quinta-feira, 21 de junho de 2012

Moacir X Oma: A ética e o objeto

por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Quando um documentário tem como objeto de estudo um ser humano, é preciso um cuidado especial na forma como tratar seu protagonista. Antes de se cogitar a imparcialidade, faz-se necessário refletir sobre a ética.

O cineasta argentino Tomás Lipgot conheceu o brasileiro Moacir durante o processo de realização do documentário Fortalezas (2010). Na ocasião, o imigrante estava internado em um hospital para doentes mentais. Tomás percebeu que a história de Moacir merecia m filme próprio.

O longa Moacir conta a vida e o sonho desse excêntrico cantor e compositor. Depois de terminado o tratamento mostrado no documentário anterior, o brasileiro vive sozinho em um minúsculo apartamento em Buenos Aires. Ele começa a se reunir com o produtor musical Sergio Pangaro para gravar seu primeiro CD, com canções clássicas e composições próprias.

 
Durante o processo, o espectador vê a personalidade do artista, com quem nem sempre é fácil de se conviver. Moacir faz questão de manter algum controle sobre o CD e até sobre o documentário.

O questionamento ético ocorre porque Moacir é mais um personagem curioso, a começar pelo figurino que inclui uma coleção de percas, do que um talento não-revelado. Ele se entrega ao filme, mas claramente não terá o sucesso e a fama plenos. Por outro lado, talvez esse gostinho do sonho que o documentário lhe proporciona seja mais benéfico do que prejudicial para o psicológico dele.


O curta-metragem Oma escancara a intimidade família de seu realizador, além de trazer a questão da fragilidade mental de sua protagonista. O diretor Michael Wahrmann (Avós) leva sua câmera toda vez que vai visitar sua avó no Uruguai. Ele registra os desencontros lingüísticos que trava com a idosa, uma vez que ela teima em falar alemão.

O filme é calcado na montagem e tem suas qualidades técnicas, mas abre-se a discussão de definir até que ponto a protagonista foi apenas explorada. No caso de Oma, tendo a ficar em cima do muro. Já com Moacir, acho mais fácil fazer a defesa ética do filme.

Moacir
Direção: Tomás Lipgot
Roteiro: Javier Zevallos
Elenco: Moacir Dos Santos, Sergio Pangaro
Duração: 75 minutos
País: Argentina

Nota: 8

Moacir foi visto no II Festival Internacional Lume de Cinema (São Luís, MA)
 
Oma
Roteiro e Direção: Michael Wahrmann
Elenco: Michael Wahrmann, Gerda Gruenwald Wahrmann, Tomas Wahrmann, Daniel Wahrmann
Duração: 22 minutos
País: Brasil

Nota: 7

Oma foi visto no Olhar de Cinema (Curitiba, PR)

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