quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Bezerra de Menezes: Diário de um Espírito




Sinopse: A vida de Adolfo Bezerra de Menezes, médico e político nordestino que é mais famoso por seu trabalho em prol dos desfavorecidos. Ele ficou conhecido como Médico dos Pobres e, pelo seu apego ao Espiritismo, Kardec Brasileiro.


Ficha Técnica
Bezerra de Menezes: Diário de um Espírito
Direção: Glauber Filho
Roteiro: Joe Pimentel
Elenco: Carlos Vereza, Magno Carvalho, Mirelle Freitas, Alexandra Marinho
Duração: 75 minutos


Infeliz mudança de planos
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

No cartaz de Bezerra de Menezes: O Diário de um Espírito há o nome de diversos atores, alguns deles bem conhecidos do grande público. Com a exceção de Carlos Vereza no papel-título, todos os outros fazem pequeninas participações, em apenas uma cena cada um.

Já o elenco propriamente dito apresenta performances forçadas, muito claramente a pedido da direção. Como a produção tinha sido pensada para ser um docu-drama, as atuações com caras e bocas exageradas faz sentido se tiver um narrador por cima das imagens. Mas como os planos foram alterados na pós-produção, fica parecendo trechos recortados de documentário do Discovery.

Outro efeito colateral é o enredo ficar sem uma estrutura sólida, formados por pequenos episódios da vida de Bezerra de Menezes. Quando se decidiu por transformar o projeto em uma cinebiografia, a narração acabou sobrando para o protagonista e o texto rebuscado complica o entendimento pleno das idéias.

Durante a passagem dos créditos finais há uma pequena mostra de como seria o documentário, explicitando o bom produto que foi desperdiçado. Outro erro de concepção, por causa do desapego por datas demonstrado pelo roteiro, está no subtítulo: seria mais apropriado “Memórias de um Espírito”.

O grande feito do filme está em não tentar pregar o Espiritismo. Mesmo Bezerra de Menezes sendo uma personalidade desconhecida para quem não compartilha da mesma fé, a cinebiografia não será ofensiva para quem não concorda com os princípios kardecistas.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Encarnação do Demônio



Sinopse: Depois de 40 anos na prisão, Josefel Sanatas é solto. Assim que se sente em liberdade, entra em contato com Bruno. Seu fiel criado irá ajudá-lo a encontrar a mulher perfeita para dar-lhe seu filho imortal.


Ficha Técnica
Encarnação do Demônio
Direção: José Mojica Marins
Roteiro: José Mojica Marins, Dennison Ramalho
Elenco: Milhem Cortaz, Giulio Lopes, José Mojica Marins, José Celso Martinez Corrêa
Duração: 90 minutos


O retorno de Zé do Caixão
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Depois de mais de quatro décadas, José Mojica Marins consegue produzir Encarnação do Demônio. Ele já tinha feito dois filmes que inicia uma trilogia em À Meia-Noite Levarei sua Alma (1964) e continua em Esta Noite Encarnarei no Seu Cadaver (1967), mas por diversos obstáculos ele não conseguiu concluir sua obra. Ditadura militar, crise no meio cinematográfico e puro azar impediram que o destino final de Zé do Caixão fosse conhecido.

Uma prova de que a produção é uma sequência – e não um réquiem – são as referências aos filmes anteriores. Flashbacks dos acontecidos em décadas passadas são apresentados através de repetição de trechos das fitas antecessoras, mescladas à interação dos personagens antigos no mundo atual. Como as outras partes da trilogia são em preto e branco, quando fantasmas do passado voltam para atormentar o coveiro, eles aparecem sem cores. O efeito convence por causa de um bom trabalho interando a maquiagem com a fotografia.

O primeiro temor é que o cineasta tivesse perdido a mão, depois de tanto tempo deixado de lado. Felizmente, para todos os fãs do gênero terror, ele conseguiu entregar uma bela e assustadora obra. Através de várias exibições de freak show, o espectador sentirá uma angústia muito grande. Encarnação do Demônio com certeza não é aconselhável para pessoas de estômago sensível.

Outros elementos comuns ao gênero estão presentes na produção. Em sua busca pela parceira ideal, Zé do Caixão irá encontrar e se relacionar com um grande número de mulheres nuas. Além do erotismo, há algumas piadas para que o humor possa suavizar um pouco a experiência, com ênfase no “um pouco”...