por Guilherme Kroll
Muito antes de polêmicas com o Brasil, em 6 de julho de 1946, nascia Sylvester Gardenzio Stallone, em Nova York. Descendente de imigrantes italianos, o menino teve complicações no parto e para nascer foi preciso de dois fórceps. Um mal-uso dos instrumentos afetou um nervo facial que lhe daria uma deformação no rosto que o acompanha por toda a vida.
Após uma infância e uma adolescência difícil, período no qual chegou a trabalhar de cabelereiro e ir para uma escola para jovens problemáticos, Stallone conseguiu estudar artes dramáticas Leysin American School, universidade no vilarejo de Leysin na Suiça. Mas ao voltar para a América, Stallone nunca se graduou, preferindo ir tentar a vida de roteirista em Hollywood.
Só que suas primeiras tentativas foram fracassadas e, durante um período difícil no qual fora despejado, Stallone acabou conseguindo o seu primeiro papel, uma participação no filme pornô softcore Italian Stallion – que se chamava originalmente The Party at Kitty and Stud's, mas mudou de nome e de edição quando o ator atingiu o estrelato.
Esse sucesso demorou a aparecer. Antes, fez diversos papéis menores em filmes pouco expressivos. Sua vida estava longe de ser fácil, e a carreira no cinema tinha tudo para terminar de maneira melancólica quando o ator teve uma epifania durante luta entre Muhammad Ali e o pouco conhecido Chuck Wepner, em 1975.
No combate, Wepner conseguiu levar o poderoso Muhammad Ali (que já tinha derrotado até o Superman) à lona e engrossou até o último assalto, quando Ali finalmente venceu. O enredo emocionante do duelo serviu de inspiração para Stallone, que logo em seguida escreveu furiosamente e sem parar, por três dias, o roteiro de Rocky – Um Lutador.
Aí Stallone começou uma nova luta a de conseguir produzir e estrelar o filme. Muitos produtores se interessaram pelo longa, mas não aceitavam Stallone no papel principal, preferindo astros já em evidência. Mas o velho Sly não aceitou, recusando imensas somas de dinheiro com a ideia fixa de ele mesmo ser o Rocky.
As produtoras Robert Chartoff - Irwin Winkler e United Artists acreditaram no projeto e tiveram sucesso: 10 indicações ao Oscar, inclusive duas para Stallone para o seu roteiro e atuação, e 3 vitórias, com destaque para a de melhor filme de 1976.
Aí o caminho já estava aberto para Stallone fazer o que faz de melhor, socar, lutar e atirar no cinema. Mesmo assim, primeiro ele apostou em produções que tivessem algum conteúdo dramático, no qual não foi muito bem sucedido com o público. Então Stallone parou de tentar inovar e estrelou e dirigiu Rocky 2, um sucesso milionário.
A carreira de Stallone é repleta de momentos em que ele tenta sair do estereótipo de brutamontes e busca dirigir, escrever e atuar em filmes dramáticos alternados com outros em que ele abraça sua natureza de ator de filmes de ação.
Dessa maneira, nos anos 80, Stallone até tentou dirigir algumas produções, mas acabou se envolvendo mais com longas de ação de propaganda anti-comunista. A série Rambo é o maior exemplo disso. Enquanto o primeiro, fiel ao livro First Blood de David Morrell, mostrava as mazelas psicológicas da guerra, o segundo e o terceiro preferia mostrar Rambo envolvido com a Guerra Fria.
Até Rocky Balboa participou da perna final da Guerra Fria, enfrentando Ivan Drago em território soviético, vestido com um calção estampando a bandeira dos EUA em Rocky 4.
Os anos 90 começaram de maneira melancólica para os fãs de Stallone com o horrível Rocky 5. O ator, bem como todo o gênero de cinema de ação, entraria em declínio pelos próximos 15 anos, amargando fracassos como Juiz Dredd (foto) e Alta Velocidade e/ou projetos que se mostraram frustrantes para crítica e público, como Cop Land.
Então Stallone resolveu voltar aquilo que fazia de melhor: Rocky e Rambo, com o emocionante Rocky Balboa de 2006 e o fraco Rambo 4, de 2008. Só que esses dois projetos tiveram um efeito colateral que foi colocar Stallone novamente em evidência em Hollywood.
Na mesma época, o diretor Quentin Tarantino dava declarações que tinha a ideia de fazer um filme de ação reunindo diversos atores do gênero. Tarantino abandonou o tema no ar e Stallone se apropriou dele para fazer o seu Mercenários, com nada menos que o próprio Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren e Mickey Rourke, deixando claro que o lugar do velho Sly é nos filmes de ação.
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