quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Curta Santos 2012

O quê? Festival de Cinema de Santos
Quando? de 17 a 23 de setembro
Onde? Santos (SP)


Filmes avaliados

5ª Vítima*, de Gui Pan (20 min., Brasil, 2012)

À Mesa*, de Caroline Fernandes (12 min., Brasil, 2012)

O Brasil de Pero Vaz Caminha*, de Bruno Laet (18 min., Brasil, 2011)

Cadê Meu Rango?, de George Munari Damiani (4 min., Brasil, 2012)

Colegas, de Marcelo Galvão (103 min., Brasil, 2012)

Depois da Queda*, de Bruno Bini (17 min., Brasil, 2011)

Diálogos de Bares*, de Fabrício Lima e Nildo Ferreira (10 min., Brasil, 2010)

Eu não Quero Voltar Sozinho*, de Daniel Ribeiro (17 min., Brasil, 2010)

Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca (100 min., Brasil, 2011)

A Galinha que Burlou o Sistema*, de Quico Meirelles (15 min., Brasil, 2012)

Jean Charles, de Henrique Goldman (93 min., Reino Unido/Brasil, 2009)

O Palhaço, de Selton Mello (88 min., Brasil, 2011)

O Plano*, de Igor Porta e Ricardo Bueno (18 min., Brasil, 2012)

Um Minuto de Silêncio*, de Neurilan Ribeiro (19 min., Brasil, 2012)

Piovi, Il Film di Pio*, de Thiago Brandimarte Mendonça (15 min., Brasil, 2012)

Qual Queijo Você Quer?, de Cíntia Domit Bittar (11 min., Brasil, 2011)

Quando Morremos à Noite*, de Eduardo Morotó (20 min., Brasil, 2011)

Shatter Down - Temporada de Caça*, de Marcos T. Alves (9 min., Brasil, 2012)

O Sol Nascendo*, de Cristiano Lima (8 min., Brasil, 2012)

Todos os Balões Vão para o Céu*, de Frederico Cabral (15 min., Brasil, 2011)

Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper (78 min., Brasil, 2011)

* Texto publicado em outros sites (BRCine e BOL).

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Colegas: Boca Suja

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Quando ouço um discurso sobre a quantidade de palavrões em filmes brasileiros, normalmente argumento que a linguagem cinematográfica dá essa liberdade. O choque acontece porque público está mais acostumado com o texto televisivo e com adaptações covardes em filme dublados ou legendados.

Por outro lado, no caso de Colegas, reforço o coro ante-palavrão. O longa acompanha um trio de portadores de síndrome de Down em uma aventura para realizar seus sonhos. O filme traz cenários lindíssimos e situações engraçadas que divertem e emocionam o público. Os palavrões são um apêndice esquisito.


A missão da fita é mostra os deficientes de maneira humana, para estimular a integração dessas pessoas na sociedade. Esse tipo de mensagem seria muito bem recebida pelo público infantil, frequentemente menos preconceituoso.

O problema é que o vocabulário dos personagens (que poderia ser trocado sem danos à narrativa) dificulta o diálogo com a garotada. Não se trata de moralismo, é apenas uma consciência das regras. Por causa dos palavrões, corre-se o risco de o filme receber uma classificação indicativa que desestimularia algumas famílias a irem aos cinemas.

A questão das falaz chulas é o único elemento que destoa da fórmula ideal para o público infantil adotada por Colegas. Até as locuções excessivas seriam mais toleráveis se houvesse um enfoque totalmente infantil na produção.


Colegas
Roteiro e Direção: Marcelo Galvão
Elenco: Ariel Goldenberg, Rita Pokk , Breno Viola, Lima Duarte, Rui Unas, Deto Montenegro, Leonardo Miggiorin
Duração: 103 minutos
País: Brasil

Nota: 5

Colegas foi visto no Curta Santos 2012.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Resident Evil 5: Particularidades

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


A adaptação de videogames para o cinema sempre foi um desafio para roteiristas. Como transformar histórias que só servem de suporte para jogabilidade em uma narrativa decente? Se Resident Evil 5 – Retribuição (Resident Evil: Retribution) não tem o roteiro mais original do mundo, merece elogios por conseguir encaixar elementos dos games na história do longa.

Dessa vez, Alice (Milla Jovovich, de Os Três Mosqueteiros) acorda dentro de um grande complexo da Umbrella Corporation. Ela terá a ajuda de aliados do passado para escapar do local – aparentemente tudo o que ela viveu nos filmes anteriores não passa de sonho.

Até chegar a saída, ela terá de passar por cidades cenográficas onde acontecem testes com o T-Vírus. Cada um desses locais (Nova York e Moscou, por exemplo) funciona como uma fase do jogo.


Como nos filmes anteriores, há clones por toda parte. Assim, a franquia consegue “ressuscitar” alguns personagens e presentear os fãs da série. Essa receita de grande reunião já provou ter bons resultados em Velozes e Furiosos 5.

Já no paralelo com o mundo dos games, a presença de clones funciona como aquelas fases em jogos de tiro (especialmente os FPS) em que há infinitos inimigos. Ordas e mais ordas de zumbis e outros combatentes podem ser colocados em cena com uma justificativa minimamente plausível. Aliás, é aconselhável ater-se apenas ao minimamente plausível no enredo.

Como na aventura anterior, os efeitos 3D estão afinados e bem posicionados. As cenas de ação são eletrizantes e parece estar diante de um videogame. Só se espera que a repetição não seja sinal de cansaço da franquia.


Resident Evil 5 – Retribuição (Resident Evil: Retribution)
Roteiro e Direção: Paul W.S. Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Sienna Guillory, Michelle Rodriguez, Aryana Engineer, Bingbing Li, Boris Kodjoe . Johann Urb, Oded Fehr
Duração: 95 minutos
País: Alemanha, Canadá

Nota: 6

sábado, 8 de setembro de 2012

ParaNorman: Evolução

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Quando acompanhamos a produção cinematográfica, esperamos que os profissionais avancem e ofereçam filmes cada vez melhores. Felizmente esse é o caso de ParaNorman, em vários sentidos. A animação foi realizada pela mesma equipe que levou às telas Coraline e o Mundo Secreto (2009), que já apresentava um alto nível de qualidade.

Em seu roteiro, o avanço se dá ao falar com inteligência de um assunto em voga – o bullying. O protagonista é um garoto que consegue ver fantasmas e todas as pessoas de sua cidade o julgam um esquisitão por causa disso. A comparar essa prática nociva com outras perseguições do passado (Inquisição, macartismo,...), o longa deixa seu discurso mais claro e criativo.


Como técnica de animação também há uma evolução. O stop motion continua a exercer seu fascínio, mas os efeitos visuais entram em ação de forma colaborativa. Assim, cria-se um visual cheio de personalidade.

O lado aterrorizante de Coraline pemanece, mas os respiros foram sublimados. Quando a garota voltava para o mundo real, o terror era trancafiado. Em ParaNorman, o suspense segue uma gradação constante, graças a boas cenas e a um desenho de som com algumas ousadias.

Ainda no assunto terror, há referências ao gênero a todo momento. O próprio letreiro do filme (veja o pôster abaixo) remete às produções trash de meados do século XX. Há ainda elementos visuais e na trilha musical que farão os espectadores mais crescidos se lembrarem de clássicos do terror.


ParaNorman
Direção: Chris Butler, Sam Fell
Roteiro: Chris Butler
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Tucker Albrizzi, Anna Kendrick, Casey Affleck, Christopher Mintz-Plasse, Leslie Mann, Jeff Garlin, Elaine Stritch, Bernard Hill
Duração: 92 minutos
País: EUA

Nota: 8


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Comunicurtas

O que? Festival Audiovisual de Campina Grande
Quando? De 27 de agosto a 1 de setembro
Onde? SESC Centro - Campina Grande (PB)
Quanto? Atividades gratuitas

O clima do festival (SaraivaConteudo)

Filmes avaliados

30 Minutos, de Walter Pina (12 min., Brasil, 2012)

Bota Abaixo, de Altieres Estevam (15 min., Brasil, 2012)

Cadê Meu Rango?, de George Munari Damiani (4 min., Brasil, 2012)

De Ciências e Afetos, de Sandro Mangueira (13 min., Brasil, 2012)

Dique, de Adalberto Oliveira (19 min., Brasil, 2012)

Entre Muros, de Adriana Tenório (17 min., Brasil, 2011)

Estrada, de Marcel Kunzler (21 min., Brasil, 2012)

Hempocrisy, de Maria Aline Moraes (20 minutos, Brasil, 2012)

Jogo de Olhar, de Marcus Vilar (15 min., Brasil, 2011)

Jus, de Marcelo Didimo (18 min., Brasil, 2012)

Parede Branca do que Poderia Ser, de Pedro Paulo de Andrade (17 min., Brasil, 2011)

Platô, de Kleyton Canuto (18 min., Brasil, 2012)

Testemunhos, de Carlos Mosca (13 min., Brasil, 2012)

Trocam-se Bolinhos por Histórias de Vida, de Denise Marchi (15 min., Brasil, 2010)

Tudo que Deus Criou, de André da Costa Pinto (105 min., Brasil, 2012)


Cosmópolis: Meu querido banco

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Recentemente, no texto sobre Bel Ami, falei sobre a preferência de Robert Pattinson por personagens que não causam simpatia no público. Em Cosmópolis (Cosmopolis), ele continua essa tendência, mas agora dirigido por um cineasta de renome: David Cronenberg (Um Método Perigoso).

O personagem odiável da vez é um grande investidor financeiro. Ele quer atravessar Nova York em sua limousine para cortar o cabelo. No caminho, tem diversos encontros dentro do veículo. As figuras que entram no carro são a armadilha de Pattinson. Todos são mais interessantes e simpáticos do que o protagonista.

Para completar, esses personagens são vividos por atores mais talentosos do que Pattinson. A maioria deles só participa do filme em uma única sequência e ficamos com saudades deles, ao mesmo tempo em que não damos a mínima para o anti-herói.


Cosmópolis tenta fazer um retrato da ordem do dia do mercado financeiro. Enquanto as ruas são tomadas por protestos contra um sistema injusto, os beneficiados pelas regras do jogo se protegem em seus escritórios (a limousine).

O carro também serve como metáfora para o sistema podre, já que vai gradativamente se deteriorando conforme o filme avança. Se têm mais dinheiro do que conseguem gastar, esses ricaços não parecem conhecer a alegria de um churrasco na laje,já que gastam tanta energia na especulação de mercado e preocupações profissionais.

No final das contas, a presença de Pattinson no elenco só é importante no cartaz do longa. Da mesma maneira que ninguém assiste a A Praça É Nossa por causa de Carlos Alberto de Nóbrega, Cosmópolis vive em função de seus personagens secundários.


Cosmópolis (Cosmopolis)
Roteiro e Direção: David Cronenberg
Elenco: Robert Pattinson, Juliette Binoche, Sarah Gadon, Mathieu Amalric, Jay Baruchel, Kevin Durand, Emily Hampshire, Samantha Morton, Philip Nozuka
Duração: 109 minutos
País: França, Canadá, Portugal, Itália

Nota: 4

O Legado Bourne: A ética de Tony Gilroy

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Vivemos uma época carente de boas franquias de ação e espionagem. Uma das raras exceções é a série Bourne, que chega aos trancos e barrancos a seu quarto filme.

Em O Legado Bourne (The Bourne Legacy), a figura do agente Jason Bourne é praticamente uma entidade mística. Muito se fala sobre ele, mas só aparece por meio de fotos antigas. O protagonista agora é Aaron Cross (Jeremy Renner, de Os Vingadores), participante de um programa desenvolvido para criar espiões com habilidades acima da média por meio de medicamentos.

A transformação de Bourne em um fantasma foi a saída para encaixar o roteiro na franquia. Claramente o texto foi escrito como material original, mas rende mais público se for atrelado a uma série de sucesso, mesmo que seja de uma maneira torta.


Esses remendos podem ser percebidos por trás das câmeras. Em A Identidade Bourne (2002), o roteirista Tony Gilroy deu o pontapé inicial para a franquia com Doug Liman (Jogo de Poder) na cadeira de diretor. Nos dois filmes seguintes (Supremacia Bourne e Ultimado Bourne) a direção ficou com Paul Greengrass, que fez o interesse ultrapassar o roteiro de conspiração e mistério. A câmera quase documental de Greengrass cria cenas de ação tensas e envolventes.

Nesse quarto episódio, Tony Gilroy assume a direção. Ele parece ser mais um dos admiradores do trabalho de Paul Greengrass, já que adota uma movimentação de câmera mais dinâmica no novo filme do que no restante de sua carreira de diretor (Conduta de Risco).

Como aconteceu em todos os filmes anteriores, O Legado Bourne acaba ao som de Extreme Ways, de Moby. A canção foi um dos poucos elementos que Greengrass pegou emprestado dos filmes anteriores ao assumir a franquia.


O Legado Bourne (The Bourne Legacy)
Direção: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy, Dan Gilroy
Elenco: Jeremy Renner, Scott Glenn, Rachel Weisz, Edward Norton
Duração: 135 minutos
País: EUA

Nota: 5


sábado, 1 de setembro de 2012

Comunicurtas: Mostra Brasil

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)

Para acompanhar a cobertura completa do Comunicurtas, clique aqui.

Hempocrisy

Tenho assistido a alguns documentários com o tema maconha e a lei, como Esperando para Fumar. Confesso que fiquei preocupado em sentir redundância ao ver o curta. Felizmente meu receio provou-se infundado.

A produção pernambucana traz um viés diferente, mais político e social. Com entrevistas realizadas no Brasil e na Holanda, traça-se um comparativo. De um lado, um país com número de mortes violentas comparáveis a localidades em guerra. Do outro, uma nação que tem o menos índice de mortes por consumo de drogas pesadas. Uma questão para se pensar.

Roteiro e Direção: Maria Aline Moraes
Elenco: -documentário-
Duração: 20 minutos
País: Brasil

Nota: 7

Jus

A tela divide-se em dois para prestar um merecido tributo ao jegue. Na metade esquerda se vê um carroceiro que serve como mestre de cerimônia em plano-sequência (sem cortes). À direita, o documentário propriamente dito se desenrola. Essa marcação na tela emula a forma como um jegue vê o mundo.

O filme é especialmente instrutivo para espectadores que moram fora do Nordeste. As informações nele contidas são raras mais para o sul do país. O tema é importante nos aspectos social, histórico e ambiental; tratado pelo curta com respeito e de maneira a envolver o espectador.

Roteiro e Direção: Marcelo Didimo
Elenco: -documentário-
Duração: 18 minutos
País: Brasil

Nota: 7


Trocam-se Bolinhos

Pessoas viciadas em uma boa narrativa ficam especialmente satisfeitas quando uma história aparentemente banal fala tando. Uma confeiteira (Sissi Venturin, de 3 Efes) tem seu casamento cancelado em cima da hora e decide doar os bolinhos que seriam consumidos na celebração. Em troca, ela pede apenas que as pessoas contem um pouco de suas vidas.

Com tal proposta, a produção fala alto e com delicadeza sobre a solidão do homem contemporâneo. Essa antítese de sensações se estende. Poucas vezes se vê uma narrativa positiva com aspectos tão tristes, que faz o espectador sentir o peito mais leve ao mesmo tempo que luta contra lágrimas.

Trocam-se Bolinhos por Histórias de Vida
Roteiro e Direção: Denise Marchi
Elenco: Sissi Venturin, Ricardo Fogliato
Duração: 15 minutos
País: Brasil

Nota: 9

Comunicurtas: Mostra Tropeiros de Bomborema

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)

Para acompanhar a cobertura completa do Comunicurtas, clique aqui.


De Ciências e Afetos

Um estudante tenta aprovar um projeto de mestrado. Essa premissa corriqueira é usada para criar um curta muito bem-humorado sobre o mundo acadêmico. As partes de uma monografia (introdução, metodologia,...) são usadas como capítulos do drama de Dainho (Kleyton Canuto), o estudante universitário que protagoniza a fita.

O filme se vale de movimentos documentais falsos, principalmente quando a mãe de Dainho (Cássia Lobão) fala sobre o passado da família. O que poderia ser uma digressão distanciadora, apenas confere mais efeito cômico ao curta.

Direção: Sandro Mangueira
Roteiro: Cássia Lobão
Elenco: Kleyton Canuto, Flávio Guilherme, Cássia Lobão, Natasha Dantas, Ivson Rainero, Beti Rodrigues, Wênia Medeiros
Duração: 13 minutos
País: Brasil

Nota: 7

* Só foram encontradas fotos de bastidores do curta.


Platô

Praticamente toda pessoa que resolve trabalhar em um set de filmagem começa pelas funções mais pesadas, como a de platô. Esse profissional é o faz-tudo da produção. O curta conta os apuros que vêm com essa profissão muitas vezes ingrata.

Há situações ficcionais, mas também existem depoimentos verdadeiros de profissionais do cinema. Com a quebra da barreira entre documentário e ficção, o curta ganha em contemporaneidade. No entanto, isso de nada valeria se não houvesse uma marcante faceta cômico-narrativa.

Roteiro e Direção: Kleyton Canuto
Elenco: Pablo di Giorgio, Alan Fernando, Raphael Rio, Altiéres Estevan
Duração: 18 minutos
País: Brasil

Nota: 8