Spoilerômetro: • (?)
O pretexto narrativo de Caminho para o Nada (Road to Nowhere) é a reconstrução de um assassinato seguido de suicídio em um filme dentro do filme. A proposta em si já é bem complexa,o que não impede que o longa desafie a todo momento o limite entre realidade e ficção.
Na maior parte do tempo, vemos a perspectiva do diretor do filme dentro do filme. O fato do protagonista Mitchell Haven ter as mesmas iniciais do diretor Monte Hellman não é mera coincidência. Trata-se de mais um elemento que alerta a diluição da fronteira entre verdade e arte.
O roteiro é bem intrincado e contado de forma não linear, com elementos novos sobre o assassinato surgindo de tempo em tempo. Por essa razão, é compreensível que grande parte dos espectadores se sinta perdido no começo da projeção. Aos bravos que persistirem em acompanhar a história, Caminho para o Nada oferece um quebra-cabeça interessante, cujas peças são entregues para a plateia para que cada um o monte dentro de sua própria mente.
Para deixar tudo mais nebuloso, os atores do elenco são figuras desconhecidas do grande público. Dessa maneira, é possível acreditar que tudo aquilo é verdade.
Por outro lado, em alguns momentos, quando já se está bem inserido em uma determinada cena, ouve-se o personagem principal gritar um “Corta!” bem sonoro, como um tapa na cara do espectador, meio que para lembrar que tudo aquilo é mentira.
Esse jogo de enganação permeia todo o filme, com isso tem-se uma obra para poucos, mas que ficarão ironicamente contentes em serem surpreendidos e de caírem nos truques planejados pela mente de Monte Hellman.
* O título desse texto é a tradução de um dos versos da música "Road to Nowhere", da banda The Talking Heads.
Caminho para o Nada (Road to Nowhere)
Direção: Monte Hellman
Roteiro: Steven Gaydos
Elenco: Shannyn Sossamon, Tygh Runyan, Cliff De Young, Waylon Payne, Dominique Swain, Rob Kolar
Duração: 121 minutos
País: EUA
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