quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tomboy: Infância expressiva

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Normalmente quando se assiste a um filme com elenco infantil, recomenda-se vistas grossas para a pouca experiência dramática dos jovens atores. Recentemente o cinema francês tem apresentado produções nas quais as crianças dão um show de atuação.

Um dos exemplos recentes dessa safra positiva é Tomboy, que ainda traz em si o fator complicador da temática homossexual. O filme conta a história da garota Laure (Zoé Héran), que se muda de casa com a família e se passa por um garoto para as outras crianças do condomínio onde foi morar.

Como usa cabelos curtos e ainda não entrou na puberdade, a farsa convence a todos. Mesmo assim, Laure enfrenta algumas dificuldades para sustentar sua mentira, como quando tem de usar trajes de banho. A motivação para tudo isso é uma menina chamada Lisa (Jeanne Disson), por quem Laure se sente atraída.


A narrativa de Tomboy não é forçadamente didática e uma parte considerável de sua história precisa ser deduzida por pistas dadas pelas imagens e pelas atuações. Por essa razão um elenco infantil afinado de suma importância, como para o realismo de Entre os Muros da Escola e para a sensibilidade de Stella.

No cinema brasileiro já tivemos bons resultados com elenco adolescente em As Melhores Coisas do Mundo e Antes que o Mundo Acabe, mas quando crianças estão em cena a coisa muda. O pior de todo esse cenário é perceber que muito poderia ser melhorado se os produtores não fossem coniventes. No caso recente de Uma Professora Muito Maluquinha, por exemplo, é inaceitável crianças com forte sotaque carioca interpretem personagens mineiros.




Tomboy
Roteiro e Direção: Céline Sciamma
Elenco: Zoé Héran, Malonn Lévana, Jeanne Disson, Sophie Cattani, Mathieu Demy, Yohan Vero, Noah Vero, Cheyenne Lainé, Rayan Boubekri
Duração: 82 minutos
País: França

Nota: 8

Dica: Apesar de ser uma coprodução entre Bélgica, França e Itália; O Garoto de Bicicleta também pode ser considerado um bom exemplo do uso de atores-mirins talentosos.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Desaparecidos: Coleção de erros

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Quando um diretor brasileiro resolve explorar um gênero no qual nosso cinema não é fluente, espera-se que ele pegue fórmulas e referências consagradas em outras cinematografias e adicione brasilidade para criar uma obra interessante. Um bom exemplo dessa prático é o filme de herói Besouro (2009).

Apesar de fincar os pés em referências de A Bruxa de Blair (1999) e Cloverfield – Monstro (2008), infelizmente Desaparecidos apenas adiciona erros e cria um filme que testa a paciência de seu espectador.

Pelo menos há um pouco de criatividade na premissa. Um grupo de amigos é convidado para uma festa onde todos os participantes precisam ficar com câmeras penduradas no pescoço. Os aparelhos ligam e desligam independente e aleatoriamente de tempos em tempos. Com essas regras, cria-se um registro acidental dos acontecimentos.

A festa perde a graça para os personagens quando eles se metem no meio do mato para encontrar um amigo. Eles correm atrás do sujeito e as câmeras conseguem, como que por magia, captar imagens claras. O que se esperaria dessas condições seriam vídeos onde apenas o som pode ser compreendido, já que a câmera oscilaria demais.

Em filmes de terror a motivação dos personagens é muito importante para manter o interesse do público. Em Cloverfield, todas as loucuras do protagonista são perdoáveis porque ele é movido pelo amor que sente pela amiga/ficante.

Desaparecidos usa e abusa da chatice e burrice de seus personagens para fazer a história se desenvolver. Assim, quando há uma morte, muitos na plateia pensarão: “Um a menos para apurrinhar”.

Some a tudo isso uma edição de som tosca, que claramente cola falas dubladas nas cenas. Com isso, o filme custa a passar, apesar de sua modesta duração.



Desaparecidos
Direção: David Schurmann
Roteiro: Rafael Blecher, David Schurmann
Elenco: Adriana Veraldi, André Madrini, Charlene Chagas, Fernanda Peviani, Natália Vidall, Pedro Urizzi
Duração: 73 minutos
País: Brasil

Nota: 3

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um Dia: Noção de tempo

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Muitas pessoas usam as histórias contadas em livros e filmes como exemplos de aprendizado em suas vidas pessoais. A adaptação cinematográfica do romance Um Dia (One Day) mostra as incontáveis variáveis de um encontro amoroso.

O filme acompanha as vidas de Emma e Dexter. O casal interpretado por Anne Hathaway (O Amor e Outras Drogas) e Jim Sturgess (Caminho da Liberdade) se conheceu no final da faculdade e quase foram para a cama logo na primeira noite, mas preferiram seguir pelo caminho da amizade.

Não é preciso ter poderes psíquicos para deduzir que os dois estão destinados a ficar juntos, mas não conseguem logo de cara. Quando se conhecem, Dexter sabe muito bem o que quer da vida, mas Emma ainda não tem confiança sobre suas capacidades.


A partir de então, o espectador testemunha os encontros do casal de amigos no decorrer dos anos, sempre no dia 15 de julho. Mais tarde, Emma engrena uma carreira como professora, mas é extremamente infeliz no amor. Nesse momento, ela precisa do apoio de Dexter, mas o rapaz está muito focado no show business e no consumo de drogas.

Anos depois, a situação se inverte. Emma é uma bem-sucedida escritora e Dexter tenta se reerguer profissionalmente. O casal parece nunca encontrar o equilíbrio perfeito para que o amor entre os dois possa florescer.

O mesmo pode ser repassado para a vida pessoal de cada espectador. A mensagem do filme, e do livro no qual e baseado, é que não basta encontrar a pessoa certa, mas estar preparado para ser a pessoa certa em troca.




Um Dia (One Day)
Direção: Lone Scherfig
Roteiro: David Nicholls
Elenco: Anne Hathaway, Jim Sturgess, Tom Mison, Jodie Whittaker, Patricia Clarkson
Duração: 107 minutos
País: EUA, Reino Unido

Nota: 6

sábado, 26 de novembro de 2011

Os Especialistas: Atrativos em ponto de bala

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Filmes de trabuco formam um gênero cinematográfico que pode ser visto na programação televisiva nas noites de domingo para ajudar os marmanjos a encarar a semana que se inicia em breve. Os Especialistas (Killer Elite) tem todos os ingredientes para cair no gosto dos apreciadores desse tipo de filme.

O protagonista (Jason Statham, de Assassino a Preço Fixo) é um homem solitário que quer deixar para trás seu passado de matanças. No entanto, ele se vê obrigado a voltar à ativa quando seu mentor (Robert De Niro, de As Duas Faces da Lei) é capturado. Sua missão final será atrapalhada por um vilão implacável (Clive Owen, de Trama Internacional).

A ação do filme se divide entre as ruas de uma grande cidade (Londres) e locações exóticas de um país pouco conhecido do grande público (Omã). Durante o cumprimento de sua missão, o protagonista se envolve em assassinatos bem planejados, perseguições empolgantes e muita porrada.


Para dar uma maior justificativa para seu enredo, é anunciado que o filme conta uma história baseada em acontecimentos reais. É nesse ponto que há o exagero passa dos limites em Os Especialistas. O filme é inspirado no livro The Feather Men, que nunca deu provas suficientes sobre a autenticidade de sua trama.

Para deixar ainda mais longe de uma possível verdade, existem enormes diferenças entre o que se lê no livro e o que se vê no filme. O protagonista é outro e o espaço de tempo no qual a história se desenvolve é muito menor na fita. Aí fica totalmente impraticável o rótulo de “baseado em uma história real”.




Os Especialistas (Killer Elite)
Direção: Gary McKendry
Roteiro: Matt Sherring
Elenco: Jason Statham, Clive Owen, Robert De Niro, Dominic Purcell, Aden Young, Yvonne Strahovski
Duração: 116 minutos
País: EUA, Austrália

Nota: 5

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Operação Presente: Receita natalina

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Todos os anos, o mês de dezembro tem opções temáticas no circuito de cinema. Produções natalinas são normalmente direcionadas ao público infantil e o que se espera dos filmes do gênero é uma mistura balanceada entre bom humor e emoção.

Operação Presente (Arthur Christimas) é uma animação que funciona como um perfeito presente de natal: emociona e agrada na medida certa. Como outras histórias sazonais, a premissa é a perda e a recuperação do espírito natalino. A originalidade está na forma como sua história é contada.

Durante o mandato do Papai Noel atual, a população da Terra cresceu muito. Para dar conta de presentear tantas crianças, a equipe do Polo Norte conta com tecnologia de ponta. Durante a entrega dos presentes, equipes de elfos invadem as casas com os embrulhos em uma verdadeira operação de guerra. O contraste entre a tensa do trabalho dos elfos e a emotividade natalina cria a atmosfera cômica do filme.


Os personagens também têm responsabilidade pelo humor do filme. Um grupo estranho é formado para entregar um brinquedo esquecido por uma falha no sistema. Arthur, o protagonista, tem medo de tudo, mas é um grande entusiasta do Natal. Ele vai no trenó do Vovô Noel cumprir a missão ao lado do velhote, que insiste em levar sua rena de estimação. Completa o time Bryony, uma elfa especializada em embrulhos.

Nessa jornada, Arthur precisa superar seus medos e inseguranças. Assim, reafirma o espírito natalino que está em crise por conta da opressora participação da tecnologia no sistema de entrega de presentes.

A mensagem positiva que se pode tirar de Operação Presente é que o novo deve ser estimulado, mas não precisa renegar totalmente os valores originais e tradicionais. Quando o novo e o velho trabalham juntos, o avanço é positivo, como a magia do Natal.




Operação Presente (Arthur Christimas)
Direção: Sarah Smith
Roteiro: Peter Baynham, Sarah Smith
Elenco: James McAvoy, Hugh Laurie, Bill Nighy, Jim Broadbent, Imelda Staunton, Ashley Jensen
Duração: 97 minutos
País: EUA, Reino Unido

Nota: 8

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Os Muppets: Nostalgia e riso

por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?) - último parágrafo


Uma tática recorrente em filmes infantis é colocar piadas que apenas os adultos entenderão. Dessa maneira, agrada-se os pais que levam os filhos ao cinema. Os Muppets (The Muppets) segue outra direção e o filme irá primeiramente agradar os adultos dispostos a se reconectarem com suas infâncias. Toda essa receita começa com os dois atores principais.

Jason Segel já mostrou em Ressaca do Amor sua adoração pelos fantoches criados por Jim Henson e agora também colabora com o roteiro do novo filme. Em Encantada, Amy Adams demonstra sua habilidade de não se levar muito a sério e fazer ótimos números musicais.

O filme em si não se leva a sério, o que dá muita saúde para a produção. Seu humor é baseado na nostalgia de seus antigos fãs (e na total ignorância das novas gerações) e em piadas com si mesmo. Nesse caso, os próprios personagens assumem que estão em um filme, fazendo referências ao orçamento da produção e aos números musicais.


As participações especiais são mais um elemento no charme de Os Muppets. Astros de agora e do passado fazem pequenas pontas para dar mais dinâmica ao enredo.

No entanto, um ponto no roteiro perde força em terras brasileiras. Caco e sua turma são ameaçados de perderem os direitos sobre o nome da trupe. Em uma época em que a Disney está repleta de Kermit, Tinker Bell (Sininho) e menino Christopher (Ursinho Puff), os nomes pelos quais os personagens são conhecidos há décadas parecem não ter muito valor.





Os Muppets (The Muppets)
Direção: James Bobin
Roteiro: Jason Segel, Nicholas Stoller
Elenco: Jason Segel, Amy Adams, Chris Cooper, Rashida Jones, Steve Whitmire, Eric Jacobson, Dave Goelz, Bill Barretta, David Rudman, Matt Vogel, Peter Linz
Duração: 98 minutos
País: EUA

Nota: 7

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Happy Feet 2: Reparos

por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?) - penúltimo parágrafo


Uma das qualidades primordiais de um filme (assim como outras obras artísticas) é a coesão. Quando estreou em 2006, Happy Feet impressiounou pela qualidade técnica, mas pecou pela falta de coesão. Happy Feet 2: O Pinguim (Happy Feet Two) mantém o apuro técnico e remedia a falha estrutural de seu antecessor.

A primeira animação começa em tom leve, muda para uma pegada mais séria e, no final, resolve seus conflitos com uma saída musical que combina mais com a tônica inicial. A sequência é bem mais constante. A mensagem ecológica continua, mas desta vez é transmitida sem comprometer a narrativa.

A história se centra na relação de Mano com seu filho Eric. O filhote é inseguro de suas habilidades e Mano é incapaz de tranquilizá-lo.

Há também a história dos krills Will e Bill. Eles se desapegaram de seu cardume para conhecerem o mundo. Essa trama é mais cômica e não tem uma relação direta com o conflito central de Happy Feet 2. Qualquer semelhança com o esquilo Scrat da série A Era do Gelo não é mera coincidência.


Nas versões dubladas, algumas das canções foram mantidas em inglês. O critério deveria ser mantido para todas as músicas cujas letras não fossem ligadas ao desenvolvimento do enredo. Por se tratar de canções conhecidas, não dá para evitar um certo estranhamento em ouvir os versos em outro idioma.

Antes esse fosse o único problema no quesito músicas cantadas em português... No final do filme, Eric se reconcilia com Mano com uma canção. Pelo raciocínio do parágrafo anterior, a versão brasileira tomou a decisão acertada de traduzir a letra. O problema é que não foi escalada uma criança para cantar com a voz de Eric.

A lambança começou quando um adulto cantou e um efeito foi aplicado ao som. O resultado ficou parecido com Alvin e os Esquilos. Assim, não dá para dedicar a atenção e a emoção para essa cena tão importante quando o que se ouve é algo risível e vergonhoso.





Happy Feet 2: O Pinguim (Happy Feet Two)
Direção: George Miller
Roteiro: Warren Coleman, Gary Eck, Paul Livingston, George Miller
Elenco: Elijah Wood, Robin Williams, Pink, Sofía Vergara, Ava Acres, Hugo Weaving, Brad Pitt, Matt Damon, Hank Azaria
Duração: 100 minutos
País: Austrália

Nota: 5

domingo, 20 de novembro de 2011

A Pele que Habito

 por Vanessa Santos

Spoilerômetro: (?)


Babushkas são aquelas bonecas tchecas que se encaixam umas dentro das outras. A criança abre a primeira e encontra em seu interior outra semelhante, mas menor. Abre essa boneca menor e encontra uma terceira, ainda menor, e assim por diante até a última, pequenínissima, de madeira maciça - que não se abre. O briquedo parece ter por objetivo provocar a surpresa, mas como provocar a surpresa ad infinitum? Basta deixar a boneca fechada; o que há no interior do corpo? Um outro corpo, ainda. O que há no interior deste novo corpo? Também um novo corpo.

Esse paragrafo do livro Metaficção de Gustavo Bernardo resume muito bem A Pele que Habito (La piel que habito), o novo filme de Almodóvar. O longa se divide basicamente em três atos: apresentação dos personagens, suas histórias e de como se tornaram o que são.

Primeiro vemos os personagens no presente e lentamente vemos como chegaram até ali através de flashbacks. Em cada ato parece que abrimos uma daquelas bonecas, mas ao contrário delas cada vez que abrimos temos desagradaveis surpresas sobre personagens complexos, deturpados e aterrorizantes. Mas a surpresa é infinita.


Como não havia visto o trailer e ao menos lido a sinopse, estranhei a classificação do filme dentro do gênero de terror. Mas vendo hoje percebi o porquê. Não é um filme de terror propriamente dito. Não há sustos fáceis ou explícitos, na verdade o que há é o terror do mal estar: o mal estar causado pelo comportamento doentio do personagem de Banderas,o afiar de lâminas (só vendo para entender),o uso do sexo como arma e até mesmo um rabo de tigre (de novo: só vendo para entender).O terror está em sua totalidade, no contexto.

Em A Pele que Habito, Almodóvar se despede das cores fortes, cenários kitsch e personagens femininas fortes. Aqui há homens doentes e vingativos e personagens duplos.

“Um bom filme é aquele capaz de prender a atenção do espectador de tal forma que ele esqueça que está em um cinema”. Billy Wilder estava certo ao fazer essa declaração. Pois mesmo Almodóvar suscitando questões valiosas como evolução da ciência e do homem, o ponto que a ciencia chegou no intuito de criar o super homem, bioética e sexualidade; ele na verdade é um excelente contador de histórias que nos segura na poltrona até chegarmos ao fim da sessão.




A Pele que Habito (La piel que habito)
Roteiro e Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya, Blanca Suárez, Jan Cornet, Marisa Paredes
Duração: 117 minutos
País: Espanha

Assalto em Dose Dupla: Referências em mistério

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Quando se fala em literatura policial em  língua inglesa, os nomes dos autores Agatha Christie e Arthur Conan Doyle são citados constantemente. O filme Assalto em Dose Dupla (Flypaper) mistura fórmulas consagradas por esses dois escritores.

O enredo se passa em um banco que recebe a ilustre visita de dois grupos de assaltantes ao mesmo tempo. Antes que um dólar seja tocado pelos criminosos, um homem misterioso é assassinado no meio do saguão do banco.

Entre funcionários, clientes e ladrões; há treze suspeitos. Tem-se o clássico caso da sala fechada, uma fórmula de trama muito bem explorada na obra de Agatha Christie. Os desdobramentos da história trazem à memória o livro E não Sobrou Nenhum (antes conhecido como O Caso dos Dez Negrinhos).

Assalto em Dose Dupla não nega essa referência e inclui uma fala tirada das páginas escritas por Christie. Essa frase é de Tripp (Patrick Dempsey, de Transformers 3), um cliente do banco com problemas mentais que está determinado a entender o que está verdadeiramente acontecendo no banco.


Para resolver o mistério e conhecer melhor os demais personagens, Tripp faz uso de sua inteligência e de um afinado senso dedutivo. O protagonista é a ligação de Assalto em Dose Dupla com a obra de Arthur Conan Doyle, mais especialmente o detetive Sherlock Holmes.

Com essa receita, os fãs de Christie e Doyle terão bons motivos para assistir ao filme. Já o restante do público pode curtir essa mistura e aproveitar as inserções bem-humoradas do roteiro.




Assalto em Dose Dupla (Flypaper)
Direção: Rob Minkoff
Roteiro: Jon Lucas, Scott Moore
Elenco: Patrick Dempsey, Ashley Judd, Pruitt Taylor Vince, Octavia Spencer, Jeffrey Tambor, Mekhi Phifer, Curtis Armstrong, Tim Blake Nelson, John Ventimiglia, Matt Ryan, Adrian Martinez
Duração: 87 minutos
País: Alemanha, EUA

Nota: 6

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1: Filme Reprodutivo


 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Quando há um casamento, diz-se que dois viram um. No caso de A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1), podemos ver como fazer apenas um livro virar dois filmes. Como em Harry Potter, o último volume da saga vampiresca se transforma em dois longas, mas no caso do bruxo havia história suficiente para justificar o parcelamento.

A Saga Crepúsculo tem dois conflitos principais e as últimas adaptações cinematográficas concentram-se cada uma em uma frente diferente. Nesse filme, o foco é o triângulo amoroso Edward-Bella-Jacob. A questão dos Volturi ficará para o próximo lançamento.

A pergunta que fica é a seguinte: como fazer apenas esse assunto amoroso render quase duas horas de duração? A esperteza do filme está em resolver esse problema de forma lucrativa. Muitas cenas-videoclipe alongam a história (e o tédio de alguns) e ainda aquecem as vendas dos CDs com a trilha. São inúmeras montagens ao som de canções melosas que garantem preciosos minutos para a produção.


Eclipse passou sua mensagem contrária ao sexo pré-nupcial. Portanto, depois que Edward e Bella se casam, eles podem consumar seu amor na lua-de-mel no Rio de Janeiro (sem antes passearem pela Lapa ao som de um sambinha bem falsificado).

Desse encontro acontece uma gravidez. Assim, Amanhecer arruma espaço para seguir sua missão doutrinária e pregar contra o aborto, independente dos risco que a futura mãe corre.

Considerando a lenga-lenga e a mensagem repetitiva, Amanhecer está longe de ser o melhor filme da série, mas também não consegue ser o pior.





A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 (The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1)
Direção: Bill Condon
Roteiro: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Gil Birmingham, Billy Burke, Sarah Clarke, Ty Olsson, Ashley Greene, Jackson Rathbone, Peter Facinelli, Elizabeth Reaser, Kellan Lutz, Nikki Reed
Duração: 117 minutos
País: EUA

Nota: 4

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Último Dançarino de Mao: Emoção sobre razão

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Em 2003, o dançarino Li Cunxin publicou uma autobiografia na qual relata como saiu de uma infância camponesa no interior da China até alcançar a fama em uma companhia de balé no Texas.

Poucos anos depois, a adaptação cinematográfica de O Último Dançarino de Mao (Mao's Last Dancer) chegou aos cinemas. No filme, o bailarino Chi Cao foi escolhido pelo próprio Li Cunxin para interpretá-lo. Essa determinação é a primeira evidência de que o envolvimento emocional influenciou a realização da fita.

A direção de Bruce Beresford (Risco Duplo) também está pautada nessa ênfase emotiva. As cenas de dança querem impressionar o público e os diálogos nos momentos de conflito pretendem fazer aflorar fortes sensações.


Se o espectador não conseguir se conectar com essa aura emotiva, assistir a O Último Dançarino de Mao pode se transformar em uma experiência negativa. O aconselhável é que se veja o panorama geral e tentar não reparar nos pequenos deslizes nos detalhes.

Para quem tem um olhar mais racional será difícil perdoar alguns enquadramentos-clichês e os paralelismos didáticos, especialmente quando se compara o comunismo chinês com o sonho americano. Para curtir o filme é necessário focar-se na beleza de sua coreografia (na narrativa e nas imagens) e deixar de lado alguns dançarinos que erram seus passos.




O Último Dançarino de Mao (Mao's Last Dancer)
Direção: Bruce Beresford
Roteiro: Jan Sardi
Elenco: Chi Cao, Bruce Greenwood, Kyle MacLachlan, Amanda Schull
Duração: 117 min
País: Austrália

Nota: 4

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Isto não É um Filme X Dias Verdes: Algo podre no reino

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Se as declarações polêmicas sobre judeus e homossexuais proferidas pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad fossem o único problema do Irã, as coisas seriam mais fáceis. Dois documentário que estavam na programação da Mostra 2011 mostram que há muito mais a ser averiguado em relação ao país.

Isto não É um Filme (In film nist) mostra a perseguição que a classe artística sobre no Irã. O cineasta Jafar Panahi (Fora do Jogo) foi condenado a seis anos de prisão e a uma proibição de fazer filmes ou sair do país por vinte anos. Nada na sentença o proíbe de ler roteiros já existentes ou de dar depoimentos para um documentário.

Assim, Jafar descreve um filme que ele faria. Para isso, usa apenas seu apartamento como locação e traça com fita adesiva a planta da locação no tapete de sua sala. Nesse momento, Dogville (2003) vem à cabeça.


No meio da descrição das cenas, Panahi deixa transparecer suas frustrações. Outro ponto interessante nessas digressões é a forma como o diretor usa experiências de seus filmes anteriores para conectar suas idéias e argumentos. A consciência de Jafar sobre sua própria obra é comovente.

A perseguição e a censura no Irã são tristes, mas o amor à arte dos perseguidos é muito maior. Prova disso é a repercussão mundial de Isto não É um Filme.

Esse cenário infeliz é apenas uma conseqüência das atitudes do governo de Ahmadinejad. O que aumenta a indignação é perceber que a eleição desse presidente aconteceu de forma no mínimo estranha.


O documentário Dias Verdes (Ruzhaye Sabz) mostra as vésperas das polêmicas eleições. As ruas estavam tomadas por simpatizantes do candidato da oposição e todos estavam confiantes na vitória. Para a tristeza geral (e posteriores protestos), Ahmadinejad virou o resultado no final da apuração. Ou as eleições foram fraudadas, ou algo muito estranho aconteceu.

Mahmoud deve ter um grande número de apoiadores silenciosos, que foram às cabines de votação sem serem percebidos pelos eleitores do outro candidato (eleitores de Mahmoud até foram ouvidos pelo documentário, mas eram difíceis de ser encontrados). Coincidentemente, a esmagadora maioria desses votos calados foi computada no final da apuração. O mais estranho em toda essa situação é a disposição da comunidade internacional em aceitar essa segunda teoria.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Novela das 8: A importância de ser competente

  por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Bons filmes têm a capacidade de nos fazer repensar conceitos. Depois de ver A Novela das 8, descobri que um filme ruim também pode ter esse efeito, mas é preciso considerar o que acontece fora da tela. O filme participou da competição do Festival do Rio 2011 e a opinião da crítica foi praticamente unânime de que o filme que conta a história de uma prostituta e uma revolucionária em 1968 era o mais fraco da mostra.

Durante a apresentação de A Novela das 8 na ocasião, o discurso do diretor Odilon Rocha dá algumas pistas. Ele foi um dos únicos realizadores que não falou a frase-clichê “é muito difícil fazer cinema no Brasil”. Ao invés disso, ele declarou: “É muito especial para mim apresentar meu filme no Festival do Rio porque minha vida no cinema começou aqui há seis anos”.

Conseguir dirigir um longa no Brasil é algo que leva muito tempo. A maioria dos diretores tem uma carreira considerável (como curtametragista, roteirista, fotógrafo, publicitário,...) até conseguir conquistar o posto, exceto quando se trata de uma produção independente. Portanto; ou Odilon é um homem sortudo, ou muito bem conectado.

Uma fofoca corria no evento dizendo que o diretor era amigo de um membro da diretoria do festival. Dizia-se que Odilon ofereceu uma festa em Berlim em homenagem a essa pessoa. Por essa razão, o filme teria participação garantida na Première Brasil.


Quando eu soube disso, fiquei perplexo e fiz votos de que se tratava apenas de boatos. No entanto, quando A Novela das 8 conquistou o troféu Redentor por seu roteiro, as suspeitas ficaram mais justificáveis – especialmente porque o filme conta uma história com grandes furos dramáticos e oferece uma confusa mistura de gêneros.

Terminado o Festival do Rio, A Novela das 8 é escalado como filme de encerramento do Festival Mix Brasil, apesar do tema homossexual ter pouco peso na trama. Com isso, a teoria dos bons contatos ganha força.

Sempre digo que quem tem contatos tem tudo, mas agora repenso essa afirmação. Quero crer que apenas a sociabilidade de Odilon não seja a causadora da carreira de seu filme no circuito de festivais. Contudo, quando A Novela das 8 estrear comercialmente e não fizer um número expressivo de público, os contatos não serão tão úteis assim.




A Novela das 8
Roteiro e Direção: Odilon Rocha
Elenco: Claudia Ohana, Vanessa Giácomo, Mateus Solano, Alexandre Nero, Otto Jr.
Duração: 90 minutos
País: Brasil

Nota: 2

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Coisas que Eu Poderia Dizer... : Faltou tato

 por Vanessa Santos

Spoilerômetro: (?)


Produzido por Jon Avnet (Tomates Verdes Fritos) e dirigido por Rodrigo Garcia (Destinos Ligados), Coisas que Eu Poderia Dizer só de Olhar para Ela (Things You Can Tell Just by Looking at Her) conta a história de cinco mulheres cujas vidas aparentemente desconexas se cruzam em San Francisco Valley.

A detetive Kathy Farber (Amy Brenneman, que voltou a trabalhar com Garcia em Destinos Ligados) chega na cena de um crime e descobre o cadáver uma antiga amiga sua, Carmen. Elaine (Glenn Close, de Ao Entardecer) briga com a mãe enquanto espera por uma chamada telefônica. Rebecca (Holly Hunter, de Aos Treze) descobre que está grávida. Rose (Kathy Baker, de Tinha que Ser Você) desenvolve uma obsessão por seu novo vizinho. Carol (Cameron Diaz, de Professora sem Classe), a irmã de Kathy, especula com o que poderia ter levado Carmen ao suicídio e não percebe que sua irmã abdica de sua própria vida em prol dela.

Nós mulheres somos um mistério para os homens. Quando eles acreditam que nos descobriram, veem um outro enigma. Não, não estou reproduzindo "achismos" sobre gênero, mas somos mais complexas do que é proposto em Coisas que Eu Poderia Dizer...


Não somos sacanas a ponto de pisar na outra para conseguir o que quer, nem todas acreditam que a fonte de felicidade está no casamento e nem todas são obcecadas pela aparência (o roteiro não explora esse tema, mas há algumas cenas que insinuam). Só assim para compreender como um elenco tão bom e uma história que poderia ser tão proveitosa são desperdiçados em quase duas horas de dramas cansativos e rasos assim como seus personagens femininos.

Aparentemente para Rodrigo García as coisas que voce pode dizer só de olhar para ela são carência e fragilidade. O universo feminino gira em torno da vida sentimental e todas possuem uma leve tendência a depressão pelo desastre que são.

Em relação ao roteiro desse filme de 1999, falta uma ousadia maior pois segue uma cartilha bem certinha: há um inicio contundente e um final em aberto.

Se quem assistiu solta um grande "E daí?" no final do filme é porque algo esta faltando. E nesse caso faltou sensibilidade e talento.

Coisas que Eu Poderia Dizer só de Olhar para Ela (Things You Can Tell Just by Looking at Her)
Roteiro e Direção: Rodrigo Garcia
Elenco: Glenn Close, Cameron Diaz, Calista Flockhart, Kathy Baker, Amy Brenneman, Valeria Golino, Holly Hunter
Duração: 109 minutos
País: EUA

Inquietos: Equilíbrio temático

  por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


Alguns filmes abraçam seus temas com tamanha força que o excesso de elementos temáticos incomoda. Para falar de morte, Inquietos (Restless) consegue manter-se no fino equilíbrio de reforçar seu tema a todo tempo sem cansar o espectador.

A morte permeia praticamente todas as cenas do filme. Seus protagonistas são bons exemplos de como o tema está imbuído no roteiro. Enoch (Henry Hopper) tem o costume de visitar velórios e funerais de estranhos. Em uma dessas ocasiões ele conhece Annabel (Mia Wasikowska, de Minhas Mães e Meu Pai), uma paciente terminal com câncer.

O nome do jovem não é por acaso. Na Bíblia, Enoch (ou Enoque) é o homem que “caminhou com Deus”. Seus semelhantes viveram por séculos, enquanto Enoch teve apenas 365 anos de vida.


No filme, Enoch vê Hiroshi (Ryo Kase, de Cartas de Iwo Jima), o fantasma de um piloto kamikaze. Já Annabel é fã de Darwin e entre seus animais favoritos estão criaturas ligadas à morte, como insetos que usam cadáveres para criar suas larvas ou pássaros que pensam morrer sempre que o sol se põe.

Por outro lado, um exemplo negativo no mesmo tema é A Festa da Menina Morta, que força a barra para trazer novos elementos fúnebres.

Em Inquietos, pequenos detalhes bem inseridos no roteiro fazem com que o filme renove e reafirme seu tópico central. Com isso, tem-se uma obra coesa, além de oferecer a inescapável emotividade que acompanha a premissa do enredo.





Inquietos (Restless)
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Jason Lew
Elenco: Henry Hopper, Mia Wasikowska, Ryo Kase, Schuyler Fisk, Lusia Strus, Jane Adams
Duração: 91 minutos
País: EUA

Nota: 8

domingo, 13 de novembro de 2011

Post Mortem X Dawson Ilha 10: Ditadura chilena revisitada

  por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?)


A ditadura militar é um dos temas favoritos dos filmes nacionais. Outros países sul-americanos também foram agraciados com regimes totalitários e torturadores na mesma época, sempre com o financiamento estadunidense. Assim como aqui, o cinema de tais países não deixa a questão morrer.

Na década de 70 foi a vez do Chile perder a democracia e outras liberdades. Dois filmes recentes vindos de lá mostram esse cenário sobre dois pontos de vista distintos.

Post Mortem acompanha Mario (Alfredo Castro, que já tem experiência com o diretor Pablo Larraín em Tony Manero), um trabalhado do necrotério. Como esses golpes só podem ser executados a custa de muito sangue, o protagonista é uma testemunha dos bastidores da tomada do poder.


A cada dia, mais e mais corpos chegam para serem autopsiados e Mario tem uma noção da real dimensão dos acontecimentos. Fora do trabalho, seu contato com o panorama político se dá por sua vizinha, com quem tem um relacionamento amoroso. A casa dela é invadida e Nancy (Antonia Zegers) precisa se manter escondida para sobreviver.

Provavelmente a melhor cena de Post Mortem é a da autopsia do ex-presidente chileno Salvador Allende. Enquanto o médico analisa os ferimentos no cadáver e Mario faz anotações, um grande grupo de militares assiste.

Oficialmente Salvador se matou, mas não há como ter certeza do que aconteceu de verdade em casos como esse. O filme Dawson Ilha 10 (Dawson Isla 10) afirma com mais veemência que a versão oficial é duvidosa.


O longa conta a saga de um grupo de prisioneiros políticos na Ilha Dawson, usada como campo de concentração depois do golpe militar. Como quase todos ali eram membros ativos do governo deposto, Allende é retratado como um herói e um mártir.

Cada prisioneiro, ao chegar no local, perde sua identidade. Eles recebem o nome da cabana onde dormem e um número. Por essa razão, o preso Ilha 10 deveria ser o personagem principal, mas não é exatamente isso o que acontece. Muitos outros presos têm peso igual ao de Ilha 10 na história. Com isso, o filme perde o foco narrativo, o que pode dispersar o espectador.

No entanto, em tempos em que uma parcela estúpida da sociedade elogia regimes totalitários e defende o fim das liberdades individuais, é importante termos uma produção constante de filmes que mostram a dura realidade dessas épocas tristes.

sábado, 12 de novembro de 2011

O Garoto de Bicicleta: Cachorro abandonado

por Edu Fernandes

Spoilerômetro: (?) - penúltimo parágrafo


Por causa da pouca experiência de vida, as crianças encaram seus problemas de forma diferente dos adultos. O protagonista de Onde Vivem os Monstros usa a imaginação, enquanto o personagem principal de O Garoto de Bicicleta (Le gamin au vélo) também adota um comportamento selvagem, mas sem criar um mundo fantástico para isso.

Cyril (o estreante Thomas Doret) mora em um internato e não está conseguindo entrar em contato com seu pai. Parece que o homem mudou de casa e não avisou o filho.

Cyril liga repetidas vezes para um número desativado de telefone e não aceita a situação. Quando confrontado por um dos educadores da instituição, o menino lhe morde o braço. A partir daí está estabelecido que as atitudes de Cyril são as mesmas de um cachorro. A postura fiel a seu pai é uma das pistas.

Em seguida, Cyril consegue ir ao prédio onde seu pai morava. Lá ele percebe que realmente ele se mudou. Aí uma segunda preocupação aparece: onde está a bicicleta do garoto?

Samantha (Cécile De France, de Além da Vida), uma mulher que Cyril encontra quando vai ao prédio onde seu pai morava, consegue recuperar a bicicleta. Quando monta nela, o menino parece um cão que, depois confinado, é solto em um quintal: faz percursos circulares sem se preocupar com o carro que manobra próximo a ele.


Depois desse contato, Samantha passa a ser a guardiã do garoto nos fins de semana. Aí ele parece um cachorro que ganha um novo dono, quer proteger e agradar, mas parece agrecivo se acuado. Os traumas do abandono continuam por ali.

Não por acaso, Cyril sempre usa camiseta ou agasalho vermelhos. Trata-se da sua pelagem canina. Em uma cena mais para o final do filme, o protagonista precisa ser homem. Nesse momento, ele está de azul. Na cena seguinte, quando as atitudes caninas são permitidas, a camiseta vermelha volta.

A relação entre Samantha e Cyril é bem parecia com a dos personagens principais do longa nacional O Contador de Histórias. A mulher adulta não desiste do garoto rebelde e traumatizado, na esperança de que o amor repare suas feridas psicológicas. Essa é a mensagem positiva deixada por ambos os filmes.





O Garoto de Bicicleta (Le gamin au velo)
Roteiro e Direção: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne
Elenco: Thomas Doret, Cécile De France. Jérémie Renier. Egon Di Mateo
Duração: 87 minutos
País: Bélgica, França, Itália

Nota: 8