quinta-feira, 7 de março de 2013

A Parte dos Anjos: Lá e cá

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)



O cinema é uma janela para o mundo. Pelos filmes, o espectador pode vislumbrar culturas, costumes e realidades totalmente diferentes de seu cotidiano. Com A Parte dos Anjos (The Angels’ Share) acontece o oposto. Apesar de se passar na Irlanda, é possível traçar semelhanças com o que acontece em grandes cidades brasileiras.

Robbie (Paul Brannigan) sempre levou a vida com pequenos delitos e muita violência. Agora que ele é pai, quer mudar de postura, mesmo com o passado em seu encalço. Enquanto presta serviços comunitários, conhece Harry (John Henshaw, de À Procura de Eric), que lhe ensina a saborear whiskies. É com esse novo conhecimento que Robbie esperar virar o jogo.

A forma agressiva como o protagonista encara seus problemas é bem parecida com a atitude de jovens da periferia dos centros urbanos brasileiros. Robbie usa a violência (verbal e física) simplesmente porque não conhece outra maneira de expressar suas insatisfações.


Em A Parte dos Anjos, o problema é resolvido por causa de dois agentes. Primeiramente o Estado lhe dá uma pena alternativa ao invés de trancá-lo em um presídio com criminosos realmente perigosos. Depois há a figura de Harry, que mostra paciência e tolerância com Robbie.

No cinema brasileiro há um exemplo de recuperação social semelhante. Em O Contador de Histórias (2009), uma professora (Maria de Medeiros, de Minha Vida sem Mim) consegue salvar um jovem (Paulinho Mendes) da criminalidade. Ela usa justamente as mesmas ferramentas que Harry.

Portanto, A Parte dos Anjos satisfaz duas funções do cinema: é uma janela para o mundo e ainda convida para uma reflexão social.


A Parte dos Anjos (The Angels’ Share)
Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty
Elenco: Paul Brannigan, John Henshaw, Gary Maitland, Jasmine Riggins, William Ruane, Roger Allam, Siobhan Reilly
Duração: 101 minutos
País: Reino Unido, França, Bélgica, Itália

Nota: 8

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