quarta-feira, 11 de abril de 2012

O Príncipe do Deserto: Anacrônico

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Quando escrevi sobre Cavalo de Guerra, defendi o fato de personagens franceses e alemães sempre falarem inglês no filme. Na direção de Spielberg tudo remete ao passado e a opção faz sentido. O Príncipe de Deserto (Black Gold) se passa em terras árabes e todos seus personagens falam inglês, mas falta coesão para sustentar a liberdade linguística.

O enredo é sobre o começo da exploração petrolífera na região no início do século XX, e sobre os conflitos que surgiram entre tribos locais na época. Por se tratar de um tema histórico com reverberações nos dias de hoje, o filme poderia optar uma abordagem antiquada ou mais moderna. Entretanto, o longa fica no meio do caminho, com elementos estéticos e narrativos atuais e outros retrôs.


Os personagens não falam árabe porque os atores que os interpretam não são de origem árabe. Os dois sultões rivais são vividos pelo espanhol Antonio Banderas (A Pele que Habito) e pelo inglês Mark Strong (John Carter). A indiana Frieda Pinto (Imortais) foi escalada como mocinha. Pelo menos o protagonista tem algum sangue árabe nas veias: o francês Tahar Rahim (O Profeta) é descendentes de argelinos.

A trilha musical mescla momentos em que é bem tradicional e outras situações em que chega a ser engraçadinha. O mesmo acontece com o roteiro, que ainda traz cenas desnecessárias.

Como o filme não se decide por qual linha estética adotar, o espectador também fica perdido. Assim, a imersão essencial para se envolver com a história fica comprometida.


O Príncipe de Deserto (Black Gold)
Direção: Jean-Jacques Annaud
Roteiro: Menno Meyjes
Elenco: Tahar Rahim, Mark Strong, Antonio Banderas, Freida Pinto
Duração: 130 minutos
País: França, Itália, Catar, Tunísia

Nota: 4

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