quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Shame X Drive: Em nome da elegância

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Os cinemas brasileiros receberão em breve dois títulos com grande teor de elegância em seus cernes. Trata-se de duas obras de tom urbano e que foram elogiadas em suas passagens por festivais europeus em 2011.

O protagonista de Shame é um bem-sucedido homem de negócios. Ele traja as roupas mais finas, faz suas refeições nos restaurantes mais luxuosos, mora em um bom apartamento e trabalha em um escritório meticulosamente decorado.


É de se supor que esse seja um bom exemplo de elegância na forma de gente, mas logo na primeira cena do filme se vê Brandon (Michael Fassbender, de X-Men: Primeira Classe) na cama, com apenas um lençol sobre seu corpo nu. A partir daí a produção deixa claro seu intento de desnudar esse personagem.

Na verdade, Brandon é um homem solitário, viciado em sexo e pornografia. Suas falhas ficam mais evidentes quando recebe a irmã que chega a Nova York. Os dois são aparentemente pessoas diametralmente opostas, mas quando a máscara cai, transparecem as semelhanças entre Brandon e Sissy (Carey Mulligan, de Não Me Abandone Jamais).

O protagonista de Drive trabalha como dublê de cenas de perseguição automobilística em Los Angeles. Quando não está nos estúdios, têm outras atividades. De dia, é mecânico em uma oficina. De noite, auxilia criminosos a fugir graças a sua perícia atrás de um volante. O personagem interpretado por Ryan Gosling (Tudo pelo Poder) é um herói torto, um homem durão, sem nome e sem passado.


É de se esperar que Drive seja um filme bruto e áspero, mas a produção presta uma homenagem aos “filmes de trabuco” da década de 1980 com enorme elegância. A movimentação da câmera, a fotografia, o som e a trilha musical montam um cenário que esbanja fineza e traça um contraponto com a violência do roteiro.

Carey Mulligan também está em Drive, como a vizinha do protagonista. Com esses dois filmes, a jovem atriz exibe toda a extensão do seu talento, já que interpreta personagens bem distintos. Outra semelhança entre os títulos é o desempenho dos atores principais, que infelizmente foram igualmente ignorados nas indicações ao Oscar.

Curiosamente as duas fitas serão lançadas no Brasil com seus nomes originais, sem qualquer tradução, adaptação ou subtítulo. Eis uma postura louvável das distribuidoras, que apostam na força de seus produtos apenas pelas qualidades cinematográficas que apresentam.

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