terça-feira, 25 de outubro de 2011

Contágio: Uma espécie doente

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)



Pelos relatos de alguns veículos de imprensa na época parecia que a gripe suína era uma doença que ameaçava a humanidade. Passado o pânico, percebeu-se que a taxa de mortalidade dessa variação da doença era igual a das outras gripes.

Todo esse cenário de medo e paranoia é explorado por Contágio (Contagion), com outra patologia. O filme conta as complicações de uma pandemia, sejam tais consequências de cunho médico ou não. Em um sólo fértil para o nascimento de teorias da conspiração, saques a comércio e outros mates, o filme consegue equilibrar várias tramas paralelas.

Uma delas é encabeçada por Matt Damon que, coincidentemente ou não, participa mais uma vez de um filme cuja premissa surge para criticar os exageros da mídia – Zona Verde mostrava como o sensacionalismo cego colaborou para o início da Guerra do Iraque.

Nas cenas de Contágio em que as situações-limite afloram o pior do ser humano, muitos se lembrarão da adaptação cinematográfica de Ensaio sobre a Cegueira. Assim como o filme de Fernando Meirelles, a nova produção usa a direção de fotografia a favor da narrativa.


Com luzes claras estouradas, Ensaio sobre a Cegueira pretende deixar que seu espectador prove a cegueira branca narrada nas páginas de Saramago. Em Contágio, a luz deixa os personagens pálidos ou corados, dependendo do teor das cenas e da relação deles com a epidemia.

A doença ficcional retratada no filme é transmitida muito facilmente de pessoa para pessoa. Por essa razão, e pelos closes dados em objetos do dia a dia que podem carregar o vírus, quem tem mania de limpeza e sanitarismo pode sair da sala de cinema paranoico.





Contágio (Contagion)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns
Elenco: Matt Damon, Kate Winslet, Jude Law, Gwyneth Paltrow, Laurence Fishburne, John Hawkes, Marion Cotillard
Duração: 106 minutos
País: EUA, Emirados Árabes Unidos

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