Spoilerômetro: • (?)
A maioria das críticas sobre Corações Sujos vai discorrer das diferenças que o filme tem com o livro que originou seu roteiro. Como não li o texto, não posso seguir esse caminho, mas escolhi outro tema: o uso de lentes de efeito.
A fita conta a história de imigrantes japoneses no Brasil. Em 1945, a maioria deles ser recusava a acreditar na derrota de sua pátria na Segunda Guerra Mundial. Com isso, começou um conflito armado entre os imigrantes.
Entre uma cena e outra, o diretor Vicente Amorim (Um Homem Bom) usa uma lente que distorce a imagem. O problema é que esse recurso estético é empregado sem qualquer critério narrativo e não colabora para o desenvolvimento do enredo. A lente entra no jogo apenas como uma afetação.
Essa teimosia estética me lembra de quando tinha ganhado minha primeira caixa de lápis de 24 cores (antes eu estava limitado a 12 cores). Eu pintava todos os objetos possíveis (roupas, carros,...) de verde-água, animado com a novidade. Eu tinha 9 anos.
Corações Sujos tinha muitas trilhas narrativas interessantes que poderiam ser traçadas, já que a premissa é pungente. O filme podia transportar para tela a tensão e emoção que dizem conter as páginas de Fernando Morais, ao invés de ser frio. Outra opção seria explorar a dualidade dos imigrantes japoneses, apegados a suas raízes, mas que se comportam como eternos estranhos no ninho. Infelizmente, não há profundidade para essa discussão.
Ao invés de optar por qualquer coesão narrativa, parece que o filme perde muito tempo encantado com o recurso ótico. Se tivessem quebrado a tal lente logo no primeiro dia de filmagem, suspeito que o resultado final seria melhor.
Corações Sujos
Direção: Vicente Amorim
Roteiro: David França Mendes
Elenco: Tsuyoshi Ihara, Takako Tokiwa, Eiji Okuda, Shun Sugata, Kimiko Yo, Eduardo Moscovis, Celine Fukumoto
Duração: 90 minutos
País: Brasil
Nota: 3
Corações Sujos foi visto no Festival do Rio 2011
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