terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Mãe e Filha: Rica simbologia

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Apesar do crescimento evangélico dos últimos anos, o Brasil ainda é conhecido como o maior país católico do mundo. A fé cristã está tão arreigada à cultura nacional que os símbolos inseridos em Mãe e Filha saltam aos olhos.

Em um primeiro contato, a história tem um quê de macabro. Uma mulher volta para a casa de sua mãe no interior e leva consigo o cadáver de um bebê, seu filho. A avó trata o morto como se ele fosse um bebê saudável e se recusa a enterrá-lo. Pode parecer um disparate colocar símbolos cristãos em uma trama tão sombria, mas vale lembrar que os fiéis comungam nas missas católicas. No ritual, se consome simbolicamente o sangue e o corpo de Jesus.


Os próprios personagens representam a Santíssima Trindade. A mãe é o Pai (o Antigo Testamento e as leis primordiais), a filha é o Filho (que desafia alguns princípios antigos e traz uma nova verdade) e o bebê é o Espírito Santo (cuja manifestação é mais sutil e silenciosa).

A alegoria esbanja brasilidade, não só pelo cenário. Quatro vaqueiros tipicamente nordestinos fazem as vezes dos Cavaleiros do Apocalipse, por exemplo. Há muitos outros símbolos cuja identificação renderá uma boa conversa depois da sessão de cinema.

Entretanto, é necessário um aviso. O ritmo de Mãe e Filha é extremamente lento, portanto é preciso de bastante paciência. A dica é aproveitar o tempo alongado para tentar capturar o maior número possível de símbolos e preparar-se para a discussão posterior.


Mãe e Filha
Direção: Petrus Cariry
Roteiro: Petrus Cariry, Firmino Holanda, Rosemberg Cariry
Elenco: Zezita Matos, Juliana Carvalho
Duração: 80 minutos
País: Brasil

Nota: 6

Mãe e Filha foi assistido no Festival do Rio 2011.

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