segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Lenda dos Guardiões



Sinopse: História baseada em série de livros que conta as aventuras de uma jovem coruja que acredita nas lendas de guerra e heroísmo que ouve desde criança.


Ficha Técnica
A Lenda dos Guardiões (The Legend of the Guardians: The Owls of Ga’hoole)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: John Orloff, Emil Stern
Elenco: Jim Sturgess, Anthony LaPaglia, Helen Mirren, Hugo Weaving, Geoffrey Rush, Miriam Margolyes e Sam Neill.
Duração: 90 minutos
País: EUA, Austrália

 por Marcelo Rafael

(Spoilerômetro: )

A humanidade narra as façanhas de grandes homens e mulheres desde antes da invenção da escrita. Da Epopeia de Gilgamesh, na Mesopotâmia, passando pelos semideuses e herois gregos, até a Era Contemporânea, os homens cristalizam suas proezas em mitos. Muitos vão passando da categoria de meros mortais para lendas e ícones. Viriato, Ašoka, William Wallace, Joana D’Arc, Zumbi dos Palmares etc...

Mas, em tempos de ceticismo, informação rapidamente consumível e, principalmente, guerras constantes que expõem horror ao invés de forjar heróis, torna-se difícil a criação e perpetuação de novos arquétipos e alegorias. O mundo moderno consegue expor muito bem, ao alcance de todos o poder destrutivo que o ser humano pode ter em relação a si mesmo e ao meio ambiente. Fica difícil, então, transportar-se para uma realidade, como a do filme, onde lendas podem ser concretas. Mas os seres humanos continuam precisando delas. Ou melhor, as corujas, pois estamos tratando aqui de uma sociedade de corujas.

O sucesso da franquia Harry Potter tornou familiar ao público ideia de corujas na telona. Os produtores souberam aproveitar isso para trazer uma história contada quase que somente com essas aves. Impossível não lembrar de Edwiges, ao ver o vôo rasante do pai do protagonista, Soren (na voz de Jim Sturgess), logo nas primeiras cenas do filme. Assim como a história do bruxo britânico, A Lenda dos Guardiões (The Legend of the Guardians: The Owls of Ga’hoole) é um longa baseado em uma série livros infanto-juvenis da escritora estadunidense Kathryn Lasky, encerrada em 2008, no 15º volume.

Mas, atenção, este não é um filme para crianças. A crueza das batalhas e das brigas entre as aves pode chocar a molecada pequena ou dispersá-la.

Na história, Soren é uma jovem coruja entusiasmada com as lendas que seu pai conta sobre os tempos de guerra e as façanhas realizadas pelos Guardiões de Ga’Hoole na luta pela liberdade de todos os reinos das corujas. Seu cético irmão Kludd, zomba dos interesses de Soren, remetendo à clássica rivalidade fraterna perpetrada em parábolas como a de Caim e Abel, Rômulo e Remo, Baldur e Höðr.

Quando ambos são capturados pelo grupo de corujas denominadas “Puras”, Soren vai ter que encontrar dentro de si a coragem que as lendas antigas lhe passaram para poder escapar de sua prisão. Em sua jornada, descobre que a lenda dos Guardiões é real e a maneira como o roteiro de John Orloff e Emil Stern lida com a questão do heroísmo e do mito é muito boa. Mas, novamente, reforço: não é um filme para crianças pequenas. A idéia de que seres que se autodenominam “puros” possam ser malvados e às referências aí embutidas ao nazismo podem não fazer sentido para a ainda limitada mentalidade infantil.

A direção de Zack Snyder (de 300 e Watchmen), porém, gera tensão em um ritmo cadente, com bom uso de bullet times em cenas-chave, levando o expectador a querer saber onde tudo aquilo irá parar. Já a animação, do mesmo estúdio de Happy Feet, ao mesmo tempo que usa muito bem a fisionomia das corujas para produzir falas e expressões faciais, é muito bem feita e cria uma identificação com as emoções humanas.

A utilização de elementos da própria “cultura” das corujas (com exceção de alguns elementos fantasiosos importante para o enredo) e a trilha sonora pop com banda jovem do momento (escolhida a dedo, por sinal: Owl City (Cidade Coruja) com a música "To The Sky" (Para o Céu)) também são outros pontos positivos. E, prepare-se se você for assistir ao filme com filhos ou sobrinhos: irá ouvir muitas vezes a pergunta “Mas o que é moela?”.

O longa tem versões em 2D e 3D. Estes últimos são um grande problema para quem usa óculos: são garantia de passar duas horas usando dois pares de óculos e ajeitando-os para não caírem. Fora isso, está garantida a diversão da matinê.

Por fim, preste atenção na animação enquanto sobem os créditos, apresentada de uma forma criativa.

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