terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Rede Social



Sinopse: Mark é um estudante de Harvard que desenvolve um site em que as pessoas com dificuldade em ser popular consiguem arrumar novos amigos. O problema é que ele se vê no meio de dois processos judiciais milionários sobre a autoria das ideias que levaram a criação do Facebook.


Ficha Técnica
A Rede Social (The Social Network)
Direção: David Fincher
Roteiro: Aaron Sorkin
Elenco: Jesse Eisenberg, Rooney Mara, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer
Duração: 120 minutos
País: EUA


Conexão de banda larga
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A primeira cena de A Rede Social (The Social Network) oferece um bom exemplo de como apresentar o protagonista. Com poucos minutos de duração, a tal cena necessitou de quase cem tomadas para ser filmada.


Tudo isso por causa da fala ligeira que Mark Zuckerberg fala. Por ter um raciocínio muito mais rápido do que a maioria das pessoas, ele dispara um número absurdo de palavras por minuto. Sua inteligência é inversamente profissional a suas perícias sociais. Todas essas características, e o talento do ator Jesse Eisenberg (O Solteirão), estão presentes nessa pequena cena.

O desenvolver do filme está alinhado ao raciocínio de seu protagonista. Por isso, a história vai rapidamente para frente e para trás, tentando acompanhar os depoimentos nos dois processos em que Mark participa sobre a real paternidade do Facebook. O conselho para o leitor é que se foque no núcleo da trama e não tente entender todos os detalhes técnicos de cada acontecimento para não se perder nessa tempestade cerebral.

Como fez em Zodíaco, David Fincher prova que é capaz de colocar emoção ao narrar uma história real em seus filmes. Sabe-se o tamanho e a importância das redes sociais no mundo de hoje, mas o diretor foca-se no humano, principalmente nas obsessões de seu personagem principal.

A Rede Social não tem mocinhos e bandidos claros – todos têm motivações compreensíveis para suas ações. O único efeito colateral será controlar a vontade de ficar offline por tempo indeterminado depois de terminada a sessão do filme.


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cine-restrospectiva 2010: Janeiro



O dia 1 de janeiro já se tornou uma data consagrada para lançamentos de filmes nacionais. Em 2008 e 2009 estrearam nesse exato dia duas produções brasileiras que depois se tornariam grandes sucessos de bilheteria: Meu Nome não É Johnny e Se Eu Fosse Você 2. Apostando nessa fórmula, Lula – O Filho do Brasil queria arrebentar em quantidades de ingressos.

A cinebiografia do Presidente chegou aos cinemas cercada de polêmica por 2010 ser um ano eleitoral e com expectativa de mais de 5 milhões de espectadores. Com a cafonice da direção de Fábio Barreto e um roteiro sem unidade narrativa, Lula – O Filho do Brasil suou para conseguir perto de um quinto dessa projeção.


O começo do ano também é marcado pela estreia de títulos que mais adiante estarão presentes nas principais premiações do cinema, como o Globo de Ouro e Oscar. Nesse sentido, a comédia de Jason Reitman Amor sem Escalas e o drama real de Clint Eastwood Invictus são os exemplos do mês. Reitman reafirma sua proposta de cinema com seu filme e Clint continua impecável.

Outras comédias marcaram o circuito de cinema em janeiro e aproveitaram temas que fazem sucesso em outros gênero. Zumbilândia faz piada com os mortos-vivos e apresentou para o mundo Jesse Eisenberg.

Enquanto isso, Sherlock Holmes pega carona na boa fase de Robert Downey Jr. e não deixa dúvidas para os fãs do seriado House de onde vem a inspiração para o médico sarcástico.

Não são só de risadas que se faz a magia do cinema. Muitos espectadores se entregaram às lágrimas com Onde Vivem os Monstros, de Spike Jonze, e sua história cheia de emoção e imaginação.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Centurião



Sinopse: Uma legião de soldados romanos está além das linhas inimigas na Bretanha. Eles tentam sobreviver, enquanto são caçados por uma tribo de nativos.


Ficha Técnica
Centurião (Centurion)
Roteiro e Direção: Neil Marshall
Elenco: Michael Fassbender, Andreas Wisniewski, Dave Legeno, Axelle Carolyn, Dominic West, Noel Clarke, JJ Feild, Lee Ross, David Morrissey, Ulrich Thomsen, Paul Freeman, Olga Kurylenko
Duração: 97 minutos
País: Reino Unido


Frases de efeito colateral
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

A Nona Legião retratada no filme Centurião (Centurion) realmente existiu, mas seu destino final é um mistério para a História. A produção dá uma possível resposta para o que aconteceu com os combatentes romanos, mas a tônica geral é mais realista.

Por essa razão, qualquer referência a magia, tão comuns a épicos desse tipo, é tomada como misticismo. O melhor exemplo dessa característica são os talentos de rastreadora de Etain, que poderia muito bem ser uma ranger em uma aventura de RPG. Suas habilidades tidas como sobrenaturais são, na realidade, conhecimento e sensibilidade aguçada.

A autenticidade também chega às cenas de batalhas e aos ferimentos. A violência de Centurião está acima da média dos filmes de seu gênero, mas não cai na sanguinolência gratuita. Um olhar interessante no tema, com certeza.

Uma atração especial é a longa perseguição que praticamente domina a metade final da fita. Não chega a ser tão frenética quanto em Appocalypto, exatamente pela preocupação realista. Mesmo assim, a tensão de que os protagonistas podem ser atacado a qualquer momento existe.

Porém, nem tudo são maravilhas. O maior problema do filme está em seus diálogos, apesar do roteiro merecer elogios por não ser maniqueista. A história é empolgante, mas algumas frases de efeito proferidas pelos personagens são bem desencorajadoras. Parece uma boa aventura de RPG, com um narrador mais entusiasmado do que os jogadores.


Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos



Sinopse: Alfie separa-se de Helena para perseguir sua juventude. Ela apela para os conselhos de uma mística. A filha deles também enfrenta problemas em seu próprio casamento. Sally desenvolve uma paixão por seu chefe, enquanto o marido flerta com a vizinha.


Ficha Técnica
Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger)
Roteiro e Direção: Woody Allen
Elenco: Gemma Jones, Pauline Collins, Anthony Hopkins, Naomi Watts, Josh Brolin, Freida Pinto, Antonio Banderas
Duração: 98 minutos
País: EUA, Espanha


Des-envolvimento
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: trailer)

Com Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger), o diretor Woody Allen prova que sua atual produção é bem irregular. Depois do bem-sucedido Tudo Pode Dar Certo, o cineasta continua na comédia, mas traz para as telas personagens sem um décimo do carisma de Boris, o protagonista rabugento de seu filme anterior.

O tema agora são as frustrações e enganações da vida. Alfie sente o peso da velhice e engana a si mesmo com hábitos saudáveis e uma namorada com metade da sua idade. O escritor Roy não consegue igualar o sucesso de seu livro de estreia e paquera a vizinha. Aliás, o jogo amoroso entre um homem maduro com uma mulher mais jovem é uma mania de Woody Allen.

A parceria entre frustração e enganação não para nos personagens masculinos. Helena, ex-pesposa de Alfie,
não suporta a separação e procura pelos conselhos de uma vidente. Mais adiante, outras pessoas também caem em suas armadilhas psicológicas, mas não vou estragar o enredo.

Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos certamente tem um elenco de maior apelo popular do que Tudo Pode Dar Certo, com atores mais conhecidos. No entanto, o que o filme tem de elenco lhe falta em envolvimento. O roteiro faz tudo como manda a cartilha da dramaturgia, mas não parece preocupar-se em cativar a plateia.

Confesso que, quando assisti ao longa, depois de uma hora de projeção, peercebi que se acabasse a força no cinema, não ficaria irritado ou triste. Eu não estava nem um pouco interessado em saber o destino daqueles personagens insossos. Não havia raiva, amor ou curiosidade, apenas uma total indiferença – o que não é aconselhável em filme algum.


sábado, 20 de novembro de 2010

Um Homem Misterioso



Sinopse: Jack é um matador de aluguel e construtor de armas que se esconde numa pequena cidade no interior da Itália para realizar um ultimo trabalho antes de se aposentar.


Ficha Técnica
Um Homem Misterioso (The American)
Direção: Anton Corbijn
Roteiro: Rowan Joffe
Elenco: George Clooney, Paolo Bonacelli, Violante Placido, Irina Björklund
Duração: 105 minutos
País: EUA


  por Daniel Kroll

(Spoilerômtero: )

O titulo que esse filme ganhou no Brasil deixa uma idéia certa do que se trata o filme, a construção do personagem principal. Jack (George Clooney) é uma incógnita durante boa parte de Um Homem Misterioso (The American), não se sabe o objetivo do personagem, nem sua história, e isso é o gancho principal que nos prende a história.

Por fora da narrativa do filme o titulo estadunidense libera outras leituras e interpretações para o filme como a relação entre os EUA e sua população com o mundo, não é por acaso que Jack vende armas.

Na área técnica é muito bem feito, a fotografia utiliza bem as sombras e a iluminação noturna num labirinto de pedras formado por uma cidade do interior da Itália, dando um clima perfeito para as cenas de perseguição. A trilha sonora acompanha bem o clima do filme, e também nos situa no interior da Itália.

No geral a película é boa, Clooney mantém seu nível de atuação, e a direção é bem feita. Para quem gosta de filmes mais mentais e com personagens interessantes, essa obra ira proporcionar um bom espetaculo.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1



Sinopse: Harry Potter tem a difícil missão de encontrar as horcruxes para derrotar Voldemort. Mas Dumbledore também deixou pistas de itens que podem ajudar Harry nessa batalha contra as trevas.


Ficha Técnica
Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1)
Direção: David Yates
Roteiro: Steve Kloves
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Alan Rickman, Ralph Fiennes, Helena Bonham Carter
Duração: 146 minutos
País: Reino Unido, Estados Unidos


 por Guilherme Kroll e Carla Bitelli

(Spoilerômetro: )

Finalmente a saga de Harry Potter e Voldemort chega ao apoteótico final no cinema. Os fãs sem preguiça já conhecem o desfecho há muito tempo, pois o livro em que esse filme é baseado foi lançado em 2007. Para dar conta de uma história repleta de detalhes, os produtores dividiram a última aventura em duas partes. Ou seja, o Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1) será lançado agora e a parte final, no meio de 2011.

Apesar da clara intenção de ganhar mais dinheiro, fica também evidente que não seria possível a redução do último livro em apenas um filme. Nesta primeira parte, muito da narrativa original foi devidamente enxugado, evitando detalhes pouco importantes que derivassem em longas explicações. O diretor David Yates e o roteirista Steve Kloves privilegiaram a relação entre os personagens principais e optaram por excluir diversos momentos emotivos, de redenção e culpa, envolvendo personagens secundários — por exemplo, o pedido de desculpas de Duda, bem como a discussão com Lupin sobre o papel de um pai.

Fãs puristas podem sentir falta dessas passagens, mas é justamente a exclusão delas que abre importantes minutos para trabalhar a tensão entre o trio principal: o medo da morte e o peso da liderança em Harry, a questão do papel feminino e do saber formal em Hermione, o apelo emocional e a forte relação familiar em Rony. Há ainda algo mais: uma ligeira tensão erótica entre Hermione e Harry, algo nunca explorado por J. K. Rowling.

E toda essa sedimentação das relações conduz os espectadores para o esperado confronto entre Harry e Voldemort — que virá apenas na segunda parte —, entremeando metáforas sobre amadurecimento e chegada à vida adulta. Não passam batidos os paralelos entre a história dos bruxos e a História, como as ditaduras e a supressão das liberdades civis.

O clima da narrativa, como não poderia deixar de ser, é ainda mais sombrio. Yates, diretor que introduziu esse elemento na série cinematográfica, usa isso com maestria. Já experiente na série (é dele A Ordem da Fênix e O Enigma do Príncipe), ele nos brinda com lindas imagens da paisagem da região, apresentando planos abertos que intensificam a solidão em que vivem os personagens naquele momento.

As atuações de Emma Watson (Hermione) e Rupert Grint (Rony) estão ótimas e convincentes. Daniel Radcliffe como Harry fica um pouco abaixo dos colegas, mas segura a onda.

O corte da história é um pouco à frente da metade do livro, mas também um dos únicos possíveis. O gancho para o próximo filme é empolgante e vai deixar os fãs ainda mais ansiosos. O filme retrata bem a história contada por Rowling e reduz um pouco a sensação de adeus que a autora consciente ou inconscientemente impregnou no livro.

Adolescentes que cresceram lendo a série terão arrepios. De fato, o evento de uma geração chega ao fim.


A Vida Durante a Guerra



Sinopse: Trish disse aos seus filhos que o pai deles tinha morrido, mas na verdade ele está preso por pedofilia. Ela envolve-se com um novo homem e Timmy, seu filho mais velho, está confuso ao descobrir o verdadeiro paradeiro de seu pai. Enquanto isso, Joy afasta-se de seu marido e começa a ver o fantasma de seu ex-namorado.


Ficha Técnica
A Vida Durante a Guerra (Life During Wartime)
Roteiro e Direção: Todd Solondz
Elenco: Shirley Henderson, Allison Janney, Michael Lerner, Dylan Riley Snyder, Ciarán Hinds, Paul Reubens, Emma Hinz
Duração: 98 minutos
País: EUA


Loucura real
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Não é preciso refletir muito para perceber que vivemos em uma sociedade com muitos erros e absurdos. O diretor Todd Solondz não mede esforços para mostrar quanto o mundo está ensandecido em A Vida Durante a Guerra (Life Duiring Wartime).

Trata-se de uma sequência ao seu trabalho anterior, Felicidade (1998), mas com um elenco totalmente novo. Para quem ainda não teve a oportunidade de ver o antecessor, não é preciso se preocupar: é fácil entrar na história sem conhecimento prévio dos personagens e, mais importante, é possível apreciar o filme mesmo assim.

O cartaz é um desenho quase infantil e bem colorido, mas os assuntos discutidos pela produção são bem diferentes. O que o pôster quer mostrar é o comportamento infantil que muitos dos personagens têm. As figuras mais maduras são as crianças, seja o questionador Timmy que ouve confissões sexuais de sua mãe, ou a hipocondríaca Chloe, que pede medicamentos fortes para curar seus males.

O maior elogio ao filme é sua capacidade de conseguir lidar com assuntos bem realistas e em uma mesma cena incluir elementos cômicos e fantasiosos. Além do humor ácido e estranhamente depressivo, há diálogos com fantasmas.

O grande feito de Sollondz está em conseguir passar autenticidade com esses requintes de comédia e de fantasia, indo um passo adiante de Beleza Americana – que tem mensagem semelhante. Com isso, ele consegue provar sua tese do tamanho da loucura do mundo em que vivemos.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

As Cartas Psicografadas por Chico Xavier



Sinpose: Documentário sobre mães que perderam seus filhos e foram ao médium Chico Xavier para receberem mensagens psicografadas


Ficha Técnica
As Cartas Psicografadas por Chico Xavier
Roteiro e Direção: Cristiana Grumbach
Elenco: Yolanda Cezar, Nyssia Leão de Oliveira, Sonia e David Muszkat, Thereza de Toledo Santos, Edinah e Armando Lodi, Piedade da Silva Chapela, Maria Helena de Jesus Sonvêsso e Maura Pereira Cassiano
Duração: 90 minutos
País: Brasil


Mais proposta do que filme
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

O espiritismo é um tema que o cinema nacional encontrou para gerar grandes bilheterias. O primeiro título dessa tendência é Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito, que foi concebido originalmente como um documentário.

Depois de algumas ficções espíritas, finalmente se tem o primeiro documentário com a doutrina de Alan Kardec envolvida no assunto. As Cartas Psicografadas por Chico Xavier propõe-se a mostrar mães que encontraram nas mensagens do médium um pouco de paz para aceitar a perda do filho. O problema é que o filme para aí.

Na tela, vê-se apenas a mesma rotina repetitiva. Começa com uma mãe (às vezes acompanhada pelo marido) que fala como foi difícil superar a morte do filho até receber a carta psicografada por Chico. Aí se lê a mensagem e depois se segue um tempo morto, com a sala onde aconteceu a entrevista vazia.

E só! O filme não oferece outros fatos. Não há imagens de arquivo, não há entrevistas com quem não partilha da fé espírita, não há visita a Uberaba para mostrar o centro espírita fundado por Xavier, não há comparação entre as entrevistas com edição paralela,...

Imagine que um programa televisivo decida criar um novo quadro emotivo. Nele, cada semana uma mãe concede uma das entrevistas que se vê no documentário. Depois de algumas semanas, juntam-se esses relatos e coloca-se em DVD para vender em camelôs. Esse exercício de imaginação dá uma boa ideia de como é As Cartas Psicografadas por Chico Xavier.

Não existe uma palavra que defina uma mãe que perde seu filho (como órfã ou viúva, por exemplo). Dizem que isso acontece porque essa dor é tão grande que não merece uma palavra para defini-la. Com essa situação em cena, o documentário ganha emotividade e lágrimas rolarão. Poderiam ter feito um filme de fato para acompanhar essas histórias.


RED – Aposentados e Perigosos



Sinpose: Frank é um agente da CIA aposentado. Ele se vê obrigado a voltar à ativa quando percebe que alguém quer lhe matar.


Ficha Técnica
RED – Aposentados e Perigosos (RED)
Direção: Robert Schwentke
Roteiro: Jon Hoeber, Erich Hoeber
Elenco: Bruce Willis, Mary-Louise Parker, John Malkovich, Helen Mirren, Karl Urban, Morgan Freeman
Duração: 111 minutos
País: EUA


A ação não tem idade
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: trailer)

Hoje em dia, a imagem do aposentado é muito diferente da que se tinha em outras gerações. Com os avanços na área da saúde, as pessoas conseguem parar de trabalhar quando ainda têm muita energia para gastar.

RED – Aposentados e Perigosos (RED) traz personagens que passam por essa situação. Só que eles eram espiões e a rotina da aposentadoria não traz o mesmo entusiasmo que suas carreiras.

A vontade por dias mais agitados é usada para algumas piadas dessa comédia de ação. Outra fonte de humor está em personagens memoráveis, especialmente o paranoico Marvin, interpretado por John Malkovich (Queime Depois de Ler).

RED é a adaptação cinematográfica de uma HQ e o filme traz uma proposta visual que não nega as origens do roteiro. Os enquadramentos um pouco ousados formam imagens que parecem tiradas das páginas de uma graphic novel. Nesse aspecto muitas vezes a edição colabora para a criação de fusões com imagens semelhantes.

Há ainda vinhetas para ilustrar quando os personagens mudam de cidade. Uma espécie de cartão postal animado aparece na tela para introduzir a nova locação. Na maioria das vezes, tais inserções são engraçadas.

As brincadeiras com imagens, o bom-humor das piadas e a violência bem diluída permite que o filme seja apresentado para plateias mais jovens. Com um elenco de primeira linha, RED é uma ótima opção de divertimento.


Muita Calma Nessa Hora



Sinopse: Tita, Mari e Aninha são tres mulheres com seus 20 e poucos anos, que decidem substituir a lua de mel frustrada de Tita por uma viagem a Búzios onde encontram a hippie Estrella que está a procura de seu pai.



Ficha Técnica
Muita Calma Nessa Hora
Direção: Felipe Joffily
Roteiro: Bruno Mazzeo, João Avelino, Rosana Ferrão
Elenco: Andréia Horta , Gianni Albertoni, Fernanda Souza, Débora Lamm
Duração: 92 minutos
País: Brasil


 por Daniel Kroll

(Spoilerômetro: )

Muita Calma Nessa Hora conta com um enorme elenco de celebridades como Sergio Mallandro, Hermes e Renato, Marcos Mion, Marcelo Adnet, Ellen Rocche e outros tantos, as vezes quase irreconhecíveis, como Marcelo Tas, cada um com sua pequena piada e ponta no filme, e esse é o único atrativo dele.

A produção tem uma direção quase publicitária, tudo muito bem enquadrado e colorido, como numa propaganda de cerveja, não dando brecha para nada inovador sendo tudo feito com extrema perfeição como se seguisse um manual.

Esse medo de inovar se reflete em todas as áreas do filme, figurino, som, montagem e, principalmente no roteiro, que foi feito para narrar uma história irrelevante dando brechas para pequenas esquetes mal escritas para mostrar as celebridades convidadas.

Todas os personagens do filme são estereótipos fracos e carregados de preconceito, tentando arrancar risos do publico alvo, com piadas batidas sobre conhecer um hippie ou um playboy, ou um paulistano. É uma pena que filmes como esse apostem que um circo de celebridades atraia um grande publico aos cinemas. Mais triste ainda é ver no inicio do filme a quantidade de apoio de leis de incentivo a cultura brasileira que patrocinaram esse audiovisual.


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Minha Mães e Meu Pai



Sinopse: O casal formado por Nic e Jules tem dois filhos, gerados em cada uma delas por inseminação artificial. Agora que as “crianças” já estão na adolescência, eles secretamente armam um encontro com o pai biológico deles. Com isso, o solteirão Paul começa a conviver com eles.


Ficha Técnica
Minha Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right)
Direção: Lisa Cholodenko
Roteiro: Lisa Cholodenko, Stuart Blumberg
Elenco: Annette Bening, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson
Duração: 106 minutos
País: EUA


Tudo em família
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: trailer)

A premissa de Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) é exatamente a mesma de muitas outras comédias dramáticas atuais: uma família vive em harmonia até que surge uma nova pessoa para conviver com eles e desestabilizar a situação. Por essa razão, o público que gosta desse gênero terá exatamente o que se espera do filme, nem mais nem menos.

A diferença é que o novo título traz um casal homossexual como personagens principais. Tudo em Família, comédia dramática que batiza este texto, já trazia personagens gays, mas apenas como coadjuvantes. O interessante na direção de Lisa Cholodenko está no fato de a homossexualidade ser apenas mais um fato da vida, sem tocar na questão dos direitos igualitários independente da orientação sexual – mostrar um casal do mesmo sexo como algo corriqueiro é outra tática para a aceitação.

A intimidade entre Nic e Jules serve para criar piadas, mas o humor não é o forte do filme. Minhas Mães e Meu Pai é uma história sobre família, como funciona a convivência e o amor dessas pessoas.

  Entretanto, a homossexualidade da diretora é algo muito importante em outro aspecto. Mais adiante, cria-se um triângulo amoroso-sexual entre Nic, Jules e Paul. Se um heterossexual resolvesse fazer as mesmas cenas em outro filme, poderia ser taxado de homofóbico, como já vimos em outras produções com personagens gays. A orientação sexual de Lisa é uma chancela para que ela aborde os temas do filme como bem quiser.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Estreias da Semana



Cyrus — John conheceu a mulher dos seus sonhos. Então ele conheceu o filho dela...

Jogos Mortais – O Final (Saw 3D) — Ele guardou o melhor para o final.

José e Pilar — Muitos conhecem o escritor, poucos conhecem o homem.

Ondine — A verdade não está no que se conhece, mas no que se acredita.

Um Parto de Viagem (Due Date) — Se existe um inferno, Peter está nele.

X Scott Pilgrim contra o Mundo (Scott Pilgrim vs the World) — Fique com a garota bonita. Derrote os malvados. Acerte o amor onde machuca.


X Estreia apenas em São Paulo.

Jogos Mortais – O Final



Sinopse: Depois de sobreviver a uma das armadilhas de Jigsaw, Bobby escreveu um livro de auto-ajuda sobre a experiência. Jill, viúva do assassino, está fugindo de Hoffman e decide entregá-lo à polícia em troca de proteção.


Ficha Técnica
Jogos Mortais – O Final (Saw 3D)
Direção: Kevin Greutert
Roteiro: Patrick Melton, Marcus Dunstan
Elenco: Tobin Bell, Costas Mandylor, Betsy Russell, Cary Elwes, Sean Patrick Flanery, Chad Donella
Duração: 90 minutos
País: Canadá, EUA


Mesma receita repetida
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: para quem não viu os filmes anteriores)

Há sete anos uma dupla de jovens realizadores trouxe uma produção de suspense psicológico instigante com Jogos Mortais. Depois do primeiro filmes, segui-se uma série de sequências anuais com o compromisso de manter uma grande reviravolta no final de cada episódio.

Após tanta mexida na trama, Jogos Mortais – O Final (Saw 3D) mostra sinais de uma franquia exaurida. Os dois primeiros filmes conseguem segurar-se, mas a série apelou para a sanguinolência muitas vezes gratuita a partir de Jogos Mortais 3. Daí em diante foi só ladeira abaixo.

No quinto longa, fica tão difícil continuar surpreendente que os roteiros começam a remendar o começo da saga e a trazer novos fatos aos primeiros filmes. O que foi planejado para fazer o espectador ficar de queixo caído torna-se irritante. É preciso um limite de quanto se adultera certas coisas.

Um exemplo ilustrativo: até o quarto filme, sabemos que Jigsaw começou seus assassinatos sozinho e só conseguiu uma parceira no crime a partir de Jogos Mortais 2. Eis que chega o quinto capítulo da saga e diz que, na verdade, John Kramer sempre teve a assistência de Hoffman. Este, por sua vez, assumiu o legado de seu mentor. Um pouco tarde demais para mudar algo tão primordial.

Os fãs da franquia certamente irão conferir como é o final (espera-se) da história. O problema é que, depois de tantos anos sendo enganado (no bom sentido) pelas mesmas artimanhas, fica mais fácil perceber onde estão as maracutaias do roteiro. Com isso, a grande surpresa final fica bem fraca, pois muitos espectadores já sabem onde a narrativa irá se apoiar para tentar o novo golpe dramatúrgico.

Uma novidade inegável na série é o fato de que Jogos Mortais – O Final é o primeiro filme de Jigsaw com projeção 3D. Os efeitos não são diferentes do que já se viu em outros terrores que exploram essa pirotecnia. É como se, no último filme, a produção usasse uma roupa nova por se tratar de uma ocasião especial.


Um Parto de Viagem



Sinopse: Por causa de uma confusão dentro de um avião, Peter e Ethan não podem mais voar. Para piorar a situação, Peter perdeu sua carteira no incidente e terá de aceitar a ajuda do desconhecido e estranho Ethan para atravessar o país e voltar para casa a tempo de ver o nascimento de seu filho.


Ficha Técnica
Um Parto de Viagem (Due Date)
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Alan R. Cohen, Alan Freedland, Adam Sztykiel, Todd Phillips
Elenco: Robert Downey Jr., Zach Galifianakis, Michelle Monaghan
Duração: 100 minutos
País: EUA


Pela mesma estrada cômica
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Depois do sucesso de Se Beber, não Case; os olhos dos fãs de comédias adultas começaram a prestar mais atenção em dois nomes: o diretor Todd Phillips e o comediante Zach Galifianakis. A esperança é de que Todd seja outro Judd Apatow (Ligeiramente Grávidos) e de que Zack possa se juntar a gangue de Jonah Hill, Seth Rogen, Paul Rudd e outros.

Para sanar quaisquer dúvidas quanto ao futuro de ambos no panteão cômico hollywoodiano contemporâneo, eles refazem a parceria e trazem ao público Um Parto de Viagem (Due Date). No elenco contam com a ajuda de Robert Downey Jr. (Sherlock Holmes), que já provou seu talento dramático e seu tino para comédias em diversas oportunidades.

Outra característica forte das novas comédias adultas estadunidenses presente em Um Parto de Viagem é o que se chama male bounding. A melhor tradução para o termo seria “brodagem”. Ao invés de reforçar uma amizade que já existia antes do filme começar, como em Superbad ou Penetras Bom de Bico, o enredo mostra o nascimento de uma nova amizade, como em Eu Te Amo, Cara.

O novo filme é um road movie com situações hilárias que acontecem a personagens estranhos. Mesmo com uma definição bem próxima, o longa é bem diferente de Pequena Miss Sunshine. A personalidade do diretor é perceptível e os resultados são satisfatórios, mas Se Beber, não Case é melhor.

Ondine



Sinopse: O pescador Syracuse acha em sua rede de pesca uma mulher misteriosa. A filha dele acredita que Ondine seja uma selkie, uma espécie de sereia.


Ficha Técnica
Ondine
Roteiro e Direção: Neil Jordan
Elenco: Colin Farrell, Alicja Bachleda, Alison Barry
Duração: 111 minutos
País: Irlanda, EUA


Novidade no conto de fadas
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: trailer)

O maior feito do filme Ondine é conseguir trazer frescor dentro do formato de conto de fadas. O gênero, que nasceu das histórias orais, passou pela literatura e depois espalhou-se pelos outros meios; é um dos mais engessados.

O roteiro do longa traz elementos marcantes desse tipo de narrativa. Ondine é um ser mágico que muda a vida das pessoas ao seu redor. As questões do verdadeiro amor e a concessão de pedidos mágicos também marcam presença. A novidade está na característica realista e atual do enredo. A ambiguidade é a aposta da trama para prender a atenção do público e conseguir aliar a previsibilidade dos contos de fadas com as surpresas de um filme de mistério.

A seleção do elenco foi muito feliz ao escalar a polonesa Alicja Bachleda para o papel-título. O diretor e roteirista Neil Jordan (Entrevista com o Vampiro) a escolheu porque queria uma rosto desconhecido para a personagem. Dessa forma, aumenta-se o mistério que rodeia o filme. Outro fator a ser considerado é a beleza da atriz: no nível que se espera de um ser mágico.

O ponto negativo fica para a direção de fotografia de Christopher Doyle (A Dama na Água). Nas cenas noturnas é difícil de compreender o que acontece tamanha a escuridão. Não é porque se tem mistério na receita que se pode deixar as coisas no escuro. Deixado esse problema de lado, quem gosta de mistura de gêneros curtirá Ondine.

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

José e Pilar



Sinopse: Documentário sobre a concepção do livro A Viagem do Elefante. José Saramago conta com a ajuda de sua mulher para conseguir conciliar o tempo necessário para escrever e seus diversos compromissos internacionais.


Ficha Técnica
José e Pilar
Roteiro e Direção: Miguel Gonçalves Mendes
Elenco: José Saramago, Pilar del Rio
Duração: 125 minutos
País: Portugal, Brasil, Espanha


Uma parceria de amor e trabalho
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Quando se produz um documentário sobre uma personalidade do porte de José Saramago (Ensaio sobre a Cegueira), a primeira obrigação é agradar a seus fãs. Essa missão é comprida por José e Pilar com muitas ótimas frases que o escritor português ganhador do Nobel de Literatura deixa escapar em seus depoimentos.

Felizmente o filme não se contenta em ficar no "arroz com feijão" (ou "bacalhau com batatas", para os lusitanos) e mostra muito mais do que se espera. Nesse sentido, um dos méritos da coprodução está em retratar a rotina profissional de seus personagens.

Os escritores, assim como outros artistas, têm a fama de levar uma vida tranquila, sem estresse. O otagenário Saramago provou o contrário com suas constantes viagens ao redor do globo, quando participava de muitas entrevistas, debates, palestras, noites de autógrafos e tantos outros eventos.

A variedade de público alcançado por José e Pilar é outra qualidade positiva do documentário. Além dos amantes da obra de Saramago e de literatura em geral, as pessoas românticas terão motivos para se emocionar durante a sessão do filme. Muitas cenas são dedicadas a mostrar como era a relação de  profunda parceria entre o casal-título. Além de esposa (com direito a belos momentos de carinho), Pilar traduzia os livros de seu marido e ainda cuidava da complicada agenda e da volumosa correspondência dele.

José e Pilar é uma rara oportunidade de ver uma linda e verdadeira história de amor, diferente do que se vê em filmes açucarados.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Scott Pilgrim contra o Mundo



Sinopse: Scott Pilgrim é um jovem de 22 anos, que namora uma colegial. Apesar de ser um namoro inocente, isso chama atenção de seus amigos, sobretudo porque ele ainda não superou sua ex. Mas eis que surge Ramona, uma bela jovem que vive em seus sonhos e mudará sua vida para sempre.


Ficha Técnica
Scott Pilgrim contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. the World)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright, Michael Bacall
Elenco: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Alison Pill, Mark Webber, Johnny Simmons, Ellen Wong, Kieran Culkin, Brie Larson, Anna Kendrick, Aubrey Plaza
Duração: 112 minutos
País: EUA, Reino Unido, Canadá


 por Guilherme Kroll

(Spoilerômetro: )

Baseado na HQ homônima, lançada no Brasil pela Companhia das Letras, Scott Pilgrim contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. the World) é um filme, e um conceito, baseado na chamada “Geração Y”, uma turma de pessoas que são jovens adultos hoje em dia, nascidos entre o fim dos anos 70 e início dos 90, e se criou com internet, hardcore em mp3, computadores, quadrinhos (especialmente mangás) e videogames.

A proposta fica clara na apresentação da produtora Universal, nos primeiros segundos da produção. O logo da empresa aparece com pixels, como um game dos anos 90, e a vinheta introdutória é tocada como se fosse um áudio de um jogo da mesma época.

Pilgrim faz parte de uma geração politicamente correta, sem grandes motivações políticas ou anseios filosóficos, que quer curtir a vida, e superar o trauma de seu último namoro. Mas também, trata-se de um personagem egoísta, enquanto chora pelo sofrimento que recebe de garotas, causa dor em muitas outras, num círculo vicioso de relacionamentos que não dão certo.

E relacionamentos são a tônica do filme, pois logo Pilgrim abandona sua namorada colegial Knives para ficar com Ramona, garota que surge em seus sonhos e, depois, em uma festa. Só que Ramona tem algo de seu passado que pode atrapalhar: a Liga dos 7 Ex-Namorados do Mal, que aparecem em um show da banda de Scott, os Sex Bob-Omb.

A partir daí, Scott precisa derrotar os sete rivais para conseguir ficar com Ramona. Sobram referências musicais, cinematográficas, quadrinhistícas, piadas com vegetarianos, e games, muitíssimas menções a games. Há tantas coisas visuais que as legendas não dão conta de traduzir tudo.

O roteiro é bizarro, pra dizer o mínimo. É impossível saber se alguém vai gostar do filme antes de indicá-lo. Mesmo porque as pessoas que podem vir a gostar desse longa tem uma tendência a baixar filmes na internet. Talvez por isso tenha sido um fracasso fora do Brasil e aqui só será lançado em pouquíssimos lugares e com muito atraso.

Não custa dizer que o filme tem uma produção competente, sobretudo no que se refere ao som e figurino. As atuações são medianas. Michael Cera deu um caráter mais ameno e menos sacana para o protagonista Pilgrim, diferente do que vemos na HQ. Inclusive, o filme é uma boa adaptação, conseguindo condensar bem a longa história dos gibis em pouco mais de uma hora e meia.

Quem gostou do gibi, pode ver o filme sem medo. Quem não gostou, nem entende referências de games, muito menos essa geração que mandará no mundo, passe longe.

Cyrus



Sinopse: John, um homem solitário, decide voltar a paquerar e conhece a mulher dos seus sonhos. O problema é que ela tem um filho de 21 anos problemático, Cyrus, e John tem que lidar com os dois e seu relacionamento complexo.


Ficha Técnica
Cyrus
Roteiro e Direção: Jay Duplass, Mark Duplass
Elenco: Jonah Hill, John C. Reilly, Marisa Tomeu, Catherine Keener
Duração: 91 minutos
País: EUA


 por Flávia Yacubian

(Spoilerômetro: )

Cyrus é um desses filmes que pode te enganar de jeito. Com Jonah Hill, Catherine Keener e John C. Reilly no elenco, logo lembramos das comédias à la Judd Apatow (Ligeiramente Grávidos) que eles costumam protagonizar. A primeira cena também engana, com uma certa bizarrice cômica.

Mas não é nada disso. Cyrus se encaixa no que costumam chamar de filme indie. Um roteiro que ressalta um acontecimento cotidiano, perfeitamente plausível, porém não menos bizarro. Usa câmeras digitais e enquadres diferenciados. Também se pauta por diálogos bem construídos, cheio de frases sagazes. Se essa descrição está muito parecida com vários filmes por aí, é que o gênero indie deixou há um tempinho de ser algo alternativo e muitos filmes mainstream seguem as mesmas regras.

Por exemplo, o enquadramento de câmera em Cyrus lembra mais a série The Office do que qualquer filme que tenha subertido regras de filmagem. Isso está cada vez mais comum nas produções da Fox Searchlight, que antes era sinal de uma produçãodiferenciada, hoje lança filmes extremamente parecidos entre si.

No entanto, Cyrus, mesmo abusando de recursos já pasteurizados, se destaca pela atuação do elenco. Catherine Keener, Marisa Tomei, e John C. Reilly já vimos em dramas interessantes, sempre com boas atuações. Já Jonah é uma novidade. O nome do filme mostra que o personagem principal da trama é o de Jonah. E o ator surpreende em uma atuação forte de um personagem extremamente complexo. John
funciona como um espelho desse personagem e, como um reflexo, mantém sua atuação distanciada porém compatível com a de Hill.

O roteiro torna a relação dos dois bastante aflitiva, e o filme não é recomendado para quem não gosta de observar problemas emocionais com difícil resolução. Claro que com esses nomes no elenco, não temos um drama tradicional, mas uma história muito real, com pitadas de comédia, às vezes não intencional, porém divertida.

Cyrus não vai agradar a maioria, mas quem der uma chance, sabendo que não verá uma comédia tradicional, pode se surpreender.