segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amanhã Nunca Mais X Jardim das Folhas Sagradas: Exagerados

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Uma das falhas mais tristes que afligem cineastas estreantes é a vontade de abraçar o mundo em apenas um filme. Dois títulos nacionais que estreiam no final de 2011 exemplificam esse mal.

O mais triste é que os diretores de Amanhã Nunca Mais e Jardim das Folhas Sagradas não são totalmente inexperientes. Tadeu Jungle tem vivência no mercado publicitário e Pola Ribeiro tem uma longa carreira como curtametragista. Mesmo assim, ambos não conseguiram conter os ânimos em seus primeiros longas.


Jungle se empolgou demais na forma em detrimento ao conteúdo. Amanhã Nunca Mais conta a história de um anestesista em crise no casamento. Para mostrar seu valor, ele se voluntaria para pegar o bolo de aniversário de sua filha. A tarefa poderia ser simples, mas em seu caminho estão uma série de personagens insanos.

Os tipos loucos deveriam ser engraçados, mas são tão exagerados que só conseguem motivar a raiva do espectador. Se a história fosse mais simples, Jungle poderia ter entregue uma comédia despretensiosa e divertida. Os desfecho também exala o exagero do filme.

Pola Ribeiro, com Jardim das Folhas Sagradas, foca-se demais no conteúdo e se perde. Como o próprio cartaz mostra, o filme fala de questões ambientais, homossexualidade e preconceito de credo.


O filme protagonizado por um pai de santo que precisa fundar um terreiro tinha tudo para tratar apenas do último dos temas listados. O fato do personagem principal ser homossexual é totalmente inútil para o andamento da história.

Se os nossos cineastas exageram na mão e entregam filme desencontrados, a crítica especializada também precisa fazer sua parte. Quando uma produção despretensiosa como Cilada.com é lançada, não podemos nos empolgar e usar todo nosso armamento argumentativo contra o filme.

Se os críticos sempre exigem alto nível técnico e de conteúdo, uma das consequências é essa epidemia de pretensão e exageros.

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