domingo, 2 de agosto de 2009

À Deriva





Sinopse: Passado nos anos 1980, o casal Matias e Clarice está em vias de se separar e, durante uma viagem ao litoral, enquanto os ânimos entre os dois se exaltam, a filha mais velha do casal, Filipa, está descobrindo sua vida sexual.


Ficha Técnica
À Deriva
Roteiro e Direção: Heitor Dhalia
Elenco: Vincent Cassel, Débora Bloch, Laura Neiva, Camilla Belle, Cauã Reymond
Duração: 97 minutos


 por Guilherme Kroll Domingues

(Spoilerômetro: )

À Deriva é o mais novo filme de Heitor Dhalia, que dirigiu, anteriormente, Nina e o ótimo O Cheiro do Ralo. O filme chega ao Brasil depois de ser selecionado para a mostra “Um Certo Olhar”, do maior festival de cinema do mundo, o de Cannes.

E o filme tem uma certa ligação com o cinema francês, começando pelo título, cuja sonoridade remete às obras cinematográficas desse país. Além disso, a estrela primeira da produção é o astro Vicent Cassel, conhecido de filmes como Doze Homens e Outro Segredo, Irreversível e Pacto dos Lobos.

Cassel fala protuguês fluentemente e encarna o papel de Matias, pai atencioso e marido machista, cujo casamento com Clarice (Débora Bloch, em grande forma) está indo por água abaixo. No meio disso, os três filhos. O destaque fica para a mais velha, Filipa, que tem de lidar com a destruição de seu lar ao mesmo tempo que se encontra com as primeiras experiências sexuais. O filme todo é narrado pelo ponto de vista da menina, que descobre um caso do pai com a americana Angela, interpretada por outra atriz internacional, Camilla Belle, e isso a afasta do pai.

A narrativa de À Deriva, então, é permeada por metáforas, muitas que justificam o título do longa. Cada um dos acontecimentos, por menor que seja, tem um singificado intrínseco e simbólico, abrilhantado pela ótima fotografia da película.

Mesmo com isso, o grande charme são os personagens e a interação entre eles. Cada uma das situações e comportamentos das pessoas envolvidas na histórias são palpáveis, verrossímeis, reais. De tal maneira que chega ser possível sentir o "cheiro" dos acontecimentos na sala de cinema. As interpretações são excelentes. Vicent Cassel continua sendo um ótimo ator mesmo usando outro idioma. Débora Bloch não fica devendo em nada. Laura Neiva, estreando no papel de Filipa está regular, mas mantém o nível que uma atuação juvenil necessita. Infelizmente, os outros jovens e crianças do filme não conseguem ser tão convincentes.

Outro destaque do filme fica por conta dos figurinos dos anos 1980. Tudo é sutil e nada fica forçado. Talvez a grande crítica que fique para a À Deriva é o fato de o filme ser um tanto moroso e cansativo. A trilha sonora repetitiva contribui para isso, deixando a cerca de 1h30 de filme com uma duração aparente de três horas.

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