Spoilerômetro: • (?)
Recentemente se discute muito no Brasil os limites do humor, por causa de piadas ousadas feitas por alguns comediantes. Os acusados alegam que não pode haver assunto proibido no humor. A comédia romântica Os Nomes do Amor (Le nom des gens) exemplifica que tal afirmação é verdadeira, mas deixa claro que o problema não está no assunto da piada, mas na forma como ela é contada.
Em seu roteiro, há piadas sobre o Holocausto e abuso sexual de crianças, assuntos que não provocam riso automático. No filme, os temas são abordados de maneira que não ofenda seu público.
O casal de protagonistas tem experiências de vidas ligadas com esses assuntos. Apesar de aparentarem ser franceses típicos, Arthur e Baya são filhos de imigrantes. Os avôs dele eram judeus que sofreram perseguição durante a Segunda Guerra Mundial. Os pais delas são imigrantes árabes.
Quando Os Nomes do Amor usa um tema polêmico em seus momentos cômicos, sempre se foca no estranhamento e incômodo que o assunto causa em seus personagens.
A família de Arthur faz questão de esquecer suas origens hebraicas e campo de concentração é um termo proibido de ser pronunciado na casa deles. Quando era criança, Baya foi abusada sexualmente por um professor de piano. Ela superou o ocorrido muito melhor do que sua família. Por isso, qualquer reportagem televisiva sobre pedofilia causa momentos constrangedores.
A receita cômica do filme se baseia em tirar sarro do medo dos personagens de encararem os fantasmas do passado. Outro ponto positivo do longa está em usar essas e outras questões difíceis para injetar dramaticidade ao enredo.
Os Nomes do Amor (Le nom des gens)
Direção: Michel Leclerc
Roteiro: Michel Leclerc, Baya Kasmi
Elenco: Jacques Gamblin, Sara Forestier, Zinedine Soualem, Carole Franck, Jacques Boudet, Michèle Moretti
Duração: 100 minutos
País: França
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