domingo, 22 de janeiro de 2012

J. Edgar X A Dama de Ferro: Ícones destros

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Quem acompanha meus textos já deve ter percebido que minha visão política está mais alinhada com os princípios esquerdistas. Em um momento em que estão para ser lançadas no Brasil duas cinebiografias de grandes figuras da direita, assistir a esses filmes provou-se um exercício de neutralidade.

J. Edgar narra a vida do homem que transformou o FBI na instituição que é hoje. Hoover ficou a frente do Bureau por várias décadas e conviveu com oito presidentes dos Estados Unidos. O filme dirigido por Clint Eastwood (Além da Vida) não deixa de mostrar o lado mais sombrio de sua personalidade.


Hoover ficou conhecido por manter um arquivo secreto com documentos que, se fossem divulgados, desagradariam grandes nomes da história estadunidense do século XX. A posse desse conhecimento, muitas vezes obtido de forma irregular, garantia que Edgar tivesse poder de chantagem sobre os poderosos de Washington.

Mesmo com tantos defeitos de personalidade expostos, J. Edgar consegue envolver e até mesmo emocionar. O protagonista é apresentado como um homem amargurado e digno de pena, que nunca permitiu a si mesmo o direito de assumir sua homossexualidade.

Outra figura importante do pensamento de direita que teve sua vida retrata nas telas de cinema foi a ex-Primeira Ministra inglesa Margaret Thatcher. Em A Dama de Ferro (The Iron Lady), sua trajetória política é contada desde a juventude durante a Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje, afastada das manchetes de jornal. A vida pessoal de Thatcher é deixada em segundo plano, o foco do filme está na relação dela com o poder. Nesse sentido, o filme usa táticas questionáveis para validar as atitudes polêmicas da protagonista.


Sempre que Margaret tem um enfrentamento verbal no Parlamento, seus opositores são retratados como selvagens. Eles berram e mostram os dentes de forma animalesca, enquanto Thatcher é mais pacífica. Os ângulos de câmera são escolhidos para acentuar as diferenças de postura.

Em questões polêmicas do mandato de Margaret, o filme também usa suas manobras. A Guerra das Malvinas é mostrada como um ato de nacionalismo, uma obrigação de Thatcher em esforçar-se para manter todos os territórios britânicos unidos. Na verdade, o combate salvou a aprovação dela junto ao povo e garantiu mais tempo no poder, da mesma maneira que aconteceu com George W. Bush e as guerras no Afeganistão e Iraque.

Em outros momentos, o filme prefere não se aprofundar. Um exemplo da economia de argumentos se dá quando Thatcher decreta uma taxa única e igual para todos os cidadãos, sejam eles miseráveis ou multibilionários.

Em J. Edgar a maquiagem usada para envelhecer Leonardo Di Caprio (A Origem) é muito superior à aplicada em outros atores do mesmo filme. No entanto, A Dama de Ferro tem um trabalho de maquiagem mais eficiente, seja no rosto de Meryl Streep (Simplesmente Complicado), seja nos assuntos delicados a serem tratados.

2 comentários:

  1. O Leonardo Di Caprio está incrível como sempre!

    ResponderExcluir
  2. Taí, dois filmes 'políticos' que anseio muito.
    The Iron Lady, é o mais esperado pela digníssima Meryl, mas J.Edgar não perde o seu glamour...
    Espero que A dama de ferro não demora muuito para chegar por aqui! :x
    Abraços.
    Camila Leite

    @sonhospontinhos
    www.sonhosentrepontinhos.com

    ResponderExcluir