domingo, 4 de dezembro de 2011

As Flores de Kirkut X O Dublê do Diabo: Visões do Iraque

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Há pouco tempo falei de dois documentários que mostram a triste situação atual do Irã, com censuras e manobras eleitorais estranhas. O vizinho Iraque também é tema de filmes recentes, mas para narrar acontecimentos de décadas passadas, quando Saddam Hussein estava no poder. Outro elemento que une esses dois títulos de ficção é que se tratam de coproduções estrangeiras, sem a participação direta de iraquianos.

As Flores de Kirkuk (Golakani Kirkuk - The Flowers of Kirkuk) conta a história de Najla (Morjana Alaoui), uma médica que volta para o Iraque em 1988 depois de estudar na Itália. Seus valores são bem diferentes daqueles praticados para as mulheres iraquianas, o que gera muitos conflitos. No cenário político, os curdos são perseguidos pelo governo Hussein e Najla se posiciona contra essa situação.


Essa produção ítalo-suíça tem em sua história potencial para criar uma experiência emocionante e informativa, mas suas falhas técnicas atrapalham o resultado final. Os diálogos e algumas atuações transparecem amadorismo e impedem que o espectador se envolva com a história.

Tudo parece um apanhado aleatório de cenas de uma telenovela fraca. Em sua maioria, os personagens são ocos e as conexões dos acontecimentos são confusas. Quem poderia se destacar é o tenente Mokhtar (Mohamed Zouaoui), um personagem um pouco mais complexo que os demais que é desfavorecido por uma atuação fraca.


Para conferir uma ótima atuação em uma história no mesmo período histórico é preciso ir atrás de outro filme. Em O Dublê do Diabo (The Devil's Double), Dominic Cooper (Capitão América: O Primeiro Vingador) interpreta um militar que é escalado pelo filho de Saddam Hussein para ser seu sócia. Dessa forma, o protagonista entra em contato com as excentricidades e brutalidades que fazem parte da rotina Uday Hussein.

Nessa produção entre Bélgica e Holanda o espectador tem o prazer de ver Dominic entregar três atuações impressionantes: como Uday, como o sócia e como o sócia imitando Uday. O filme percebe que sua história real é suficiente para garantir uma experiência impactante para o público. Com isso, a direção não tenta se sobressair e comprometer a fita.

Esses dois filmes prestam o serviço de contar um período histórico recente que precisa ser lembrado. A importância de revisitar essa época se prova porque as consequências do governo Hussein podem ser sentidas no Oriente Médio, e no mundo, até hoje.

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