quinta-feira, 24 de março de 2011

O Retrato de Dorian Gray



Sinopse: Dorian Gray é um belo jovem que não envelhece graças a uma pintura. Ele torna-se um rapaz corrupto e as marcas de suas maldades são registradas no retrato.


Ficha Técnica
O Retrato de Dorian Gray (Dorian Gray)
Direção: Oliver Parker
Roteiro: Toby Finlay
Elenco: Ben Barnes, Colin Firth, Rebecca Hall
Duração: 112 minutos
País: Reino Unido


Mexer em vespeiro
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O última vez que o personagem Dorian Gray fez alguma aparição significativa no cinema foi no filme A Liga Extraordinária (2003), que os fãs criticaram muito por causa da falta de fidelidade com quadrinhos que originaram o roteiro. Pois bem, pode-se dizer que O Retrato de Dorian Gray (Dorian Gray) consegue ser ainda menos autêntico.

Isso acontece porque a aventura com personagens da era vitoriana já parte com uma quota considerável de concessão por parte do público. Trata-se de uma história totalmente diferente dos livros onde tais personagens debutaram.

O problema da nova produção é que se espera uma similaridade maior quando se adapta o romance original diretamente para um filme. A cobrança pela sintonia é ainda maior quando frases célebres do autor Oscar Wilde que não estão nas páginas do livro são incluídas nos diálogos.

No lado positivo, merece elogio a escolha de Ben Barnes (o Príncipe Caspian de As Crônicas de Nárnia) para o papel de Dorian Gray. O ator tem o tipo de beleza que se imagina para o personagem. Ele também consegue fazer bem a transição entre o Dorian inocente do começo do enredo para a versão quase diabólica mais próxima do desfecho.

Aliás, o final do filme merece um pouco de reflexão – sem que se estrague a surpresa para quem não conhece a história. Quando se altera tanto os fatos (e principalmente o final), o roteiro do estreante Toby Finlay coloca-se em uma posição muito complicada. Ele precisa ser tão talentoso quanto Oscar Wilde para convencer que seu desfecho é tão bom quanto o imaginado pelo autor.

A mudança do final foi uma tentativa de modernizar o enredo e agradar as plateias contemporâneas, mas não deu certo.


VIPs



Sinopse: O sonho de Marcelo é ser piloto de avião. Para isso, está disposto a mentir e executar golpes.


Ficha Técnica
VIPs
Diretor: Toniko Melo
Roteiro: Bráulio Mantovani, Thiago Dottori
Elenco: Wagner Moura, Juliano Cazarré, Emiliano Ruschel, Jorge D'Elía, Gisele Fróes, Arieta Correia, Norival Rizzo, Roger Gobeth
Duração: 96 minutos
País: Brasil


Uma história inspiradora
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Alguns anos atrás, o Brasil ficou impressionado com a inventividade de Marcelo Nascimento, que ganhou notoriedade nacional depois de se passar por um empresário de companhia aérea. Na ocasião, o mentiroso chegou a ser entrevistado em rede nacional sem desmontar seu disfarce.

A história que parecia fantástica demais para ser verdade finalmente chegou ao cinema na forma do filme VIPs. A produção usou a incrível jornada de Marcelo como inspiração, já que vários fatos foram modificados. No geral, o filme está bem diferente do que aconteceu na realidade. A manipulação foi feita em nome da unidade narrativa, a princípio.

Outro fator para que as alterações fossem realizadas foi a necessidade de criar empatia pelo anti-herói. O filme dá uma nobre explicação para as falcatruas de Marcelo: o desejo de voar. Na realidade, ele só aplicava seus golpes para levar vantagem. Também para aliviar o tom, o filme tem muitos momentos cômicos.

Além de divertir com as bizarras situações nas quais o personagem se mete, VIPs consegue resvalar na falsidade da alta sociedade. Quando Marcelo vai ao Recifolia aplicar sua mais audaciosa empreitada, é apresentado todo o jogo de interesses que envolve celebridades, organizadores de eventos e empresários.

Para viver um personagem com tantas facetas, foi escalado Wagner Moura, que prova seu talento mesmo sem ser a escolha ideal na opinião do verdadeiro Marcelo, que preferia Selton Mello. Wagner faz todas as diversas personas criadas pelo golpista e nenhuma delas parece o famoso Capitão Nascimento da franquia Tropa de Elite.


Sucker Punch – Mundo Surreal



Sinopse: Uma garota é mandada para um hospital para doentes mentais. Lá ela fantasia que está em um mundo surreal onde se envolve em batalhas pela liberdade.


Ficha Técnica
Sucker Punch – Mundo Surreal (Sucker Punch)
Diretor: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder, Steve Shibuya
Elenco: Emily Browning, Abbie Cornish, Jena Malone, Vanessa Hudgens, Jamie Chung, Carla Gugino, Oscar Isaac, Jon Hamm, Scott Glenn
Duração: 109 minutos
País: EUA, Canadá


Do que os homens gostam
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Apesar da maior parte da ação de Sucker Punch – Mundo Surreal (Sucker Punch) se passar no interior da mente de uma garota traumatizada, o que vislumbramos lá dentro são elementos muito apelativos ao imaginário masculino. O elenco é formado por belas atrizes que sempre trajam roupas que deixam à mostra pernas, cinturas e decotes. Para completar, as beldades estão sempre em missões cheias de tiroteios e batalhas corporais.

As missões são frutos da imaginação da protagonista Baby Doll e contemplam alguns dos gêneros cinematográficos mais apreciados pelos homens: guerra, fantasia medieval e ficção científica. A estrutura do roteiro pode ser entendida como um musical másculo, porque no lugar das cenas de cantoria e dança o que se tem é muita pancadaria.

Por se tratar de uma direção de Zack Snyder, as sequências de ação são um espetáculo visual regado a muitos efeitos visuais e câmera lenta. Depois de escorregar em Watchmen, Snyder aprendeu a escolher melhor as músicas que acompanharão as cenas. “Sweet Dreams” e “Where Is My Mind?”, por exemplo, casam-se aos acontecimentos e não competem com as imagens.

O público masculino consegue tudo o que procura em Sucker Punch, mas para que o público feminino aprecie o filme é necessária que pelo menos uma de duas coisas aconteça. Primeiro, a espectadora pode se identificar ou admirar as mulheres fortes e determinadas que protagonizam o filme. A outra possibilidade é mais rara, mas pode acontecer. Algumas garotas podem curtir a estrutura quase que de videogames que o roteiro assume, com missões/fases bem determinadas.

O roteiro tem todos esses elementos apelativos, mas tenta contar sua história com alguma profundidade. Tal característica é notável principalmente nos paralelos que a mente de Baby Doll faz entre a realidade e o mundo fantasiado por ela.

No entanto, cabe aqui uma observação muito sincera. O roteiro pode ter suas camadas, mas a discussão mais importante para a maioria dos espectadores de Sucker Punch é a determinar qual a atriz mais gostosa do elenco.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Não Me Abandone Jamais



Sinopse: Três jovens passam a infância em um orfanato. Quando crescem podem conhecer um pouco do mundo, mas nada os preparou para os sentimentos que surgem dentro deles.


Ficha Técnica
Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go)
Direção: Mark Romanek
Roteiro: Alex Garland
Elenco: Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley, Izzy Meikle-Small, Charlie Rowe, Ella Purnell, Charlotte Rampling, Sally Hawkins
Duração: 103 minutos
País: Reino Unido, EUA


Sentimentos à flor da pele
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: segundo parágrafo e trailer)

Para gostar de Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go) são necessárias duas características por parte do espectador. Primeiramente é preciso de sensibilidade para sintonizar com a tônica do filme. Depois, é necessário ter a mente aberta para aceitar o tanto de ficção científica que há no enredo.

Toda estrutura frígida do orfanato onde os protagonistas são criados existe como uma macabra fazenda de órgãos. Todas as crianças que lá existem (clones de outras pessoas) têm o destino muito bem traçado: doarão seus órgãos até que seus corpos não suportem mais os procedimentos cirúrgicos.

Quem superar esses pré-requisitos será presenteado com uma fita cheia de emoção. Para contribuir, as atuações do elenco estão primorosas – mais especialmente Carey Mulligan (Wall Street 2) e a razão de seu afeto Andrew Garfield (A Rede Social).

Os sentimentos de amor, atração e ternura que seus personagens não conseguem processar ou compreender estão lá, apenas nos olhares. Esses misto de emoções é a grande locomotiva dramática do filme.

Não Me Abandone Jamais é baseado em um romance que leva seu nome a partir de uma balada executada pela voz de Jane Monheit. Em sua nova plataforma, o filme espertamente explora a forma dramática como a música é cantada. Depois da sessão, haverá lágrimas nos olhos e os versos de “Never Let Me Go” na cabeça.


sexta-feira, 11 de março de 2011

Em um Mundo Melhor



Sinopse: Em crise matrimonial, Anton é um médico que divide seu tempo atendendo em um país miserável da África e com sua família na Dinamarca. Seu filho sofre bullying na escola até ser defendido por um novo amigo, um garoto recém-chegado de Londres.


Ficha Técnica
Em um Mundo Melhor (Hævnen)
Direção: Susanne Bier
Roteiro: Anders Thomas Jensen
Elenco: Mikael Persbrandt, Trine Dyrholm, Ulrich Thomsen, William Jøhnk Nielsen, Markus Rygaard
Duração: 119 minutos
País: Dinamarca, Suécia


Unidos pela covardia
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Principalmente depois de Amores Brutos, o cinema latino oferece uma numerosa safra de multiplots temáticos. Para alguns (inclusive eu) a fórmula – que muitas vezes inclui um final apoteótico que conecta as tramas paralelas – foi usada à exaustão e merece um descanso.

Com o dinamarquês Em um Mundo Melhor (Hævnen), os nórdicos trazem uma forma diferente de contar histórias variadas com um mesmo tema. Todas as tramas são ligadas desde o começo do filme e o tema é um pouco mais sutil.

A produção discute a covardia humana em várias situações. Seja no bullying dos corredores escolares, no preconceito contra imigrantes, ou no domínio armado de guerrilheiros que oprimem a população miserável. Não importa se a covardia acontece em uma nação conhecida por sua civilidade ou em um país em que o povo passa fome.

Em um Mundo Melhor é dirigido por Susanne Bier e as marcas de sua cinematografia estão presentes. A cineasta contar histórias emotivas e usa um andamento um pouco mais lento do que a média. É interessante que uma das realizadoras nórdicas mais importantes do momento fuja tanto da famosa frigidez do seu povo.

Seu novo filme prova que a incursão em Hollywood (Coisas que Perdemos pelo Caminho) não lhe tiraram a personalidade cinematográfica. Bom para seus fãs.


quarta-feira, 9 de março de 2011

Passe Livre



Sinopse: Rick está em crise em seu casamento. Sua esposa Maggie decide tomar uma atitude drástica para salvar o matrimônio e permite que o marido tire uma semana de folga do casamento.


Ficha Técnica
Passe Livre (Hall Pass)
Direção: Bobby Farrelly, Peter Farrelly
Roteiro: Pete Jones, Peter Farrelly, Kevin Barnett, Bobby Farrelly
Elenco: Owen Wilson, Jason Sudeikis, Jenna Fischer, Christina Applegate, Nicky Whelan, Richard Jenkins
Duração: 105 minutos
País: EUA


Farellys na média
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Atualmente os grandes nomes por trás das câmeras das comédias estadunidenses são Judd Apatow (Ligeiramente Grávidos) e Todd Phillips (Se Beber, não Case). Nesse cenário, que se consolidou a partir de meados da década passada, ainda há espaço para os irmãos Farelly?

Se depender de Passe Livre (Hall Pass), a resposta tende a ser positiva. O novo filme mostra que a dupla de diretores ainda tem fôlego para agradar as plateias dispostas a dar risada na sala de cinema. A produção não é a melhor já feita por eles – o posto ainda pertence a Quem Vai Ficar com Mary?, na minha opinião.

Para os que acompanham a carreira deles, uma boa base de comparação é Ligado em Você. Uma comédia leve, que não é inesquecível – nem para o bem, nem para o mal. A assinatura da dupla está presente nos personagens bizarros (dessa vez em papéis secundários) e em algumas situações que testam o limite do bom-gosto. Se bem que nesse quesito eles estão até bem comportados...

Um ponto interessante em Passe Livre é o personagem de Owen Wilson, bem mais vulnerável do que estamos acostumados a ver. Diferente do valente caubói da franquia Uma Noite no Museu ou do top model de Zoolander, Wilson faz um pai de família preocupado em manter sua família unida.


terça-feira, 8 de março de 2011

Doce Vingança



Sinopse: Jennifer é uma escritora que aluga uma casa isolada para criar seu novo romance. Nesse local ela é estuprada por moradores locais e deixada para morrer. Jennifer sobrevive e procura vingar o que sofreu.

Ficha Técnica
Doce Vingança (I Spit on Your Grave)
Direção: Steven R. Monroe
Roteiro: Stuart Morse
Elenco: Sarah Butler, Jeff Branson, Andrew Howard, Daniel Franzese, Rodney Eastman, Chad Lindberg
País: EUA


Olho por olho
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Para saber do que se trata o enredo de Doce Vingança (I Spit on You Grave), é necessário se adiantar fatos que preenchem praticamente dois terços da duração do filme. A protagonista chega na casa, é estrupada, escapa e parte para um jogo vingativo extremamente sangrento.

Para que a atenção do público não se disperse no começo da fita, por já saber o que vai acontecer, o filme se concentra em deixar o como as coisas acontecem mais interessantes. Dessa forma, cenas graficamente muito fortes e uma boa dose de violência são oferecidas para os bravos espectadores.

Portanto, Doce Vingança não é nem um pouco aconselhado para pessoas mais sensíveis. Os desavisados podem sentir desconforto físico e abandonar a sessão pelo meio. Por isso, escolha muito bem quem você vai levar para assistir ao filme!

Aos que curtem fortes emoções, Doce Vingança será puro divertimento. Depois da longa sequência em que Jennifer é estuprada, os ânimos da plateia estarão exaltados e todos sentirão uma certa alegria mórbida em acompanhar a vingança da moça – um tipo de escapismo que o cinema oferece.

A forma como o roteiro constrói as situações mortais preparadas para os criminosos farão lembrar os melhores momentos da franquia Jogos Mortais. Toda a retaliação é pautada em igualar o martírio que a protagonista passou, mas isso é feito com criatividade e surpreende os fãs do gênero.

Doce Vingança é o remake de um terror de 1978. Ao contrário da corrente moda de estragar filmes antigos, essa nova versão é positiva. A começar que o original é muito pouco conhecido e diminui as comparações. Outro ponto positivo é que a Platinum Dunes, empresa de propriedade de Michael Bay especializada em acabar com grandes clássicos do terror, não está envolvida no projeto.


quarta-feira, 2 de março de 2011

Lope



Sinopse: Depois da guerra, Lope de Vega volta para Madri. Ele resolve escrever peças de teatro, o que é facilitado por seu envolvimento com a filha do dono da companhia teatral. Lope também nutre sentimentos por uma amiga de infância.


Ficha Técnica
Lope
Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Jordi Gasull, Ignacio del Moral
Elenco: Alberto Ammann, Leonor Watling, Sonia Braga, Luis Tosar, Pilar López de Ayala, Antonio de la Torre, Selton Mello, Miguel Ángel Muñoz
Duração: 106 minutos
País: Espanha, Brasil


Beleza sem pungência
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A vida do autor Lope de Vega foi tão atribulada que realmente merecia ganhar um filme. A cinebiografia Lope capta as paixões de seu protagonista, mas não tem o mesmo sucesso na hora de transmitir as emoções das cenas para o público.

Tecnicamente impecável, a reconstituição de época é maravilhosa. As direções de arte e fotografia (além do figurino) merecem elogios. A trilha musical também cumpre seu papel, mas não consegue suprir as deficiências do roteiro e da direção. Ambos são burocráticos demais e são os responsáveis pela carga emotiva morna da história.

Apesar de ser uma produção majoritariamente espanhola, a fita é dirigida pelo brasileiro Andrucha Waddington (Casa de Areia). Ele estudou a fundo a vida e a obra de Lope da Vega, o Shakespeare espanhol. Mesmo assim, escolher um estrangeiro para dirigir a cinebiografia de uma figura tão importante foi uma opção arriscada.

As escolhas perigosas não ficam apenas atrás das câmeras. Para viver o personagem-título foi escalado o argentino Alberto Ammann. Como conheço muito pouco do idioma espanhol, não posso avaliar o quanto ele foi capaz de mascarar o sotaque portenho. Mesmo que tenha sido bem-sucedido, ele precisaria ser um ator inigualável (ou muito famoso para atrair público) para justificar a escolha. O ator traz bons momentos, mas um ator espanhol poderia fazer um trabalho semelhante que economizasse polêmicas.


terça-feira, 1 de março de 2011

Take Único: Entrevista Brazucah


Take Único - Entrevista Brazucah from Edu Fernandes on Vimeo.

Take Único é apresentado semanalmente, ao vivo. O programa é transmitido pela AllTV aos sábados ao meio-dia.

Para saber mais da Brazucah, entre no site oficial.