sábado, 14 de julho de 2012

Chernobyl X Armadinha: Vilões desfocados

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Uma das formas de se conseguir criar uma franquia no gênero de terror ou suspense é com vilões interessantes. Duas tentativas recentes nesse sentido gastam muita energia com os mocinhos e têm suas possíveis sequências arriscadas.

Oren Peli ganhou fama depois de criar Atividade Paranornal, um fenômeno entre as produções de found footage (imagens encontradas, como A Bruxa de Blair). Agora o roteirista arrisca-se em um tipo de terror mais tradicional em Chernobyl (Chernobyl Diaries) – o filme até começa com uma montagem de vídeos gravados como se a câmera fosse operada por um amador. De forma geral, o que se vê é uma câmera nervosa, mas que não faz parte das cenas.


Na franquia Atividade Paranormal finge-se o registro histórico de uma família assombrada. Em Chernobyl, a premissa parte de um elemento real: décadas depois do acidente nuclear, grupo de turistas são permitidos a visitar a região onde moravam os trabalhadores da usina de Chernobyl. O filme acompanha um desses grupos.

O problema do roteiro é que há muito espaço para os protagonistas e seus conflitos pessoais. O mistério que eles encontrarão em sua viagem é explicado muito superficialmente. Com as mortes que acontecem no grupo, sobra pouco para ligar com uma possível sequência. E não dá para fazer um prólogo com os mesmos personagens, como foi feito em Atividade Paranormal.


O mesmo mal assola Armadilha (ATM). Logo durante a apresentação dos créditos iniciais, percebe-se que o vilão planeja algo com muito cuidado, usando plantas baixas de um caixa eletrônico. Quando a ação do filme finalmente se passa dentro do cenário do plano maligno, pouco se descobre do vilão.

O roteiro prefere caracterizar o trio de colegas de trabalho que ficam presos no caixa eletrônico durante uma madrugada fria. Se um deles resolver sair do local, será atacado por um homem forte e sinistro que usa de muita violência para matar suas vítimas.

Nos créditos finais é sugerido que planos semelhantes serão (ou foram) executados em outras locações, como minimercados. Nesse ponto o título que a produção ganhou no Brasil é inteligente. Por outro lado, como pouco se sabe das motivações do vilão, fica difícil imaginar uma sequência interessante.

Chernobyl (Chernobyl Diaries)
Direção: Bradley Parker
Roteiro: Oren Peli, Carey Van Dyke, Shane Van Dyke
Elenco: Ingrid Bolsø Berdal, Dimitri Diatchenko, Olivia Taylor Dudley, Devin Kelley, Jesse McCartney, Nathan Phillips, Jonathan Sadowski
Duração: 86 minutos
País: EUA

Nota: 5



Armadilha (ATM)
Direção: David Brooks
Roteiro: Chris Sparling
Elenco: Alice Eve, Josh Peck, Brian Geraghty
Duração: 90 minutos
País: EUA, Canadá

Nota: 3

2 comentários:

  1. Chernobyl é fraco, mas gostei da atmosfera mesmo que a câmera de mão tenha incomodado.

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    1. Olá, Márcio
      Concordo que o problema de Chernobyl não é a câmera. O roteiro é deficiente.

      Obrigado pela visita!

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