segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Os Homens que não Amavam as Mulheres



Sinopse: Mikael Blomkvist é um jornalista condenado por uma reportagem difamatória que publicou na Millenium, revista da qual é editor-chefe. Para mudar de ares, aceita uma oferta de Henrik Vanger, um empresário idoso obcecado com o desaparecimento da sobrinha Harriet quase 40 anos antes.


Ficha Técnica
Os Homens que não Amavam as Mulheres (Män som hatar kvinnor)
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 522


Mistério de quarto, ops, ilha fechada
 por Bia Nunes de Sousa

(Spoilerômetro: )

Os Homens que não Amavam as Mulheres (Män som hatar kvinnor) chegou ao Brasil precedido por diversos artigos de jornal que contavam a história do autor, o sueco Stieg Larsson. Jornalista e fundador de revista – dados biográficos que se refletem no personagem principal Mikael –, Larsson morreu em 2004, aos 50 anos, pouco depois de concluir a trilogia Millenium, da qual este livro é o primeiro volume. Sucesso de vendas e crítica na Europa, Larsson foi saudado como aquele que resgatou o “mistério de quarto fechado” da obscuridade em que o tema repousava desde o final dos anos 1970.

Para aqueles não tão familiarizados com a teoria da literatura policial, cabe esclarecer que o “mistério de quarto fechado” é aquele em que o crime ocorre dentro de um ambiente controlado, a que poucas pessoas têm acesso, e cujos suspeitos são personagens ativos durante todo o desenrolar da trama. O exemplo clássico desse tipo de enredo é Assassinato no Expresso Oriente, de Agatha Christie. A escritora inglesa criou a história de um homem assassinado dentro de uma cabine de trem e, por circunstâncias diversas e muito bem explicadas, somente 13 ou 15 pessoas poderiam ter cometido o crime. É em torno desse grupo de passageiros que a história gira e todos recebem sua cota de atenção e importância dentro do enredo.

Em Os Homens que Não Amavam as Mulheres não é diferente, embora as dimensões sejam maiores, pelo menos geograficamente. O mistério que Mikael é contratado para investigar ocorreu 37 anos antes em uma ilha minúscula, onde a maioria dos habitantes ou é parente da garota desaparecida ou trabalha para as empresas da família dela. O cenário é construído pelo autor de forma que o número de suspeitos é limitado e a identidade e personalidade de todos os envolvidos são conhecidas.

A história, narrada em terceira pessoa, se ocupa principalmente do ponto de vista de Mikael, o jornalista em crise profissional. Em alguns trechos, porém, mostra o que acontece com Lisbeth Salander, pesquisadora excepcional quando o assunto é investigar a vida alheia. Alternando o foco entre um e outro, o livro faz os caminhos dos dois personagens se tangenciarem durante boa parte da leitura. Quando finalmente se cruzam, o livro atinge o auge e mantém um bom ritmo, mantendo a atenção e o interesse do leitor até a página final.

Mikael, Lisbeth e todos os demais personagens são construídos, se não com riqueza de detalhes, com características marcantes o suficiente para o leitor traçar um retrato de cada membro da família Vanger como se o fizesse com os membros de sua própria família. Alguns recursos gráficos, como a árvore genealógica dos Vanger e um mapa da ilha de Hedebyön, onde se passa a maior parte do livro, evitam que o leitor se perca ou se confunda.

O enredo é bastante interessante e vai agradar a leitores assíduos de livros policiais. Há várias referencias à literatura policial. Mikael é leitor de romances de mistério e suspense e autores como Val McDermid são citados como opções de leitura do personagem.

Durante a narrativa, diversos fatos são apresentados durante a investigação de Mikael. O leitor não sabe ainda em quais deve deter a atenção, mas o desenvolvimento do livro tem o grande mérito de recuperá-los todos com coerência e uni-los no final de forma a surpreender o leitor.

O desfecho e o desvendar do mistério, parte importantíssima em um livro que se pretende policial, não são totalmente inesperados – é possível que alguns leitores desconfiem de parte da solução do caso –, mas a forma com que Larsson consegue atar todas as pontas e dar um destino para os personagens é honesta, digna e ainda deixa um gancho que conquista o leitor. Quando chegamos à última linha, fechamos o livro com a esperança de que o segundo volume não tarde a ser publicado.


Dudenet: Leia a resenha do filme inspirado nesse livro clicando aqui.


Dudeshop:
• Livro Os Homens que não Amavam as Mulheres: Coleção Millenium – Volume 1, de Stieg Larsson (Ed. Companhia das Letras)
• Livro A Menina que Brincava com Fogo: Coleção Millenium – Volume 2, de Stieg Larsson (Ed. Companhia das Letras)
• Livro A Rainha do Castelo de Ar: Coleção Millenium – Volume 3, de Stieg Larsson (Ed. Companhia das Letras)

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