Spoilerômetro: • (?)
Entre a escuridão plena e a luz mais ofuscante, há uma série de tons de cinza. Da mesma maneira, os seres humanos e seus relacionamentos são complexos. Esse aspecto fascinante sobre a vida está no roteiro de Se não Nós, Quem? (Wer wenn nicht wir).
O filme conta a história real de Bernward Vesper (August Diehl, de Salt) e Gudrun Ensslin (Lena Lauzemis), que estiveram envolvidos com movimentos sociais na Alemanha dividida da década de 1960. O mesmo cenário político foi retratado por O Grupo Baader Meinhof (2008).
O país ainda vivia traumas deixados pelo passado nazista. O fantasma de Hitler paira sobre os diálogos e o posicionamento dos personagens acerca do assunto é variado. Em filmes mais simples, o nazismo é totalmente negativo e as figuras que se posicionam contra são heróis virtuosos. Se não Nós, Quem? traz elementos mais profundos e complexos para essa discussão.
Os anos 1960 também foram marcados como a era do amor livre e da revolução sexual, o que trouxe uma nova gama de dinâmicas possíveis para um relacionamento amoroso. Bernward ama Gudrun, mas isso não impede que ele se interesse por outras mulheres. Em uma das falas do filme: “Por que querer transformar uma triângulo em duas retas?”.
A complexidade apresentada pelo roteiro favorece para que se veja seus personagens como pessoas normais. Só anos depois da época em que o enredo se desenvolve é que eles ganhariam o status de figuras históricas.
É uma pena que a mesma complexidade não possa ser vista na estrutura narrativa. Exemplo está na forma como as elipse temporais são mostradas: imagens de arquivo são apresentadas ao som de uma canção representativa da época e letreiros anunciam a data em seguida. Faltou um pouco de coragem para temperar a estrutura do filme e cortar algumas cenas desnecessárias.
Roteiro e Direção: Andres Veiel
Elenco: August Diehl, Lena Lauzemis, Alexander Fehling, Thomas Thieme, Imogen Kogge, Michael Wittenborn, Susanne Lothar, Maria-Victoria Dragus, Vicky Krieps
Duração: 124 minutos
País: Alemanha
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