segunda-feira, 2 de julho de 2012

Beaufort X Memórias de Xangai: Cicatrizes

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Dois filmes demoraram anos para cruzar o mundo e estrear no Brasil simultaneamente. Além da demora no lançamento, eles partilham outra semelhança, ambos falam de consequências pessoais de panoramas políticos.

Beaufort se passa dentro de um forte israelense na divisa com o Líbano. O local será desativado, mas Israel não quer que a retirada seja percebida como uma derrota judaica. Por isso, os militares permanecem lá dentro, sendo ameaçado por bombardeiros, mas sem revidar os ataques.

Em uma das cenas, um desarmador de bombas caminha pelos túneis do forte e acha um guarda em vigília. Quando se aproxima, percebe que é um manequim que “vigia” o posto. Na verdade, todos os soldados lá dentro não passam de bonecos, fingindo defender a posição que estrategicamente é inútil para Israel.


Beaufort trata de consequências mais imediatas, as sequelas que os combatentes carregarão para toda a vida. Por outro lado, Memórias de Xangai (Hai shang chuan qi) olha mais longe. O documentário traz relatos de chineses que contam como suas vidas foram afetadas pelo regime totalitário instituído no país por Mao.

Entre as histórias narradas, o filme mostra muita consciência cinematográfica na montagem. Há cenas cotidianas entre os depoimentos e o uso de imagens de filmes chineses de ficção. Dessa forma, Memórias de Xangai aborda o presente, mas contempla o passado.

Beaufort
Direção: Joseph Cedar
Roteiro: Joseph Cedar, Ron Leshem
Elenco: Alon Aboutboul, Adi Adouan, Yaakov Ahimeir, Guy Apriat, Avi Ayoun, Itamar Barzani, Daniel Bednar, Alon Ben David, Moshe Ben Shushan, Daniel Bruck
Duração: 131 minutos
País: Israel

Nota: 6



Memórias de Xangai (Hai shang chuan qi)
Roteiro e Direção: Zhang Ke Jia
Elenco: Hsin-i Chang, Dan-qing Chen, Mei-Ru Du, Ming-yi Fei, Hsiao-hsien Hou, Baomei Huang, Chia-Tung Lee
Duração: 125 minutos
País: China

Nota: 7

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