quarta-feira, 3 de julho de 2013

A Bela que Dorme: Coleção de intragáveis

 por Moura

Spoilerômetro:  (?)


A eutanásia é assunto polêmico, que volta e meia tá de novo na boca do povo. Esse é o tema de A Bela que Dorme (Bella addormentata), que se sua pra mostrar pessoas dos lados opostos da conversa. Essa forma de expor o assunto busca imparcialidade (alô, Veja!), mas acho que muita gente vai sair do filme querendo realizar a morte assistida de vários personagens do filme. Ô bando de gente chata, bróder!

O formato é tipo Babel, com histórias ligadas, mas meio que independente, saca? Bom, tudo rola nos últimos dias de Eluana Englaro, uma mulher que passou 17 anos vegetativa até desligarem os equipamentos que a mantinham viva. Entre chutarem o CPU da moça até ela morrer, deu um monte de discussão e protestos lá pela Itália. A bagaça foi tensa, mas nada comparada à pancadaria comandada pelos alckimistas em Sampa.

Divina Madre (Isabelle Huppert, de Amor), além de ter um nome porreta, é estrela de cinema. Ela largou tudo porque achou que esse sacrifício ia tirar a filha dela do coma. Até ai, sussa, cada um com sua fé. O bicho pega porque a dondoca toca o terror nos empregados – algo que nenhuma PEC previu.

Rossa (Maya Sansa, de Bom Dia, Noite) é uma junkie suicida, mas um médico (Pier Giorgio Bellocchio, de Irmãs Jamais) a impede de dar fim a sua vida. Aí os dois são maletas. Ela não se joga duma vez do alto da Torre de Piza pra morrer direito. E ele fica dando trela pra maluca.

Maria (Alba Rohrwacher, de Que mais Posso Querer) é católica, mas se apaixona por Roberto (Michele Riondino, de Acciaio), um ateu. Pra começar, a paixão foi à primeira vista, um bagulho melado. Depois, eles ficam numa lenga-lenga sem fim antes de tomarem uma atitude de verdade.

Pra completar, tem o irmão do Roberto. Federico (Brenno Placido, de Ligações Criminosas) é o mala-mor de A Bela que Dorme – e já deu pra perceber que a competição é pior que luta de foice no escuro. Ele apurrinha Maria, por não concorda com sua visão do mundo. Depois, empata a f*#@ do irmão. Vai fazer terapia, rapá! E deixa o irmão papar a beata.

Ainda tem o pai da Maria. Uliano (Toni Servillo, de Gomorra) tá no meio das discussões políticas do caso da Eluana. Essas pressões de legisladores, preocupações eleitoreiras e afins é um meio bem chatonildo mesmo. Aí nem é culpa do coitado do Uliano, né?




O lado bom é que A Bela que Dorme faz o pessoal pensar no assunto da eutanásia e tenta mostrar várias visões do tema. Se fosse com uns personagens mais bacanas, seria melhor...


A Bela que Dorme (Bella addormentata)
Direção: Marco Bellocchio
Roteiro: Marco Bellocchio, Veronica Raimo , Stefano Rulli
Elenco: Toni Servillo, Isabelle Huppert, Alba Rohrwacher, Michele Riondino, Maya Sansa, Pier Giorgio Bellocchio, Brenno Placido
Duração: 115 minutos
País: Itália, França

Nota: 4

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