quarta-feira, 27 de junho de 2012

Curtas maranhenses

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)

Durante minha passagem por São Luís para cobrir o II Festival Lume, recebi cópias em DVD de curtas de realizadores locais.


Pelo Ouvido

Depois de um acidente automobilístico, Charlie (Eucir de Souza, de O Menino da Porteira) ficou cego e parou de falar. Katie (Amanda Acosta, de A Princesa Xuxa e os Trapalhões) sofre porque sente falta de ouvir a voz do amado.

Os melhores momentos do curta são as cenas de sexo, quando Katie dá um jeito de suprir o silêncio de seu companheiro. Da primeira vez em que testemunhamos um momento íntimo do casal, ela usa gravações de recados de caixa postal para completar a participação de Charlie no ato.

Com esse proposta, Pelo Ouvido é uma bela experiência sensorial.

Direção: Joaquim Haickel
Roteiro: Joaquim Haickel, Arturo Sabora
Elenco: Amanda Acosta, Eucir de Souza, Gustavo Brandão
Duração: 17 minutos
País: Brasil

Nota: 6


Litania da Velha

O passeio de uma mendiga (Porfíria de Jesus) é acompanhado pela leitura de uma poesia. Ao assistir a caminhada, percebe-se claramente que atrás da câmera está um realizador jovem. Em diversas ocasiões, o verso que se ouve é totalmente redundante à imagem que se vê.

O andamento arrastado do filme, com longos tempos mortos, acaba por enfatizar a redundância. É como se esperássemos demais para no final não ter tanta novidade assim.

Roteiro e Direção: Frederico Machado
Elenco: Porfíria de Jesus, Aldo Leite, Othon Bastos
Duração: 17 minutos
País: Brasil

Nota: 4


Infernos

Quase dez anos depois de Litania da Velha, Frederico Machado mostra muito mais experiência e segurança em Infernos. Desta vez, ele aborda temas que domina bem: São Luís (como morador e viajante) e Nauro Machado (como poeta e como pai).

A estrutura dos dois curtas é semelhante,m com Nauro passeando pelas ruas de São Luís enquanto seus poemas são lidos em off por ele mesmo. Da mesma maneira que os versos amam e odeiam a cidade, Frederico mostra a genialidade de seu pai no som e mostra um lado menos digno na imagem. Nauro bebe e faz besteiras nas cenas de Infernos.

Para os amantes de psicanálise, temos um prato cheio. Como sou leigo, não me estenderei no assunto.

Roteiro e Direção: Frederico Machado
Elenco: Nauro Machado, Flavia Teixeira
Duração: 13 minutos
País: Brasil

Nota: 7

A Era do Gelo 4: Sinais de cansaço

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Para que a franquia permaneça viva, A Era do Gelo 4 (Ice Age: Continental Drift) aposta nos mesmos elementos dos filme anteriores. Se isso garante o sorriso no rostos dos fãs de Sid e companhia, mostra que a série precisa se renovar.

A caminhada

Mais uma vez, o conflito central obriga os personagens a fazer uma viagem. Agora Manny, Sid e Diego ficam presos em um iceberg quando terremotos assolam o local onde todos vivem. Os tremores causarão o fim da Panaceia (continente único) e criarão o mapa-múndi mais parecido com o que conhecemos atualmente. Em terra firme, Ellie e a filha Amora também precisam mover suas patas. As mudanças geológicas as obriga a procurar um novo lar.

No primeiro filme (2002), o trio tinha como missão devolver um bebê humano. Em A Era do Gelo 2 (2006), os animais fugiam de uma inundação. Na aventura apresentada em 2009, Sid se perde em um mundo secreto abaixo do gelo e os companheiros partem em seu resgate.

Novos rostos

Outro hábito da franquia é apresentar novos personagens a cada filme. Dessa vez há os piratas comandados pelo macaco Capitão Entranha. A tigresa Shira faz parte do grupo e serve de par romântico para Diego. Amora agora é uma adolescente e seu melhor amigo é o ouriço Luís, mais um estreante na série. A amalucada avó de Sid também dá as caras em A Era do Gelo 4.

Em 2006, fomos apresentados a Ellie e seus irmãos gambás. Depois foi a vez da doninha Buck, que não participa do novo filme.

Scrat

Nos dois primeiros episódios da franquia o esquilo só participada de pequenas gags, que normalmente não tinham relação com a história central. Em A Era do Gelo 3 surge um par romântico para Scrat e suas aparições ganham uma linha narrativa mais clara. Agora, o atrapalhado personagem tem uma trama própria bem mais concreta.

Scrat acha um mapa gravado na casca de uma noz que promete levá-lo a um local onde poderá saciar completamente sua fome. Em cada uma de suas aparições, Scrat está seguindo o tal mapa na direção do paraíso das nozes.


A Era do Gelo 4 (Ice Age: Continental Drift)
Direção: Steve Martino, Mike Thurmeier
Roteiro: Michael Berg, Jason Fuchs
Elenco: Denis Leary, John Leguizamo, Ray Romano, Seann William Scott, Wanda Sykes, Peter Dinklage, Josh Gad, Queen Latifah, Jennifer Lopez , Keke Palmer, Josh Peck
Duração: 94 minutos
País: EUA

Nota: 5

terça-feira, 26 de junho de 2012

Fausto: No limite do incômodo

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Depois de todas as mensagens de segurança, anúncios publicitários e trailers; na sessão de cinema de Fausto (Faust) a primeira coisa que se vê é o céu. O formato da tela (janela 1.37 : 1, quase em desuso atualmente) e o aspecto climático da imagem já anunciam a proposta do filme: incomodar.

A história do médico (Johannes Zeiler) que faz um pacto com o demônio (Anton Adasinsky) para ter a mulher amada (Isolda Dychauk) é contata com todas as áreas técnicas propositalmente depondo contra o espectador. A direção de Aleksandr Sokurov (A Arca Russa) por vezes usa lentes que deformam a cena, a direção de fotografia restringe a paleta de cores, a reconstrução de época da direção de arte cria ambientes nada confortáveis, a música atropela as cenas, as atuações são descompassadas... A aparente receita desastrosa funciona porque o teor narrativo suporta a proposta.


O único elemento que segura a plateia em seus assentos é a beleza da mocinha. Tendo a alento visual de Margarete, fica-se preso a Fausto, enquanto o filme faz o espectador de saco de pancadas.

Assim como o protagonista passa por diversas provações para ficar ao lado da amada, o público suporta as algúrias planejadas pelo cineasta. A experiência de imersão pelo sofrimento é altamente recomendada para quem está interessado em novas sensações (não necessariamente positivas) dentro da sala de cinema.

Se a busca é por entretenimento puro e simples, daqueles quase terapêuticos, é melhor procurar outra opção. Em Fausto, Sokurov prova que o cinema tem um potencial maior do que a maioria das pessoas espera, mas o filme é uma batalha de nervos de mais de duas horas de duração. Aos sobreviventes dispostos, vale a pena.


Fausto (Faust)
Direção: Aleksandr Sokurov
Roteiro: Aleksandr Sokurov, Marina Koreneva
Elenco: Johannes Zeiler, Anton Adasinsky, Isolda Dychauk, Georg Friedrich
Duração: 134 minutos
País: Rússia

Nota: 8

Fausto foi visto na Mostra de Cinema de São Paulo 2011.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sombras da Noite: Origens às claras

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Na adaptação da televisão para o cinema, Sombras da Noite (Dark Shadows) não é muito eficiente. Enquanto se assiste ao filme é possível perceber as origens dos personagens e fica a sensação que eles não deveriam sair de uma série de TV.

A família Collins

Barnabas (Johnny Depp, de Diário de um Jornalista Bêbado) – Depois de ser transformado em vampiro por uma bruxa, ele foi aprisionado em um caixão e enterrado. Passados 200 anos, ele é liberto e volta a morar na Mansão Collins. As diferenças entre seu tempo e os Estados Unidos dos anos 70 são o motivo de várias piadas.

Elizabeth (Michelle Pfeiffer, de Noite de Ano Novo) – Essa mulher de atitude comanda os negócios da família, mas o mercado não tem sido gentil com os Collins. O clã está à beira da falência. Elizabeth é a única que sabe que Barnabas é uma vampiro e diz para os demais que ele veio da Inglaterra.

Roger (Jonny Lee Miller, de Dexter) – Viúvo, ele é um imprestável. Roger dá em cima de todas as mulheres e não dedica um minuto de sua atenção para o filho.

Carolyn (Chloë Grace Moretz, de Hugo Cabret) – Filha de Elizabeth, a adolescente passa seus dias isolada no quarto. De temperamento forte, a jovem rebelde acha Barnabas um tipo muito estranho.

David (Gulliver McGrath, de Hugo Cabret) – Filho de Roger, o garoto diz que consegue se comunicar com a falecida mãe. Uma médica foi contratada para tratar do que se acredita ser delírios traumáticos.







Outros moradores da mansão

Dr. Julia Hoffman (Helena Bonham Carter, da série Harry Potter) – Contratada para cuidar de David, a médica passa seu tempo entre bebedeiras e ressacas. Quando descobre que Barnabas é um vampiro, resolve estudá-lo.

Willie Loomis (Jackie Earle Haley, de A Hora do Pesadelo) – Criado dos Collins, ele é enfeitiçado pro Barnabas e faz tudo o que o vampiro lhe ordernar.

Victoria Winters (Bella Heathcote, de O Preço do Amanhã) – A jovem chega à mansão para ser tutora de David, mas tem um passado oculto. A beleza de Vicky faz Barnabas lembrar-se de sua mulher amada, morta há 200 anos.


A vilã

Angelique Bouchard (Eva Green, de A Bússola de Ouro) – A bela bruxa transformou Barnabas em vampiro. Ela usa todo seu poder, mágico e econômico, para minar os negócios dos Collins.


Sombras da Noite (Dark Shadows)
Direção: Tim Burton
Roteiro: Seth Grahame-Smith
Elenco: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Helena Bonham Carter, Eva Green, Jackie Earle Haley , Jonny Lee Miller, Bella Heathcote, Chloë Grace Moretz, Gulliver McGrath
Duração: 113 minutos
País: EUA

Nota: 4

quinta-feira, 21 de junho de 2012

II Festival Internacional Lume de Cinema

Quando: de 14 a 20 de junho
Onde: Cine Praia Grande (São Luís, MA)
Quanto: Ingressos a R$10

Entrevista com diretor do Festival (site SaraivaConteúdo)

Lista de vencedores (site SaraivaConteúdo)


Filmes avaliados

As Batidas do Samba*, de Bebeto Abrantes (82 min., Brasil, 2012)

O Carteiro*, de Reginaldo Faria (103 min., Brasil, 2011)

Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo* (L'Enfer), de Claude Chabrol (100 min., França, 1994)

Crulic – Trilha para o Além (Crulic - drumul spre dincolo), de Anca Damian (73 min., Romênia/Polônia, 2011)

Dizem que os Cães Veem Coisas, de Guto Parente (12 min., Brasil, 2012)

História Morta (Historia Muerta), de Fran Mateu (15 min., Espanha, 2011)

HU, de Pedro Urano e Joana Traub Csekö (78 min., Brasil, 2011)

Irmão (Hermano), de Marcel Rasquin (97 min., Venezuela, 2010)

Mãe e Filha, de Petrus Cariry (80 min., Brasil, 2011)

Moacir, de Tomás Lipgot (75 min., Argentina, 2011)

Oma, de Michael Wahrmann (22 min., Brasil, 2012)

Ondas* (Olas), de Alberto Morais (95 min., Espanha, 2011)
Qual Queijo Você Quer?, de Cíntia Domit Bittar (11 min., Brasil, 2011)

Rânia, de Roberta Marques (85 min., Brasil, 2011)

Uma, Duas Semanas, de Fernanda Teixeira (17 min., Brasil, 2012)

* Textos publicados no site Cinequanon.


Moacir X Oma: A ética e o objeto

por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Quando um documentário tem como objeto de estudo um ser humano, é preciso um cuidado especial na forma como tratar seu protagonista. Antes de se cogitar a imparcialidade, faz-se necessário refletir sobre a ética.

O cineasta argentino Tomás Lipgot conheceu o brasileiro Moacir durante o processo de realização do documentário Fortalezas (2010). Na ocasião, o imigrante estava internado em um hospital para doentes mentais. Tomás percebeu que a história de Moacir merecia m filme próprio.

O longa Moacir conta a vida e o sonho desse excêntrico cantor e compositor. Depois de terminado o tratamento mostrado no documentário anterior, o brasileiro vive sozinho em um minúsculo apartamento em Buenos Aires. Ele começa a se reunir com o produtor musical Sergio Pangaro para gravar seu primeiro CD, com canções clássicas e composições próprias.

 
Durante o processo, o espectador vê a personalidade do artista, com quem nem sempre é fácil de se conviver. Moacir faz questão de manter algum controle sobre o CD e até sobre o documentário.

O questionamento ético ocorre porque Moacir é mais um personagem curioso, a começar pelo figurino que inclui uma coleção de percas, do que um talento não-revelado. Ele se entrega ao filme, mas claramente não terá o sucesso e a fama plenos. Por outro lado, talvez esse gostinho do sonho que o documentário lhe proporciona seja mais benéfico do que prejudicial para o psicológico dele.


O curta-metragem Oma escancara a intimidade família de seu realizador, além de trazer a questão da fragilidade mental de sua protagonista. O diretor Michael Wahrmann (Avós) leva sua câmera toda vez que vai visitar sua avó no Uruguai. Ele registra os desencontros lingüísticos que trava com a idosa, uma vez que ela teima em falar alemão.

O filme é calcado na montagem e tem suas qualidades técnicas, mas abre-se a discussão de definir até que ponto a protagonista foi apenas explorada. No caso de Oma, tendo a ficar em cima do muro. Já com Moacir, acho mais fácil fazer a defesa ética do filme.

Moacir
Direção: Tomás Lipgot
Roteiro: Javier Zevallos
Elenco: Moacir Dos Santos, Sergio Pangaro
Duração: 75 minutos
País: Argentina

Nota: 8

Moacir foi visto no II Festival Internacional Lume de Cinema (São Luís, MA)
 
Oma
Roteiro e Direção: Michael Wahrmann
Elenco: Michael Wahrmann, Gerda Gruenwald Wahrmann, Tomas Wahrmann, Daniel Wahrmann
Duração: 22 minutos
País: Brasil

Nota: 7

Oma foi visto no Olhar de Cinema (Curitiba, PR)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rânia X Irmão: Além do talento

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Existem pessoas que são contra projetos assistencialistas por eles não criarem “condições plenas de igualdade”. Há várias manifestações nas redes sociais que comparam o salário ganho honestamente com as “ajudas para vagabundos” concedidas pelo governo. Para esse público, o II Festival Lume ofereceu ao menos duas oportunidades de ver o outro lado da questão.

A personagem título de Rânia é uma jovem dançarina de Fortaleza interpretada por Graziela Felix. De origem pobre, ela tem de usar muito jogo de cintura para conseguir levar adiante o sonho de participar de uma companhia de dança profissional. Um dos obstáculos mais próximos da menina é a falta de apoio da família. Logo no começo do filme, a mãe pede a Rânia que ela se atrase para o ensaio para poder ajudá-la.

O longa acredita na força da protagonista e conta a história por fragmentos, em uma economia narrativa acima da média. Também há fé no talento da dançarina, tanto que as cenas de dança não trazem grandes movimentos de câmera.


A mesma tática pode ser vista em Irmão (Hermano), mas nos campos de futebol. Como em Rânia, usa-se atores estreantes e eles dão conta do recado.

Gato (Fernando Moreno) é um garoto pobre com grande potencial para se tornar um jogador de futebol. Ele é tão apaixonado pelo esporte que toda noite usa uma bola como travesseiro. De manhã, ele faz abdominais na frente da televisão, que exibe gols da seleção venezuelana.

O rapaz tem o apoio familiar, mas os vários problemas ao seu redor dificultam seu caminho até um time profissional. Gato convive com violência na favela onde mora, testemunha garotas que engravidam e são abandonadas, e outras mazelas.

As semelhanças com a realidade e o amor futebolístico no Brasil são notáveis. No final, Irmão torna-se uma mistura de Linha de Passe com Bróder.

Rânia
Direção: Roberta Marques
Roteiro: Luisa Marques, Roberta Marques
Elenco: Graziela Felix, Mariana Lima, Nataly Rocha
Duração: 85 minutos
País: Brasil

Nota: 6

Irmão (Hermano)
Direção: Marcel Rasquin
Roteiro: Rohan Jones, Marcel Rasquin
Elenco: Fernando Moreno, Eliú Armas, Beto Benites, Gonzalo Cubero, Marcela Girón
Duração: 97 minutos
País: Venezuela

Nota: 6

domingo, 17 de junho de 2012

Crulic X História Morta: Relatos do além

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


A Sessão 11 do II Festival Lume trouxe dois relatos de protagonistas mortos, um calcado na realidade e outro totalmente fantasioso. O visual de ambas produções chama a atenção.

Crulic – Trilha para o Além (Crulic - drumul spre dincolo) conta a história real de um romeno que foi preso na Polônia, acusado de roubo. Com narração em romeno pelo próprio Claude Crulic (nesse caso interpretado pela voz de Vlad Ivanov, de A Informante), a animação almeja ser um protesto internacional contra o sistema penal e judicial polonês. Prova disso é que a narração que não é feita pelo protagonista é realizada em inglês.

Para que seu discurso não se torne algo vazio e enfadonho, o visual da animação impressiona. Há a integração de diversas técnicas: desenho, manipulação de fotos, stop motion, computação gráfica, colagem,...


Por outro lado, História Morta (Historia Muerta) traz o relato de um vampiro. A narração é excessiva e por diversas vezes redundante. As falas de Samuel (Fran Palacios) são repletas de referências literárias para provar a longevidade do personagem.

O curta usa efeitos visuais para firmar sua personalidade estética. Esse apuro salva o curta do esquecimento, uma vez que sua narrativa é banal.

Crulic – Trilha para o Além (Crulic - drumul spre dincolo)
Roteiro e Direção: Anca Damian
Elenco: Vlad Ivanov, Jamie Sives
Duração: 73 minutos
País: Romênia, Polônia

Nota: 8

História Morta (Historia Muerta)
Roteiro e Direção: Fran Mateu
Elenco: Fran Palacios, Maite Mateo, Fele Pastor, Jesús Díaz
Duração: 15 minutos
País: Espanha

Nota: 5

sábado, 16 de junho de 2012

Lume: Curtas nacionais

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)

Confira a cobertura do Festival Lume de Cinema aqui.


Qual Queijo Você Quer?

O curta catarinense mostra um surto isolado de Margarete (Amélia Bittencourt, de Nosso Lar), uma idosa que mora com o marido (Henrique César, de Caras e Bocas) em um pequeno apartamento no centro da cidade. Ela reclama dos vários sonhos da juventude que o casal nunca realizou e tenta achar uma maneira de escapar do presente tedioso.

Os atores estão bem e a história apresenta conflitos silenciosos que podem fazer parte de muitas vidas. O som falha em algumas falas e a direção escolhe enquadramentos tediosos, talvez numa alusão ao sentimento dos personagens.

Roteiro e Direção: Cíntia Domit Bittar
Elenco: Amélia Bittencourt, Henrique César
Duração: 11 minutos
País: Brasil

Nota: 6

Qual Queijo Você Quer? foi visto no Festival do Rio 2011.



Uma, Duas Semanas

Um aposentado mora sozinho e mantém uma rotina bem estabelecida. Ele recebe a visita do filho, que vai ao Rio de Janeiro fazer um teste para participar de um musical. O idoso sente-se incomodado com o intruso.

O curta oferece vários alguns vazios narrativos para que o espectador complete com sua própria imaginação. A ideia é vislumbrar a sensação de se ter uma menta na qual não se pode confiar.

Direção: Fernanda Teixeira
Roteiro: Fernanda Teixeira, Ismar Tirelli Neto
Elenco: Sílvio Matos, Pedro Monteiro, Bruno Trento, Ronaldo Júlio, Abelardo de Carvalho
Duração: 17 minutos
País: Brasil

Nota: 7


Dizem que os Cães Veem Coisas

Sem um protagonista para acompanhar, o filme mostra uma festa de gente rica, a beira da piscina. Usa-se imagens coloridas em excesso, como uma publicidade do estilo de vida. A crítica social está incluída nessa opção e em cada detalhe da obra, no comportamento dos personagens ou nos fragmentos de falas que podemos escutar.

O curta cearense fecha muito bem ao escolher uma canção de Falcão para acompanhar os créditos finais. Trata-se de uma crítica ao estrato social apresentado, mas também uma piada elegantemente irônica com o uso de uma peça propositalmente brega.

Roteiro e Direção: Guto Parente
Elenco: vários
Duração: 12 minutos
País: Brasil

Nota: 9


sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Primeira Coisa Bela: Emoções familiares

 por Edu Fernandes

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Amor e tolerância são duas virtudes que andam de mãos dadas quando se trata de convívio entre os homens. Por essa razão, para amar A Primeira Coisa Bela (La prima cosa bella) é preciso ser tolerante com as falhas de caráter de seus personagens.

O próprio protagonista é um dependente químico que evita ter contato com sua família. Contudo, a doença avançada da mãe de Bruno (Valerio Mastandrea, de Nine) o obriga a recriar os laços familiares. Nesse processo, o professor relembra sua infância e adolescência quando Anna (Micaela Ramazzotti), sua impulsiva mão era uma mulher belíssima.

O enredo segue num vai e vem cronológico e o espectador percebe a mudança de época antes dos atores aparecerem, pelos objetos de cena e pela direção de fotografia. Nas cenas do passado, o filme ganha ares mais avermelhados. Com essa paleta de cores, ganha-se um visual mais antiquado, como filmes caseiros feitos em 8 mm.


Seja nas lembranças ou no tempo presente, os personagens não fazem cerimônia em mostrar seus defeitos. Quando criança, Valeria (Aurora Frasca) é uma menina mimada que testa a paciência de Bruno (Giacomo Bibbiani), seu irmão mais velho. Depois de adulta (Claudia Pandolfi, de Filhos das Estrelas), ela se casa com Giancarlo (Fabrizio Brandi), um gomem que fala demais e, por isso, torna-se uma presença indesejável. Para completar, o pai (Sergio Albelli, de Milagre em Sta. Anna) de Bruno e Valeria é um homem violento que chega a expulsar a esposa e os filhos de casa.

Quando se percebe que aceitar as características negativas das pessoas faz parte do convívio familiar, A Primeira Coisa Bela torna-se um melodrama de grande carga emotiva. Se o mergulho em seu enredo for completo, lágrimas podem ser esperadas.

Dica do Dude: Se o tema de A Primeira Coisa Bela agradou, assista a “versão” britânica e masculina dessa história. Quando Você Viu Seu Pai pela Última Vez? (2007) é estrelado por Jim Broadbent (A Dama de Ferro) e Colin Firth (O Espião que Sabia Demais) no papel de pai e filho, respectivamente.


A Primeira Coisa Bela (La prima cosa bella)
Direção: Paolo Virzì
Roteiro: Paolo Virzì, Francesco Bruni, Francesco Piccolo
Elenco: Valerio Mastandrea, Micaela Ramazzotti, Stefania Sandrelli, Claudia Pandolfi, Sergio Albelli, Aurora Frasca, Giacomo Bibbiani, Giulia Burgalassi, Francesco Rapalino, Isabella Cecchi
Duração: 122 minutos
País: Itália

Nota: 8