sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Comunicurtas: Mostra Brasil

 por Edu Fernandes

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Dique

Com planos longíssimos, o curta se vale de imagens da orla de Olinda para fazer comparações entre a vida marinha e a sociedade. Com a extensão máxima optada, a força do discurso se dilui e se perde o impacto procurado.

A impressão que se tem é de que a produção poderia fazer muito mais sentido como parte de uma instalação. O curta cairia bem como parte de uma obra maior em uma exposição de artes plásticas. Em um festival de cinema, o resultado é torturante.

Roteiro e Direção: Adalberto Oliveira
Elenco: -documentário-
Duração: 19 minutos
País: Brasil

Nota: 3

Estrada

Dois homens caminham no meio do mato com um propósito diferente de apenas fazer trilha e apreciar o contato com a natureza. O objetivo dos personagens é revelado aos poucos ao espectador por meio de flashbacks.

A direção de fotografia faz um belo trabalho para diferenciar os dois tempos narrativos que se intercalam. O passado é mais obscuro e o presente mais colorido. A diferença na paleta de cores dá pistas dos acontecimentos.

A estrutura de pular do presente para o passado é usada à exaustão. Felizmente a dramaturgia é envolvente e o vai-e-vem é perdoado.

Direção: Marcel Kunzler
Roteiro: Marcel Kunzler, Bernardo de Almeida Turela
Elenco: Leonardo Machado, Charlie Severo
Duração: 21 minutos
País: Brasil

Nota: 6

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Comunicurtas: Mostra Tropeiros de Borborema

 por Edu Fernandes

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Jogo de Olhar

Algumas câmeras registram o clássico futebolístico local: Treze X Campinense. As lentes estão voltadas para a arquibancada, então o espectador apenas deduz o que acontece em campo pela reação dos torcedores.

Com a troca de planos e contraplanos entre as duas torcidas, o filme cria diálogos entre os rivais. Trata-se de um curta calcado no competente trabalho da montagem.

Roteiro e Direção: Marcus Vilar
Elenco: -documentário-
Duração: 15 minutos
País: Brasil

Nota: 8


Bota Abaixo

A intenção do curta é denunciar a antiga prática paraibana de derrubar prédios antigos em nome do progresso, sem qualquer consideração sobre a importância histórica dos imóveis. O que se espera ser contado em um documentário é na verdade uma ficção. Trata-se de um suspense no formato found footage (como A Bruxa de Blair e [REC], por exemplo).

O bom uso do gênero amplifica a mensagem. Há alguns problemas nas atuações dos personagens secundários, mas o filme ganha fôlego em seu final. A tensão é extrema, mesmo com os poucos recursos da produção.

Roteiro e Direção: Altieres Estevam
Elenco: Felipe Lavorato, Thaíse Carvalho, Beti Rodrigues, Pablo Carvalho
Duração: 15 minutos
País: Brasil

Nota: 8

* Só foram localizadas na internet fotos de bastidores do filme.


30 Segundos

A amizade é a força motriz do curta. Um jovem é abandonado pelo namorado e precisa da ajuda dos amigos para superar o momento difícil.

O curta tem sérios problemas técnicos, com uma fotografia irreal e sem personalidade, e uma captação de som deficiente. Com isso, o que poderia ser uma bela ode à amizade perde muito de sua pungência.

Roteiro e Direção: Wagner Pina
Elenco: Lívio Lopes, Ivson Rainero, Oscar Borges
Duração: 12 minutos
País: Brasil

Nota: 4








Testemunhos

Quando uma mãe perde um filho, não há palavra para definir essa dor. Com um tema tão impactante, o curta faz bem em não apelar para a emotividade barata.

Os depoimentos são entrecortados e fica difícil saber detalhes de cada história. A opção favorece a dor em detrimento à narrativa, o que torna a situação mais universal. Infelizmente, há consideráveis escorregões na edição de som.

Direção: Carlos Mosca
Roteiro: ?
Elenco: -documentário-
Duração: 13 minutos
País: Brasil

Nota: 6

* Não foi encontrada qualquer foto do filme na internet para ilustrar o texto.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Comunicurtas: Mostra Brasil

 por Edu Fernandes

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Parede Branca do que Poderia Ser

Com uma estética altamente sensorial, o curta conta o conflito sentimental entre duas amigas. Elas estão apaixonadas, mas não conseguem expressar seu amor. A barreira que os homossexuais enfrentam para assumir sua vida amorosa é mostrada com delicadeza.

O som é o principal condutor emotivo, com uma bem sacada brincadeira com um plug. O roteiro é baseado em uma bela canção, que foi retratada com fidelidade. Depois da sessão, ela fica na cabeça do espectador, como um novo amigo que já se quer bem.

Roteiro e Direção: Pedro Paulo de Andrade
Elenco: Renata Grazzini, Nathalia Ernesto
Duração: 17 minutos
País: Brasil

Nota: 8


Cadê Meu Rango?

A animação casa sua linha narrativa à moda antiga com uma técnica mais contemporânea. O personagem principal é um homem que se depara toda manhã com sua geladeira esvaziada. Para resolver o mistério e pegar o ladrão de comida, ele emprega diversas artimanhas.

As esquetes funcionam de maneira independente entre si, como nos cartoons da Looney Toones, por exemplo. Por outro lado, trata-se de animação por computação gráfica, uma linguagem mais atual. A mescla do novo com o antigo dá bons resultados nesse caso.

Roteiro e Direção: George Munari Damiani
Elenco: Vital Silva
Duração: 4 minutos
País: Brasil

Nota: 6


Entre Muros

O curta discute a questão delicada do celibato religioso. Um padre (Silvio Matos, de Uma, Duas Semanas) sente-se atraído pela empregada doméstica (Bellatrix, de Capitu) e precisa lidar com a tentação. A produção usa com inteligência de diversos símbolos para criar cenas corajosas e significativas. O som colabora para criar essa aura de opressão à natureza humana.

Mais para o final, a proposta muda por conta de acontecimentos na trama. Esse desfecho faz o curta perder alguns pontos, apesar do saldo final ser positivo.

Roteiro e Direção: Adriana Tenório
Elenco: Silvio Matos, Bellatrix, Renato Góes
Duração: 17 minutos
País: Brasil

Nota: 7

sábado, 25 de agosto de 2012

Festival de Curtas: Mostra Internacional

 por Edu Fernandes

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O Pavio

Com uso de vídeos caseiros do começo dos anos 1990, o documentário mostra o começo da guerra separatista da antiga Ioguslávia. O ponto de vista é de um menino, então o tom inocente domina o filme.

O objetivo é discutir as consequências no indivíduo de um cenário mais amplo. Portanto, enquanto tentam comemorar o aniversário do irmão do protagonista, a família se preocupa com bombardeios. Essa mistura de privado e coletivo temperam o curta.

O Pavio: Ou Como Queimei Simón Bolivar (Kako sam Zapalio Simona Bolivara)
Roteiro e Direção: Igor Drljaca
Elenco: Igor Drljaca, Milanko Drljaca, Rosa Drljaca
Duração: 9 minutos
País: Canadá, Bósnia e Herzegovina

Nota: 8


Para o Mundo que Eu Quero Descer

Marcy foi abandonada pelo marido e enfrenta dificuldades para manter o orçamento do lar. O problema é que ela não parece tomar atitudes efetivas para resolver a situação. Ela passa os dias na frente da televisão à espera de que um dia possa ganhar dinheiro em um game show.

Com a simpatia pela protagonista comprometida, fica difícil curtir o filme. As atuações são boas, mas o roteiro não convence, especialmente o espectador brasileiro. Nosso povo já está calejado em crises e teria um comportamento bem diferente do adotado por Marcy.

Para o Mundo que Eu Quero Descer (Shoot the Moon)
Roteiro e Direção: Alexander Gaeta
Elenco: Pamela Bowen, Rachel Grate, Zachary Haven
Duração: 26 minutos
País: EUA

Nota: 4


Suco de Pêssego

A animação em stop motion narra as primeiras descobertas sexuais de um adolescente que vai à praia com familiares. O humor do filme está no casamento torto da estética com o roteiro. Os bonecos não têm qualquer sensualidade e as insinuações são bem posicionadas.

Mesmo com um assunto difícil e visual exótico, ainda há espaço para os rapazes relembrarem os primeiros choques hormonais da puberdade.

Suco de Pêssego (Peach Juice)
Direção: Nathan Gilliss, Brian Lye, Callum Paterson
Roteiro: Brian Lye
Elenco: Kerrie Gee, Matt Spears
Duração: 8 minutos
País: Canadá

Nota: 8

Café Regular, Cairo

Um casal se encontra em um café para discutir sua vida sexual. A premissa já promete momentos de desconforto que são um campo fértil para o humor. A situação cômica aumenta porque o casal é muçulmano.

Apesar dos dois anos de relacionamento, eles ainda não consumaram carnalmente seu amor, tudo por causa das tradições da sociedade em que estão inseridos. É nesse ponto que a comédia é usada para rir dos tabus e possibilitar a discussão de temas delicados.

Roteiro e Direção: Ritesh Batra
Elenco: Mai Abozeed, Alaa Ezzat
Duração: 11 minutos
País: Egito

Nota: 7


Como o Medo Surgiu

Mitos africanos são narrados com o uso de marionetes. Entre os capítulos que formam o curta, o cenário e os manipuladores são mostrados, como que para denunciar que se trata de ficção – como Godard faz em alguns de seus filmes.

O problema é que essa fórmula se repete à exaustão. No final, a narrativa não oferece mais novidades e o curta esvazia-se em sua própria proposta.

Como o Medo Surgiu (Comment vint la crainte)
Roteiro e Direção: Anaïs Caura, Bulle Tronel
Elenco: Christopher Silva
Duração: 10 minutos
País: França

Nota: 5


A Regra de Três

O galã blasé Louis Garrel (As Bem Amadas) faz filmes blasés. Agora ele se arrisca no roteiro e na direção de um curta blasé. Toda a ação se passa em um dia, com três amigos que dividem suas angústias.

Os diálogos trazem todo o existencialismo de quem nunca teve uma pia de louça suja para lavar. Para os fãs blasés de Garrel, um prato cheiro. Para os outros mortais que pegam ônibus lotado, uma tortura verborrágica.

A Regra de Três (La règle de trois)
Roteiro e Direção: Louis Garrel
Elenco: Golshifteh Farahani, Louis Garrel, Vincent Macaigne
Duração: 18 minutos
País: França

Nota: 3


Projeto Centrífuga de Cérebro

O falso documentário mantém a farsa com bom domínio da linguagem. O uso de efeitos visuais denuncia, além dos engraçados exageros na proposta.

O tema é um pretenso instituto de pesquisa que investiga as consequências positivas de participar de situações em que o cérebro é submetido a movimentos bruscos. Para manter os estudos, a instituição se associa a uma empresa de parques de diversão e começa a propor brinquedos absurdos. É aí que o documentário arranca boas risadas do público.

Projeto Centrífuga de Cérebro (The Centrifuge Brain Project)
Roteiro e Direção: Till Nowak
Elenco: Leslie Barany
Duração: 7 minutos
País: Alemanha

Nota: 8

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Gato do Rabino: Cineducação

 por Edu Fernandes

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No meio acadêmico há muitos artigos e cursos sobre o uso do audiovisual na sala de aula. A animação O Gato do Rabino (Le chat du rabbin) é um exemplo de produção que deve ser recebida de braços abertos nas escolas.

O desenho se passa na Argélia, onde o tal gato do rabino ganha a habilidade de falar depois de comer um papagaio. Agora o bichano pede a seu dono que lhe organize um Bar Mitzvah. A reclamação do felino deixa o rabino intrigado, porque ele não sabe se é correto fazer esse tipo de cerimônia para um animal.


Enquanto não se decide se a festividade vai acontecer ou não, outros conflitos surgem. O mais importante é que toda a narrativa serve para mostrar aspectos da cultura e da fé judaica.

A aula que se assiste no cinema com essa animação francesa está longe da chatice que se experimenta na maioria das tentativas de se educar com audiovisual. A estética do desenho é elegante e se permite a algumas ousadias. O texto é ágil e traz diálogos muito interessantes.

Há vários outros títulos que ensinam aspectos de uma religião para as crianças. O que atesta a qualidade de O Gato do Rabino é que, nesse caso, os aprendizes não são tratados como cordeiros. O foco é a educação e não a conversão. Tanto que entre as piadas contidas nas falas do gato estão questionamentos. Mais importante do que transmitir o conhecimento é ensinar a pensar e essa missão é cumprida pelo longa.


O Gato do Rabino (Le chat du rabbin)
Direção: Antoine Delesvaux, Joann Sfar
Roteiro: Joann Sfar
Elenco: Mathieu Amalric, François Damiens, Hafsia Herzi, Karina Testa, Mohamed Fellag, Eric Elmosnino, Daniel Cohen, Joann Sfar
Duração: 100 minutos
País: França, Áustria

Nota: 7

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Festival Varilux 2012

O quê? Festival Varilux de Cinema Francês
Quando? de 15 a 23 de agosto
Onde? Belém, Belo Horizonte, Blumenau, Brasília, Campinas, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Indaiatuba, João Pessoa, Juiz de Fora, Londrina, Macaé, Maceió, Maringá, Natal, Nova Friburgo, Palmas, Porto Alegre, Recife, Resende, Rio de Janeiro, Salvador, Santa Maria, Santos, São Luis, São Paulo, Sorocaba, Teresópolis, Tubarão e Vitória


Filmes avaliados

Adeus Berthe ou O Enterro da Vovó (Adieu Berthe - L'enterrement de mémé), de Bruno Podalydès (100 min., França, 2012)

Americano, de Mathieu Demy (90 min., França, 2011)

E Agora, Aonde Vamos? (Et maintenant on va où?), de Nadine Labaki (110 min., França/Líbano/Egito/Itália, 2011)

A Filha do Pai (La fille du puisatier), de Daniel Auteuil (107 min., França, 2011)

Uma Garrafa no Mar de Gaza (Une bouteille à la mer), de Thierry Binisti (100 min., França/Israel/Canadá, 2011)

Intocáveis* (Intouchables), de Olivier Nakache e Eric Toledano (112 min., França, 2011)

* Texto publicado no site SaraivaConteudo.

A Casa Silenciosa: De volta, com exageros

 por Edu Fernandes

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As refilmagens feitas
por Hollywood têm como objetivo “nacionalizar” histórias para o público estadunidense, que não está acostumado a (ou interessado em) ler legendas. Para os cinéfilos, essa tendência gera versões diluídas de filmes que já foram apreciados. Essa sensação fica clara ao ver A Casa Silenciosa (Silent House).

Como em A Casa (2010), o original uruguaio; o filme mostra uma família que arruma uma casa antiga e isolada para que o imóvel possa ser vendido. O local esconde um mistério assustador, que se revela aos poucos e deixa o espectador tenso.


Do começo ao fim, a premissa geral do filme antigo foi mantida, o que era seu ponto mais forte. Alguns detalhes foram mudados, mas o esqueleto é o mesmo. O problema é que quem conhece o final não ficará tão impressionado quanto o restante do público. Sem a aura de mistério, o suspense fica muito mais fraco.

Outra mania hollywoodiana, especialmente com remakes de terror, é o exageros no desfecho. Dessa forma, A Casa Silenciosa sofre do mesmo mal que acometeu Quarentena (2008), refilmagem de REC (2007).

Em seu terço final, o roteiro de ambos passa dos limites. Em A Casa Silenciosa esse deslize chega a níveis inimagináveis. Seria possível afirmar que se está diante de um filme totalmente diferente daquele que se viu no começo da sessão. Apenas o elenco e o cenário se mantêm, mas o tom é muito distante.


A Casa Silenciosa (Silent House)
Direção: Chris Kentis, Laura Lau
Roteiro: Laura Lau
Elenco: Elizabeth Olsen, Adam Trese, Eric Sheffer Stevens, Julia Taylor Ross
Duração: 85 minutos
País: EUA, França

Nota: 4


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Festival Varilux: Guia

 por Edu Fernandes

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Adeus Berthe

Em uma mistura de drama com comédia, o filme mostra as dúvidas de Armand (Denis Podalydès, de Caos Calmo), um farmacêutico dividido entre seu casamento e um novo relacionamento amoroso. Seus questionamentos acontecem enquanto toma decisões sobre os procedimentos funerários de sua avó.

O enredo sofre do mal francês da verborragia. O protagonista passa o tempo todo em dúvida e o espectador pode ficar impaciente, na ânsia de que Armand tome uma atitude mais efetiva para resolver seus dilemas.

Adeus Berthe ou O Enterro da Vovó (Adieu Berthe - L'enterrement de mémé)
Direção: Bruno Podalydès
Roteiro: Bruno Podalydès, Denis Podalydès
Elenco: Denis Podalydès, Valérie Lemercier , Isabelle Candelier, Catherine Hiegel, Michel Vuillermoz
Duração: 100 minutos
País: França

Nota: 4




E Agora, Aonde Vamos?

Como tinha feito em Caramelo, a diretora Nadine Labaki mais uma vez celebra a força das mulheres. Seu novo filme se passa em uma pequeno vilarejo no Líbano onde cristãos e muçulmanos convivem em harmonia. As mulheres temem que conflitos religiosos na cidade grande acabem com a paz local.

Para evitar o pior, elas se unem e fazem de tudo para evitar que os homens briguem. É nesse “de tudo” que mora a graça e a beleza do filme. Por ter números musicais, mesmo cenário e mesmo tema; é fácil se lembrar de A Fonte das Mulheres.

E Agora, Aonde Vamos? (Et maintenant on va où?)
Direção: Nadine Labaki
Roteiro: Rodney Al Haddid, Jihad Hojeily, Nadine Labaki, Sam Mounier
Elenco: Claude Baz Moussawbaa, Leyla Hakim, Nadine Labaki, Yvonne Maalouf, Ali Haidar, Kevin Abboud, Petra Saghbini , Mostafa Al Sakka, Mohammad Aqil, Khalil Bou Khalil
Duração: 110 minutos
País: França, Líbano, Egito, Itália

Nota: 7




A Filha do Pai

Tem-se a sensação de entrar em uma máquia do tempo enquanto se assiste a essa produção. Trata-se de um filme de época com ar antiquado, no bom sentido. As atuações, a iluminação, os diálogos e o visual como um todo passam uma ingenuidade cinematográfica na medida para o enredo.

A história é sobre Patricia (Astrid Bergès-Frisbey, de Piratas do Caribe 4), filha do poceiro. Ela é seduzida por um jovem rico e engravida. Ele vai à guerra e o pais dela (Daniel Auteuil, de 15 Anos e Meio) sente vergonha do ocorrido.

A Filha do Pai (La fille du puisatier)
Roteiro e Direção: Daniel Auteuil
Elenco: Astrid Bergès-Frisbey, Daniel Auteuil, Kad Merad, Sabine Azéma, Jean-Pierre Darroussin, Nicolas Duvauchelle
Duração: 107 minutos
País: França

Nota: 6




Uma Garrafa no Mar de Gaza

As diferenças religiosas são mais uma vez discutidas, agora sob o olhar da juventude. A judia Tal (Agathe Bonitzer, de A Bela Junie) escreve uma carta e a lança ao mar. Ela chega ao palestino Naim (Mahmud Shalaby) e os dois começam a conversar pela internet.

Em alguns momentos, tem-se a impressão de estar diante de um romance epistolar (composto por cartas), mas não tenho informação se o texto que originou o roteiro foi publicado nesse formato. O relato dos personagens transborda autenticidade e deixa clara a complexidade da questão.

Uma Garrafa no Mar de Gaza (Une bouteille à la mer)
Direção: Thierry Binisti
Roteiro: Thierry Binisti, Valérie Zenatti
Elenco: Agathe Bonitzer, Mahmud Shalaby, Hiam Abbass, Riff Cohen, Abraham Belaga , Jean-Philippe Écoffey, Smadi Wolfman
Duração: 100 minutos
País: França, Israel, Canadá

Nota: 8

360: Histórias demais

 por Vanessa Santos

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O aguardado filme de Fernando Meirelles (Ensaio sobre a Cegueira) não cumpre com as expectativas e caminha com passos cada vez mais largos para o cinema que abraça a estética e o vazio do conteúdo. Inspirado em La Ronde, clássica peça de Arthur Schnitzler, 360 é a união de histórias dinâmicas e contemporâneas, passadas em diversas partes do mundo.

Laura (Maria Flor, de O Bem Amado) é uma mulher que deixou a vida na terra natal para buscar melhores oportunidades em Londres ao lado do namorado Rui (Juliano Cazarré, de Assalto ao Banco Central). Ao descobrir que o parceiro está tendo um caso com Rose (Rachel Weisz, de A Casa dos Sonhos), ela decide voltar para o Brasil. Na volta pra casa, ela conhece um simpático senhor (Anthony Hopkins, de Thor) e Tyler (Ben Foster, de O Mensageiro), duas pessoas em momentos difíceis em suas vidas. 


Num outro lado da história, Mirka (Lucia Siposová) é uma jovem tcheca que começa a trabalhar como prostituta para juntar dinheiro. Ao mesmo tempo, lida com a desaprovação da irmã Anna (Gabriela Marcinkova). O primeiro cliente de Mirka é Michael (Jude Law, de A Invenção de Hugo Cabret), que por sua vez é casado com Rose.

Dirigido por Fernando Meirelles, filme começa em Viena e passa por Paris, Londres, Rio de Janeiro, Bratislava, Denver e Phoenix.

Apesar de se chamar 360 e indicar que a vida é um ciclo de acontecimentos, os personagens cumprem seus arcos mas nem tudo volta ao mesmo lugar. É esse o problema central do filme: o excesso de personagens e de histórias paralelas. Nem todas são exploradas da forma como deveria. Para suas histórias serem bem contadas, somente nas mãos de um hábil diretor. E Fernando Meirelles infelizmente não parece ser um deles.



360
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Maria Flor, Juliano Cazarré, Rachel Weisz, Anthony Hopkins, Ben Foster, Lucia Siposová, Gabriela Marcinkova, Jude Law
Duração: 110 minutos
País: Reino Unido, Áustria, França, Brasil

Dude na rede: Leia entrevista com o diretor (SaraivaConteudo).

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Vingador do Futuro: Vilões mesmo

 por Edu Fernandes

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A nova adaptação do conto “Lembramos para você a preço de atacado” de Philip K. Dick chega aos cinemas com vários elementos calculados para agradar os leitores de ficção científica. O título O Vingador do Futuro (Total Recall) vem da versão antiga, quando os distribuidores brasileiros queriam atrair os fãs de O Exterminador do Futuro (1984). Com esse nome que induz ao erro e a presença de Arnold Schwarzenegger na tela, a ganância ficou à frente da autenticidade. Com isso, herda-se um título infeliz.

No papel que foi de Schwarzenegger está Colin Farrell (A Hora do Espanto), como o operário Doug Quaid. Ele está cansado de sua vida e resolve ir à Rekall, empresa especializada em criar lembranças para seus clientes. Doug sonha em ter a memória de ser um agente secreto, mas algo dá errado no procedimento. Agora ele é um homem perseguido pela força policial.


O cenário futurista opressor lembra literatura e quadrinhos distópicos, como 1984 e V de Vingança. Isso somado a referências à obra de K. Dick e à adaptação anterior transformam O Vingador do Futuro em um prato cheio para os admiradores de ficção científica. Até seu terço final.

Conforme o filme caminha para seu clímax os vilões ficam cada vez mais tresloucados. Em nome de criar boas cenas de ação, os personagens vividos por Kate Beckinsale (Anjos da Noite) e Bryan Cranston (John Carter) começam a tomar atitudes estúpidas e soam como vilões-Disney. Eles não têm mais objetivos claros e são malvados apenas para atrapalhar a vida do protagonista.

É muito triste ver uma produção com tamanho potencial ser vitimada por um erro tão juvenil. Isso é subestimar a inteligência do espectador.


O Vingador do Futuro (Total Recall)
Direção: Len Wiseman
Roteiro: Kurt Wimmer, Mark Bomback
Elenco: Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel , Bryan Cranston, Bokeem Woodbine, Bill Nighy, John Cho
Duração: 118 minutos
País: EUA, Canadá

Nota: 5