quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Festival do Rio: Premiados e balanço

  por Edu Fernandes


Entre os prêmios compreensíveis e honrarias questionáveis, A Hora e a Vez de Augusto Matraga foi o grande vencedor do Festival do Rio 2011. A adaptação cinematográfica da obra de Guimarães Rosa conta sua história sem ousadias. Com isso, o filme levou a premiação máxima na escolha do público (compreensível) e do júri (questionável).


Os atores do filme de Vinícius Coimbra também foram premiados. Sem um franco favorito entre os protagonistas, a escolha de João Miguel não é injusta e não chega a ser uma surpresa. Chico Anysio recebeu um prêmio especial por sua atuação em Matraga. Já o troféu que foi entregue a José Wilker poderia muito bem ser entregue para Irandhir Santos, sem sair do mesmo filme. Outras escolhas incluiam Gero Camilo (Eu Receberia...) ou Otto Jr. (O Abismo Prateado).

Aliás, um dos melhores filmes da Premiére Brasil foi lembrado apenas pela direção de Karim Aïnouz. O Abismo Prateado poderia e mereceria mais prêmios.

Apesar da menção honrosa do júri, Mãe e Filha ficou apenas com meio prêmio. A produção cearense empatou com Sudoeste na direção de fotografia. Premiar um filme preto e branco nessa categoria não é o auge da criatividade.


Sudoeste também foi o favorito da crítica (Fipresci), que procurou um cinema mais provocativo. O título também recebeu o prêmio especial do júri.

Entre os documentários, conforme o esperado, Eduardo Coutinho levou o prêmio do júri e do público por As Canções. Olha para Mim de Novo recebeu uma menção honrosa. A surpresa veio para melhor montagem. O prêmio que é normalmente dado entre as ficções foi entregue para Marcelo Yuka: No Caminho das Setas.

Entre as atrizes, como pedia o público, Camila Pitanga levou por Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios. Maria Luísa Mendonça foi escolhida a melhor coadjuvante por Amanhã Nunca Mais. No filme, como em muitos outros de sua carreira, Maria interpreta uma mulher louca.


Quem achava que as piadas sem graça de A Novela das 8 se resumiam na tela ficou consternado (para dizer o mínimo) com a premiação de roteiro. Dizia-se em rodas de fofoca que o diretor/produtor/roteirista Odilon Rocha é bem relacionado com a direção do Festival do Rio. A ética pede que isso não passe de fofoca.

Como acontece todo ano, durante sua premiação o Festival do Rio se transveste em um evento dedicado ao cinema mudo, já que não há premiação para som ou música.

Antes mesmo de começar a cerimônia, comentava-se o vazamento do campeão da noite pelo twitter. Sérgio Sá Leitão, presidente da RioFilme, tinha publicado no micro-blog que A Hora e a Vez de Augusto Matraga seria o grande vencedor. Mais uma vez, Leitão mostrou um comportamento de quem parece procurar mais holofote do que os filmes que representa.

Filmes avaliados

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