segunda-feira, 16 de maio de 2011

Esperando para Fumar: Em defesa de um tema polêmico


 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:

Ao contrário do que se espera de reportagens, os documentários não têm a cobrança de imparcialidade. O vídeo Esperando para Fumar (Waiting to Inhale: Marijuana, Medicine and the Law), exibido no último final de semana na Matilha Cultural (São Paulo), é um claro exemplo de documentário que defende seu ponto de vista.

A produção dirigida por Jed Riffe retrata os desafios dos pacientes que usam a maconha para fins medicinais nos Estados Unidos. Esperando para Fumar claramente defende a legalização da erva, ao menos para usos terapêuticos.

Com imagens de arquivo e gravações realizadas durante quase dez anos, o documentário traça um histórico de como a maconha é vista pela sociedade. O ponto alto está em conseguir contemplar seus assuntos tanto de forma superficial como profunda.


Um exemplo dessa postura está nos benefícios que a maconha traz nos pacientes. A produção mostra os efeitos comumente conhecidos, como relaxamento muscular e aumento do apetite. Por outro lado, também apresenta como o THC (o princípio ativo da canabis) entra no sistema do usuário de forma detalhada.

O documentário estuda algumas das razões por trás da resistência que o uso da maconha tem junto à população. Esperando para Fumar dá voz para pessoas contrária à aplicação da canabis para qualquer fim, entre elas pais que perderam seus filhos para as drogas mais fortes (como a heroína) ou agentes do governo dos Estados Unidos que trabalham no combate ao uso de drogas.

Nesse sentido, o documentário levanta pontos interessantes. Um exemplo: usar uma planta (e não um comprimido) como medicamento é algo muito estranho para a cultura ocidental. No Brasil, esse não parece ser o caso, considerando a popularidade que chás e extratos de ervas encontram por aqui.

Por causa do recorte escolhido pelo documentário, outras razões de resistência ficam de fora, como o lobby feito pela indústria do algodão. A fibra do cânhamo é muito mais resistente e mais barata do que aquela obtida do algodão. Apesar dos efeitos narcóticos da maconha serem menores do que os do álcool, que é uma droga lícita; as indústrias do algodão apoiaram-se nesse argumento para que  a maconha se tornasse uma substância proibida.

Mas isso tem de ser discutido em outro filme. Esperando por Fumar foca-se em seu recorte e fornece argumentos poderosos para quem defende o uso da erva. Portanto, a missão desse tipo de documentário está cumprida.

4 comentários:

  1. LEGALIZA BRASIL QUE VIRA PARAISO RIO

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  2. Sou a favor da liberdade individual... Estranho ver pessoas conservadoras declararem a democracia e não aceitarem minorias...

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