Spoilerômetro: • (?)
Prostitutas são heroínas em histórias contadas por livros, músicas e outros meios. No cinema recente, L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância (L'Apollonide (Souvenirs de la maison close)) e Bruna Surfistinha seguem essa tradição de maneiras distintas.
No entanto, há um elemento que une essas duas produções. Ambas fogem do romantismo que pode ser encontrado em outros filmes, como Uma Linda Mulher (1990) e Moulin Rouge (2001), por exemplo.
A produção brasileira foca-se nos comportamentos sexuais diferentes aos quais as meretrizes precisam se submeter em sua rotina. Baseado no relato autobiográfico de Raquel Pacheco no livro Bruna Surfistinha: O Doce Veneno do Escorpião, o filme torna-se irregular quando tenta retratar a fase drogada de sua protagonista.
Já L'Apollonide tem seus méritos exatamente nos percalsos que as prostitutas enfrentam que muitas vezes não estão diretamente relacionados ao gosto sexual de seus clientes. As doenças venéreas e a solidão são como fantasmas que não se cansam em assombrar a consciência das profissionais do sexo.
O filme se passa na virada para o século XX, nos últimos anos da chamada belle époque. Da mesma maneira que o cenário social definhava na direção da Primeira Guerra Mundial, o roteiro narra os últimos dias de funcionamento de um prostíbulo francês.
O período no qual a história é contada favorece o engrandecimento dos tais fantasmas. Com cuidados sanitários pífios e nenhuma menção a preservativos, as doenças venéreas são uma preocupação constante. Atualmente, as meretrizes sabiamente exigem o uso de camisinhas.
Em uma época em que prostitutas eram apenas prostitutas, o solidão parece ser um destino inescapável. Não existia, por exemplo, as universitárias que vendem seu corpo por um curto período de tempo e depois seguem suas vidas sem sofrer as consequências do preconceito da profissão.
L'Apollonide trata de todas essas questões na forma de tramas paralelas. Cada uma das trabalhadoras do bordel onde o filme se passa representa um desses e de outros conflitos. Por essa razão, pode levar um tempo para que o espectador consiga diferencias cada uma das personagens.
Gostei do texto, Edu! Parabéns!
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