terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Atrás da Porta: Controle emotivo

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


A emoção é parte inerente da experiência cinematográfica. Por outro lado, o excesso de emotividade pode ser usado para esconder filmes fracos. É exatamente no controle da carga emotiva que reside a maior virtude de Atrás da Porta (The Door).

A trama acompanha a escritora Magda (Martina Gedeck, de O Grupo Baader Meinhof), que contrata a idosa Emerenc (Helen Mirren, de Red - Aposentados e Perigosos) para ser sua empregada doméstica nos anos 1960. Emerenc é a figura mais complexa de todo o longa. Ela tem um passado nebuloso e não permite que as pessoas entrem em sua residência. Suas visitas ficam no quintal e na varanda.

Ela tem uma relação estranha com a nova patroa. Em algumas oportunidades, demonstra afeição. Em seguida, tem atitudes inesperadas, como se quisesse tomar o controle da casa. Para viver esse complicado papel, apenas uma atriz com o talento de Mirren para dar conta do recado.


O controle da emotividade se dá na direção de István Szabó (Adorável Júlia), que não usa enquadramentos muito próximos. Na edição de Réka Lemhényi (Essential Killing), cortes bruscos entre as cenas não permitem que o espectador mergulhe demais no drama.

O único elemento que peca é a trilha musical que, para evitar a emoção, repete o mesmo tema à exaustão. Por vezes, a trilha entra em momentos totalmente inoportunos.

A intensão de Atrás da Porta é ver toda sua situação com sobriedade. Deixando de lado a opção infeliz na área musical, é exatamente isso que temos: um interessante e frio estudo de personagem.


Atrás da Porta (The Door)
Direção: István Szabó
Roteiro: István Szabó, Andrea Vészits
Elenco: Helen Mirren, Martina Gedeck, Károly Eperjes, Gábor Koncz, Enikö Börcsök, Ági Szirtes
Duração: 97 minutos
País: Hungria, Alemanha

Nota: 8

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