sábado, 31 de março de 2012

Xingu X Paralelo 10: Os donos da terra

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Como já havia dito no texto sobre Calafate, Zoológicos Humanos, a questão indígena está longe de ser um assunto encerrado. Para acirrar a discussão, há dois filmes nacionais recentes que, em conjunto, traçam um histórico do assunto desde o meio do século XX até hoje.

Xingu conta a história dos irmãos Villas Boas, que nos anos 1940 abandonaram tudo para desbravar o então desconhecido centro do Brasil. Não demorou para que Oslando (Felipe Camargo, de Som e Fúria), Cláudio (João Miguel, de A Suprema Felicidade) e Leonardo (Caio Blat, de As Mães de Chico Xavier) entrassem em contato com índios. O encontro mudaria para sempre a vida dos Villas Boas e dos povos nativos.

Por décadas os irmãos lutaram pelos índios, seja contra um governo que quer construir estradas e cidades onde antes era selva, seja contra fazendeiros que querem usar as terras para agricultura e pecuária.


A expedição dos Villas Boas foi um redescobrimento do Brasil. Eles tiveram de reviver os mesmo problemas de séculos anteriores: a doença dos índios após o contato com os germes que os brancos carregavam, o debate sobre quem é o verdadeiro dono da terra, entre outras questões.

Os irmãos indianistas chegaram à conclusão de que os nativos necessitam de grandes áreas isoladas para conservar suas culturas e estilo de vida. Foi essa a posição adotada pela Funai a partir de 1987, segundo relata o documentário Paralelo 10.

O filme mostra nos novos dilemas da questão indígena. Focado na missão de José Carlos Meirelles no estado do Acre, o espectador vê a nova dinâmica. Agora é necessário para lidar com os índios que já convivem com os brancos, com os povos que ainda estão isolados e como um tipo de índio interfere na vida do outro.


O esforço da Funai é manter os índios “bravos”, como são chamados os povos isolados, longe do contato com o homem branco. Para isso, é preciso convencer os índios contatados a ajudar nesse isolamento dos outros índios.

O que se conclui de Paralelo 10 é que se trata de um debate cinético, em que se precisa ajustar a postura a todo momento para contornar males seculares.

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