quinta-feira, 20 de março de 2008

A Família Savage





Sinopse: Wendy e Jon são dois irmãos que estão há muito tempo afastados do pai. Eles devem retornar para cuidar do homem idoso depois que ele apresentou sintomas de demência.


Ficha Técnica
A Família Savage (The Savages)
Roteiro e Direção: Tamara Jenkins
Elenco: Laura Linney, Philip Seymour Hoffman, Philip Bosco, Peter Friedman
Duração: 113 minutos


Rindo com dó
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

As distribuidoras parecem ter medo de vender comédias dramáticas em solo brasileiro. Sempre que se tem um filme desse gênero tão especial em cartaz, as empresas os vendem como uma comédia comum. Exemplos dessa triste sina são numerosos, mas basta lembrar de Tudo em Família.

A Família Savage (The Savages) é mais um drama cômico que está sendo divulgado como algo que não é – percebe-se pelo sorridente cartaz. O pôster que o leitor pode ver aí ao lado é o internacional, que parece com um desenho infantil. A idéia é expressar o sarcasmo que está presente em todos os elementos do filme: desde o roteiro e os diálogos até as músicas.

Sendo um filme independente de humor ácido, retratando uma família problemática que se une na dor; é bem fácil de se lembrar de Pequena Miss Sunshine. Até cenas bizarras e criativas podem ser vistas – e a boa notícia é que elas estão bem inseridas na história. Só para ter uma ideia, os créditos iniciais parecem tirados de um filme de David Lynch (Império dos Sonhos).

Wendy, a protagonista, é uma mulher enxerida e paranoica. Ela namora um homem casado e está bem claro que a relação entre eles não tem futuro. A personagem tem de tudo para ser odiada, mas a atuação brilhante de Laura Linney (O Diário de uma Babá) não seixa que o pior aconteça. Ao seu lado está Philip Seymou Hoffman (Jogos do Poder) e o entrosamento entre os dois está ótimo.

Apenas para destacar algum elemento técnico, o som é bem planejado. Em vários momentos o som ambiente abafa o que deveria sem o principal na cena, para que o espectador tenha a vivência do que está sentindo o personagem enquadrado.

Para quem gosta de dar risada de situações que deveriam causar emoções negativas, A Família Savage é imperativo.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Não Estou Lá






Sinopse: Seis versões representando aspectos diferentes da vida e da obra de Bob Dylan.



Ficha Técnica
Não Estou Lá (I’m Not There)
Direção: Todd Haynes
Roteiro: Todd Haynes, Oren Moverman
Elenco: Cate Blanchett, Ben Whishaw, Christian Bale , Richard Gere, Marcus Carl Franklin, Heath Ledger
Duração: 135 minutos


Seis facetas de um homem complicado
 por Edu Fernandes

(Spoilerômetro: )

Os fãs de Bob Dylan serão os grandes presenteados ao assistir a Não Estou Lá (I’m Not There). Seis formas diferentes de analisar o compositor são exibidas através de seis figuras que personificam alguma vertente dele. Uma bela homenagem que, como pode ser esperado, está repleta de músicas interpretadas por Dylan. Esse é um dos primeiros pontos delicados: quem se cansa facilmente com a voz mole e a entonação repetitiva de Bob Dylan ficará exausto dos ouvidos.

As seis faces que representam o ícone musical são: Cate Blanchett (Elizabeth: A Era de Ouro), abordando a responsabilidade que vem com a fama; Chistian Bale (Os Indomáveis), com o engajamento político que um artista pode desempenhar; Richard Gere (O Vigarista do Ano), trazendo um escapismo das pressões do mundo; Heath Ledger (Candy), com as complicações em ser uma pessoa pública; o jovem Marcus Carl Franklin, mostrando o amor pela música; e Ben Whishaw (Perfume), como uma supra-consciência que tenta amarrar tudo.

Cada um desses seis personagens tem um nome diferente e nenhum deles é o Bob Dylan pleno. Trata-se de uma forma de deixa bem claro que é impossível colocar toda a bagagem de Dylan em apenas um personagem, mas o resultado acaba sendo de complicada compreensão. A complexidade só é intensificada pelos recortes no filme e momentos em que dois atores que interpretam uma parte de Dylan contracenam. Chega a ser uma complicação gratuita.

Para curtir o filme sem ser fã do músico, é preciso embarcar completamente na viagem proposta. Se não for possível mergulhar nas loucuras, as frases que deveriam ser profundas e impactantes acabarão soando prepotentes ou forçadas.

As Crônicas de Spiderwick



Sinopse: Após se mudarem com a mãe para uma casa de campo de uma tia, Jared, seu irmão gêmeo Simon e a irmã mais velha dos dois Mallory se vêem as voltas com diversas criaturas mágicas que moram ao redor da casa e querem recuperar o Guia de Campo que o ancestral das crianças, Arthur Spiderwick compilou com informações sobre todas as criaturas mágicas.


Ficha Técnica
As Crônicas de Spiderwick (The Spiderwick Chronicles)
Direção: Mark Waters
Roteiro: Karey Kirkpatrick e David Berenbaum
Elenco: Freddie Highmore, Sarah Bolger, Nick Nolte
Duração: 97 minutos


 por Guilherme Kroll

(Spoilerômetro: )

Freqüentemente filmes infantis são tratados como obras menores, que não merecem a devida atenção da crítica e do público. As pessoas os vêem com um olhar complacente e desinteressado, crendo que essas produções, por serem voltados às crianças, serão sempre recheados de clichês e situações óbvias, atraentes apenas a esse tipo de público.

Realmente muitos filmes infantis abusam das situações clichês e são simplesmente chatos. Mas há diversas produções bem feitas e inteligentes, que marcam gerações e garantem boa diversão às crianças, como o excelente História sem Fim, de 1984.

As Crônicas de Spiderwick (The Spiderwick Chronicles) em tudo remete a esse clássico do cinema. A começar por ser uma ótima e fiel adaptação de um livro infanto-juvenil épico e de aventura. Segundo por ambos apresentarem protagonistas que têm problemas com um os pais (Bastian morava e se desentendia com o pai após a morte da mãe em HsF e Jared mora e não se acerta com a mãe após a separação de seus genitores em CdS).

Há ainda os comparativos menos óbvios, mas ainda assim evidentes nas histórias, como o fato da vida dos dois garotos terem sido alteradas por livros que os apresentaram a um mundo novo, ou os voos montados nas costas de grifos e dragões (ok, em 84 parecia mais um cachorro...).

Mas a semelhança de As Crônicas de Spiderwick com um clássico não diminui o seu brilho próprio, pelo contrário, até aumenta. Com uma direção eficaz para o gênero, atuações marcantes, sobretudo de Freddie Highmore (A Fantástica Fábrica de Chocolate), que interpreta os gêmeos Jared e Simon, roteiro emocionante, o filme seduz os espectadores, mesmo os pais que chegarem no cinema desinteressados e a pedido dos filhos.

No fim, pais e filhos sairão satisfeitos do cinema, cientes que terão visto um filme que marcará a geração atual de crianças do mundo todo.