dança é a paixão da jovem protagonista. Ela consegue algum dinheiro em uma casa noturna onde bebida e prostituição são os focos. Rânia tem a chance de construir uma carreira nos palcos profissionais quando conhece uma renomada coreógrafa.

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Texto comparativo: Rânia X Irmão: Além do talento


Vai que Dá Certo

Um grupo de amigos de escola se reencontra quando eles se aproximam dos 30 anos de idade. Eles percebem que suas vidas vão mal e aceitam participar do roubo forjado a uma transportadora de valores.

Há bons momentos cômicos e diálogos ágeis no roteiro. Acima disso, o mais interessante está nos pequenos questionamentos sociais; sobre polícia corrupta, política suja e outros assuntos que infelizmente conhecemos bem.

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Entrevista: “O filme discute uma questão ética”, diz diretor (SaraviaConteúdo)

Vai que Dá Certo
Direção: Maurício Farias
Roteiro: Maurício Farias, Alexandre Morcilo, Fábio   Porchat
Elenco: Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Bruno Mazzeo, Natália Lage, Danton Mello, Lúcio Mauro, Lúcio Mauro Filho, Felipe Abib
Duração: 100 minutos
País: Brasil

Nota: 7

quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Croods: Fauna criativa

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Às vezes o cenário em que se passa a história de um filme é o aspecto mais interessante. Assim como Avatar, esse tipo de surpresa acontece em Os Croods (The Croods).

Uma família de homens das cavernas precisa se mudar porque a região onde moram está repleta de terremotos e lava. No caminho, encontram um monte de animais estranhos, que não existiram de verdade e são misturas de seres que conhecemos. Os nomes dados nesse texto são inventados por mim, já que no filme esses animais não são nomeados. Veja alguns deles:

Gatarara

Ele parece um gato doméstico gigante (do tamanho de um elefante), com apenas duas mudanças: as presas de tigre dente-de-sabre e as cores fortes de sua pelagem.

Corugato

“Outro gato”, como diria Chaves. Esse tem profundos e enormes olhos alaranjados, além de penas acinzentadas. Ele é mais furtivo e agressivo do que seu primo colorido, apesar de terem tamanhos aproximados.

Jacãoré

Esse espécime é encontrado pelo filho da família e demonstra toda a agitação e fidelidade caninas. A única diferença é a bocarra.

Ratefante

As orelhas, a tromba e as presas são de origem paquiderme. Por outro lado; o rabo, o pelo, o tamanho e a postura o aproximam mais dos camundongos.

Carnássaro

Esses pássaros coloridos botam grandes ovos que são a base de alimentação dos Croods. Os chifres retorcidos e a mania de trombar em seus inimigos são características emprestadas dos carneiros.

Passaranha

Essas pequenas aves parecem inofensivas, mas sua ferocidade e o fato de caçarem em bando as transformam em uma das mais terríveis ameaças. Em pouco tempo, elas consomem um animal de grande porte, como fazem as piranhas.

Peixetruz

Apesar de terem o rabo e até uma nadadeira de peixe, esse pássaro vive na terra e não voa. Ele pode parecer estranho e desengonçado, mas seus dentes afiados são de dar medo. Todavia, a abundância de carne o transforma em alvo de caça.


Os Croods (The Croods)
Roteiro e Direção: Kirk De Micco, Chris Sanders
Elenco: Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds, Catherine Keener, Cloris Leachman, Clark Duke, Chris Sanders, Randy Thom
Duração: 98 minutos
País: EUA

Nota: 6

sexta-feira, 15 de março de 2013

Estreias da semana

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)

Anna Karenina

Uma aristocrata russa casada começa a se envolver amorosamente com um conde. O amante tem fama de mulherengo, mas isso não impede a protagonista de levar adiante o caso.

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Crítica: Como esconder a ousadia


A Busca

Um casal está separado, mas a principal preocupação deles no momento é em encontrar o filho (Brás Antunes), que fugiu de casa para encontrar o avô (Lima Duarte, de Colegas). O pai (Wagner Moura, de O Homem do Futuro) pega a estrada e no caminho percebe seus erros na relação com o garoto.

A motivação do protagonista é suficiente para deixar o público interessado, mas há problemas na direção. Muitos encontros dramáticos que ele tem enquanto procura saber o paradeiro do filho causam risadas na plateia. Como a resposta cômica não foi planejada, ela acontece porque as marcações de cena estão equivocadas.

LEIA MAIS:
Cobertura: Diretor elogia Wagner Moura por atuação “cheia de nuances” (SaraivaConteúdo)

A Busca
Direção: Luciano Moura
Roteiro: Luciano Moura, Elena Soarez
Elenco: Wagner Moura, Lima Duarte, Mariana Lima, Brás Antunes
Duração: 96 minutos
País: Brasil

Nota: 5

A Busca foi visto no Festival do Rio 2012.


Cinzas e Sangue

Depois que o marido morreu, Judith (Ronit Elkabetz, de A Banda) se isolou com os filhos em Marselha. Dez anos depois ela retorna com a família à Romênia para um casamento. Sua chegada reascende conflitos do passado.

A volta de um membro da família por conta de uma celebração faz com que todos relembrem suas pendências. O tema já foi usado em outros títulos: O Casamento de Rachel (2008) e Feliz Natal (2008), para citar alguns. Nessa produção os conflitos são multiplicados porque os visitantes são um grupo inteiro.

Cinzas e Sangue (Cendres et sang)
Roteiro e Direção: Fanny Ardant
Elenco: Ronit Elkabetz, Abraham Belaga, Marc Ruchmann, Claire Bouanich, Olga Tudorache, Ion Besoiu, Tudor Istodor, Madalina Constantin, Razvan Vasilescu, Andrei Aradits, Ion Cosma
Duração: 105 minutos
País: França, Romênia, Portugal

Nota: 5

A Fuga

Um casal de irmãos tem de mudar seus planos de fuga depois de um acidente automobilístico. Ele segue pela floresta gelada, ela vai pela rodovia. Liza consegue carona com Jay, que também tem algo a esconder.

LEIA MAIS:
Texto comparativo: Pietá X A Fuga: Tabu e coragem

Pietá

Gang-Do cobra dívidas de empréstimos e faz uso da violência para que as contas fechem. Uma mulher começa a segui-lo e diz ser sua mãe. A aproximação muda a rotina solitária do protagonista, o que o afeta mais do que gostaria.

LEIA MAIS:
Texto comparativo: Pietá X A Fuga: Tabu e coragem


Qual o Nome do Bebê?

Um jantar em família ganha contornos de um acalorado debate quando o futuro papai Vincent (Patrick Bruel, de Paris-Manhattan) anuncia a intenção de batizar seu filho como Adolphe. As similaridades com o nome do ditador nazista é o estopim das discussões, que geram momentos engraçados.

Há muito texto e praticamente só um cenário, o que não consegue esconder as origens teatrais do roteiro. Os desdobramentos das discussões sobre os significados (não só etimológicos) dos nomes trazem um interesse maior a linguistas pelo filme.

Qual o Nome do Bebê? (Le prénom)
Roteiro e Direção: Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte
Elenco: Patrick Bruel, Valérie Benguigui, Charles Berling, Guillaume de Tonquedec, Judith El Zein, Françoise Fabian
Duração: 109 minutos
País: França, Bélgica

Nota: 6


Super Nada

Um ator (Marat Descartes, de 2 Coelhos) consegue a chance de participar do programa televisivo de seu ídolo (Jair Rodrigues, de Caminho dos Sonhos). O que parece ser a oportunidade de uma vida transforma-se em mais um tormento na vida de Guto.

Em seu filme anterior, Corpo (2007), o diretor Rubens Rewald incluiu cenas de exercícios teatrais na trama do thriller investigativo. A mistura não deu certo naquela ocasião. Ao criar um roteiro que abraça esses recursos do palco, o saldo é muito mais positivo. A nova produção brinca de enganar o público, que não sabe em que lado está da barreira entre realidade e encenação.

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Cobertura: Jair Rodrigues no papel de comediante decadente (SaraivaConteúdo)

Super Nada
Direção: Rubens Rewald, Rossana Foglia
Roteiro: Rubens Rewald
Elenco: Marat Descartes, Cristiano Karnas, Clarissa Kiste, Jair Rodrigues, Denise Weinberg
Duração: 94 minutos
País: Brasil, México

Nota: 8

quinta-feira, 14 de março de 2013

Anna Karenina: Como esconder a ousadia

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


A primeira coisa que pensamos ao saber um pouco mais de Anna Karenina é: “Mais uma vez Joe Wright trabalha com Keira Knightley?” Felizmente a dupla consegue retomar a parceria sem cair na repetição, apesar do que sugere o trailer.

A adaptação do romance de Tolstói é a terceira produção de época dirigida por Wright e estrelada por Kightley. Agora a atriz é um aristocrata da Rússia czariana que se envolve com um conde (Aaron Taylor-Johnson, de Selvagens), apesar de ser uma mulher casada.

Apesar de ter o mesmo diretor e a mesma protagonista de Orgulho e Preconceito (2005) e Desejo e Reparação (2007), Anna Karenina tem uma diferença fundamental. O longa foi quase todo gravado dentro de um teatro. As longas tomadas que Wright exibiu em seus filmes anteriores servem para que sejam eliminados cortes entre cenas: os espectadores podem ver a troca dos cenários.


A teatralidade além de elegante tem a função prática de afastar a exigência por uma realismo pleno. Com esse elemento inusitado, abre-se uma brecha para que se aceite todos os personagens russos falando diálogos em inglês.

Por outro lado, o pessoal responsável por vender o filme pensa bem diferente. O trailer tenta de toda maneira capturar os fãs das colaborações passadas entre diretor e atriz. Assim, apenas uma troca de cenário é inserida no vídeo, e de forma breve, para dar a impressão de que se trata de um filme convencional.

Se o trailer enfatizasse a novidade de Anna Kerenina, não acho que uma parcela grande do público cativo seria afastada. No entanto, essa opção mais honesta poderia atrair uma plateia mais diversificada para as salas de cinema.


Anna Karenina
Direção: Joe Wright
Roteiro: Tom Stoppard
Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson, Matthew Macfadyen, Kelly Macdonald, Guro Nagelhus Schia, Domhnall Gleeson, Alicia Vikander
Duração: 129 minutos
País: Reino Unido

Nota: 8

segunda-feira, 11 de março de 2013

Pietá X A Fuga: Tabu e coragem

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Pelo cinema conseguimos discutir assuntos delicados. Um dos maiores tabus da humanidade é a questão do incesto e duas produções recentes resvalam nesse complicado tópico.

O tema central de Pietá (Pieta) é a culpa, mas há cenas incestuosas no longa. Gang-Do (Lee Jeong-jin, de Troubleshooter) trabalha fazendo cobranças de pequenos empresários. Quem não tem o dinheiro para saldar o empréstimo é agredido e torna-se um deficiente físico. Assim, podem pleitear o seguro e sanar da dívida.

Um dia, Mi-Son (Jo Min-soo) começa a persegui-lo e diz ser sua mãe, que o abandonou quando era um bebê. A princípio, Gang-Do não a aceita, mas decide fazer um teste de maternidade totalmente excêntrico. Ele tenta abusá-la sexualmente e diz que se for incapaz de concretizar o ato, saberá que ela é realmente sua mãe.


Pietá só tem mais uma cena que sugere incesto, mas é muito mais corajoso do que todos os momentos de A Fuga (Deadfall). O filme tem o tema mais no cerne do conflito, mas mesmo assim encontra uma maneira de exibi-lo com uma sutileza frustrante.

Addison (Eric Bana, de Hanna) e Liza (Olivia Wilde, de As Palavras) são irmãos criminosos, mas seu último golpe sofre um contratempo que os obriga a seguir caminhos diferentes. Ele foge pela floresta, enquanto ela pega a estrada onde arruma carona com o também fugitivo Jay (Charlie Hunnam, de A Tentação).

Há várias insinuações de um histórico incestuoso entre os irmãos, mas o máximo que se vê na tela é um selinho. A impressão que fica é que havia mais cenas para contemplar o assunto, mas as mesmas foram cortadas pela costumeira covardia dos produtores de Hollywood. Esperemos que no DVD tais cenas possam ser vistas ao menos como extras.

Pietá (Pieta)
Roteiro e Direção: Kim Ki-duk
Elenco: Lee Jeong-jin, Jo Min-soo
Duração: 104 minutos
País: Coreia do Sul

Nota: 7

A Fuga (Deadfall)
Direção: Stefan Ruzowitzky
Roteiro: Zach Dean
Elenco: Eric Bana, Olivia Wilde, Charlie Hunnam, Kris Kristofferson, Sissy Spacek, Treat Williams
Duração: 95 minutos
País: EUA

Nota: 5

sexta-feira, 8 de março de 2013

Estreias da semana

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Amigos Inseparáveis

Val (Al Pacino, de As Duas Faces da Lei) sai da penitenciária depois de 30 anos e vai passar um dia com Doc (Christopher Walken, de Sete Psicopatas e um Shih Tzu). O amigo tem a missão de executar o ex-presidiário em menos de 24 horas.

O maior feito do filme está em mesclar bem momentos cômicos com outros dramáticos. O humor vem das tentativas dos sexagenários de se adaptarem ao mundo moderno, como a invasão de uma drogaria para furtar remédios. A emoção vem da amizade imutável e do dilema de Doc.

LEIA MAIS:
Coluna: O dom de envelhecer (SaraivaConteúdo)

Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys)
Direção: Fisher Stevens
Roteiro: Noah Haidle
Elenco: Al Pacino, Christopher Walken, Alan Arkin, Julianna Margulies, Mark Margolis, Lucy Punch, Addison Timlin, Vanessa Ferlito
Duração: 95 minutos
País: EUA

Nota: 6


Killer Joe

Uma família desajustada trama a morte da mãe para ficar com o dinheiro do seguro de vida. Eles contratam Joe (Matthew McConaughey, de Magic Mike) para dar cabo do serviço, mas o plano não sai totalmente dentro do esperado e a situação se complica.

Como um todo, o elenco entrega atuações inspiradas nesse thriller dinâmico. A forma como as bizarrices do texto são impressas na tela mostra que o diretor William Friedkin (Possuídos) ainda está em plena forma.

LEIA MAIS:
Perfil: Matthew McConaughey (SaraivaConteúdo) – em breve

Killer Joe – Matador de Aluguel (Killer Joe)
Direção: William Friedkin
Roteiro: Tracy Letts
Elenco: Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Juno Temple, Thomas Haden Church, Gina Gershon, Marc Macaulay
Duração: 102 minutos
País: EUA

Nota: 8


Oz: Mágico e Poderoso

Antes de Dorothy e companhia trilharem a estrada de tijolos amarelos, o ilusionista Oscar (James Franco, de Planeta dos Macacos: A Origem) chegou à Terra de Oz em um balão. Ele se envolve na rixa entre as irmãs bruxas e o povo o considera um poderoso salvador, com poderes mágicos.

A produção abusa da computação gráfica, ao ponto de irritar alguns espectadores. A falta de carisma do protagonista prejudica a experiência, apesar de o roteiro contemplar aspectos da terra mágica que não estão na famosa adaptação de 1939. Há ainda uma teimosia estadunidense em dizer que Thomas Edson inventou o cinema. Em um cenário em que as bilheterias estrangeiras são mais importantes do que as domésticas, esse patriotismo cego é também uma grande estupidez.

LEIA MAIS:
Matéria: O secular fascínio da Terra de Oz (Saraiva Conteúdo)

Oz: Mágico e Poderoso (Oz the Great and Powerful)
Direção: Sam Raimi
Roteiro: Mitchell Kapner, David Lindsay-Abaire
Elenco: James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams, Zach Braff, Bill Cobbs, Joey King, Tony Cox
Duração: 130 minutos
País: EUA

Nota: 4

A Parte dos Anjos

Depois que virou pai, Robbie quer deixar para trás seu passado violento. Ele acha uma forma inusitada de realizar seu plano: organizar um roubo “inofensivo” com seus amigos.

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Crítica do filme: Lá e cá


O Quarteto

O asilo de músicos faz uma apresentação anual para coletar fundos que manterão a instituição em funcionamento. A chegada de Jean (Maggie Smith, de O Exótico Hotel Marigold) traz esperança de bons rendimentos, mas suas dívidas com o passado podem comprometer o espetáculo.

A dinâmica entre os personagens é equilibrada e mantém a atenção do público o tempo todo. Os conflitos mostram personagens falhos, mas que não deixam de ser simpáticos. A mensagem final é bela como a voz de um cantor lírico.

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Coluna: O dom de envelhecer (SaraivaConteúdo)

O Quarteto (Quartet)
Direção: Dustin Hoffman
Roteiro: Ronald Harwood
Elenco: Maggie Smith, Tom Courtenay, Billy Connolly, Pauline Collins, Michael Gambon, Sheridan Smith
Duração: 98 minutos
País: Reino Unido

Nota: 7