sexta-feira, 13 de abril de 2012

Barbeiros X Limbo: Rotinas antigas

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)



O cinema, assim como o jornalismo, normalmente ocupa-se de apresentar situações inusitadas. Então, como é possível fazer filmes cujos temas são rotinas? Dois documentários em curta-metragem brasileiros empenham-se nessa tarefa, que faz sentido porque tratam de rotinas antiquadas.

Barbeiros mostra o cotidiano de um profissão em vias de extinção. Antigamente qualquer homem de direito tinha compromissos frequentes com seu barbeiro. Dizia-se até que um homem é mais fiel a seu barbeiro do que a sua esposa. Atualmente tal hábito se perdeu e esse trabalhador está mais escasso.


O documentário colhe depoimentos no local mais apropriado possível: no salão, enquanto os personagens desempenham seu ofício, representando o hábito dos clientes de conversar com o barbeiro enquanto ele corta o cabelo.

A câmera de Barbeiros explora os objetos dos salões em planos que retratam a decadência elegante e antiquada que se relaciona com a profissão. Já o curta Limbo, como o título sugere, us imagens de não-espaços.


O intuito do curta é mostrar o fim da rotina social do interior do Rio Grande do Sul. Isso é obtido com planos de paisagens, como de playgrounds nos quais os brinquedos balançam ao sabor do vento, mas estão vazios. Para aumentar a sensação fatalista, não há personagens no filme.

Assim, Limbo leva o fim dessas tradições gaúchas para dentro da mente do espectador, que vislumbra os espaços vazios ou com pouca dinâmica. Dessa maneira, o curta força seu público a abandonar o ritmo acelerado da vida urbana e impõe a lentidão rural. O incômodo causado é a prova de que se vive em um tempo diferente daquele que se vê na tela.

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