quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Separação: Momentos propícios

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


A razão pela qual o filme iraniano A Separação (Jodaeiye Nader az Simin) estar fazendo uma bela carreira internacional começa pelas qualidades de seu roteiro. O enredo é aparentemente simples, mas dá conta de explicitar vários problemas da sociedade iraniana.

Apesar de ainda amar seu marido, Simin (Leila Hatami) pede o divórcio. Ela quer morar fora do país, mas Nader (Peyman Moadi) precisa ficar para cuidar do pai doente. Nessa situação, Simin sente-se presa, já que o marido não permite que ela leve a filha deles para viver na Europa.

A partir daí a situação se complica gradativamente para todos os personagens. Novos problemas surgem e o espectador atento percebe que o panorama sócio-político-religioso do Irã é o principal culpado pelos infortúnios apresentados no filme.


Para atingir esse objetivo, A Separação faz algo que é elogiado em muitas produções europeias: não há uma figura que personifique claramente o vilão. Todos ali são vítimas das circunstâncias.

Quando se tem uma filme que critica a sociedade iraniana exatamente no momento em que a comunidade internacional se posiciona contra os ditames do governo de Mahmoud Ahmadinejad, cria-se um contexto premiado para A Separação. A tendência de ir contra o regime iraniano não está apenas na questão nuclear e militar. No mundo das artes, vive-se um momento de censura e opressão, com alguns cineastas na cadeia e proibidos de realizar novas obras.

A forma mais elegante de se posicionar contra essas posturas que beiram o totalitarismo é pelas artes, conquistando prêmios como o Globo de Ouro para melhor filme em língua estrangeira.


A Separação (Jodaeiye Nader az Simin)
Roteiro e Direção: Asghar Farhadi
Elenco: Peyman Moadi, Leila Hatami, Sareh Bayat, Shahab Hosseini, Sarina Farhadi, Merila Zare'i, Ali-Asghar Shahbazi, Babak Karimi
Duração: 123 minutos
País: Irã

Nota: 9

Para entender melhor a situação iraniana, clique aqui e saiba mais sobre os filmes Dias Verdes e Isto não É um Filme.

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