terça-feira, 8 de novembro de 2011

A Chave de Sarah: Encarar a verdade

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Em julho de 1942, mais de 10.000 judeus foram arrancados de seus lares em Paris e levados para um velódromo. Eles ficaram no local, em condições mínimas de sobrevivência, por cinco dias. Depois, foram levados para campos de concentração e a esmagadora maioria deles acabou morta antes do final da Segunda Guerra Mundial.

Essa seria "apenas" mais uma tragédia ligada ao conflito, não fosse um fato curioso: quem levou os judeus para o tal velódromo não foram os nazistas, mas policiais franceses. Esse triste fato histórico é o pano de fundo do filme A Chave de Sarah (Elle s'appelait Sarah).

A produção conta a história da jornalista Julia (Kristin Scott Thomas, de Há Tanto Tempo que Te Amo). Ela descobre que o apartamento da família do seu marido pertencia a uma família judia que foi encarcerada no fatídico julho de 1942. Julia determina-se a investigar o paradeiro atual dos antigos moradores.

Em sua busca, ela descobre a história da garota Sarah, que escondeu seu irmão mais novo no armário do apartamento antes que ele fosse descoberto pelos policiais. Ela tenta desesperadamente fugir, voltar para Paris e resgatar o menino.


A trágica história de vida de Sarah é um segredo para a maioria das pessoas que a conheceram depois de sua fuga. A história dos antigos moradores do apartamento é um segredo para a família de Julia. Da mesma maneira, o aprisionamento dos judeus com ajuda de autoridades francesas é praticamente um segredo para a maioria das pessoas.

Esse paralelismo entre as histórias secretas é usado no filme para passar sua mensagem: a importância de conhecermos nosso passado, por mais doloroso que seja, para que possamos seguir adiante como uma sociedade melhor.

O recado precisa ser ouvido pelos brasileiros. Os envolvidos na captura dos judeus foram julgados ainda na década de 40, enquanto muitos torturadores da ditadura militar continuam impunes (alguns ocupam altos cargos públicos) quase 30 anos depois do fim do totalitarismo. Está mais do que na hora de enfrentarmos esses monstros gigantescos do nosso passado.






A Chave de Sarah (Elle s'appelait Sarah)
Direção: Gilles Paquet-Brenner
Roteiro: Gilles Paquet-Brenner, Serge Joncour
Elenco: Kristin Scott Thomas, Mélusine Mayance, Niels Arestrup, Frédéric Pierrot, Michel Duchaussoy
Duração: 111 minutos
País: França

Nota: 8

Um comentário:

  1. Esse filme é tristíssimo. Pra chorar mesmo. Quem gosta de finais felizes que fique sabendo: esse filme não é pra vcs!

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